Paladinos da Noite Brasileira

Autor(a): Seren Vale


Volume 1

Capítulo 25: Invasão a escola de Paladinos.

     Sam se concentrou em preparar a poção, ele percebeu algo estranho acontecendo com suas mãos: elas começaram a mudar de cor, adquirindo um tom laranja e preto, o que o assustou momentaneamente.

   No entanto, antes que o medo tomasse conta dele, suas mãos retornaram à sua cor normal, deixando-o aliviado.

     Intrigado e curioso sobre o que poderia ter causado essa reação, ele manteu o foco em concluir a preparação da poção, esperando que tudo ocorresse bem e traga os resultados desejados.

— Coloca na água dela, que está na geladeira. — Yuri subiu as escadas correndo.

— Espera, na água não.

      Johnny seguiu Yuri e pegou a poção das mãos dele. 

— Vai ficar gosto e cor, e ela vai perceber.

— Coloca na comida dela. — Sam abriu a geladeira, procurando por algum prato que Morgana certamente iria comer. — Aqui!

     Ele derramou toda poção sobre a salada de alface com tomates.

    Naquela noite, Morgana havia comido toda a salada sem perceber ou suspeitar de nada. Ao ver o prato sujo sobre a pia, Yuri sorriu ao notar que ela havia adormecido no sofá. Ele rapidamente correu até a sala e sinalizou para Johnny e Sam, que estavam cuidando dela, para ficarem atentos.

    Yuri então subiu as escadas em direção ao quarto de Morgana e vasculhou cada canto em busca de algo.

     Enquanto isso, Johnny e Sam mantiveram um olhar vigilante sobre Morgana, preocupados com o tempo da poção e assustados a cada movimento dela durante o sono.

     Yuri encontrou o feitiço e decidiu escondê-lo para garantir que a bruxa não encontrasse. Com cuidado, ele levantou o tapete da sala e colocou o papel lá, mantendo em segredo. A tensão e o mistério envolveram a situação e deixaram os garotos ainda mais ansiosos e determinados.

— Vamos esperar ela sair hoje de madrugada para começarmos.

    As horas se passaram, a noite do dia dez se aproximou. Morgana passou o dia se arrumando, sem ao menos folhar seu grimório. Ela o guardou dentro da bolsa.

— Eu vou sair. — Morgana pegou seu óculos escuro e o colocou sobre os olhos. — Vou voltar só amanhã de manha, sejam bons garotos e limpem toda casa.

     Assim que ela passou pela porta, Johnny correu para pegar a folha debaixo do tapete e leu cada ingredientes.

— Parece que temos tudo o que precisamos. — Johnny moveu o sofá para trás. — Limpem as perguntas.

      Yuri passou um pano molhado no chão e removeu toda escrita que eles, em seus momentos de tédio, haviam feito. Sam correu para o porão, pegando cada ingrediente que dizia na folha.

— Um giz branco, Enxofre e Incensos. — Sam desenhou um pentagrama no chão da sala, do mesmo jeito que estava descrito no papel.

— Entrem no círculo. — Sam disse para seus amigos.

— E agora? — Johnny perguntou já impaciente.

      Sam recitou as palavras descritas no papel, e nada pareceu acontecer. Ele então tentou outra vez e outra até se frustrar e desistir. Ao ver que não iria funcionar, Yuri sentou sobre o chão, cansado.

— Vai funcionar ou não?

— Parece que não. — Johnny sentou-se sobre o chão também.

— Talvez eu não sirva pra isso! — Sam lamentou e sentou ao lado de Johnny.

— Mas a poção que você fez funcionou. Tente se lembrar de como você se sentiu quando fez a poção. — Yuri estalou os dedos, chamando seu cão. — Ele vai junto.

— Eu sei lá, eu estava ... — Sam olhou pra as mãos que estavam normais, ele se recordou do tom laranja que dominou suas mãos. — É isso!

     Sam sentiu um formigamento na ponta dos dedos, a cor laranja e preta vem junto a essa sensação. Ele repetiu as palavras novamente, um brilho tomou conta dos círculos sobre o chão, os garotos desapareceram dali, deixando todo cenário de feitiços e poções para trás.

***

      Rose colocou uma flor ao lado do corpo de Sam. Ela repetiu o mesmo ato com Yuri e Johnny.

— Vou ler pra você. — Duque arrastou uma cadeira ao lado de Johnny. — Vocês também querem ouvir? — Ele falou com Sam e Yuri. — Tudo bem!

— Ainda bem que não fui junto ao Yuri naquele dia.

    Rose fechou as cortinas e impediu que a escuridão da noite ficasse aparente.

— Já pensou ter que ouvir você todo santo dia, contra a vontade.

— Você não foi por que é uma “cagona", ficou com medo que o Silver te colocassem em outro castigo.

— É claro que fiquei. Ele já tirou meu celular, não queria perder minha liberdade e ficar de castigo, sem poder sair.

— Você viu, precisa arranjar outra garota, urgente — Duque disse a Johnny.

— Eu não sou a garota dele!

Kristen adentrou a sala e sentou-se ao lado de Rose. Ela entregou uma corrente igual à de Silver para a garota.

— Seu pai lhe mandou isso.

