Peace Out Brasileira

Autor(a): John C.


Volume 1

Capítulo 11: Uma nova oportunidade?!

Espaço: Caminho a casa de Spark

Tempo: Sexta-feira de manhã

Spark passa a caminhar de volta para a sua casa. Decidiu continuar caminhando para não parecer algum tipo de suspeito, pois, havia uma viatura de polícia o seguindo lentamente e logo atrás dele. Seu coração ficou disparado e suor passa a cair sobre o seu rosto de nervosismo ao pensar que Demon poderia estar aos arredores de sua casa ou até mesmo em sua casa.

Se fosse o caso, o tornaria culpado pela situação toda ocorrida na escola. Isto daria provas do seu relacionamento com a criatura.

Spark passa por um estranho buraco no meio do caminho, estranhou o seu surgimento. Não havia este buraco quando passou pelo caminho que se aproximava da sua casa, o fazendo pensar que só podia ser obra de Demon, que estava nas redondezas.

Ao perceber isso, o fez apressar os passos para chegar antes em sua casa e verificar se estava por lá.

A viatura, que o estava seguindo lentamente, acelerou e ultrapassou o garoto, indo direto até a casa dele. Bateu um desespero no garoto. Saiu correndo em toda a sua velocidade e força que seu corpo poderia suportar naquele momento. Porém, chegando em sua casa, depara que a viatura já estava estacionada, mas os policiais já não estavam mais dentro, sinalizando que eles já entraram em sua casa.

O garoto pensou que estava tudo acabado, era o seu fim. Eles provavelmente encontrariam a criatura e isso o tornaria um culpado convicto encima da prova de ter relacionamentos com o culpado.

Conformado com a sua eminente derrota e desgraça que viria em seu caminho, caminhou até a sua casa de cabeça abaixada e envergonhado. Abriu a porta e os policiais estavam ainda na busca da criatura. Ignoraram o garoto e continuaram a buscar. Visto que Demon não estava em lugar algum na casa, Spark passou a se tranquilizar, mas se depara com um gato preto deitado em seu sofá da sala de estar.

Estranhou, pois ele não havia pets em sua casa e muito menos viu algum gato preto nas redondezas.

Era de tarde. Os policiais, enquanto procuravam por mais algumas pistas, começaram a interrogar Spark, mas Talita chega em casa trazendo consigo mesma mais algumas malas provenientes de suas mudanças. Os policiais ao se depararem com Talita, muda a abordagem para uma abordagem mais doce e gentil.

Talita diz que não há essa tal criatura morando com eles e que Spark era um rapaz de confiança e pacífico. Seu depoimento tranquilizou os policiais, então, cessaram a busca pela criatura e, evidentemente, inocentando as suspeitas que haviam encima do garoto. Os policiais se retiram da casa e o garoto fica muito mais aliviado com isso.

— Muito obrigado pela ajuda Talita... Isso foi realmente assustador.

— Não foi nada Spark. É claro que estiveram aqui buscando formas de te culparem de algo que não tu não cometeste. Como uma companheira do lar, não podia lhe entregar para eles de forma tão leviana.

— É verdade. Mas eles mudaram muito até o jeito de falar quando você apareceu aqui. Acho que isso ajudou eles a se acalmarem com a situação toda também. — disse Spark.

Ao dar meia volta, deparou-se com Demon, que estava sentado no sofá, de olhos fechados, no mesmo lugar onde estava o gato preto.

— Demon?! O que você está fazendo aí? Como apareceu do nada?!

— Pare de ficar berrando aí. Consigo lhe ouvir bem falando normalmente.

— Ah, desculpe. Você tirou o gato preto do sofá antes de aparecer aí? Porque ele estava deitado bem onde você está.

Spark parou por um instante e pensou sobre a situação, concluindo que Demon na verdade, era o gato preto que estava antes no sofá. Assustado, Spark diz:

— Você era o gato preto?!

— Pare de gritar imbecil! Já falei para falar normalmente!

— Nossa, que situação... Você era o gato preto? Como conseguiu ficar dessa forma? Gatos normalmente não tem essa capacidade de ficar desse... Jeito. — disse Talita, terminou de arrumar seus pertences.

— Vocês se admiram com coisas assim porque não devem possuir 1% do conhecimento do mundo. É melhor continuarem na ignorância.

