Volume 5
Capítulo 2: Inesperadamente, o Buraco Negro surge entre as Regras ②
Antes que pudesse me dedicar ao treino de basquete, tivemos que nos inscrever nas principais modalidades, ao menos. São várias escolhas para seguir, mas já tenho uma ideia do que devo selecionar. As inscrições devem que ser realizadas na sala de informática, com horários marcados para cada classe. Naquele dia, aquele horário específico foi estipulado pela própria escola, mas até o final da semana a responsabilidade era dos alunos de optarem por preencherem a inscrição naquele mesmo dia ou no último segundo.
Dito isso, a classe não demorou para tomar suas decisões. As inscrições para as modalidades individuais por classe são limitadas a cinco pessoas, mas consegui algumas vagas interessantes. No entanto, quando estou prestes a me levantar da cadeira, Takahashi jogou um avião de papel em minha direção, na qual o peguei ainda no ar.
Desembrulhei o aeroplano, que dizia:
“Kumiko quer se encontrar com você no Centro Makuhari, às 19 horas. Há algumas pendências que devemos definir.”
Não troquei mais nenhuma mensagem com Takahashi após isso, já que em nossa classe há quatro pessoas que vão participar do time de basquete. O restante do período de educação física foi de treino básico focado em passes e uma breve explicação das regras para mim.
Quando o último período terminou, os alunos tiveram de seguir aos clubes das quais vão participar dos treinos específicos de modalidade. Apesar de só ter feito treino básico durante todo aquele dia, me senti cansado. Suspirava só de achar minha mochila pesada para carregar. Caminhei devagar pelos corredores até chegar no prédio especial e me deparar com a porta da biblioteca.
Ao abri-la, o cenário habitual surgiu. Todos os membros (exceto Teru) estão presentes em seus respectivos lugares. Porém, ninguém ficou sentado e estavam assinando um papel entregue por Yonagi, a presidente.
— Shiroyama. — Ela se virou a mim. — Teru não apareceu novamente, posso te pedir para que entregue isto para ele?
Recebi uma cópia daquela folha.
— O que é isso?
— É um termo que o aluno precisa assinar e colocar o esporte que irá praticar na hora do clube.
Parece que o resto do pessoal já havia decidido em quais modalidades vão participar, visto que todos assinaram os termos. Fiz o mesmo, e assenti em entregar aquele papel à Teru.
— Não acho que teremos muitas oportunidades de nos encontrarmos durante este mês, então direi agora... — entoou Yonagi. — Se dediquem neste Festival Esportivo, pois a partir do mês que vem teremos que nos dedicar em nossa participação do Festival Cultural.
— Pelo que me lembro... — comentei. — Teremos que fazer uma antologia, certo?
— Isso mesmo. Vamos precisar de tempo livre durante o próximo mês, então pontuem o máximo que puderem. Sei que nosso clube estará dividido por causa de nossas classes, mas torço para que nenhum de nós fique em último lugar.
Com esse discurso polido de nossa presidente do clube, nós nos dispersamos. Porém, antes que saísse da biblioteca, Yonagi me chamou:
— Espere. Preciso falar com você.
Permaneci imóvel durante aquele momento. Esperamos os outros saírem da biblioteca para a conversa começar:
— Suponho... que deva estar se dedicando para o bem de sua classe, certo?
— Oh, sim... por que isso, de repente?
— Bom, agora que Kumiko se tornou parte do Conselho Estudantil, não nos trará mais problemas. Além disso, os professores estarão ocupados com os preparativos do festival, então parece que poderemos focar em nós mesmos durante este tempo.
— Parece que você está mais calma agora, também... — disse. — Nossa competição não terá frutos se estivermos lidando com problemas externos, certo?
— Isso mesmo. O que eu estou querendo dizer agora é que... — Yonagi ponderou por alguns segundos. — ...vamos olhar para o futuro. Irei deixar aquela insegurança para trás e colher meus resultados, custe o que custar.
— Certo, não precisa nem me dizer — assenti. — Vou evitar o último lugar da competição geral.
— Você vai conseguir lidar com isso? É bastante pressão...
Pude sentir uma preocupação genuína vinda dela, já que não tinha qualquer porte atlético ou jeito para a coisa. Quando você reconhece alguém como algo incrível ou do seu nível, desenvolve-se um senso de compreensão mútua. Ao menos foi isso o que pude sentir em suas palavras.
