Our Satellites Brasileira

Autor(a): Augusto Nunes


Volume 5

Capítulo 1: Retorno às Atividades ③

Depois do intervalo, teremos educação física. Só não cogitei que ao nos reunirmos no ginásio, veríamos outras classes à nossa espera. Parece que haviam reunido alunos tanto do primeiro quanto do terceiro ano ali. O ginásio principal ficou tão lotado que pareceu menor do que aparenta.

— Bem, agora todas as classes que compõem o time branco chegaram, podemos dar início à reunião geral... — explicou o professor Otsushi ao pedir silêncio. — A prioridade aqui é em 30 minutos vocês se organizarem primariamente em como farão as atividades daqui um mês. A seguir terá o plano de treino da classe 2°C e o restante voltará para suas salas.

Dito isso, os alunos se dispersaram como células desorganizadas para todos os lados. Pelo o que o professor nos disse, são três salas do primeiro ano, três do segundo ano e duas do terceiro ano. Deve haver ali cerca de quase 280 alunos no ginásio. Os alunos se agruparam por representantes de cada sala. Takahashi foi obviamente o escolhido da minha e, se reuniram para discutir o tópico mais importante do Festival Esportivo: a corrida de revezamento de 1200m.

Esta será a atividade final e a principal do evento, sendo a que mais atrairá a atenção do público. Portanto, os líderes de cada sala terão que decidir quem vão escalar para realizarem os revezamentos de antemão. Como ainda é tempo das inscrições, no entanto, nada se mostrou concreto. Foi mais como uma apresentação de todos os participantes. A reunião se tornou mais um bajulo para aqueles que são considerados os focos esportivos e aces da ocasião — Sim, vulgo Takahashi...

O restante do pessoal se viu comentando em grupos enormes sobre as atividades no geral, do qual não quis dar voz. Estar deslocado em momentos do tipo é o que me torna um mob... estou quase indo atrás de caçar fantasmas ou algo assim.

Porém, algo que deveria ser considerado como frívolo para mim se revelou útil, pois vi Teru em minha linha de visão. Então, aproveitei a circunstância para me aproximar. Ele estava cabisbaixo, provavelmente ainda pelo que aconteceu nas férias de verão.

— Parece que estaremos do mesmo time, hein... — comentei. O calouro me encarou como se tivesse acabado de acordar.

— Oh, é você... Shiroyama.

— Você está bem? Parece tão pálido...

— Ah... nada com o que precise se preocupar... só é meio chato já estarmos de volta à escola, né?

Julgando pela intenção de desviar do assunto, Teru não está à vontade para conversar. Acho que pode ser viável tentar insistir mais um pouco aqui:

— É, tem razão. Pessoalmente, não pensei que fosse interagir com alguém do terceiro ano tão cedo... quer dizer, não quis me encontrar com ninguém, na verdade...

— Do terceiro ano, você diz...?

Apenas o encarei indiferente como resposta, que reagiu de imediato como se recebesse um estalo no corpo:

— Você por acaso está gostando de alguém do terceiro ano?!

— Não grite...! Você é realmente lerdo pra esse tipo de coisa, hein? — retruquei. — Imagino que já deva ter entendido a minha situação, então.

— Foi rejeitado? Quando isso aconteceu?!

— Já disse pra não gritar, certo? Bem... foi durante as férias também. Posso interpretar que, por ter passado pela mesma situação, você vá se esquecer disso e seguir em frente, certo?

Teru fez um muxoxo e voltou a ficar cabisbaixo. Segurei seu ombro como consolo para que não se sentisse solitário. Antes que o tivesse visto, havia prestado atenção nas duas classes do terceiro ano presentes. Avistei Kirisaki com os estudantes da classe 3°A, então meu caso era ainda pior.

Se ela não souber em qual sala estou, posso evitar seu contato por algum tempo. Quando voltei minha atenção à Teru, surpreendentemente estava chorando.

— Ei, o que foi?!

— Esse mundo é... tão injusto! — exclamou o garoto. — Como podem dois homens tão dedicados como nós sofrermos tanto assim?!

— Como já disse... quem você está se intitulando como homem se somos adolescentes...?

A pretensão de Teru o deixou completamente iludido de suas fantasias, mas parece que virou uma força motriz para evitar de ficar chateado. Não soube como Kuroi ficou sobre aquele assunto, mas como a vi com Rentaro (?) conversando juntos durante a noite dos fogos de artifício no centro Makuhari, estranhamente pude acreditar de que não estivesse 100%. Bom, não devo usar isso como uma afirmativa perfeita, não tenho como entender as garotas.