— É algo novo para mim isso sim, mas pelo menos agora, eu fico mais aliviado de saber de que você não é o Capiroto.

— Eu não sou o Capiroto!!

— Tá legal, relaxa Demon. Só estou dizendo que é bom saber que você não é coisa ruim. Tem uma aparência muito feia, mas quem vê cara não vê coração né? Hahaha.

— Esse infeliz...

— E você Talita? Precisa de ajuda com alguma coisa? Vejo que você trouxe mais algumas coisas para cá.

— Trouxe sim, mas fique tranquilo Spark. Gosto de arrumar as minhas coisas até para facilitar a minha localização com as coisas. Pode ficar à vontade para fazer outra coisa.

— Entendi. Está bem então. — disse Spark, assentou ao lado oposto do sofá, encarando Demon por um momento.

— Dá para se transformar de novo Demon? Queria ver como é que você faz isso. Me deixou curioso.

— Não.

A situação era diferente. Ira adquiriu uma nova habilidade de transformação com a sua ressurreição. O que passava em sua cabeça naquele momento era unicamente a utilidade deste seu novo poder, adquirido um pouco após a sua luta fracassada com Talita.

Para entendermos um pouco mais sobre essa nova habilidade, retrocederemos um pouco antes, para o momento em que Ira foi nocauteado por Talita.

Após receber um chute poderoso em sua nuca, Ira fica desacordado e em uma situação completamente debilitada. Seu corpo já havia sido penalizado por razões de seu conector sentir sentimentos conflitantes de sua natureza. Ao ser nocauteado, Ira esteve em um estágio de quase morte e esteve em um encontro com Deus em um novo plano, enquanto seu corpo permanecia nocauteado.

Ira aparece em um local completamente escurecido e ausente de qualquer luz. Sua consciência estava saudável, até que em um breve momento, escuta a poderosa voz de Deus e uma forte luz manifesta-se neste ambiente, que até então, estava preenchido em trevas.

Ira, preste atenção no que tenho a lhe dizer. — disse Deus, com uma poderosa voz que ecoava por todo espaço.

— Senhor?! Por favor Senhor, diga-me... — disse Ira, prostrou-se imediatamente. — Onde estou neste momento?

Você está em um estágio deplorável de sua vida. Estás prestes a perder a sua vida, e por consequência, o desafio.

— O que?! M-Mas... Não pode ser! Eu... Já morri?!

Você está prestes a morrer, sim. Contudo, não irei retirar sua vida. Foste tolo e pagou um preço alto. Apenas em minha misericórdia, lhe darei uma alternativa para retornar a sua vida.

— Senhor, por favor, perdoe minha ignorância e inabilidade demonstrada...

Eu lhe criei Ira. Em sua criação, eu lhe fiz ser o mais puro sentimento de Ira, não apenas para desempenhar seu papel em vosso território, mas para representar, em sua totalidade, o que eu atribuo como pecado da Ira.

Vossa existência era meramente atrelada e unicamente com o seu propósito de trabalhos realizados das punições aplicadas aos punidos. Ao sofrer uma ressurreição, deixaste de ser apenas a representação do pecado Ira. Ganhastes outros atributos de consciências, sensações e poderes.

Vossa conexão ao seu conector, assim proposto pelo desafio, lhe fez ter experiências além de suas capacidades, devido a intensidade de emoções que o ser humano possui. Seu corpo, reagiu a esses sentimentos, porém, não apenas sentimentos que lhe beneficiam.

— Senhor... Eu não estou compreendendo muito bem. O que eu posso dizer em verdade, é que pude ter a experiência do que é receber os sentimentos de fúria de meu conector. Este mal-estar repentino é uma situação diferente.

Ira, existe uma clara separação e dualidade de absolutamente tudo que foi criado. Se você se sente bem com os sentimentos de fúria de seu conector, logo, você se sente mal ao receber um sentimento oposto de fúria. Simplificando nossa discussão, seu corpo reage muito mal ao receber sentimentos de afeto e amor.

— Amor?! Afeto?! Então é por causa disso que fiquei tão mau de repente. Não achei que isso me ocorreria Senhor, peço perdão pela minha ignorância. Devo ser sincero e dizer também, que sinto muito medo de falhar novamente. Pois, agora sei, que por estar avisado, não haverá um reencontro meu para contigo. Estou errado, Senhor?