— Então vai acontecer? — Rose perguntou, preocupada.

    Onze de novembro, vários portais seriam abertos por bruxas no mundo inteiro à meia-noite para iniciar um ritual. Todos os Paladinos estavam concentrados nesse evento, impedindo que as bruxas abrissem os portais e permitam que forças ocultas atormentasse a humanidade.

— O senhor Eliott pediu para ficarmos de olho nos três. Ninguém estará na escola; todos irão para a cidade para ajudar a eliminar qualquer criatura que passe pelos portais.

— Morgana pode aproveitar pra vir atrás do corpo deles hoje e então ...— Rose pegou sua cruz dourada e derramou o líquido sobre a corrente.

— Ele pediu para selarmos a escola. — Kristen carregava uma maleta preta e retirou de lá um frasco com sal. — Coloquem nas janelas e portas!

      Duque fechou o vidro da janela para Rose colocar o sal em volta. Antes que ele fechasse a janela, um pássaro começou a bater no vidro, o som de suas assas era extremamente alto para uma ave normal, assustando Rose e Kristen.

— Ah, olhem é um passarinho! — Duque fez menção de abrir a janela para o animal entrar, mas Kristen o puxou.

— Não está sentindo o cheiro? É um vampiro!

— Eu vou ali acabar com ele então. — Duque abriu a janela e fez menção de sair, mas foi puxado pelas garotas.

— Você não pode ir! Não sabemos que tipo de vampiro ele é!

    Duque retirou o colar com a poção da lua, deixando sua aparência demoníaca dominar.

— Tudo bem! Mas ficarei pronto caso ele ataque.

    Uma batida no vidro da janela assustou as garotas, que gritaram. Duque abriu a cortina e viu Carmila sorrindo. A mulher tinha a cabeça costurada no pescoço, as cicatrizes a deixavam com um ar macabro, provavelmente o que mais assustou as garotas.

— Carmila? Você ainda está viva! — Duque disse surpreso.

— Podemos entrar? — Ela perguntou sorridente.

— O que você acha? — Kristen disse em tom sarcástico. — É melhor ir embora se não dessa vez você já era.

— É vaza! — Rose disse brava.
— Você cresceu. — Carmila olhou para Rose e ignorou os pedidos para que saísse. — Como está seu pai?

— Se fizer alguma coisa com o Silver, eu vou ... — Duque sentiu o tom de ameaça de Carmila e decidiu responder como tal, mas foi cortado pela moça.

— Estou falando do seu pai de verdade.

— Meu pai de verdade é o Silver. Se você venho soltar seu veneno só porque não pode entrar, eu vou aí acabar com você — Rose foi segurada por Duque, que a impediu de ir até a janela.

  Carmila olhou diretamente para dentro, seus olhos penetrante pareceram atravessar o vidro da janela, algo medonho que colocou medo nos presentes.

— Sai! Aberração! — Kristen fechou a cortina. — Ela não pode entrar.Vamos nos acalmar.

     Rose acomodou-se na cadeira, seu olhar fixo na parede à frente. Uma sensação desconhecida de dúvida a invadiu pela primeira vez. Ela ansiava por compreender as palavras de Carmila, mas o medo de expor seus amigos a perigos iminentes a manteve cautelosa. O tempo arrastou-se lentamente no quarto, enchendo o ambiente com uma irritante tensão. O incessante bater do bico do pássaro contra o vidro só intensificou a ansiedade que pairava sobre eles.

— Eu vou na cantina pegar água. — disse Rose, soltando um longo suspiro. — Querem algo?

— E se a Carmila tentar algo? — Duque expressou preocupação.

— Vai tentar, mas ela não pode entrar no prédio da escola, o sal! — Kristen tranquilizou Duque.

     Ele assentiu brevemente, cedendo permissão para que Rose deixasse o quarto. Enquanto ela caminhava pelo corredor em direção à cantina, suas percepções captaram a presença persistente de Carmila e seu pássaro, que a seguiram do lado de fora. Ao adentrar a cantina e empurrar a porta, os olhos de Rose se fixaram-se em Carmila, que permaneceu do lado de fora, como uma sombra inquietante.

— Fala! — Rose desafiou.

— Conheci seu pai. Ele era ingênuo e tinha um coração puro. — Carmila disse olhando cada passo de Rose — Me deixe entrar, e eu termino a história.

— Vai sonhando! — Rose serviu um copo de água para si.

— Seu pai é o Paladino das chamas, Daniel Benedetti.

     O copo de vidro que Rose segurava caiu bruscamente na bancada de metal. Ela ficou frente a frente com Carmila. A única coisa que separava Carmila do pescoço de Rose era a barreira de sal no chão.

— Sua mentirosa! — Rose gritou com toda força.

— Pergunte! — Carmila disse, agachou-se e colocou a mão sobre o sal.

     A mão de Carmila queimou instantaneamente, o que a fez recuar.

— É só sal. Eu posso lhe dar com isso!

     Carmila tocou o sal novamente e queimou até os ossos, mas conseguiu desfazer a barreira.

— No quarto, o vidro me impedia de fazer isso.

    O pássaro ao lado de Carmila voou rapidamente para dentro da cozinha.

— Francis, pare de brincar. Vamos logo ao que interessa.



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