Volume 2
Capítulo 1: Causa e Efeito Shiroyama ②
Tentei dormir naquela madrugada, sem sucesso. O horário marcava 03h45m e tinha a certeza de que não conseguiria voltar a dormir. O jeito seria aguardar até o momento de ir para escola. Abri a janela e conferi aquele céu estrelado que parecia me aguardar para vê-lo ansiosamente.
Não havia muitas nuvens e as estrelas eram cintilantes. A luminosidade era clara o bastante de não precisar acender a luz para enxergar o lápis se movendo pela folha do caderno de desenhos. Se me perguntassem sobre o que tanto gostava de observar no céu, não saberia dizer ao certo. Estrelas, planetas... cada dia era uma vontade diferente.
Naquele instante, desenhava a constelação de Lira, tão pequena em meio a simbologias tão grandes. Nunca fui chegado a constelações, mas não podia negar suas representações e significados. Infelizmente, não tive oportunidades de obter um telescópio para me aventurar nas imensidões extensas que não cabiam sob a visão do olho nu.
— Algum dia, quem sabe...
Ainda não havia encontrado um emprego de meio-período que propusesse obter um telescópio em pouco tempo. Tinha juntado algumas economias, mas ainda era incerto. Com o fato de a escola proibir que os alunos trabalhem, torna aquele objetivo ainda mais complicado.
Abri os olhos aturdido, encostado na janela aberta. Sinais de calor percorriam meu rosto, visto que o dia abria seu leque luminoso. A coroa dourada do sol crescia a cada segundo, iluminando o vasto azul intenso.
— Assistir um amanhecer e alvorecer realmente é estranho, mesmo... essa é a sensação do duplo raiar do sol de Mercúrio?
Sob aquela sensação esquisita — e reconfortante —, me dirigi para a escola com pequenos bocejos.
Enquanto trocava os sapatos, me recordei do que deveria ter feito. De acordo com Yonagi, iríamos discutir sobre os autores escolhidos durante aquela semana inteira antes de partirmos para o próximo gênero.
Como não tinha escrito nada pelo cansaço, certamente receberia outra bronca, mas não é como se soubesse do assunto para discutir. Usaria minha fonte de informações para aliviar qualquer tensão desnecessária do dia.
Por outro lado, não queria escrever nada. Decidi dar um tempo para que me recuperasse daquela punição de relatórios, saturado. Ainda podia sentir os calos em meus dedos de tanto escrever e rescrever assuntos simplórios e chatos.
Ah, quero fugir desta vida de assalariado! Deus, me dê uma oportunidade de me formar como um escritor juvenil, por favor!
Havia um mês para que a convenção de escritores ocorresse. Até lá, cogitava em preparar alguma autoria própria para apresentar, mas seria muito difícil conciliar projetos pessoais com a escola, somado as atividades de clube. Não queria me sobrecarregar a tal ponto.
O problema era justamente não poder deixar as responsabilidades e focar nas prioridades. Se fizesse aquilo, tinha certeza de que a professora Harashima me enforcaria até a morte.
De qualquer jeito, iria me distrair com algo diferente. Talvez deva começar a levar mais a sério essa atividade do clube na próxima semana.
Na classe, meu tédio me fez tirar o caderno de desenho da mochila. Me deparei com a arte feita das constelações, mas o deixei de lado. Não era do meu feitio rabiscar coisas abstratas. Fiz esboços de asteroides e luas, até me recordar daquela foto do pôr do sol, me entretendo até o final do último período. Takahashi se aproximou de mim e olhou surpreso para a paisagem.
— Está dando um tempo para as redações? Isso realmente é incomum para quem escreve tanto.
Bem, como apenas tinha mostrado minhas habilidades de escrita até então, era comum aquele tipo de impressão.
— Parece que os períodos de prova estão chegando, hein? — comentei. Espera, por que estou puxando conversa com ele?
— Bem, é essa época do ano mesmo. Logo virão as férias de verão, afinal. — respondeu Takahashi. — O clube de literatura terá algo pra fazer nas férias?
— Hein? Não que eu saiba... — Aquela pergunta me pegou de surpresa. — Por acaso vai ter atividades nas férias de verão para os clubes de esportes ou algo assim?
