Volume 5
Capítulo 2: Inesperadamente, o Buraco Negro surge entre as Regras ①
É terça-feira, e mesmo tendo se passado apenas um dia sobre as regras do Festival Esportivo, muitos alunos já haviam feito suas inscrições. Aparentemente, as práticas mais rápidas como a corrida 100m ou a corrida de obstáculos serão as mais visadas e, resolvi tomar as devidas precauções a fim de me resguardar.
Kumiko não havia me contatado até então, o que me fez pensar que Takahashi estivesse filtrando as informações ou retendo o progresso para pensar a respeito de todas as vertentes. Isso complica o andamento do acordo, o que me obriga a ter de tomar alguma atitude... conforme absorto nesse brainstorm, observo as interações animadas do Grupo Takahashi. Certamente é irritante o fato de as pessoas agirem como se o assunto não fosse com elas, mas não é como se devesse ficar preocupado com aquele resultado, por não ser nada importante para mim.
O intervalo veio, e após dele terão as sessões de treino de educação física. Não sou alguém que costuma comer muito, mas de certo devo consumir bastante nutrientes para manter sustância. Apesar de que apenas queria desfrutar do meu cappuccino, gostaria de ter a chance de ter outras opções de escolha.
Não me encontrei com nenhum conhecido durante esse intermeio, então me permiti fincar a distração nos arredores enquanto comia. Provavelmente, aquele alvoroço dos estudantes vai perdurar por todo o mês, já que o recinto está tão barulhento quanto o dia anterior. Será útil se conseguir descobrir os resultados das atividades de férias, e sempre que me lembro a respeito, verificava com os professores, mas ainda as pontuações individuais se mantiveram nos 0 pontos.
E agora não foi diferente, tomei o já caminho conhecido até a sala dos professores, mas ainda nos corredores visualizei uma grande quantidade de alunos se esgueirando pela porta, e vi o exato momento em que um dos professores expulsou os presentes dali e colocou um aviso. Ao me aproximar, dizia o seguinte:
“Até o momento certo, está estritamente proibido de os alunos perguntarem aos professores sobre as notas das atividades de verão.”
Li rapidamente e me afastei. Muitos alunos estão realmente ansiosos para saberem dos resultados como eu, mas parece que muitos outros querem usar essa oportunidade para recolher informações. Não vejo como sendo algo incomum justamente pelas circunstâncias, e nessa corrida em que todos devem treinar para as atividades, saber do status de cada um poderia fornecer alguma vantagem.
Há muito mais coisas em jogo do que esperava.
Soou o final do intervalo, e me dirigi ao ginásio. Os alunos do 2°C foram instruídos a colocarem as roupas apropriadas para treino e nos dirigimos para dentro do imenso galpão, em que distribuíram diversos equipamentos para práticas de diversos tipos de circuitos, como pistas de cones, áreas de cordas e bolas preparadas. Em nossa sala, há mais garotos do que garotas: 23 garotos e 17 garotas. Apesar das dificuldades encaradas, não perdemos nenhum de nossos colegas até ali. Não era uma relação igual, porém, muitos dos alunos não são atléticos e a decisão da escola de aquecê-los com treinos básicos será eficiente.
Iniciamos com alongamentos e aquecimentos rápidos. A todo momento meu corpo estalava, como se rachaduras formassem a ponto de quebrarem... não, não, tenho certeza de que é como se estivesse saindo de um iceberg, ou seria de um casulo? Será aquilo a “interação social” sentida na própria pele como costumam dizer?!
Observava o treino de Inuzuka e Takahashi, que atraíam os olhares das garotas por causa de seus músculos. Por não deter de tais dotes, era facilmente confundido como algo do cenário. Por causa da maestria que aqueles dois demonstravam com as sequências efetivas, foram escolhidos pelo professor para que começassem com as dinâmicas. Ambos detinham de habilidades de destreza similares, rápida percepção de espaço e controle de uso de força ideais.
— Saibam seus pontos fortes — explicou o professor. — Pensem nas atividades que irão fazer e no que devem fortalecer seu corpo. Há vários tipos de habilidades para desenvolver: velocidade, agilidade, percepção e força. Depois de realizarem as dinâmicas, vamos dividir a turma em grupos para fortalecer justamente as partes interessadas.
Takahashi e Inuzuka demoraram cerca de cinco minutos para terminarem toda a dinâmica. Após isso, os alunos foram participando um depois do outro. Falando nisso, demorei mais de cinco minutos para terminar todo o percurso. Minha agilidade era boa, assim como percepção de espaço, mas não detenho força e minha precisão é horrível. Recebi aquele feedback do professor, mas já esperava que não fosse me destacar nesse cenário. Estou adentrando o interior do Tártaro, em que minhas habilidades não surtem efeito algum!
