Our Satellites Brasileira

Autor(a): Augusto Nunes


Volume 2

Capítulo 4: A Estratégia de Kumiko Horie ②

Os dias passavam e aos poucos, o final da semana se aproximava. Naquela quarta-feira, após as atividades de clube, todos caminhavam pelo corredor em direção ao hall. Como todos os dias, esperava se esquecerem da minha presença para tomar aquele rumo diferente. Entretanto, nesse dia as coisas foram diferentes do costume.

— Ah, desculpem! Preciso fazer algo antes de ir embora! Vejo vocês na saída! — disse Himegi, reduzindo a sua velocidade e ficando próxima de mim.

Cabisbaixo, percebi que ela não havia se distanciado de mim e nem tomado outro caminho. Ela se empertigou e cochichou para mim:

— Dessa vez você não vai escapar.

Gulp!

Senti um calafrio percorrer todo o meu corpo. Não sei o que havia feito, mas Himegi parecia estar incomodada. Sério, garotas incomodadas eram bem autoritárias, não importando sua idade!

— Eu juro... sou inocente.

— Do que está falando? Eu nem disse nada, ainda...! — grunhiu Himegi.

— Ah, certo... esquece o que eu disse...

Nós viramos um corredor quando conseguimos nos afastar bastante dos outros. Himegi me confrontou quando estávamos a sós:

Agora, me responda. Por que você está se distanciando de todos?

Pela sua expressão, estava brava.

— Não... não tenho nada para conversar, só isso... — disse, desviando os olhos. Tentei manter uma distância com os braços, enquanto ela encurtava o passo.

— E isso é motivo para você ficar longe todos os dias, por acaso? — retrucou Himegi. — Alguém acabou fazendo algo com você pra estar sempre cabisbaixo dentro do clube?

— Não... não se preocupe. Ninguém fez nada... — insisti em me distanciar, mas aquela garota não parava de avançar enquanto recuava.

— Você está se sentindo sozinho, então? Me diga!

— ...

Se era difícil encontrar as palavras certas para se expressar direito em uma situação complicada, imagina se não entendesse o que estava sentindo para conseguir explicar... Eu não tinha o que esconder de Himegi, mas queria evitar de que se envolva com qualquer coisa que Kumiko esteja no meio.

— Acredite, deixar como está torna tudo mais fácil para mim... — respondi.

— Como assim?

— Himegi, estou dizendo que deixar as coisas assim talvez seja a alternativa mais simples. Se não quiser conversar com ninguém, então ficarão longe de mim, é senso comum.

— E você não quer?

— Não me leve a mal... — disse, rendido. — Mas, todos estão confortáveis do jeito que está, não precisam forçar algo desnecessário...

— Desnecessário? Você está se excluindo de tudo! — esbravejou a garota. — Você realmente sabe se estão fazendo isso? Se estou fazendo isso?

— Isso não é por eles, nem por você. Não pretendo forçar nada com ninguém, já que entraram no clube por admiração a Yonagi. Estão se mantendo em um clube onde se preocupam em fazer suas atividades e isso não está errado. Não é importante que todos precisem se dar bem.

— Olha o que você está dizendo, Shiro! Por que está fazendo isso consigo mesmo?!

— Não sou a melhor pessoa pra gerar assunto, sempre causo um rebuliço quando abro a boca... é meio perturbador pra mim, sabe... — disse, sorrindo nervoso.

— Não é hora para piadas! — Ela me deu vários tapas no ombro, que não doeram. Seu rosto magoado, sim.

— É melhor nós irmos, antes que fique tarde. Tenho algumas coisas para fazer agora, então pode ir na frente, se quiser.

— Isso ainda não acabou, seu idiota! — alertou Himegi, furiosa. Dizendo isso, foi embora batendo os pés.

Eu poderia compreender o fato dela ter notado minhas ações. Com o dia do cinema se aproximando, pode ter indiretamente conferido o estado de cada um e percebido o quão distante estava de todos.

Pode ser capaz que amanhã tente causar alguma interação entre todos para me incluir naquele círculo social. Senti um aperto no peito ao pensar nisso. Suspirei e, decidi que teria que procurar me entreter com alguma coisa diferente.