— Já estou me movendo para lidar com isso. Desde já te digo: vamos nos ver na linha de chegada.
— É bom ouvir isso.
Ela se despediu com um sorriso sincero.
***
Nunca fiquei numa quadra de basquete tantas vezes quanto naquele dia, de fato. Os alunos escalados da minha classe se encontraram com os da classe A e classe E. Foram doze pessoas ao todo, como no basquete são oito jogadores titulares, a estratégia formada por Takahashi será manter um número mínimo de reservas para qualquer eventualidade.
Da Classe A foram: Yotsuka Kitou; Kawashita Yuitsu; Totsuro Hamaji e Noburo Manabe.
Da Classe C foram: Shiroyama Hideo; Takahashi Kuroshima; Hiyama Inuzuka e Kuwasabe Hirota.
Da Classe E foram: Kikkawa Hokuyo; Jinpei Okita; Morita Rei e Hiro Kobita.
Por mais que seja surpreendente de dizer, já conhecia alguns rostos por causa do interescolar. Parece que o cerco de Takahashi se mostrou ser menor do que imaginei...
— Somos praticamente todos do time de futebol, então vamos conseguir avançar com os treinos sem problemas — entoou Takahashi, conduzindo a reunião antes do treino. — Vamos criar um balanço ideal entre os titulares e reservas.
— Acho que tem uns três caras habilidosos no time inimigo. Não será uma partida fácil... — interviu Yotsuka, representante da Classe A.
— Vocês vão participar da competição de futebol, também? — perguntou Kawashita, também da Classe A.
— Não, apenas alguns de nós... — respondeu Kikkawa. — Vamos ter que enfrentar o Kazebayashi no futebol, não é? O Otonashi está morrendo de medo!
— Que droga, porque logo nós tivemos que ter este azar? — lamentou Jinpei, coçando a cabeça. — Logo o Kazebayashi... posso ficar de reserva, não é?
— Então há muito mais jogadores habilidosos no basquete do que no futebol? — indaguei, curioso.
— Tanto nas duas modalidades há ótimos jogadores, mas em particular no basquete tem uns que são realmente incríveis... — explicou Hiro para mim.
— Kazebayashi é um exemplo para o futebol. Será um páreo duro para nós, sem dúvidas... — expressou Morita.
— Ei, não quero ver fracotes aqui! — exclamou Inuzuka. — Além disso, os reservas serão determinados pelo capitão do time e o professor!
Aquela resposta deixou Jinpei cabisbaixo, também vi que Totsuro e Morita ficaram do mesmo jeito. Não me senti animado pelos treinos, mas ao menos agradeci ao fato da minha ignorância estar funcionando bem naquele momento.
Takahashi é o capitão do time, com Yotsuka e Kawashita como atacantes. Como estávamos em doze, fizemos partidas amistosas de seis contra seis.
Durante toda minha vida, nunca fui adepto aos esportes. Não me entenda mal, não é que tenho aversão por ser um nerd. Até gostava de jogar handebol ou vôlei, acho divertido. Até tentei praticar um punhado de práticas esportivas quando mais novo..., no entanto, nunca funcionou. A questão aqui era que, nunca me imaginei como um atacante, e ser goleiro é uma função ainda mais desafiadora. Por isso, fui apelidado de: — Shiroyama, o Zagueiro — no fundamental, simplesmente por que a única função que tomava no time era resguardar o campo do gol, e não necessariamente protegê-lo. Se mostrou uma função segura e estratégica, já que não precisava me focar em me mover tanto e só precisava prestar atenção quando o inimigo se aproximava. Você pode dizer que é uma função confortável para mim.
Desta vez, não foi diferente. Se apenas minha participação resultar em pontos para a classe, então só de estar ali valerá a pena. Acontece que sou mais hábil com os braços do que com as pernas, por isso havia escolhido o basquete, mas teria escolhido qualquer outra opção do que futebol.
Além disso, não tenho memórias boas dos jogos de futebol...
A partida-treino havia começado, e fui designado no mesmo time que Kawashita, Kikkawa, Hiro, Totsuro e Inuzuka. Hum... como posso dizer? Após meia-hora, o jogo deu empate.
— Devo dizer que é impressionante... — comentou Takahashi, enxugando o suor. — Desde os atacantes até os zagueiros, os dois lados foram pareados.