Eu não sabia qual clube Takahashi estava participando, mas se fosse considerar seu histórico, deveria ser o clube de futebol ou o de basquete pelo seu físico. Não é como se ele não fosse popular, fazendo sentido estar em um deles.
— Não, não. Parece que alguns clubes irão se preparar para concursos externos. Além disso, já foi confirmado um campeonato interescolar no começo das férias de verão. Alguns alunos do terceiro ano também estão planejando fazer uma festa após os jogos.
— Festa?
— Sim. Afinal, esse é o último ano deles. Vão querer aproveitar este tempo restante o máximo que puderem, obviamente. Claro, não vai ser reservado apenas para o pessoal do terceiro ano, outros anos também irão participar.
Se ele estava dizendo aquilo, então já era certeza que participaria dos jogos e foi convidado para a festa. Pessoas populares eram velozes em propagar seus contatos, mesmo...
— Não sei se vai ser o caso, mas caso alguém do clube de literatura queira participar da festa basta vir falar comigo.
Esbocei uma reação desconfortável. Era muito improvável que alunos de um clube de literatura participariam de uma festa exalando energia social..., mas apenas assenti com a cabeça para Takahashi.
Parece que com o chegar do meio do ano, as coisas ficarão cada vez mais agitadas. Se Yonagi resolvesse fazer algo nas férias de verão, isso arruinaria meus planos de relaxar em casa. Não me surpreenderia que Himegi e os outros apoiassem uma ideia dessas.
Aquilo me deixou deprimido, de verdade.
Após Takahashi voltar ao seu lugar, visto que não faltava muito tempo para o término a aula, resolvi terminar aquele desenho antes de ir à biblioteca. Não iria conseguir me concentrar nele com o pessoal do primeiro ano discutindo. Ah, acabei me lembrando que hoje haveria a discussão sobre o gênero literário escolhido...
Peguei uma folha de papel e comecei a listar alguns tópicos que poderiam ser interessantes de serem discutidos por não ter terminado a redação. Mesmo que Yonagi me desse uma bronca, poderia aliviar o meu lado participando da discussão com alguma coisa em mente.
— Quanto trabalho...
O sinal tocou e os alunos começaram a sair de suas cadeiras e a preencher os corredores. Himegi e Kuroi apareceram de repente enquanto eu estava arrumando as minhas coisas tardiamente:
— Ei! Anda logo! — exclamou Kuroi.
— O que você estava rabiscando? — indagou Himegi, curiosa.
— Ah, nada... não é nada — Eu disfarçadamente recolhi minhas coisas e coloquei meu caderno de desenho desajeitadamente sob a axila, enquanto aquelas duas continuavam a me apressar.
Fala sério, não gosto de fazer as coisas com pressa! Qual o motivo da correria?
Acabei tendo de correr para poder alcançá-las, esquecendo da regra de não fazer aquilo pela escola. Subitamente, avancei na frente de um estudante com uma farda do ombro e engoli em seco.
Era alguém do Conselho Estudantil!
Mês passado, por causa do problema que me envolvi atrai atenção negativa daquele grupo corretivo e desde então, tinha a sensação de ser observado por causa deles. Não vi o rosto da pessoa em questão, mas não tinha a menor vontade de olhar pra trás e descobrir...
No meio disso, acabei me esbarrando com uma garota sem querer pelo ombro, quase caindo pela minha velocidade.
— Você realmente é um desajeitado...
— Por que toda vez que você corre acaba esbarrando em alguém? — reclamou Himegi. — Desse jeito o Conselho Estudantil vai te pegar de jeito e não vai ter tática que o salve!
— Droga... não tenho nem como responder... — Minha mochila escorregou do outro ombro e fui apressadamente pegá-la de volta. — Ei...me desculpe... — expressei envergonhado, sem olhar para o rosto da garota.
— Ah, não se incomode. Está tudo bem... — respondeu a garota, com uma voz doce.
Se não estivesse apressado em alcançar aquelas duas calouras que me insultavam, acabaria reparando mais detalhes dela. Mesmo assim, mantive minha cabeça abaixada e não vi seu rosto. Me curvei polidamente como pedido de desculpas e avancei pelo corredor com mais calma, sentindo meu rosto ferver pela colisão. Felizmente, despistei aquele membro do Conselho Estudantil ou ele apenas desistiu de me perseguir...
