Volume 5
Capítulo 1: Retorno às Atividades ②
— E então? O que acha? — foi o que Takahashi me perguntou quando nos encontramos no banheiro.
— Sem dúvidas, são muitas regras... — comentei, indiferente. — Mas parece que você já tinha uma visão geral de tudo, imagino.
— Bem, por aí. O que não previ foi o fato de que a classe de Kumiko será nossa adversária. Então, não temos escolha senão realmente sermos aliados daqui para frente até o evento.
— É claro. Para isso serve o acordo — expressei. — Não vamos nos sabotar até os dias dos eventos. Já tem alguma ideia de quem é a pessoa escolhida por Kumiko?
— Ainda não. Mas não é sobre isso que te chamei aqui.
— Não?
— É sobre as atividades em si. Você percebeu que nos quatro dias de evento haverá variadas atividades. Vamos definir nosso acordo com base nas atividades que terá que fazer.
— Certo, tudo o que preciso fazer é ajudar a classe no fim... — afirmei. — E como ficará nossa disputa?
— É simples. Nesses dias, você precisa participar de no mínimo duas atividades diárias. — Ele explicou: — No geral, quero que participe de duas atividades individuais e uma em grupo por dia. Além disso, em um dos dias de evento você terá liberdade de escolher livremente.
— Bom, entendi. Quais práticas eu devo participar?
— Corridas de 100m ou de 200m, corrida de três pernas e se preferir, a de obstáculos também. — Takahashi disse: — Por sorte, as atividades em grupo estão variadas entre os dias, mas...
— ...não quero competir no futebol — intervi. — Isso quer dizer que já vou estabelecer que na terça-feira será o meu dia livre para escolher o que fazer.
— Tem certeza? Os últimos dias serão os mais difíceis — ponderou Takahashi.
— É bom ter noção dos próprios limites — indaguei. — Além disso, os últimos dias terão as atividades mais extensas, é melhor nos focarmos em todos participarmos, certo?
— Uma ótima colocação. Quer dizer que vai participar do basquete, certo?
— Não conheço muito bem as regras, mas aqui a questão é o que poderei fazer para ajudar a classe, não a vencer — apontei: — Bom, isso a gente pode discutir com mais detalhes depois.
Isso significa que terei de competir em quase todas as modalidades, mas o que entra em vigor era:
— Quanto ao time de apoio, o que vai fazer?
— Somente uma pessoa poderá ser protegida por outra — disse Takahashi. — Não parece haver limites para a quantidade por classe, mas se uma pessoa for o apoio de outra e estiver em uma mesma atividade no mesmo horário, não poderá ajudar. Ou ainda, poderá se prejudicar se os horários não baterem.
— Já tenho em mente uma ideia do que pretendo fazer com o apoio — entoei: — Mas isso é algo que preciso falar com Kumiko primeiro. Portanto, mande uma mensagem a ela para que nos encontremos hoje depois das aulas.
— Não é algo que precisa ser discutido a sós, certo?
— Certo, mas já aviso que sua opinião nessa decisão não vai ser cogitada.
— O quê?
Senti uma pontada de frustração em seu tom de voz, então já aproveitei para dizer:
— Afinal de contas, a disputa é entre mim e ela.
***
Era estritamente complicado obter alguma coisa na cantina sem passar por um alvoroço. Naquele dia em questão, a dificuldade parece ter se elevado ainda mais. Não havia locais vazios, isso porque os alunos estão se agrupando por todos os lados. O estado fervoroso do Festival Esportivo entrou em seu ápice, já que muitos preparativos serão feitos e causará mudanças na rotina de todos durante todo aquele mês.
Vasculhei o pátio central externo e consegui encontrar um banco desocupado. Enquanto comia meu lanche, relia as informações acerca das regras do festival. Serão 4 dias de puro esforço, e deverei alinhar os treinos da educação física com os próprios. Por causa da aposta de Takahashi, não poderei me dedicar o mínimo necessário.
Conforme lia as anotações, notei estar sendo observado. Olhei ao meu redor e visualizei Himegi, Shiina e Chinatsu vindo até mim.
— Já está revisando as regras, Shiro? — brincou Himegi, sentando ao meu lado do banco.
— Bem, sim...
— Você parece estar bem dedicado, né? — comentou Chinatsu.
— ...ou apenas desesperado — complementou Shiina, indiferente. Dei uma tossida seca, tentando conter meu nervosismo.
— Infelizmente, seremos inimigos nesse evento... que chato, né? — expressou Himegi, com um sorriso nervoso.
— Oh, é verdade. Se não me engano, você é do 1°B, certo?
— Isso mesmo.
— Que injusto! Porque usaram um critério de escolha como esse?! — retrucou Chinatsu, batendo os pés.
— Ela está realmente chateada por estarmos em lados opostos — comentou Shiina. — A propósito, Shiroyan. Estamos no mesmo time, sou do 2°E. Conto com a sua ajuda.
— Oh... não sabia qual era a sua classe...
— Parece que seremos eu, Chinatsu e Kuroi contra você, Yonagi, Shiina e Teru... — expressou Himegi.
Como um estalo em minha mente, me recordei que Teru é do 1°D e Kuroi do 1°F. Não era algo que quis comentar ali naquele momento, mas estar no mesmo time que Kumiko deveria ter deixado Himegi e Chinatsu aturdidas. Não é como se não soubessem qual era sua classe e, talvez não quisessem comentar sobre a seu respeito. Claro que foi uma decisão inteligente, dado por tudo o que Kumiko as causou. Inclusive, gostaria de estar na mesma pretensão que elas.
