Our Satellites Brasileira

Autor(a): Augusto Nunes


Volume 1

Capítulo 5: Shiroyama Hideo é Podre, no Fim das Contas ⑤

Ecoei minha voz pela biblioteca e a porta se abriu novamente. Desta vez, apareceram Takahashi e seu grupo que estavam com expressões sérias em seus rostos.

— Takahashi? Nishimura? O que estão fazendo aqui? — Exclamou Kumiko, confusa e assustada. — Ei, Shiroyama! O que você pretende fazer chamando-os aqui? Eles não têm nada a ver com essa história!

— Será mesmo? — questionei suas palavras de maneira imutável e arrogante, o que a irritou ainda mais.

— Veja isso, Kumiko — disse Takahashi ao pegar seu celular, acionando um áudio em que soou a voz dela dizendo todas aquelas coisas de mais cedo. Isso a fez congelar e seus olhos começaram tremiam.

— Mas..., mas o que é isso? Por quê... por quê?

— Além disso, temos fotos que mostram você usando notícias falsas para incriminar Yonagi injustamente.

— É o quê?!

Ela me fitou assustada, que ao ver meu semblante arrogante a fez estremecer. Agora, era o momento do toque final: — Assim como você me usou e a Yonagi para se vangloriar, farei o mesmo com você. — Minha voz ecoou por toda a biblioteca. — Se eu tirar vocês duas do meu caminho, terei todo os louros dos esforços que tive para fazer aquelas redações. Yonagi nunca se importou com isso e sua saúde está recuperada, Senjou terá sua recomendação e seu plano irá por água abaixo. Fim da história.

— Sabe muito bem como funciona aqui, certo? — Takahashi se direcionou a ela. — Quis abalar o sistema da escola com esse plano e falhou. Você terá as consequências, Kumiko.

— Não, espera...!

— Você deixou de ser nossa amiga e quis arquitetar esse plano todo... — comentou Nana, desviando o olhar. — Você mudou, Horie.

— Não! Eu não mudei! Eu só... eu apenas queria ser vista por todos! Se alguém me abandonou, foram vocês!

— De jeito nenhum — interveio Takahashi. — Apesar de termos ficado em salas diferentes, ainda queríamos ficar todos juntos. Mas você foi a única que se iludiu que isso não iria acontecer e não falou mais conosco.

— Mas...! Não pode ser!

— Não imponha suas suposições em cima de nós, Kumiko! Não somos esses monstros que esteja achando!

— Diante de toda essa situação, realmente mereceu ser manipulada por Shiroyama em seu plano... — concluiu Takahashi.

As pernas de Kumiko tremiam e se segurava para não cambalear, seus olhos estavam tão desesperados a ponto de lacrimejar.

— Agora eu tenho álibi e provas para me livrar de todas essas acusações — proferi, assumindo a conversa. — Não fique se achando, sua estúpida. Se até mesmo uma pessoa como eu pôde desmascarar o seu plano, então não foi nada demais. Não fique se achando em ser alguém especial apenas porque pisou nos esforços dos outros. Eu não precisei de nada disso e aqui estou, intacto. Não é desta forma que você se tornará alguém de elite, tampouco especial!

Ela me olhou de outra forma. Desta vez não demonstrava raiva e sim, me fitava com um olhar de medo e repulsa.

— Seu... seu... — Kumiko lacrimejava de raiva, desestabilizada de vez no chão sob a vista de todos ali presentes.

Pude ouvir passos se aproximando da biblioteca, então acenei para Takahashi, que entendeu o meu sinal.

— Kumiko, não queremos te dedurar. Por que não desiste de tudo isso e vamos recomeçar?

— Sim, nós fizemos isso para te impedir que faça algo pior! É assim que os amigos de verdade fazem para ajudar uns aos outros, certo? — completou Nana.

— Pessoal... — Kumiko não conteve suas lágrimas, emocionada.

— Podemos ter lhe feito algo ruim, mas estamos aqui dispostos a esquecer tudo isso para que sejamos amigos de novo. Podemos te ajudar e te fazer ganhar status novamente. Mais do que tudo queremos ficar todos juntos!

Nesse mesmo instante, a porta da sala se abriu e mais três pessoas entraram: Himegi, professora Harashima e Yonagi.

— Mas o que está acontecendo aqui? — questionou a professora.

— A Himegi nos chamou para cá porque queria nos mostrar uma coisa, mas... não estou entendendo toda essa cena... — comentou Yonagi.

— Me desculpa pela demora, Senjou! Disse a você que iríamos embora juntas, mas tinha que fazer isso primeiro! — exclamou Himegi, ofegante. Parece que ela havia percorrido a escola inteira para chamar as duas, como havia pedido.

— Estou vendo que a situação entre esses dois clubes tomou um rumo pior do que imaginava... — expressou Harashima.

— Professora... — murmurou Kumiko.

— Mais importante do que isso... fui informada que todas as acusações contra Yonagi foram falsas, e eu acredito nela — A professora apontou para Kumiko, dizendo: — Você foi uma das responsáveis por erguer o clube de jornalismo e eu apoiei essa decisão. Porém, desde que isso aconteceu só apareceram problemas!