Eu realmente não sou o tipo de pessoa que gosta de ficar tão perto de pessoas desconhecidas. Mesmo assim, por mais que seja uma característica de alguém considerado um incômodo — se referindo às garotas —, era algo que não queria ter desenvolvido de uma maneira tão natural assim.
Suspirei de alívio por não ter reparado no rosto da garota. A vantagem de estar portando aquela máscara durante tanto tempo era não saberiam sobre mim, capaz de até ser evitado pela fama que trouxe através da característica. Sendo assim, as chances de que um irá reconhecer o outro na escola seriam muito baixas. Como não a conheci nem pela voz, não poderia nem ao menos saber de que ano ela estava, o que reduzia para menos de 1% a possibilidade de vê-la outra vez.
Apesar da curiosidade, mantive aquele alívio.
***
Ao abrir a porta da biblioteca, me deparei com aquela imagem monótona da mesa cheia de pessoas conhecidas. Puxei a minha cadeira costumeira e me sentei. Yonagi fechou seu livro com o marcador, pondo-se a falar:
— Agora que Shiroyama chegou, podemos começar com a nossa discussão.
Suei frio ao ver que todos portavam textos nas mãos e ao meu tutelo, nada.
— Então, eu começo... — Teru pigarreou. — Fui atrás de Stephen Hawking, que apesar de não entender sobre seus atos científicos, acho que sua determinação muito inspiradora!
A atenção do recinto se fitava nele.
— Ele conseguiu superar a própria expectativa de vida! — continuou o garoto. — Li brevemente um resumo de sua biografia, mas foi impressionante que ele ultrapassou todos os obstáculos usando a mente e o humor, até irônico.
— Sua vida foi realmente impressionante — comentou Himegi. — Mas, cientistas são mais conceituados pelas suas descobertas. Você não se lembra de nenhuma?
— É que... só entendi que ele supôs teorias sobre buracos negros... não entendo nada de ciência pra tentar explicar...
— ...Stephen Hawking supôs várias teorias, mas a última e mais característica de sua vida foi a radiação Hawking emitida do interior até o disco de acreção de um buraco negro. Isso gerou algumas explicações para o Horizonte de Eventos, da qual nem mesmo a luz pode escapar.
— ...
Todos me encaravam quando parei de falar a respeito. Teru ficou embasbacado sobre o que deveria dizer e Yonagi suspirou.
— Obrigada pelo complemento, Shiroyama. Apesar do que disse ter deixado tudo mais confuso.
— Espera... radiação Hawking? Horizonte de Eventos? O que é tudo isso? — indagou Kuroi. — Isso parece bem fantasioso pra mim... tem certeza de que não inventou tudo isso, não?
— Você quer que te explique como funciona buracos negros, então? — grunhi.
— Não, obrigada.
— São muitos conceitos científicos pra se entender... — Himegi riu sem jeito. — Bom, o que vale é a intenção, certo?
— Você parece conhecer bastante sobre o espaço... — disse Teru.
— É surpreendente, visto pra alguém que vive no mundo da lua... — provocou Yonagi.
— Ei... o mais estranho é ser elogiado e zombado ao mesmo tempo, viu? — retruquei.
— Uma proeza que só você consegue fazer...
— Vamos chamar isso de Efeito Shiroyama! — brincou Kuroi, causando risadas.
Ter o meu nome associado para um efeito tão contraditório era um pouco... espera. Antes de ser brincadeira, se fizesse algo tão importante em minha vida poderia de fato receber a nomenclatura!
Enquanto fantasiava aquela possibilidade, Yonagi me encarou provocante: — Já que sabe tanto sobre ciências, qual biografia escolheu para falar a respeito sendo que não tem nada em mãos?
— Hein? Ah... eu...
Mas antes que alguém pudesse falar qualquer coisa, alguém havia batido na porta e entrado.
Era a professora Harashima e uma outra aluna de tranças caídas ao seu lado. Kumiko Horie, 2°D. Mês passado, ela havia sido responsável por ter criado o clube de jornalismo e toda a confusão com Yonagi, pois a odiava. No final de tudo, passou a me odiar no seu lugar, algo que não me fazia a menor importância.
Elas se aproximaram e a professora disse:
— Bem, visto que as punições terminaram ontem podemos encerrar de vez o capítulo trágico que aconteceu mês passado.
