Volume 3
Capítulo 1: Mesmo assim, a Rotina de Shiroyama Hideo permanece Igual. ①
E mais uma vez, me encontro na cantina.
É algo normal, óbvio. Há muitos alunos por ali, me causando amargura e calafrios.
Mas, se fosse em circunstâncias normais poderia apenas dar uma desculpa de: — preciso ir ao banheiro! —, ou: — o ar está mais fresco lá fora! — do que ficar ali. Queria apenas pegar meu lanche e me refugiar em um local vazio.
Porém, fui imobilizado.
Primeiro: não estou sozinho. À minha frente se encontra Himegi, do primeiro ano. Junto a ela, os calouros Kuroi e Teru a acompanhavam como seguranças.
Segundo: nenhum deles pareciam felizes. Todos me encaravam severamente como se fosse um condenado à Azkaban...
Terceiro: estou de joelhos no meio do pátio diante deles! Himegi me obrigou a cometer aquele ato vergonhoso na frente de todo mundo!
Sério, quero morrer.
De verdade, queria estar morto neste momento.
Já contava dez minutos naquela posição e não parecia que aquilo iria terminar tão rapidamente.
— E então?! — entoou Himegi. — Já decidiu pedir desculpas para a Yonagin?
— Nunca! Não vou fazer isso, já te disse! — respondi de imediato. Estávamos naquele questionário durante todo aquele tempo e meus joelhos já começavam a tremer.
— Idiota!
— Ai!
Himegi me bateu com um livro na cabeça. Ainda escolheu um de história por ser maior... que cruel!
— ...ou o Shiroyama tem um orgulho muito grande... ou a cabeça dele é mais dura do que imaginávamos... — comentou Kuroi, curiosa. — Nem mesmo toda a dinastia do Xogunato o supera...
— Você fala isso, mas vocês dois não conseguem se segurar de tanto rir, aí! — retruquei. — Pelo visto nem você e nem Teru estão bravos comigo...
— Eles estão, sim! — Himegi respondeu me batendo com o livro novamente. — Vocês dois! Parem de ficar segurando o riso e me ajudem nesse interrogatório!
— Não dá... ele está muito engraçado nesta posição! — Kuroi mal conseguia respirar.
— Onde está o respeito comigo, hein? Eu sou do segundo ano, um veterano!
— Sua posição de veterano está ausente! — retrucou Himegi. — Além disso, você é um aluno transferido. Isso nos iguala!
— Droga! Porque ser alguém transferido traz tantas desvantagens?!
— Eu que devia estar reclamando aqui, Shiro!
Ah, pare com isso! Todos estão me olhando torto... Ah, antes que alguém tirasse alguma foto daquela situação, me posicionava em fazer abdominais no que se transformou numa exibição ao vivo. Himegi bateu em mim incontáveis vezes com aquele livro (não reclamei tanto já que por não fazer atividade física, não consegui fazer muitos abdominais).
E tudo isso aconteceu dentro daqueles dez minutos. Ninguém mais se atrevia a tirar foto de mim por causa dos meus sentidos aguçados. Acho que vou chorar... foi a primeira vez que minhas habilidades receptivas tiveram utilidade!
— Você não tem jeito, mesmo! Deveria ter ido pedir desculpas a ela na semana passada! — continuou Himegi, chateada.
— Veja bem... isso é entre a gente. Não quer dizer que eu saindo do clube vá significar que desisti da disputa.
Por mais que nossa competição tivesse começado dentro do clube, não havia uma regra específica dizendo que os dois tinham de se manter no mesmo lugar, então ainda valia.
— Não me refiro a isso... — murmurou Himegi. Sua expressão se alterou da raiva profunda para tristeza sentimental, fiquei sem reagir.
— Ah... eu... queria que tudo tivesse acontecido da forma mais discreta possível, pra sua informação.
— Isso não é resposta! Não é assim que as coisas vão se resolver!
Eu entendia seu ponto de vista. Quer dizer, pessoas que têm muitos amigos tendem a optar por uma conversa coletiva, sob o intuito de querer ajudar as duas partes a se entenderem.
Mas sabia que Himegi fez aquilo por vontade própria. Yonagi não iria propor isso para alguém e nem ela mesma faria. Por saber disso, Himegi agiu por si mesma em prol de ajeitar as coisas entre nós.