É verdade. não haverá reencontro como esta situação extraordinária novamente. Se nos encontrarmos, certamente, você perdeu o desafio.

Entendo.

Sabendo de vossa nova condição, lhe darei uma nova capacidade. Isto neutralizará os efeitos destes sentimentos nocivos a sua vida. Esta nova forma lhe permitirá anular os efeitos negativos causados pelo sentimento de vosso conector. Use-a com sabedoria.

Uma forte luz adentra sobre a consciência de Ira. Este novo poder é adquirido.

— Agradeço imensamente por vossa misericórdia em minha pessoa Senhor. — disse Ira, prostrou-se novamente diante da presença de Deus.

Retornarás ao vosso corpo novamente para que cumpra o desafio. Estarei lhe observando, como sempre.

— Não pretendo desaponta-lo Senhor, obrigado mais uma vez.

Ao terminar sua frase, Ira tem imediatamente sua consciência desperta. Levantou-se do buraco onde o seu corpo estava descansando e foi diretamente para a casa de seu conector.

Medo pairava sobre sua cabeça, com receio de sofrer novamente pelos efeitos nocivos em seu corpo. Com isso em mente, resolveu ativar a sua nova capacidade e tornou-se aparentemente em um gato preto comum.

Apesar de se sentir extremamente humilhado por ser uma versão pequena e fraca comparada ao seu corpo comum, sentiu segurança de que assim, ele poderia recuperar suas energias de forma pacífica. Dito isso, assentou-se no sofá e estendeu o seu corpo para tirar um bom sono.

Ao perceber a sua nova situação, durante o seu sono, começou a pensar sobre o que fazer a respeito deste novo obstáculo em sua vida:

“Heh, como eu sou um ingênuo. Achei que viria para cá apenas com o objetivo de cumprir esses supostos desafios de Luxúria. Mas é claro, o maldito provavelmente sabia que me ocorreria problemas ao relacionar com a rotina dos seres humanos, tornando esse desafio ainda mais difícil.”

 “Porém, não pretendo aceitar condições difíceis. Contanto que eu não esteja infringindo as condições feitas por Deus, estarei dentro do combinado. Esta garota parece motivada para ficar, e por isso, pedir para se retirar não é sábio. — pensou Demon, enquanto continuava a descansar no sofá.

“Não a tratarei como um ser humano comum, pois, foi capaz de me nocautear em minha forma comum. No entanto, se eu conseguir recuperar a minha forma gloriosa, com certeza serei capaz de mata-la rapidamente. Eliminarei este problema de uma vez por todas. É, é isso... Só preciso de uma oportunidade para fazer isso ocorrer.” — pensou Demon, enquanto continuava a descansar no sofá.

E assim, o tempo passou. Demon após recuperar todas as suas forças perdidas, por razões de sua luta, retornou a sua forma comum. Sua aparência comum era magra, sem músculos aparentes e sua altura também diminuiu.

Spark estava no sofá, lia um livreto da história do Capitão Spark. Talita, estava finalizando suas mudanças, e se lembrou, ao deparar com o baú na sala, que Spark disse que abria apenas sexta-feira a noite. Como estava uma sexta-feira e de noite, Talita resolveu perguntar:

— Spark, é hoje que você vai abrir o seu baú?

— Sim Talita! Daqui a pouco levo o baú lá fora e faço uma fogueira.

— Levar o baú lá fora e fogueira na sexta-feira a noite... Tem certeza que não é um ritual? — disse Talita, insegura.

— Fique tranquila, não é nada malicioso ou feito de coisas ruins. Você entenderá quando abrir o baú. Aliás, quer me ajuda a fazer a fogueira?

— Claro, vamos lá!

— E você Demon? Quer ajudar também?

— Não.

— Caramba Demon, não quer me ajudar em nada também.

— É isso aí, suas coisas são suas coisas.

Spark se retirou do sofá e abriu a porta dos fundos. Em um pequeno espaço do quintal onde haviam umas toras de madeira utilizadas como assento, carregou o seu baú até aí. No meio deste local, haviam cinzas, sinalizando que ali era o local da fogueira.

Talita auxilia Spark para acender a fogueira, estava extremamente curiosa com o conteúdo do baú. Finalmente, o baú é aberto.



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