Afinal, elas não sabiam sobre nossa disputa atual.
— A propósito... você conseguiu se comunicar com Teru? — perguntou Himegi.
— Não. Não o vi o dia todo, e nem mesmo agora no intervalo.
— O fato dele não estar presente conosco está me deixando preocupada. Por ele não ter participado das nossas sessões de estudo...
É compreensível achar estranho em não ter sua presença durante todo aquele tempo. Não apenas pelo cumprimento das tarefas, mas por causa do seu próprio estado psicológico. Parece que Kuroi ainda não disse a elas sobre a confissão de Teru.
Só de lembrar de tudo o que aconteceu me fez suspirar. Não tenho escolha senão ir atrás de Teru. O fato de Himegi ter comentado a respeito foi esse tipo de pretensão. Desde quando ela virou minha mãe?
— Está certo. Vou procurá-lo e ver o que está acontecendo.
— Parece que vai ser um período conturbado para todos nós até o evento começar, mas vamos tentar nos divertir durante as atividades! — expressou Chinatsu, animada.
Ela... ela parece o próprio sol de tão brilhante...
Decidi deixar aquela suposição inútil de lado para terminar meu almoço. Nisso, recebi uma mensagem no celular. Ao lê-la, me levantei.
— Desculpem, tenho algo para fazer.
— ... — Chinatsu reagiu como se fosse me dizer algo, mas se deteve. Interpretei aquilo como se fosse algo a ser dito a sós e talvez estivesse ali esperando que as outras se dispersassem.
— Ah, acho que vou passar no clube de artes depois... espero não causar incômodo.
— Não vai, não. Será bem-vindo! — respondeu Chinatsu, satisfeita.
Dito isso, tornei a andar em direção à parte oposta do pátio externo. Restava algum tempo para o intervalo acabar, então não era algo que irei demorar para resolver.
***
Quem estava à minha espera foi Inuzuka, encostado na parede. Ele aparenta estar relaxado, mas há um toque de seriedade em sua expressão. Se fosse durante o período das férias de verão, pensaria o quão incomum é vê-lo sem Takahashi por perto, mas já havia me acostumado em interagir a sós devido os treinos que fizemos durante algum tempo.
— Bom, estou aqui. Do que precisa?
— E aí, Shiroyama. Está pronto para o Festival Esportivo?
— Não diria pronto, e nem estou realmente ansioso. Quer dizer, estou receoso por causa da dificuldade das tarefas, mas...
— Gostaria de saber o que você e Takahashi conversaram mais cedo — proferiu ele. — Estou com a impressão de que estou no meio de algo complicado entre vocês. É algum tipo de aposta que estão fazendo, por acaso?
Não consegui acreditar que Inuzuka fosse tão perspicaz. Imaginei que tamanha apreensão seja de estar dedicado para o evento, visto ser seu maior anseio.
— É... um tipo de aposta, mesmo. Porém, é visando o melhor para a classe, prometo.
— Estava pensando em falar com você sobre a garota que quer se encontrar comigo, mas esse realmente não é um bom momento, certo?
— Concordo. Entendo que esteja ansioso a respeito, mas é melhor que ainda não saiba quem seja.
— Ah, pode ser. Talvez seja insensível da minha parte desejar isso, mas acho que o mundo é realmente pequeno.
— Hum? O que quer dizer?
— Eu o estive observando enquanto conversava com aquelas garotas. Pode não parecer, mas você é um tanto popular, não é?
— Se a impressão que te causa for essa, não passa de um engano... — balbuciei. — ...algumas delas são membros de clube, outras apenas conhecidas e...
— Tentar se explicar desse jeito não ajuda, mas já meio que conheço seu jeito de ser. Não vou interpretar as coisas do jeito errado, mas o que quis dizer é que se você já a conhece, deixa as coisas mais rápidas.
— Hein? Como assim?
— Eu sou realmente uma pessoa terrível, sabe... consigo me lembrar perfeitamente do rosto das pessoas, mas sou péssimo em lembrar de nomes. Por acaso, você conhece uma garota que estou interessado há algum tempo e quero me aproximar dela.
— ...
Não... não pode ser.
— Só resta me dizer que... ela é do segundo ano?
— Não me lembro, mas só sei que é aquela de cabelos loiros.
Não sei se devo considerar isso como sorte ou se todo meu esforço até ali foi completamente inútil. De qualquer forma, fiquei frustrado por causa daquele fato imprevisível, mas precisei tomar uma atitude naquele momento:
— Pelo visto, você deve estar receoso de ir a um encontro com uma pessoa que não conheça em vez de conhecer melhor alguém que esteja interessado, é isso mesmo?
— É, acertou. — Inuzuka coçou a nuca. — Por isso, gostaria de te pedir para que falasse com sua amiga de que adie este encontro para depois do evento, o que acha?
Não pensei que as coisas tomariam aquele rumo com tanta facilidade...
— Pode deixar. Entendo sua linha de pensamento e concordo. Ela deve entender que nesse momento você precisa se concentrar neste evento com todas as suas forças. E...
— O quê?
— ...imagino que vai querer minha ajuda pra se aproximar desta minha outra amiga, certo?
Inuzuka acenou com a cabeça. Será que devo considerar realmente a possibilidade de ter virado um cupido? Isso aqui não é uma história de amor e guerra, entende?!
Talvez devesse já tomar algumas medidas aqui... remediar nunca é demais, afinal.
— Bom, para isso... tenho uma proposta.
***
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