De repente, o sinal do intervalo tocou e subitamente me levantei, atordoando-a sobre o que deveria fazer.
— Ei! Espera aí! Ainda não acabou!
— Himegi, as coisas não vão se resolver assim. É como você mesma disse: o que está feito, está feito. Essa foi a minha decisão e a dela foi de não se meter, o que no final das contas, não muda nada. A partida ainda está valendo e é o que importa.
Ela cerrou os dentes, mas não disse nada diante da multidão que se aglomerava ao nosso redor. Entendia seu posicionamento, mas não iria seguir sua vontade e nem a de ninguém.
Eu trilharei meu próprio caminho.
Assim, me virei e segui em direção da minha sala em silêncio ignorando a balbúrdia daqueles ao meu redor.
***
Por conta do castigo de Himegi, todos da classe zombavam de mim, o grupo de Takahashi fazia comentários como: — o Shiroyama resolveu treinar para o interescolar? —, — ele fez vários abdominais, mas parecia estar morrendo... —, e: — desde quando ele arrumou uma treinadora para ajudá-lo? Aquilo foi irado! —.
Semana nova, vida nova... uma ova. Não lembro onde que peguei aquela frase, se foi na internet ou se criei eu mesmo, mas a vontade de puxar uma lâmina e cometer Seppuku ali se tornou cada vez mais chamativo! Querer cometer uma punição destinada a Ronins sem nem mesmo ser um era complicado...
Desde então, o antigo apelido zumbi escritor foi cada vez menos usado, sendo substituído para Shiro Atleta ou atleta anêmico. Céus, não tenho anemia! Não podia acreditar que sedentarismo fosse confundido com anemia com tanta facilidade... queriam que comesse espinafre na frente deles pra provar o contrário, por acaso?!
Apesar que uma coisa poderia suceder a outra, mas isso não vinha ao caso.
Mantive minha atenção focada no caderno, onde organizava as minhas ideias. Após a conversa com o escritor Hisashi Masayoshi, uma luz veio à minha mente e, naquele momento, estruturava o meu ataque contra Yonagi Kaede!
Ficarei mais próximo de vencer aquele desafio, custe o que custar!
Após um tempo escrevendo, deixei as anotações de lado e tirei os vários papéis dobrados que guardei da caixa de sapatos. Entre eles, um deles chamou a minha atenção.
Se passou uma semana após ter enviado uma carta para Kirisaki e fiquei esperançoso durante todo aquele tempo por alguma resposta, seja qual fosse.
Não que estivesse realmente esperando por uma boa notícia... não, não mesmo! Bom, talvez um pouco...
Em relação a isso, verifiquei a caixa de sapatos todos os dias. Imaginei que me devolveria a mensagem do mesmo jeito e que Senjou Hana me ajudaria quanto a isso. Não poderia subestimar a popularidade ao seu favor, e parece que minha impressão a ela mudou um pouco após nossa última conversa. Senti um pouco de alívio.
Novamente, tudo foi graças a Kirisaki. Apesar do meu interesse ter sido ela, se não fosse pela personalidade de Senjou, nunca teríamos voltado a se falar. Não era algo importante para mim e nem me importaria com tal fato.
Mas era melhor ter uma relação tranquila do que uma conturbada, certo?
Abri o papel dobrado e li seu conteúdo.
“Olá, Shiroyama!
Fico muito feliz de ter ajudado a Senjou e mais ainda que ela conseguiu se levantar depois de tudo o que aconteceu.
O que você se refere a ‘me conhecer melhor’? Não te conheço muito bem, mas confesso que você me deixou um tanto curiosa.
Caso não se incomode, podemos combinar de nos falarmos sobre isso em algum momento!”
- ...
Aquela... era realmente uma carta de Kirisaki! Por um momento, achei que foi apenas uma pegadinha! Meu coração quase saltou do peito! Ei, fique onde está!
Foi a primeira vez que recebi uma resposta de alguém por cartas, ainda mais de uma garota...
Senti um misto de felicidade e incerteza. Não sabia como reagir, mas se ela demorou todo aquele tempo para me responder, capaz que ponderou bastante o assunto e resolveu me atender. Será possível de assumir tal possiblidade?
Diante daquela estranha animação me consumindo, resolvi ler o resto dos bilhetes, contendo tais palavras:
“Morra, Shiroyama!”
