Padre em Outro Mundo Brasileira

Autor(a): Raphael


Volume 1

Capítulo 16: Finalmente uma promoção!

Crossy viu a seriedade na face de Michiko. Em sua ultima memória do colega ele estava repleto de ferimentos profundos.

Onde ele está?

Ali — respondeu Michiko, apontando para uma tenda espaçosa.

Crossy caminhou com dificuldade até a tenda, recusando a ajuda de Michiko. Olka viu ele de longe e se aproximou.

Olha quem acordou!

Ei! Leo deve ficar bem até chegarmos na cidade! Não se preocupe moleque! Ninguém vai morrer comigo na liderança! Aqui, coma um pouco de carne — disse o regente, observando a preocupação nos olhos do garoto e estendendo um pedaço de bife.

Crossy sem hesitar deu um tapa carregado de energia espiritual na mão do regente. O bife foi disparado contra o chão de terra e Olka olhou para o garoto com surpresa.

Leo se machucou por culpa sua, seu filho da puta! Ainda ousa dizer que ele não morreu graças a você!?

Uma aura sombria e roxa emanava do garoto, Michiko não conseguia ver ela, porém sentia uma agressividade monstruosa vindo do amigo, o puro ódio.

Olka olhava para sua mão e via uma marca vermelha. Permanecia fixado em Crossy, estranhando a atitude do garoto, sua aura estava diferente e seus olhos tinham… um brilho avermelhado.

Por que… eu tenho a impressão de que esse moleque tá diferente? Claro, eu esperava que ele fosse ficar puto, mas a aura dele tá muito diferente de ontem!

Será que tem algo haver com o Licht? Quando cheguei ele já tinha sumido…

Quer saber? Deixa eu fazer um teste… isso vai ser engraçado!

Bom… se vocês não conseguem derrotar um Licht de nível tão baixo, talvez os ferimentos dele sejam culpa sua! Nunca parou pra pensar nisso!?

O QUÊ!?

A aura de Crossy se expandiu em um segundo, tremendo e fervendo como fogo roxo. Michiko instintivamente pegou sua faca e ficou em guarda.

Crossy posicionou seus braços para trás instintivamente, abrindo a palma de sua mão e a jogando em direção a Olka. Atacou automaticamente, sem nem mesmo ter ideia, o ódio na sua mente fez seu corpo reagir daquela maneira especifica.

A palma do garoto se iluminou e do chão surgiram dezenas de ossos, rachando o solo e avançando no pescoço de Olka. O gerente reagiu surpreso, porém curioso.

Mesmo sendo atacado por todos os lados, ele pulou e destruiu todos um por um, quebrando os resistentes ossos com chutes e socos imbuídos com energia espiritual.

Assim que aterrorizou no chão, Crossy o atacou de novo, erguendo suas mãos e batendo uma palma na outra. Ossos com pontas afiadas surgiram ao lado do garoto, se materializando no ar, assim que vinte ossos se enfileiraram eles atacaram simultaneamente.

Os ataques voaram em direção a Olka, que riu da situação, pensando:

Tá bom… é melhor eu levar isso um pouco mais a sério.

O regente esticou seus braços e com um sorriso largo, encantou:

Feitiço de Invocação: Moisés!

Um círculo mágico gigantesco apareceu na palma de Olka, era azul e brilhava intensamente, entregando um martelo imenso e antigo. O regente o segurou como se fosse leve, embora ele tivesse dois metros de comprimento e facilmente mais de uma tonelada.

A arma tinha detalhes dourados e era feita de um metal azul e reluzente, encantando todos que a vissem, como se fosse algo sagrado.

Crossy se assustou por um momento.

Pera… Moisés!? Será que eu escutei errado? Isso não pode ser possível!

Vamos lá, Crossy! Quero ver até onde você vai! Eu matava dragões e destruía montanhas com essa belezinha quando era mais novo, não espero que você vá conseguir fazer algo contra ela. É feita de ouro celestial!

O ouro celestial era um material mágico, cerca de 20 vezes mais denso que o ouro normal, tinha a capacidade de repelir magia negra e conduzir com muita facilidade energia espiritual, embora fosse péssimo para imbuir mana.

A maioria desse material é guardado pela igreja, que os mantém com a desculpa de ser um “presente divino”.

Isso é loucura, Olka! Para com isso! — disse Michiko.

Com um simples balançar do martelo Olka destruiu todos os ossos que Crossy invocou, como se fossem galhos no caminho de um trator.

E aí!? Mais alguma coisa?

Que merda! Não faço ideia do que tá acontecendo comigo, parece algo tão… instintivo, já sei! E se eu fazer isso…

O garoto estendeu seus braços para baixo e os levantou com velocidade, junto ao movimento um braço esquelético surgiu da terra, acompanhando as ações do seu invocador.