Quando se está sobrecarregado com algo, uma boa alternativa seria a de você procurar uma coisa nova para se entreter, como um hobby ou novo aprendizado. De uma coisa tinha ciência, a maioria das coisas se resolve pensando em alguma solução e, naquele momento, não queria pensar em nada.

Caminhando, acabei parando em frente ao clube de artes. Naquele momento, a porta se abriu. Pensei que era Chinatsu, mas em vez dela, surgiu uma garota de cabelos escuros com dois apliques nos lados. Ela me encarou surpresa, me perguntando:

— Você deve ser Shiroyama do segundo ano, não é?

— Ah... Sim, sou eu.

— Sou Shiina Toshi, presidente do clube. Chitose me falou muito de você, já que sabe da sua situação.

Nós curvamos a cabeça como cumprimento e a garota falou de prontidão:

— Chitose não está aqui. Ela não veio hoje.

— Ah, entendo. Bem, não tem problema... — disse, desapontado. — Precisava falar algo com ela.

— Dado o seu conhecimento, talvez já saiba onde ela deve estar, certo?

Talvez deva estar se referindo ao museu onde trabalhava por meio-período.

— Se ela faltou na escola, mas foi trabalhar... quer dizer que não está doente, então?

Shiina desviou os olhos por um momento, parecendo apreensiva. Decidi melhor não dizer mais nada.

— Obrigado, Shiina. Eu vou...

Curvei a cabeça rapidamente e já estava me retirando, quando ela me segurou pela manga do uniforme.

— Shiroyama...

Eu fiquei em silêncio, esperando para ver o que ela iria me dizer:

— ...ajude a Chitose. Você sabe o que ela está fazendo, certo? Isso a estar sobrecarregando e as faltas escolares podem aumentar se continuar.

Pelo seu tom de voz, parecia estar aflita. Considerando o quanto Chinatsu havia falado dela, talvez fossem melhores amigas, então era natural que esse tipo de preocupação surgisse.

Não tive a noção de que pairei na entrada daquele clube por mero acaso até ter me despedido dela e me dirigir ao hall. Tomar decisões que não me acatavam era similar a ser perfurado por espinhos e durante aqueles dias, se tornou minha maior amargura estar submisso a atalhos.

A verdade era que toda aquela frustração já não cabia em meu peito. Precisava tomar uma decisão que fosse direcionada a mim mesmo e que me tirasse daquela zona de angústia. Troquei os sapatos e fui para a estação. Vinte minutos depois me encontrava em frente ao museu.

Como já sabia o caminho, não precisei chamar por Chinatsu. Ao chegar na sala onde ensinava as crianças, ficou surpresa ao me ver. Hoje estavam mexendo com tinta, então usava um avental para proteger seu uniforme. Estava parecendo uma figura tão materna ao redor daquelas crianças que quase considerei estar em uma creche.

— Shiroyama...! O que está fazendo aqui?

— Ah. Eu... — cocei a nuca. — ...vim aqui a pedido da Shiina, e pensei que você poderia precisar de ajuda ou algo assim.

Usaria todas as circunstâncias ao meu favor. Não sei se aquilo poderia ser chamado de desespero, mas desviaria de quaisquer complicações utilizando os recursos à disposição.

Chinatsu suspirou, provavelmente não esperando a atitude da amiga.

— Como assim, ajudar? — questionou para mim.

— Eu fiquei interessado naquela competição que você decidiu participar. Nunca entrei em um antes, então estou curioso para saber como seria competir. Talvez nós dois possamos nos ajudar a resolver nossos problemas.

Pude ver um brilho nos olhos de Chinatsu. Ela pareceu estar aliviada por não estar incomodado de ter ido até ali por um pedido, talvez.

Ela pegou em minhas mãos, animada.

— Você... você quer mesmo me ajudar? Então, o que você quer eu faça por você?!

Aquela ação inusitada quase me deu um ataque cardíaco. Consegui realizar um ataque efetivo?!

— Gostaria... de saber se teria como trabalhar aqui meio-período por um tempo. Preciso arranjar algo pra fazer e reorganizar minhas ideias...

Ela ficou surpresa por ouvir aquilo.

— Tudo bem, mas... fora as atividades do Conselho Estudantil, eu apenas ajudo um pouco o clube de artes porque não faço parte. Mas o seu caso é diferente, não?