Ao menos, decidi que focarei nos meus pontos fortes e não em ficar na linha de frente. Então, fui designado ao time de velocidade e, como vou participar do jogo de basquete, terei treinos extras para me adaptar às regras. Por mais que a corrida 100m fosse a de menor percurso — A corrida de obstáculos são 150m livres —, ainda é um páreo grande me acostumar a correr tanto no meio daquele calor.
Comecei a trotar por entre a pista de corrida. Ao meu lado está Inuzuka, no mesmo time que eu. Por estarmos mais afastados dos outros, correr sem máscara não me deixou tão nervoso.
— Isso aqui vai ser moleza, certo?
— Fale isso por você... — retruquei, arfando. — Não é fácil... manter um ritmo constante por tanto tempo...
— Controle sua respiração e não coloque tanto peso nas pernas. Precisa balancear seu corpo para correr de jeito leve.
— Vou tentar... me lembrar disso...
O que é isso? Parece até que ele virou um instrutor de como usar a respiração! Só restou usar uma máscara Tengu...
Por mais que estivesse reclamando, sei que se não fosse por causa do treino com Inuzuka durante as férias, minha resistência já teria acabado há muito tempo. Minhas pernas ardiam, mas não tanto quanto antes. Os garotos devem fazer cinco voltas e as garotas, três. Não consigo falar muito enquanto corro, então prestei atenção nas dicas de Inuzuka, e quando dei por mim, só restou uma volta para fazer.
Takahashi se aproximou durante a última volta e demonstrava confiança, mas não perdi minha concentração. Resolvi testar o que Inuzuka havia dito e, aumentei o peso contra as pernas e inspirei ainda mais fundo para correr mais rápido. Ultrapassei Takahashi e não o vi até terminar. Estou exausto, mas tinha compreendido melhor o senso de usar cada parte do corpo. Se mantivesse aquele treino, poderei de fato reforçar minha própria respiração.
Mas naquele momento, realmente preciso descansar. Meu corpo tornou a tremer e me senti zonzo. Ao me aproximar do bebedouro, esvaziei uma garrafa de água inteira num gole e molhei a cabeça para me refrescar. Procurei uma sombra para fugir do sol e permaneci imóvel. Por estar afastado dos demais, mantive a máscara no rosto após recobrar o ritmo respiratório comum.
No entanto, Inuzuka e Takahashi continuavam a correr. Eles são monstros, por acaso? Eles eram um tipo de androide com energia infinita para caçar Saiyajins?
Apesar de estar envolto nessa rotina escolar intensiva novamente, não havia esquecido de tudo o que aconteceu durante as férias. Tinha comentado sobre algumas coisas fúteis com Inuzuka durante nossos treinos, mas muitos detalhes foram omitidos.
O fato de alunos da Jimbocchi (?) terem atacado Yonagi com Oguro naquele beco, por exemplo. Me pareceu até ironia que o senhor Ugawa não houvesse comentado sobre qual escola Oguro estava frequentando só para ter descoberto acidentalmente. Escola Jimbocchi foi a antiga escola da qual fiz meu primeiro ano do ensino médio. Apesar de ter sido há um pouco mais de meio ano atrás, aparentava fazer muito mais tempo diante das coisas que presenciei daquele lugar.
Não que fosse realmente incomum que alunos de outra escola aparecem para um evento como um interescolar, mas a Jimbocchi não é de Yokohama... por que houveram tantos alunos dessa famigerada escola de uniforme naquela cidade? Quer dizer, a verdadeira questão aqui foi de os próprios punks terem usados réplicas falsas dos uniformes dessa escola e sinto que fui o único a perceber o fato por... bem, conhecer o uniforme. Ao menos para mim, a Jimbocchi se tornou uma vítima tanto quanto a participante escola Kanryou no interescolar...
Devo comentar a respeito com Yonagi? Mesmo que ela aparente estar mais tranquila em relação ao ocorrido, não tenho certeza de que essa informação possa ser realmente relevante... o Senhor Ugawa já deve estar investigando junto com a polícia, certo? Pode não ser nada demais, mas decidi que vou averiguar o local por conta própria para então resolver se falarei do assunto, ou não. Conferi no celular as mensagens dadas à Hiyatetsu, que resolveu me ajudar como informante. Ficamos de combinar o dia e data para irmos à antiga escola investigar mais a respeito...
Enquanto descansava e mandava mensagens de texto, Inuzuka se aproximou de mim. Parece que os outros alunos paravam para descansar conforme terminavam suas voltas, tanto garotos quanto garotas.
— Daqui pra frente vai ser difícil manter o percurso, hein... — Ele comentou. — Ah, estou falando dos percursos noturnos. Parece que será prudente evitarmos de nos cansarmos mais do que o necessário com essa nova rotina da escola.
— Bom, você tem um ponto... — agi indiferente. — Ia ser muito desgastante para mim correr durante o dia e durante a noite.
— Então, vamos manter nisso durante apenas um horário. Fácil, não?
— Hein?