Uma atmosfera tensa se formou após ela terminar de falar. Ninguém quis dizer nada, nem mesmo Kumiko. Ela assumia uma pose tímida, mas virou seu rosto para mim e me exibiu uma expressão totalmente enojada, como se estivesse vendo um pesadelo.
Naturalmente, não podia culpá-la por querer agir assim. Afinal, fui o responsável por armar toda a sabotagem de seu plano. Não podia obrigá-la a se esquecer daquilo e agir mais amigavelmente, justo para mim.
Parece que ela agiu cautelosamente para que apenas eu fosse o único a vê-la fazer aquela expressão no rosto.
Assustador...
— Estamos bem cientes de tudo isso, professora — proferiu Yonagi, indiferente. — Não precisamos fazer toda esta cortesia. Certo, Kumiko?
— Concordo. Concordo com isso, mas...
Kumiko Horie abriu uma nova lacuna na conversa sucinta. Ela evitou de me encarar e se concentrou a olhar para o chão, reunindo palavras:
— Acabei recebendo uma punição pelo que fiz. Se mais alguma coisa acontecer, posso acabar sendo suspensa ou até expulsa.
Tanto eu quanto ela havíamos recebido a mesma punição. Tínhamos passado o resto do mês relatando coisas simples, mas não havia recebido nenhuma advertência de suspensão, muito menos de expulsão.
Eu olhei para a professora Harashima, que me fitou de volta. Por aquele olhar compreendi o que estava acontecendo, relaxando os ombros. Vendo através das minhas ações exageradas agiu para punir mais severamente a pessoa por trás, Kumiko Horie. Para o truque funcionar, teve de me aplicar a mesma causa.
A justiça não era algo falho vista pelas pessoas corretas além de palavras e expressões falsas.
Não queria celebrar sob a penalidade de Kumiko, mas foi a melhor notícia desde que entrei naquela escola. Yonagi e Himegi também aparentavam estar mais tranquilas.
Por outro lado, Kuroi e Teru não haviam esboçado nenhuma reação, talvez estivessem cogitando como deveriam reagir àquilo. Kumiko Horie os havia enganado desde o início.
Mesmo assim, notei que aquelas palavras ditas por Kumiko tinham um significado a mais nas entrelinhas.
— A razão para termos vindo aqui é deixar as coisas em pratos limpos — continuou a professora. — Kumiko, por favor.
— Me perdoem pelas confusões que causei a todos — expressou Kumiko, curvando polidamente na frente de todos. Ninguém se atreveu a dizer nada pela ação sucinta.
Diante daquela situação, era como se estivéssemos em um julgamento sem advogados. Éramos apenas o júri observando a réu recebendo sua sentença.
Grunhi em silêncio. percebi que Kumiko estava tremendo naquela posição. Cogitei muitas coisas que poderiam estar passando em sua mente, coisas como — Ainda irei me vingar! —, e — Vocês me pagarão por isso! —.
Não conhecia Kumiko Horie, mesmo após o incidente. As pessoas tendem a ser mais densas do que aparentam. As emoções são como cordas emaranhadas que atraem outras para si. Seja qual for o momento, uma pessoa não sente apenas felicidade ou tristeza, sentimentos como frustração e apreensão estão próximas o bastante para se misturarem.
Neste momento, podia estar sentindo um turbilhão de sentimentos. Ouvi falar que as garotas são mais sensíveis que os garotos. A julgar pela reação silenciosa das meninas, tinha certeza de que Kumiko estava passando por um momento muito delicado.
Agi em prol do pedido de Himegi de conseguir solucionar aquela situação sem que outras pessoas se magoassem. Por isso, a melhor maneira de ter feito isso foi atraindo-a para mim, focalizando toda suas emoções para uma única pessoa, do qual viu ser inútil.
Mesmo assim, não tinha certeza de que ainda seria um possível alvo, apesar de ela ainda odiar Yonagi. Não importava como Kumiko se portava na frente dos outros, apenas não confiava em suas ações.
Para mim, estava em estado de observação, justificando a posição delicada em que se encontrava. Só que apesar de estar assim, não era alguém tão fraca a ponto de apenas se render a um pedido de desculpas formal.
Se partiu para a vingança uma vez, poderia escolher o mesmo caminho novamente.
Meu senso de desconfiança indicava que aquela garota se aproximou para fazer o reconhecimento do estado atual de todos, que deve ter agravado sua frustração da falha de seu plano.