“Você é um maldito! Morra, morra, morra! Por sua culpa, Hiyatetsu recebeu uma sentença grave!”
“Eu juro que farei você pagar pelo que fez!”
— ...
Isso... são ameaças de morte, certo? Definitivamente era de alguém querendo invocar o Hanako-kun! Ah..., mas só funcionava nos banheiros, que alívio...
Deixando de lado as mensagens, provavelmente foram escritas por Higusa Amari, uma amiga de Kumiko Horie que se envolveu com um dos membros do Conselho Estudantil — Hiyatetsu Bara — para que a outra recebesse apoio de ser ingressada nele.
A propósito, não o vi mais desde o dia do julgamento de Chinatsu... na ocasião, dei à presidente do Conselho a informação de que aquele cara foi o responsável por ter vazado as informações. Ela deve ter lhe aplicado algum tipo de punição severa, pelo visto.
Não que isso fosse surpreendente, claro. Desde que os ameacei, Higusa passou a me enviar aqueles bilhetes. Se passou uma semana desde aquilo...
— Aquele idiota recebeu uma suspensão, então...
Foi uma situação grave e inevitavelmente alguém sofreria as consequências. Tudo o que fiz foi direcionar a punição para uma pessoa da qual não me importaria, apenas.
Devido a toda essa concentração, não percebi quando o sinal do último período tocou e permaneci sozinho na classe, até que alguém se aproximou de mim cautelosamente, tirando-me de meus devaneios.
— O que está pensando tão profundamente para se esquecer que a aula terminou, Shiroyama?
Era uma bela garota loira com longos cabelos, resplandecendo sua imagem pelo rosto radiante. Era Chinatsu Chitose, do clube de artes. Ao lado dela, havia uma garota de cabelos escuros usando dois apliques —Shiina Toshi —, sua melhor amiga e presidente do seu clube.
Suas presenças quase me fizeram pular da cadeira, mas me contive. Guardei a carta de Kirisaki no bolso e amassei as de ameaça de Higusa, tentando agir calmamente.
— Ah... oi... oi, meninas. Como o tempo passa rápido, não é? — Apesar da risada seca, Chinatsu apenas me encarou sem entender.
— Talvez ele esteja ocupado, Chitose... — comentou Shiina, inexpressiva. — Melhor o deixarmos em paz e irmos logo para o clube.
— Mas..., mas eu... — balbuciou Chinatsu. — Achei... achei que podíamos ir todos juntos, sabe?
— Ir juntos? Comigo?
— É, ué... — Chinatsu mexia os dedos, inquieta. — Só pensei que faz muito tempo desde que nos falamos e tal...
Meio que fiquei sem saber como reagir ao jeito desajeitado dela, então falei:
— Ah, não sou de ter muito assunto, mas...
— Não queremos ser inconvenientes... — ressaltou Shiina. — Não precisa se forçar a isso, se não quiser...
— Não, isso... — engoli em seco. — ...não quer dizer que esteja ocupado para não as acompanhar até a entrada... se ao menos for isso, tudo bem para mim.
— Jura? Então vamos! — exclamou Chinatsu, com o rosto brilhante novamente.
— Você se anima muito facilmente, viu... — murmurou Shiina.
Por mais que concordasse, ver o sorriso radiante de Chinatsu me deixou mais leve. Não haveria problema nenhum em acompanhá-las. Nós três saímos da sala e descemos as escadas até a passagem para o pátio central.
Olhando meu celular, passou-se apenas dez minutos do término do último período, então não precisávamos ter pressa. Desde o acerto de contas com Yonagi, todo final de aula segui direto para casa, sem me importar se me esperavam ou não — imaginava a segunda opção... —, sem ter de ir pra clube nenhum, aproveitava o tempo livre lendo ou descansando até ir ao trabalho de meio-período.
Passamos por uma máquina de bebidas durante o caminho e peguei meu usual cappuccino, mas ao cruzamos o pátio central, surgiu um problema. Em vez de segui-las, me dirigi à saída da escola.
Como as garotas também pegaram algo para beber, ficamos nos entreolhando distantes sem saber o que dizer.
— Não podemos entrar na sala com bebida, então vamos tomar primeiro antes de irmos... vamos para outro lugar, certo?