— Venha para a escola de bicicleta — proferiu Inuzuka. — Vai ser mais eficiente se for deste jeito. Pelo que notei, apesar de ser sedentário, você não está tão fora de forma. Ser submetido a algumas semanas nesse ritmo o colocará dentro da linha desejada.
— Ah, entendi...
O que ele é, um nutricionista? Um Personal Trainner? Por acaso ele está recrutando pessoal para uma Olimpíadas ou foi incumbido de cuidar de um bando de estudantes sedentários a voltarem a competir em algum nacional e trazer glória para um clube esportivo falido?
Deixando aquilo de lado, tornei a olhar os estudantes aos nossos arredores. Todos parecem já exaustos só pela dinâmica e o aquecimento, quantos deles estarão realmente prontos para esse evento esportivo? Somente Inuzuka e alguns outros alunos ficaram tranquilos às atividades.
— Oh, Inuzuka. Você está aí!
Soou uma voz feminina conhecida. Nana Shimura apareceu com o restante do Grupo Takahashi.
Parece que as garotas haviam terminado o percurso. Teremos que fazer um descanso de quinze minutos e retomar aos treinos de clube. Por causa do que conversei com Takahashi, iremos competir no basquete. Não tinha escolha senão participar das sessões do esporte.
— Por agora faremos treinos entre nossos membros da classe, mas depois nos reuniremos com todos os membros do clube depois das aulas — explicou Inuzuka. — Vai ser bom para que tentemos acompanhar o ritmo de treino dos outros alunos.
— Faz sentido. Apenas treinar entre nós seria bastante limitado.
Os quinze minutos haviam terminado, e todos se levantaram para seguirem aos seus clubes. O Grupo Takahashi está devidamente barulhento, conversando entre si sobre o próprio indivíduo, que ainda corria mais ao longe.
Entre cochichos e risadas, percebi que comentavam algo em relação a sua intimidade com alguém. Não pude deixar de ficar curioso, mas me abstive de querer saber mais a respeito.
Decidi beber algo gelado e fui até a máquina de bebidas mais próxima. Inesperadamente, Nana apareceu ao meu lado tendo o mesmo interesse na máquina, ainda conversando com os outros e não notando minha presença. Decidi manter minha máscara de imediato.
— Acho que aqueles dois estão ficando cada vez mais próximos, o que você acha?! — exclamou Nana, animada.
— Será que os dois terão algo além do que estamos vendo? — murmurou Ota.
Toquei na máquina e assim que minha bebida bateu no fundo, Nana tomou um susto e me notou:
— Me assustou! Você estava invisível, por acaso?!
— Eu nem precisaria me esforçar pra isso, sabe...
Aos poucos, começava a ter cada vez mais certeza de que estou conseguindo ocultar minha aura. Será que estou mais próximo de me tornar um Hunter?
— Qual é dessa conversa animada? As sessões de clube extra vão logo começar. — Takahashi se aproximou e subitamente me encarou por um instante. — Vão se atrasar, desse jeito...
— Eu estava aqui conversando sobre algo sério com o Ota e não vi o Shiroyama! Ele quase não tem presença por tanto parecer um zumbi e tomei um susto!
Os outros riram, mas Takahashi só suspirou:
— Pois é. Ele parece que fica se esgueirando pelos cantos, mesmo.
Apesar de terem achado graça do que Nana disse, logo tornaram a rirem baixinho de Takahashi, ignorando sua ofensa disfarçada a mim.
— O que foi?
— Hum? Nada! — exclamou Nana, tentando conter o riso. — Vamos logo! Todos juntos!
Takahashi bufou, mas continuou caminhando em silêncio. Não sou um perito social, mas é claro que ele se envolveu em alguma trama interessante para os outros e, apesar disso, caminhavam juntos e riam.
Tomei cada vez mais distância desse grupo imprevisível reduzindo meus passos. Minha suposição, no entanto, me fez observar o coletivo que compunha a classe se dispersar pelos cantos sem que ninguém observasse Takahashi. Quer dizer que não é um rumor guiado pelos meios sociais?
O fato de o grupo estar brincando com cochichos e risadas pode implicar que Takahashi foi atraído por alguém. Perguntar a Inuzuka seria uma opção, mas também um incômodo. Acho que estou apenas apreensivo sobre qual será a posição de Takahashi e a questão de não saber do que poderia fazer.
Também fiquei aliviado de não ser do interesse deles.
Ele agiu indiferente à minha frente, então não era momento para se preocupar totalmente com o acordo. O treino assumiu a liderança das prioridades, mas preciso me alocar entre os membros, além de que devo conter a preocupação de não ter mais informações sobre Kumiko.
Imprevistos... ele está claramente tentando montar algum tipo de base para interagir com o acordo. Por mais que não soubesse o que se passa em sua mente, tenho que raciocinar um pouco sobre quais serão suas suposições. O próprio não me dirá, mas talvez possa encontrar algumas pistas ocultas nos arredores.
***
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