— Isso que chamo de equilíbrio perfeito... — murmurou Yotsuka.
— Vamos continuar com as partidas até que você defina os titulares, certo? — perguntou Inuzuka.
— Isso mesmo. Mas se todos estão sincronizados deste jeito, já é um bom sinal. Quer dizer que não teremos grandes dificuldades na partida oficial.
Não sei se aquilo foi realmente um conforto, mas senti um certo alívio por ver que a situação não aparenta ser tão grave quanto pareceu no início. Dependendo da situação, pode ser que nem precise participar direito da partida!
Dito isso, as partidas-treino continuaram, e os zagueiros e atacantes foram trocados entre os times. Depois disso, soou o alarme do final de período. Após ficar correndo durante um bom tempo na quadra, fiquei totalmente exausto e sem energia. Tomei um banho no vestiário e me esvaí tão logo havia me arrumado dali.
Ao meu ver, praticamente todos ali já são conhecidos por serem do mesmo clube ou por contato. O fato de não ser atlético me induziu a não me aproximar muito e de não atrapalhar o andamento do jogo. Talvez fosse uma aversão do meu lado nerd em relação a interação daqueles “sociais atléticos”? Bom, eles são totalmente meu oposto, afinal.
De acordo com a mensagem de Kumiko, iremos nos encontrar em breve naquele mesmo dia, o que é devidamente irônico com o pensamento de Yonagi sobre dela não vir me incomodar. O resto do time brincava ou jogava conversa fora, então tenho certeza de que Takahashi vai demorar para se encontrar com Kumiko ou até que os dois possam se atrasar em vir me encontrar no local marcado. De todo jeito, terei que me distrair até dar o horário, e não será ali junto com eles.
Tendo bastante tempo livre até a chegada da noite, pensei em passar em alguma livraria ou em relaxar em uma cafeteria no centro... poderia até ficar no Saize perdendo tempo com alguma promoção relâmpago deles, mas assim que liguei o celular, fitei aquela mensagem usual que não havia marcado como “lida” desde que me foi enviada e continuava a aparecer na tela, como uma assombração que aparecia sempre que ligo o celular.
[Como está, irmãozinho estúpido?]
Harumi também não enviou mais mensagens, e já se passaram alguns dias desde então. Tinha questionado meu irmão, Takashi, de ter recebido alguma mensagem dela, mas tive uma resposta negativa:
— Não, ela não me mandou mensagem alguma.
Decidi ignorar novamente aquela mensagem e mexi no celular até chegar à estação onde deveria descer. O centro Makuhari está movimentado como sempre, e decidi caminhar sem rumo certo por entre as ruas até encontrar algo que me interessasse.
Vagueei por entre as livrarias próximas, mas não tinha títulos muito interessantes. Parece que o outono é uma estação complicada para os escritores serem criativos, afinal...
No geral, o outono é assolado pelo ar seco e chuvas passageiras que sempre me deixam resfriado. No entanto, as noites são tão frias quanto as de verão, o que me faz sentir calafrios. Pode ser devido ao fato de ter me exercitado durante um bom tempo durante a noite que me desencadeou aquela sensação desconfortável. Obrigado, Inuzuka.
As pessoas associam os calafrios como um mecanismo de defesa para algo se aproximando ou uma previsão acontecendo. Seria mais legal apenas responder algo como: — É o meu Sentido de Aranha, apenas isso! —, mas obviamente que muitos não entenderiam o sentido e me taxariam como um grande nerd. Oh, estou sentindo isso agora, mas ainda digo que é meu Sentido Aranha! Devo pedir desculpas e sair correndo?
De qualquer forma, aqueles pensamentos inúteis sumiram quando, após ser submetido a mais calafrios, visualizei alguém conhecido próximo de mim. Seria Kumiko? Definitivamente não queria encontrá-la antes do horário combinado, mas notei que me enganei.
Um garoto de óculos está jogando em um fliperama na rua central, proferindo: — Isso, eu ganhei! Essa partida foi muito fácil! — e coisas do tipo.
Se eu realmente tivesse algo como um Sentido Aranha, então deveria estar quebrado... hein? Mal descobri aquele poder e já o considerei como um defeito? Puxa...
Fitei aquele garoto familiar e adentrei no fliperama.
— Parece que temos uma grande facilidade de nos encontrarmos mesmo em uma grande multidão, hein.
***
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