Assenti pela sugestão de Chinatsu, mas não entendi quais suas intenções em me manter próximo daquela forma. Talvez estivessem querendo conversar comigo?
Minha primeira opção de lugar era o pátio central, fora do refeitório. Era onde sempre almoçava, mas decidi não comentar, já que não sabia o que poderiam decidir.
Se havia uma coisa que sabia muito bem era que as garotas sempre tinham opções extras sobrando pra qualquer coisa.
— Já sei! — manifestou-se Chinatsu. — Vamos para a área reserva da quadra de tênis. Lá deve estar vazio!
Com o objetivo definido, nos dirigimos até o local. Atravessamos o pátio central, de onde avistei meu lugar favorito e prestei uma condolência por não o usar desta vez, perdoe-me Banco Discreto!
Durante aqueles dois meses de aula desde que me transferi nunca fui verificar as áreas esportivas. Próximo ao refeitório havia a quadra de tênis, a quadra de futebol e a pista de atletismo. Mais adiante se estendia um enorme galpão onde se praticavam basquete e vôlei.
Fiquei um pouco impressionado em ver que o local que Chinatsu escolheu estava realmente vazio e discreto. Sentamo-nos no chão e ficamos olhando alguns alunos jogando tênis. A brisa que passava por ali era refrescante e pacífica. Poderia ser um forte candidato a novo lugar favorito nos almoços, mas ainda amo você, Banco Discreto!
No entanto, aquele silêncio reconfortante me alfinetava a cada segundo que se passava sem entender a razão:
— Eu não queria estragar esse momento agradável, mas o que nós estamos fazendo aqui, afinal? — disse, quebrando o silêncio.
Odiava fazer isso, já que era quem prezava a tranquilidade acima de qualquer coisa, mas não pude conter minha curiosidade.
— Aliás, vocês fazem parte do clube de artes e estão aqui matando aula? Por qual motivo?
No entanto, as duas apenas me encararam sem entender nada.
— Shiroyan, você é bem esquisito.
Fiquei incrédulo com a resposta de Shiina, que não parecia ser o tipo de pessoa que fala o que pensa.
— Hein? É... eu...
— Shiroyama, sabemos que temos que ir para o clube... — expressou Chinatsu. — Os outros membros já devem estar ocupados com os seus afazeres, aliás.
— Então, por quê?
— Eu percebi durante a semana passada que você não foi ao prédio especial depois das aulas... — começou Chinatsu. — Você seguia direto para casa depois das aulas, sendo que tem suas atividades de clube.
— É meio injusto você cabular as próprias atividades de clube e nos dar sermão, não acha? — retrucou Shiina.
— ...
Ah... não tive o que responder. Achei que apenas Himegi e os outros calouros notaram isso. Parando pra pensar, não falei com Chinatsu durante todo aquele tempo após a decisão do Conselho Estudantil.
— Esperamos pra ver se você iria se comunicar conosco, mas não deu indícios disso nenhuma vez. Então, cogitei que estivesse querendo lidar com alguma coisa problemática sozinho... e acertei, né.
Eu a encarei suando frio, ficou tão nítido assim? As garotas nunca param de impressionar! Ou foi minha culpa por ser previsível?!
— Afinal, esse é o tipo de pessoa que você aparenta ser, Shiroyan... — concluiu Shiina, direta. — E então pensamos que podíamos tentar fazer algo para te animar ou te ajudar, já que nos ajudou a lidar com o Conselho Estudantil.
— É isso mesmo!
Shiina revelou suas intenções e Chinatsu concordou de imediato, com entusiasmo.
— Eu... não sei o que dizer...
— Eu sei o que você deve dizer! — exclamou Chinatsu. — Deve nos dizer o que está te afligindo!
De repente, surgiu um peso no peito pela hesitação de não querer conversar a respeito do que aconteceu. Não consegui evitar que Himegi e os outros soubessem do ocorrido por serem do clube de literatura e nem que Kumiko descobrisse por ser uma inimiga. Não queria envolver Chinatsu e Shiina naquele problema.
No fim de tudo, era um assunto entre mim e Yonagi.
— Eu... eu agradeço a intenção de vocês, mas...
— Shiroyama.
Antes que pudesse terminar minha recusa, Chinatsu pegou em minha mão e me fitou séria.