Era um pensamento racional. Afinal, tinha as minhas próprias atividades de clube para fazer. Pode-se dizer que eram bastante obrigações sob encargo.

— Não se preocupe — A tranquilizei, sorrindo. — Eu já me preparei antecipadamente para isso. Aliás, quando é o prazo do concurso?

— 15 de junho. Está bem perto... — disse ela, apreensiva.

— Sim, tem razão..., mas ao mesmo tempo, é perfeito — respondi, decidido. — Se conseguirmos terminar tudo até lá, ainda poderei participar do concurso de artes da escola depois disso.

Como a competição era para final de junho, poderia participar depois do concurso sem ter grandes problemas. Teria bastante tempo para pensar em algo.

— Tudo bem, mas..., mas Yonagi não vai ficar chateada com isso?

— Eu já havia pedido para a professora Harashima me liberar mais cedo por causa do concurso. Acho que agora poderei usar esse tempo extra de forma melhor, já que não tive nenhuma ideia até agora.

— Entendi... tudo bem! Deixa ver se entendi... você quer me ajudar a terminar minhas páginas para a competição editorial, em troca de te fazer trabalhar aqui por meio-período. Pelo o que você disse, irá ficar aqui até o prazo final, já que pretende se dedicar para o concurso, não é?

— Isso mesmo. Acho que isso não vai causar problemas.

Nos dirigimos até o avô de Chinatsu, que era o gerente do local. Explicamos toda a situação do momento para o senhor, que disse:

— Então... você deseja ajudar minha neta a terminar seu trabalho, certo? É também interessante que deseja trabalhar aqui, gosta de interagir com crianças?

— Bem, não me sinto com dificuldades para tanto, ao menos. E como também gosto de desenhar, vai ser bom pra experiências futuras.

— O que acha, vovô? — perguntou Chinatsu.

— Se for como dizem, posso assegurar uma função de ajudante até o dia 15 de junho. Imagino que irá compreender a questão do pagamento em relação a esse período curto, não é?

— Claro, estou ciente. Ao meu ver, seria mais como uma questão simbólica, certo?

— Precisa estar usando essa máscara a todo momento? Você não parece estar doente...

— Não... não estou — grunhi, sem jeito. — É apenas um tratamento que estou aplicando no rosto, nada demais...

Chinatsu me encarou de soslaio, mas não disse nada.

— Está decidido, gostei desse garoto! — o senhor deu uma risada. — Bem-vindo a bordo, teremos muito trabalho pela frente! Pode começar de imediato, moleque?

— Posso, sim.

Chinatsu me arranjou um uniforme dobrado e rapidamente estava trajado. Fui novamente apresentado às crianças, que não se importaram com o fato de estar de máscara. Me juntei a elas desenhando, enquanto Chinatsu ajudava com as tintas. Acabei tão entretido que não vi o tempo passar.

Quando deu 20h00, todas as crianças já haviam ido embora. Nisso, Chinatsu subiu as escadas para a outra sala para trabalhar nas páginas do concurso.

— Meu avô me autorizou a trabalhar aqui até 22h. Às vezes, fico um pouco mais de tempo dependendo da dificuldade das páginas.

Aquilo realmente era algo complicado. Para um concurso editorial, o artista teria que fazer uma história de capítulo fechado de 54 páginas, incluindo páginas coloridas. Além da história ter de chamar atenção, os desenhos teriam que ser impecáveis para atrair os leitores.

Uma vez, tentei criar um manuscrito para a Shounen Jump e o enviei escondido dos meus pais. Recebi a resposta meses depois com tantas críticas que resolvi deixar de lado... Shounen Jump é intensa demais!

Chinatsu precisava terminar 20 páginas restantes para enviar ao concurso. Segundo ela, se dedicou ao máximo para não faltar a escola, então trabalhava pouco a pouco por estar se adaptando à rotina. Nesta reta final, podia imaginar sua ansiedade por querer terminar tudo antes do prazo.

Eu tinha que esperar Chinatsu desenhar as páginas para ajudar com os detalhes finais, como preenchimento de cenário ou uso de retículas. Mas tinha um problema: Chinatsu focava demais nos cenários, o que requeria um tempo maior para serem feitos.

— Se você for aceita, não acha que vai ter de descartar essa qualidade toda?