Se é pra lutar com armas gigantes… então eu também tenho a minha!

O regente riu e disse:

Credo, moleque! Você tira essas coisas do nada… haha!

Crossy socou o ar com agressividade em direção a Olka, sua mão esquelética gigante seguiu o movimento, atacando diretamente o regente.

Olka atacou a mão com seu martelo, travando uma batalha de impulso poderosa, o vento e o impacto o empurrava para trás, arrastando o solo e rasgando o lugar por onde passava.

ISSO É TUDO QUE PODE FAZER!?

O aventureiro experiente fincou sua perna esquerda no solo destruído, virando o braço gigante para o lado com muito esforço e acertando um ataque com seu martelo, pressionando os ossos contra o solo e os rachando.

Olka olhou para Crossy e viu seus dois braços sangrando intensamente. O garoto suava e respirava com dificuldade, muito ofegante ele se sentou.

Você está bem, moleque!?

Acho que sim…

POR QUE VOCÊS FIZERAM ISSO TUDO!? — questionou Michiko, segurando o braço do garoto e limpando as feridas.

VOCÊ POR ACASO É MALUCO!? VAI ACABAR MATANDO ELE!

Olka esfregou sua cabeça com um pouco de vergonha e disse:

Foi um teste.

Até mesmo Crossy ficou inquieto e curioso.

Olha, quando cheguei lá o Licht tinha sumido, eles costumam deixar um rastro, porém não achei nada. Então você começou a agir diferente, sua aura ficou um pouco mais sombria do nada.

Minha teoria é que… você absorveu o Licht.

A reação dos aventureiros foi a mesma:

O QUÊ!?

Wanda vai conseguir explicar melhor, mas tem alguns feiticeiros que firmam contratos com seres espirituais. Eu só não sei como caralhos um moleque como você fez algo do tipo! Bom, agora sabemos que você tem os poderes de um Licht, parabéns, haha... isso é loucura.

Como assim parabéns!? Esse monstro… ele tá dentro de mim, na minha alma! Eu posso sentir… não tinha mínima ideia do que tava fazendo! Tudo parecia tão natural… como andar, entende? Isso deve ser ele! Como tiramos ele de mim!?

Se acalma, pivete. Se você não virou um esqueleto ainda, isso quer dizer que você é quem está no comando, seja um pouco confiante.

Isso… surpreendentemente faz sentido.

Michiko terminou de enfaixar os ferimentos, suspirou estressada e disse:

Olha… será que você pode parar de tentar se matar por um segundo, Crossy?

Desculpa… pode me levar até o Leo, por favor?

A garota o levantou com dificuldade e levou até seu irmão.

Leo estava deitado sobre alguns panos em uma tenda. Repleto de faixas por todo o corpo, deitado de bruços, suas costas estavam com faixas ensanguentadas.

Irmão! V-Você tá sentindo muita dor?

Com muita dificuldade o meio fera abriu seus olhos e respondeu:

Parece que meus músculos tão brigando contra eles mesmos, mas fora isso, tá de boa! — respondeu Leo, com muita dificuldade.

Até parece… é normal sentir dor seu idiota! Não precisa pagar de fodão! Eu já sei que você é incrível!

A fera riu com confiança.

E você Crossy? Está bem? — perguntou a fera, vendo o irmão totalmente enfaixado.

Bom… o pior nem é isso, aparentemente eu tenho um encosto agora, sabe aquele Licht? Acho que de alguma forma eu firmei um contrato com ele, agora eu posso invocar ossos!

Assim que acabou de falar Crossy percebeu que seu irmão estava dando pequenas risadinhas.

Eu sabia que aquelas “ervas” não eram pra poções! Hahaha!

EI! EU TÔ FALANDO SÉRIO!

Para demonstrar ele abriu sua palma e se concentrou, invocando um pequeno osso que se parecia com um brinquedo de cachorro. A cara de Leo ficou séria na hora.

Como… você faz isso?

É difícil de explicar… É como flexionar um tendão imaginário, isso faz sentido?

Haha! De forma alguma! Eu também vou ficar mais forte, Crossy! Não posso perder para você e Michiko.

A face do garoto se iluminou de determinação, porém Michiko que estava observando no canto se envergonhou e disse:

Não se preocupe com isso, Leo! Apenas se recupere, você já é mais forte que eu…

Que nada! — retrucou a fera — Sua magia foi incrível naquela batalha! Você domina o fogo, não é?

Eu também adoraria saber mais sobre isso! — apoiou Crossy.

A garota envergonhada se sentou e começou a falar, segurando seu tomo e o mostrando.