Ele já parecia melhor, então não preciso me preocupar em elaborar frases motivacionais. O fato de ter se ausentado em todas as sessões de estudo do grupo deixou a todos apreensivos sobre sua situação, vou preparar os detalhes de como acalmarei as meninas mais tarde. Por ora, decidi voltar para onde minha classe está ao prestar um singelo cumprimento ao calouro.

No caminho, porém, me deparei com a classe 2°A, onde se encontra Yonagi. Por mais que aqueles estudantes estivessem unidos, ela parecia estar distante dos demais, sendo evitada ou algo do tipo.

— Oh, Shiroyama...

Ela me notou quase ao mesmo tempo e ficamos nos encarando durante alguns segundos. Pelo canto do olho, percebi que da direção de seu olhar dava para enxergar Teru dali.

— Por acaso... você viu Teru e não conseguiu falar com ele?

Convivi com Yonagi durante um bom tempo até o momento, e diante de nossa disputa para ver quem será mais comunicativo, percebi que ela tem certa dificuldade de se aproximar dos outros, principalmente estranhos. Deter dos mesmos hobbies havia sido um ótimo empurrão para que pudesse mudar, mas mesmo neste ínterim, ela não possui uma comunicação padronizada dentro do clube.

— Estive aqui pensando em como poderia falar com ele, mas talvez só iria assustá-lo por querer conversar do nada... — disse Yonagi. — Não somos próximos nem nada, mas fiquei surpreso que tenha ido como se não fosse algo incomum.

— Oh... nem é tudo isso, na verdade. Passamos por coisas parecidas durante as férias e, acho que só pude compreender o que está passando nesse momento por causa desse acaso. Basicamente, foi tudo o que fiz.

Yonagi fez uma expressão de dúvida, já que não ficou ciente de todos os detalhes por trás dos bastidores — Kuroi não deve ter comentado por causa do seu estreitamento com Rentaro, e Himegi se preocupou mais com ela do que com Teru... —. Apesar de estarmos juntos durante o interescolar, minha ausência para conversar com Kirisaki não deve ter levantado nenhum tipo de suspeita.

— Parece que os membros do clube estão divididos por causa dos times, não é? — comentou Yonagi. — E, apesar disso, você está mantendo um senso de comunicação muito bom.

Como esperado, ela ainda se planeja a respeito dessa disputa. Por causa das férias, aquele tópico foi deixado de lado, mas com o retorno às aulas, o desafio se mostrou dominante novamente. Por sorte, as coisas não estão mais no status quo.

— Por mais que seja difícil, estou tentando. Só que, tenho que lembrá-la que estou competindo contra toda sua popularidade. Apesar disso, não tem como sabermos quem está na frente, no entanto.

— Bem, você tem razão. Por enquanto, conto com sua ajuda no Festival Esportivo.

— Ei, eu é que deveria dizer isso, não? — indaguei. — Pelo jeito que tratou o treino durante as férias e com o fato de praticar karatê, você deve ter uma resistência incrível.

— Bom, tenho orgulho das minhas habilidades. Você, por outro lado, me deixa preocupada que seus olhos mortos definam seu estado físico... se bem que com isso pode afastar os adversários como fator surpresa e ganhar as competições...

O que é ainda mais surpreendente era o fato dela colocar as coisas daquele jeito com uma expressão tão séria...

— Olha aqui...

— Por ora, vamos deixar esta disputa de lado, certo? — Ela ignorou meu mal humor e proferiu aquelas palavras com um sorriso sincero, estendendo sua mão a mim. Fiquei ponderando durante alguns segundos qual seria a intenção de tais palavras, mas apenas me senti aliviado por ter menos coisas para ter de me preocupar. Apertei sua mão, convicto.

Nada mais foi dito sobre o que ocorreu durante aqueles dois meses. Tive a impressão de que, se olhasse para trás, apenas resultaria de desenterrar estresse e frustração desnecessários. Voltei ao meu lugar e a reunião entre salas durou por mais algum tempo.

***

Após as práticas de educação física, tive que ir ao clube. Antes disso, porém, passei no clube de artes para conversar com Chinatsu. Quando terminei o banho e me arrumei para sair do vestiário, Inuzuka e Takahashi brincavam um com o outro enquanto seguiam para o clube de futebol. Havíamos recebido alguns treinos práticos que deveríamos seguir daqui para frente. Aquele mês será extremamente árduo e não tenho muito tempo para desenvolver minha condição física como planejado.