— Você me ajudou em um assunto que não era da sua conta. Você ainda carregou o mesmo peso de acabar sendo expulso por infringir as regras da escola. Me ajudou com o meu projeto pessoal para o concurso de mangás e se desgastou bastante por causa disso. Consegue entender que dizer um simples obrigado não é o bastante pra mim?!
Engoli em seco com a declaração sincera de Chinatsu. Ela apenas queria me devolver o favor, já que a ajudei tanto sem sua permissão, o que a dava total direito de fazer isso comigo.
Não queria ser ignorante com Chinatsu, mas não consegui pensar em nada naquele momento para lhe dizer.
— Isso... é algo que aconteceu comigo e Yonagi, a presidente do clube de literatura... não quero que se preocupem com isso, mas quero que saibam que fui eu que quis permanecer assim.
Falando em poucas palavras, não quis inventar culpados e nem mesmo jogar a culpa em alguém. Não estive frustrado por essa razão, minhas palavras talvez surtissem mais efeito.
— Além disso... — continuei. — As provas estão chegando. Acho que é uma boa ideia me concentrar nelas. Não vejo isso como algo ruim, no fim das contas.
Chinatsu apenas suspirou como resposta, e Shiina continuou indiferente.
— Homens são mesmo complicados de se abrirem, não é? — retrucou Chinatsu, emburrada. — Estou lidando com um cavalo, por acaso?
Hum? Minha resposta teve o efeito contrário?!
— Cavalo...?!
— Deve ser porque somos garotas, Chitose... — completou Shiina. — Acho que ele está constrangido por estarmos falando assim com ele.
— Se fosse em alguma situação, até acharia isso fofo, mas... — grunhiu ela. — Isso é apenas ridículo!
— Ei. Não... não é... bem assim. É que... eu...
— Isso sim é bem a sua cara, Shiroyama! — indagou Chinatsu. — Está com tanta vergonha, assim?
— Se quiser, posso até fazer um cafuné pra te acalmar... — Shiina afagou meu cabelo com tapinhas. — Cavalo bonzinho... cavalo bonzinho...
— Não sou um cavalo pra querer cafuné!
Antes de dizer algo e esperar uma bronca delas, Shiina interviu de repente:
— Ah, Chitose! Ele está vindo!
— Hein?! Já está tão tarde assim?! Onde ele está? Onde?!
Chinatsu exclamou para Shiina e fitou os arredores totalmente alarmada, fiquei confuso pela sua exaltação repentina.
Até que a garota de apliques apontou na direção do galpão, onde vários garotos saíam. Ela provavelmente apontava para um deles, mas naquele momento não sabia dizer para qual era.
— Ah, não! Temos que ir! — Chinatsu ficou desesperada a ponto de tropeçar desengonçada. Senti um leve desconforto pela tensão dela em cima de mim ter sumido, mas foi melhor assim.
— Ei, você já vai? Só quis te avisar sobre ele... — questionou Shiina, mas Chinatsu parecia aflita. — ...não vai continuar a conversa com o Shiroyan?
— Não... não, agora não! Ei, Shiroyama... escute aqui! Vamos retomar essa conversa outro dia! Mas você não vai escapar, entendeu?!
As duas começaram a correr para o prédio especial, mas resolvi agir e gritei em direção a elas:
— Chinatsu! Eu... sei que você deve estar confusa com o que esteja acontecendo! Só que... posso te compensar isso te devendo um favor, em vez disso?
As duas garotas pararam de imediato e Chinatsu olhou para mim surpresa. Ela ficou pensativa durante alguns segundos e me respondeu:
— Um favor... você quer me dever um favor, certo?
— Sim, em algum momento irei conversar direito com você, então...
— Combinado! Pode se preparar, vou te cobrar este favor! Não vai voltar atrás do que disse, hein?!
— Você dizer isso só me preocupa mais...
Ela pareceu mais animada do que esperei que ficasse, mas acho que não havia outra maneira de ajustar a situação. Elas desapareceram da linha de visão e permaneci no mesmo lugar durante mais algum tempo.
Quem diria que a farei se compensar comigo fazendo-a me dever um favor... acho que devo aprender a controlar o meu emocional ao falar com garotas....
Ah, ter controle emocional ao falar com garotas? Onde estou com a cabeça?
Era impossível.
***