A questão ali da minha curiosidade era de saber o quão grande seria aquela frustração. Provavelmente, a professora tentava ver isso também.
— Realmente, isso foi uma grande infelicidade. Deve ter sido difícil ter deixado de se comunicar com os seus antigos amigos, certo?
— Hein?
As minhas palavras quebraram aquele silêncio desconfortável e arrancou surpresa de Kumiko, mordendo seu lábio. Sua frustração se mostrou ser tão clara quanto parecia.
— Bem... sim. Por isso que agora estou mais... mais tranquila.
Não tirei meus olhos dela, mas pude sentir que os outros me fitavam. Acho que ninguém esperava que logo eu iria se manifestar primeiro.
Mas aquela resposta ao próprio comportamento carregava um peso escondido por trás. Nunca imaginei que observar uma casca se despedaçando seria tão desagradável.
Suspirei e continuei:
— Não importa como eu veja isso, essa situação toda está me incomodando. Não podemos apenas tentar esquecer tudo isso e agirmos como se não nos conhecêssemos?
— Ei...!
Dessa vez, foi a professora Harashima que mostrou surpresa. Espera aí... não tente começar as coisas se não souber como controlar a situação...
— Shiroyama... — murmurou Yonagi.
— Vejam, isso já é passado, certo? Acho que ter uma boa interação entre nós já se tornou algo impossível. E... mesmo antes de tudo aquilo ter acontecido, as coisas nunca dariam certo, não é?
Eu quase não consegui dizer aquelas palavras pela pressão que sentia, nervoso. Kumiko me encarava com olhos ferozes, como uma leoa prestes a saltar sob um antílope. Apesar disso, sua postura relaxou, mostrando que a tensão reduziu ao menos um pouco.
— Lei de Murphy, hein? — comentou Yonagi, fechando seus olhos. — Eu achei que seria esse caso, mas...
— Certamente, acho que você deve estar um pouco equivocado, Shiroyama... — proferiu Kumiko, com uma voz extremamente calma e serena. — Nada garante que as coisas não se resolvam de forma pacífica entre mim e Yonagi... esse seria o melhor caminho, certo?
— Você fala isso... — interveio Himegi. — Mas por sua causa, nós do primeiro ano fomos envolvidos nessa confusão!
— Isso mesmo! — Kuroi e Teru responderam em uníssono, estavam todos incomodados.
— Calam, gente... não foi pra esse intuito que viemos até aqui... — A professora se colocou no meio. — Tentem se acalmar, por favor.
— Entendo que estejam todos furiosos comigo, mas espero que possam me perdoar em algum momento... — Ela se curvou mais uma vez, calma. — Estarei disposta a isso.
— E quanto ao Shiro? — continuou a garota. — Você falou sobre Yonagi, então quer dizer que isso se refere a ele do segundo ano, certo?
— Impossível. — Ela respondeu, sorrindo. — Estou aqui apenas para me desculpar com vocês.
Essa garota...
Parece que despertei uma fera ferida. Seu olhar carinhoso à nossa frente aparentava estar carregado de ódio em minha direção.
— Kumiko... — exalou a professora. — Por que todos os estudantes orgulhosos precisam ser assim?
— Não se preocupe, professora. Não irei me aproximar de nenhum deles desta forma. Acima de tudo, preciso focar em mim mesma.
— Se está consciente disso, ótimo...
Apenas morda sua língua de cobra, imbecil.
As duas saíram quase de imediato depois disso. Mesmo assim, a sensação deixada ainda permanecia presente.
— Acham que agora ela irá parar de agir como uma megera? — questionou Himegi, preocupada.
— No mínimo, irá pensar duas vezes antes de fazer uma bobagem novamente... — comentou Teru, aparentemente incomodado. — Talvez...
— Dizem por aí que consequências do tipo são geradas por karma, então acredito — murmurou Kuroi, dando de ombros.
— Se as coisas terminaram desse jeito, não há mais o que se fazer, certo? — concluiu Yonagi. — Prefiro acreditar que problemas do tipo não irão mais nos incomodar.
Enquanto todos tiravam suas próprias conclusões, preferi me manter em silêncio sobre o assunto.
Afinal, nem todos ali notaram o único erro cometido pela professora Harashima.
***