— Bem, isso é verdade. Eu estou pegando alguns tutoriais na internet para saber editar imagens em programas. Estou juntando dinheiro para comprar um display para poder desenhar. Sinto que me facilitará muito quando o conseguir.

Agora compreendia toda aquela dedicação. Nenhum investimento vale tanto quanto aquele que você mesmo faz, ainda mais com planejamento.

O tempo passou muito rápido. Em apenas uma hora e meia apenas conseguimos terminar duas páginas, mas Chinatsu havia ficado feliz. Por sempre desenhar sozinho, nunca tive uma experiência de agir como suporte.

Como logo não haveria metrô, resolvemos sair antes. Me despedi dela e fui para a estação, com a visão cansada e temendo minhas olheiras do dia seguinte.

***

Como esperado, mal conseguia manter meus olhos abertos.

Lidar com seis períodos de aula apenas tomando cappuccino no intervalo foi bem difícil. Meu corpo estava pesado e a mente apenas se desvanecia. Liberar os Portões Internos era realmente uma tarefa complicada... parabéns, Rock Lee!

Teria que lidar com aquelas crianças travessas novamente e me sujar de tinta, mas não era assim tão ruim. Dessa forma, me aproximaria cada vez mais de obter um capricho próprio.

No fundamental, costumava cobrar pelos meus desenhos, então recebia alguns trocados. O fato de não ter conseguido esse feito no ensino médio mostrava o quão falho fui na apresentação. Ah, que patético...

Ao chegar na biblioteca, me sentei no lugar de costume e encostei a cabeça na mesa, ouvindo os murmúrios dos outros ao meu redor. Será que era assim que Beethouven se sentia quando ficou surdo e prestava atenção nas vibrações encostando suas orelhas nas coisas? Era realmente perturbador!

Yonagi me cutucou com a ponta de um lápis, que por sinal estava afiado. Ai.

— Parece que esse espécime ainda está respirando, apesar das suas circunstâncias deploráveis...

Ei. Não me trate como um bicho-preguiça... se bem que nesse caso parecia um. Mesmo assim, não cutuque animais sonolentos com lápis afiados!

Com o comentário de Yonagi, todos deram risada. Parece que Yonagi estava ficando cada vez mais próxima deles, um bom sinal. Em menos de um mês, já estavam me caluniando como se fosse a coisa mais natural do mundo. Espera... isso deveria ser considerado um parâmetro?

A essa altura, já não poderia me considerar como um Jedi pelo local que frequento estar descartado daquela doutrina... eu me tornei um Sith, então?

Que coisa triste.

Kuroi estava animada por algum motivo, mas devido minha defasagem na audição por conta do sono, não consegui entender o rumo da conversa durante aquele momento. Aquela nova rotina realmente tinha me deixado exausto.

— Então, semana que vem será a convenção dos escritores, teremos que nos preparar para isso — comentou Yonagi.

— Ah, sobre isso! — começou Himegi, animada. — O que devemos fazer exatamente para apresentar a eles?

— Isso realmente é importante! — concordou Teru. — Não faço ideia do que mostrar para eles e como fazer isso!

— Não tinha pensado nisso... — murmurou Kuroi.

— Isso é simples... — explicou Yonagi. — Se cada um tem alguma ideia em mente, seja um conto ou mesmo rascunho, seria interessante mostrá-los para terem uma noção de como nos instruir.

Claro que tal resposta deixou a todos satisfeitos, como esperado da presidente Yonagi Kaede.

— Quer dizer que você já tem algo em mente, Yonagin? — perguntou Himegi.

— Bem... criar contos é um hobby. Eu tenho interesse em alguns conselhos, sim.

Hum, aquilo era algo incomum. Se Yonagi estava interessada em receber conselhos, havia o interesse de virar escritora? As possibilidades pendiam para ambas direções...

Por outro lado, pode também ser algo relacionado com o seu interesse profissional, talvez? Sendo ela, não me surpreenda que tenha em mente alguma coisa extraordinária. É a Yonagi, afinal.

Então, decidi dar a minha resposta.

— Que coincidência. É o mesmo para mim, também.

— Oh, você não é a pessoa que se intitula ser aquele que viverá escrevendo Light Novel? — comentou Teru. — Isso já sabíamos!

Não roube minha linha de pensamento! Só porque pensei na mesma coisa que Yonagi, vai ficar parecendo que somos parecidos ou que apenas segui seu exemplo!