Galguei as escadas do prédio especial até o corredor em que se encontra a sala de artes. No entanto, quando cheguei lá, me deparei com apenas metade dos integrantes. Todos ali estão animados oferecendo ideias e apresentavam projetos elaborados. Antes que pudesse me aproximar ainda mais, alguém me puxou e fui arrastado novamente ao corredor. Shina havia segurado gentilmente meus braços para me impedir de prosseguir.

— Tivemos que dividir a sala por causa do Festival Esportivo. Daqui em diante será uma guerra civil entre os dois times, e informações de projetos vazados podem fornecer vantagem. Fizemos deste jeito para que fosse justo para os dois lados.

— Oh... entendi. Por isso essa sala está com poucos alunos...

Ouvi passos se aproximando, e Chinatsu apareceu da sala surpresa. Shiina largou meu braço e tomou a direção de onde tinha aparecido.

— Não foi minha intenção ouvir o que o time inimigo esteja planejando... — comentei, mas Chinatsu está tranquila.

— Não se preocupe. O resto das coisas o pessoal pode lidar sozinhos. Você tem um tempo sobrando?

— Sim. Por isso estou aqui.

Iria me ausentar do clube de literatura, mas duvido que será mais do que poucos minutos, então não há problema. Nós dois nos afastamos daquele andar e tomamos o rumo para o da biblioteca. Durante todo meu período naquela escola, era estranho o fato de estar sobre aquele tipo de situação com tanta facilidade, mas sabia que a razão para estar tranquilo àquilo era por ser um encontro de negócios, nada mais.

Pairamos sob a escadaria do próximo andar, então é certo de que não seremos interrompidos ali naquela hora do dia.

— É realmente uma pena sermos inimigos neste festival, teria sido divertido competirmos juntos e nos apoiarmos.

— Sim, mas isso também é uma boa chance de mostrar suas habilidades por não ser mais a presidente do clube, não acha?

— Bem, sim... — suspirou Chinatsu. — Por estar contra Shiina, todos que estão do mesmo time estão com altas expectativas. Quer dizer, o clube em si me apoia e muito, então termos de competir uns com os outros é um pouco...

— Não coloque as coisas desta forma — adverti. — Do que adianta se todos estiverem juntos e não houver desafios?

— Oh...

Chinatsu pareceu surpresa durante um momento, mas tornou a rir logo em seguida, o que me deixou desconcertado:

— Eu... disse alguma coisa estranha?

— Não..., mas é surpreendente que, apesar de não aparentar, você seja alguém tão otimista.

Fiquei sem saber como responder, grunhi um pouco para tentar mudar o assunto:

— Bem... você quer atualizações sobre o progresso com Inuzuka, certo?

— Sim, isso mesmo. Do pouco que vi, no entanto, parece que vocês dois já são bons amigos.

— É, bem... por aí.

— Já disse a ele sobre mim? — Ela se aproximou dois passos, o que me deixou nervoso.

— Bem... hum... ainda não consegui dizer seu nome a ele..., mas ele ficou interessado em ter um encontro.

— Oh... bom, é um progresso, mesmo — Ela não parecia estar satisfeita, mas ao menos se afastou. — Infelizmente, como estamos nos preparando para o festival, será difícil combinarmos algo até o mês que vem.

— Sim, na verdade... ele me pediu para que adiem este encontro para depois do evento. Concordo que desse jeito nenhum dos dois vão ficar ansiosos por causa deste encontro.

— Como não?! Eu já estou ansiosa aqui!

— Ah, é verdade! Desculpe!

Chinatsu bufou, parece que ela está sofrendo com tanta demora para confessar seus sentimentos. Seu rosto corou e demonstrava sinais de apreensão.

— Não tem jeito, né. Só vamos ter um pouco de tranquilidade depois do término do festival, de qualquer jeito.

Ela tinha razão, mas era realmente uma questão difícil de saber qual sala conquistará o primeiro lugar. Por mais que fôssemos inimigos ali, não quero que ela tome danos sérios, isso inclui o pessoal do primeiro ano.