Sou melhor com a magia de fogo, mas como você viu, Leo, sei algumas magias de suporte e fortificação, não é nada demais…

Discordo, é muito versátil e útil! — elogiou Crossy.

A cara da garota ficou mais vermelha ainda.

Onde você aprendeu isso tudo? — perguntou Leo.

Bom… meus pais me ensinaram algumas coisas, porém… a maioria eu aprendi sozinha!

Caraca! Você é autodidata!

A-Auto o que Crossy?

Nada! Quis dizer que… você é incrível!

Os amigos continuaram conversando até que Olka chegou na tenda.

Seguinte pivetes… Estamos perto de um condado, vamos pegar a recompensa da missão lá e depois ir para um curandeiro.

Espera aí, como vamos pegar a recompensa da missão? Não precisamos de nenhuma prova? — questionou Crossy.

Essa é a parte legal! A guilda foi criada por uma família real chamada “Dakvirs”, esses caras tem uma magia global super poderosa!

Basicamente eles nomeiam uma condição atrelada a um objeto, como por exemplo, se você bater em alguém da família deles um alarme se ativa e o reino todo fica sabendo… é sinistro, eles patentearam essa magia e usam isso pra todas as missões da guilda, ou seja, assim que o Licht “sumiu” a missão foi completa, legal, não é?

Caraca, que daora! Mas… o Licht tecnicamente não morreu, isso não vai atrapalhar nada?

Embora seja uma magia muito poderosa, quanto mais especifica mais mana é precisa, então só o fato do Licht “desaparecer” já é o suficiente, pelo menos eu acho.

Depois de alguns dias descansando o grupo partiu em viagem para o condado de Shiny, mais especificamente para a cidade de Haki, conhecida pelo seu grande porto e belos peixes, além da culinária local.

Leo estava se recuperando e insistia em ficar flexionando seus músculos sempre que podia, como decidiu levantar uma tora de madeira assim que chegaram no portão da cidade.

Ei! Você deveria estar de cama, como caralhos você tá fazendo isso?

Os meio-fera se recuperam mais rápido que os humanos! Além de que nossos músculos se regeneram mais fortes do que nunca!

Mas não é assim que músculos normais funcionam?

Devo estar duas vezes mais forte do que naquela batalha!

Ele tá exagerando demais…

Essa cidade é linda! — disse Michiko, quando viu a placa de “bem-vindos a Haki!” e algumas casas feitas de madeira, com uma arquitetura moderna.

A gente não tem que pagar o imposto de entrada? — perguntou Crossy.

Esse é a melhor parte de ser aventureiro! Não pagamos imposto! HAHAHA! — respondeu Olka, com um entusiasmo inacreditável.

Podemos comer carne? Estou com fome — disse Leo, largando o tronco e o chutando.

Tudo bem, mas antes vamos pegar a recompensa de vocês!

Rapidamente o grupo andou para a guilda local, que parecia bem mais arrumada, não cheirava a álcool e nem a fumaça, parecia limpa e organizada.

Todos os aventureiros eram educados e conversavam tranquilamente até que viram Olka. Depois, passaram a cochicar e xingar o regente pelas costas.

Parece que o pessoal não gostou muito da gente — disse Michiko.

Não é isso, esses mimadinhos fudidos não gostam tanto de mim, é um ódio gratuito, entende?

Não sei não… tem muitos motivos pra te odiar velho! — respondeu Leo.

Olka fez uma cara de desgosto e começou a conversar com a atendente, que se recusava a olhar ele nos olhos, apenas entregando a recompensa,um papel de parabenização e o mandando embora.

Que desgraçada! — gritou Olka, do lado de fora da guilda.

Quanto a gente ganhou!? — perguntou Crossy, ignorando totalmente o estresse do chefe.

Olka entregou o saco de moedas de má vontade e começou a ler o papel dado pela atendente.

—“Parabéns por completarem sua primeira missão, bravos aventureiros! Percebemos que, devido à inconveniência de seu regente, vocês aceitaram uma missão de nível superior ao recomendado. Portanto, decidimos conceder um bônus especial a todos vocês. Como resultado, todos vocês foram promovidos do rank F para o rank B. Isso garante a vocês benefícios como acomodações de nível médio em qualquer país afiliado à guilda, além de vales-refeição e direitos básicos! Parabéns novamente e continuem com o bom trabalho!”

Que filhos da puta! — gritou Olka, em fúria.

Que incrível! — gritaram os amigos!

Vamos comer carne pra caralho! — afirmou Leo.

Finalmente! Saímos do lixo ao luxo! Hahaha! — comemorou Crossy.

Estou tão feliz! — disse Michiko.



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