No entanto, Yonagi fez uma careta de desgosto quando ouviu minha resposta. Pronto, ela mesma tinha chegado neste pensamento e descartou esta ideia como fiz, muito obrigado.

— Daria para escrever algum rascunho até lá, mas pode ser que não fique bom... — murmurou Himegi, incerta.

Quando terminamos essa discussão para a convenção, o período do clube se encerrou e, após esperar Yonagi trancar a porta da biblioteca, fomos para os corredores com a animação dos calouros.

— Estou ansiosa para amanhã! — exclamou Himegi, recebendo apoio dos outros dois. — Mal posso esperar!

Yonagi se manteve em silêncio, provavelmente querendo se assegurar de tudo... de tudo o que, mesmo? Tinha alguma coisa programada para amanhã? Seria melhor não querer perguntar...

Soltei um bocejo e me desviei da rota de todos, com Himegi olhando para mim de relance com uma expressão surpresa.

Ah, acabei pegando o caminho sozinho de novo por costume. Desculpe, Himegi. Sei que ela vai acabar ficando brava de novo...

Sozinho pelos corredores, caminhei tranquilamente pois queria ver se Chinatsu permaneceu na escola ainda, já que acabaríamos pegando o mesmo metrô para o museu. Porém, quando fui cruzar de um corredor para o outro, quase me esbarrei com um garoto apressado. Ele usava a borda do Conselho Estudantil, em que logo se curvou para mim se desculpando e seguiu seu rumo apressado pelos corredores.

Era meio estranho ver aqueles que deveriam manter as coisas em ordem, — como proibir pessoas de bagunçarem nos corredores — serem aqueles que corriam e causavam confusão...

Mas isso me recordou que Chinatsu também era do Conselho Estudantil... deveriam estar lidando com problemas sérios para estarem apressados daquele jeito, não é?

Ela mesma poderia estar atolada de tarefas financeiras... ser tesoureiro era um cargo complicado, afinal. Decidi vê-la para ter certeza daquilo.

Rodeei aquele andar para encontrar a escadaria ao próximo andar e me deparei com Kumiko e Takahashi descendo os degraus. Eles estavam concentrados conversando enquanto viam relatórios e tabelas. Ao me verem, Takahashi me acenou com a mão e fiz o mesmo, enquanto passavam por mim.

Nesta fração de segundo, pude sentir a visão de Kumiko sob mim. Mas ao me virar, já haviam se encaminhado para os corredores. Isso já estava virando um tipo de obsessão... ao menos, Takahashi agia normalmente comigo mesmo após aquela discussão da outra vez.

Me mantive receoso de que Kumiko aparecesse nos meus pesadelos. Imagina só se surgisse em um sonho que estivesse na escola a noite e fosse aquela assombração que Kuroi havia contado antes?! Não queria nem pensar nisso...

Se aquilo continuasse, talvez não conseguisse nem mais sair de casa sozinho...

Depois de quase dez minutos procurando, consegui achar Chinatsu, lidando com uma enorme papelada em uma sala de reuniões com outros membros do Conselho Estudantil.

— Ah, Shiroyama! Aqui!

Ei. Não fale meu nome assim perto dos outros, vão achar que somos muitos próximos, droga...

— Ah... Oi, Chinatsu. Parece que você está presa...

— Sim... acho que não vou poder ir hoje! Desculpa! — Chinatsu juntou as duas mãos e se curvou, triste. Dada toda aquela papelada, também choraria.

— Relaxa... não se preocupe. Acho que hoje será somente as aulas, então.

Se ela não estivesse lá, não haveria como adiantar o processo das páginas pro concurso.

— Sim, não tem problema. Eu vou adiantar em casa quando terminar isso aqui.

— Ei! Vamos logo resolver isso daqui antes da presidente chegar! — grunhiu um dos membros do Conselho Estudantil.

— Sim, tem razão... desculpe...

Eu acenei como resposta e sai da sala. Parece que aquela presidente era uma pessoa bem rígida para terem tanto medo assim dela...

Soltei um suspiro de alívio já que poderia voltar para casa mais cedo que ontem... droga, não vou poder dormir direito de qualquer jeito...

Sem ter nenhuma outra opção, segui para a estação de metrô sozinho.

***



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