Como as colocações são distintas por entre os anos, obviamente estou torcendo para a classe de Teru conseguir um bom lugar, mas Himegi e Kuroi estão em classes diferentes, então será inevitável que um deles fique em uma posição desfavorável. O mesmo caso terá conosco do segundo ano. Eu, Yonagi, Chinatsu e Shiina éramos todos de classes diferentes, e não poderei deixar de torcer para quem está em meu time. Estou sob um dilema complicado, mas por causa de Chinatsu, ficamos com boas expectativas por causa das atividades de verão feitas.

Nós nos despedimos ali mesmo e segui em direção à biblioteca. Lá, me deparei com aquele cenário familiar que não o presenciava havia dois meses inteiros. O ambiente tranquilo com aquele cheiro familiar dos livros, o recinto quase vazio e aquela mesa do canto com vários assentos preenchidos e a minha cadeira em um deles. Troquei cumprimentos rápidos com o pessoal e assumi meu lugar em nossa távola retangular.

Porém, há algo diferente ali.

Teru não está presente.

— Ué, ele não veio hoje? — Himegi indagou. — De novo?

— Não, eu o vi durante a reunião na quadra de educação física — apontou Yonagi, indiferente. — Parece que ele realmente não quis comparecer...

Kuroi não fez nenhum comentário.

Mantive-me em silêncio, mas notei que tanto Himegi quanto Yonagi me encaravam, como se esperassem que trouxesse informações inéditas. Sinto muito, meninas. Assunto confidencial. Não sou uma gaivota que fica espalhando folhetos pelos sete mares...

— Falando nisso, como ficará as ações do clube? — perguntei.

— Na verdade, o tópico de hoje será exatamente esse... — proferiu Yonagi. — A professora Harashima me disse que todos os alunos que forem participar das atividades físicas terão que se concentrar nos treinos, a não ser que seus clubes sejam adjacentes. Vocês já têm alguma ideia de como irão participar?

— Acho que não temos muita escolha... — retrucou Kuroi. — Mas, pretendo participar do grupo de decoração. Não sou boa em esportes.

— Também tinha interesse em participar, mas vou tentar participar de alguns jogos... — comentou Himegi.

De repente, senti o olhar de Yonagi em mim.

— O... o que foi?

— Não vai me dizer que vai realmente usar a estratégia dos olhos mortos para afugentar os...

— Não vou afugentar ninguém, idiota! — exclamei. — E não vou ser um peso morto!

— É muito chato termos que nos enfrentar deste jeito... — murmurou Himegi, ignorando nossa discussão.

— Sim. Porém, do clube só temos Teru de inimigo. Ainda poderemos torcer pelos veteranos... — complementou Kuroi.

É verdade, mas ela colocar as coisas desta forma não evitou de não sentir pena de Teru...

— É mesmo! — exclamou Himegi. — Tenho algo a dizer aos dois!

Ela se levantou da cadeira e encarou a mim e Yonagi.

— Vençam Kumiko! Se ela estiver em último lugar, vai ser melhor ainda!

— Himegi... às vezes você sabe assustar mais do que Kuroi, viu... — murmurei, chocado.

— Não precisava nem dizer. — Yonagi mexeu em seus cabelos. — É só o Shiroyama não dormir durante as atividades que até mesmo ele poderá passar sem problemas.

— E o alerta vai só pra mim?!

Depois daquela discussão inútil, ficou decidido que o clube ficará dispenso até o final do Festival Esportivo. Em vez disso, o tempo será dedicado aos treinos físicos. Mesmo ali já havia recebido uma mensagem de Inuzuka dizendo que iriamos prosseguir com o percurso de 8km. Que dureza...

Kuroi estava se mantendo distante durante todo aquele tempo, mas atualmente havia se agravado intensamente. Se estivesse no lugar dela, estaria aliviado por não ver ou interagir com Teru. Então é capaz que os dois estejam se evitando de propósito. Não que me importe, mas ver tal situação acontecendo e não saber como vai terminar que me intrigou.

Minha relação com Kirisaki não foi tão próxima quanto daqueles dois, então apesar de ter sido uma tentativa falha tentar me aproximar dela, o dano que recebi não me foi considerado tão significante quanto pensei que fosse.  

Será que realmente compreendo o que Teru está passando nesse momento? Poderei compreender de fato em algum momento?

Minha mente não parou de pensar nessas possibilidades.

Dito isto, só após guardarmos nossas coisas e saímos do hall, que percebi que aquele longo dia havia se encerrado. Passei a olhar meu celular constantemente à procura de uma resposta, mas desejei em meu âmbito que aquilo pudesse se arrastar por mais algum tempo.

Era muita coisa para se pensar, afinal.

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