Sua voz ecoou por todo recinto, demonstrando o peso e intensidade de suas palavras. Kumiko a encarava inerte, sem saber como reagir.

— Eu...

— Vocês, estudantes do 2°C! Se estão aqui, é porque alguém reuniu provas sobre o verdadeiro culpado! Estou certa? — Sua voz foi tão branda que até mesmo o orgulhoso Takahashi franziu o cenho e foi dobrado. — Se são testemunhas, digam quem é!

— ...Kumiko — proferiu Takahashi, rouco.

O restante do pessoal ali presente acenou com a cabeça, deixando a garota incrédula. Sob tão intensidade daquele júri, a réu tremeu diante do julgamento.

— Já possuía algumas provas, mas precisava de uma confirmação para firmar minha decisão... — exalou a professora. — Com todos esses problemas das últimas semanas irei fechar o clube de jornalismo permanentemente!

Kumiko Horie ficou sem reação. Até mesmo Himegi e Senjou ficaram chocadas com aquela notícia.

— Isso é... terrível — disse Kirisaki.

— Mas, visto que Senjou Hana fez uma pesquisa extraordinária com Kirisaki Touka, sua recomendação ainda está de pé. Por isso, apenas irei fechar o clube e dar a suspensão para Kumiko Horie, a outra responsável.

— Eu... eu... — Ela balbuciou, mas conseguiu forças para se levantar e gritou com toda a força dos seus pulmões. — Mas foi o Shiroyama que arquitetou tudo isso! Ele é quem queria todo o reconhecimento, todos os elogios e pra conseguir isso quis até passar por cima da Yonagi, que... mesmo que seja fria com todos ainda escreveu coisas incríveis...

E então, se pôs a chorar. A cena até era comovente, mas seus grunhidos eram de pura raiva. Meus colegas se aproximaram, enquanto Himegi e as outras não sabiam como reagir. Até mesmo Yonagi se sentiu abalada.

— Kumiko...

— Isso é verdade, Shiroyama? — entoou a professora, enquanto apenas dei de ombros e suspirei indiferente.

— Achei que conseguiria fazer isso, mas parece que isso foi mais longe do que imaginei.

— ... — Yonagi me encarou em silêncio.

Todos ficaram chocados, mas apenas a professora Harashima não reagiu. Apenas fechou os olhos e suspirou profundamente.

— Está certo. Mesmo que todos tenham sido usados, ainda tenho que aplicar uma punição. Kumiko e Shiroyama, vocês terão que fazer trabalhos extras e não quero ouvir desculpas. Não foi algo direto, então ninguém será suspenso.

Ninguém emitiu nada como resposta.

— Quanta gentileza da sua parte querer agir nas sombras, Shiroyama. Sua punição será mais severa que a de Kumiko. Portanto, venha comigo agora.

Dito isso, ela deu meia-volta e saiu da biblioteca. Sem ter escolha coloquei as mãos no bolso e segui em sua direção.

Ao passar por Kumiko pude ouvir o que murmurou num tom em que apenas eu ouvisse: — Eu te odeio. Mais do que todas as pessoas aqui da escola, muito mais do que a Yonagi. Nunca vou te perdoar por isso... eu te odeio!

Apenas acenei de volta, sorrindo.

Takahashi e seus amigos se aglomeraram ao redor dela, que se consolou em seus braços, chorando e soluçando.

Senjou Hana ainda estava determinada segurando seu trabalho com afinco e chorava baixinho. Kirisaki a abraçava.

Himegi e Yonagi estavam na porta e ao passar por elas, notei que a caloura me fitava chocada.

— Sem mágoas... certo? — disse próximo dela, assumindo a postura mais tranquila que podia fazer antes que me virasse e fosse pela mesma direção da professora pelo corredor.

Yonagi me fitou em silêncio mesmo quando passei e pude sentir seus olhos gélidos me encarando apesar de estar de costas.

— ...idiota.

E com isso havia completado o meu plano. Eu estava orgulhoso de mim mesmo apesar de ter sido visto como um vilão. Oras, eu sei mais do que ninguém o que aconteceu. Então, o resto não importa, certo?

Ao chegar na sala dos professores, a professora me deu um peteleco repentino em minha testa que quase me fez cair no chão pela força dela. Ela era da raça dos Saiyajins?!

— Você é mesmo um imbecil, hein?

— Bem... agradeço por ter atuado em ter acreditado — comentei, massageando o nariz.

Ela suspirou profundamente e se sentou na cadeira.

— E eu pensando que você era apenas um garoto com a mente distorcida... você não apenas distorceu a mente da Kumiko, como também toda essa situação.

— Você... já planejava desfazer o clube de jornalismo, não é?

— Sim — expressou a professora. — Desde o início, vi que estava acontecendo uma disputa que não era nada saudável..., mas pelas habilidades de Yonagi acreditei que poderia lidar com essa situação sem ter qualquer problema. O fato dela ter adoecido me provou o quanto estava errada e, me sentia pronta para tomar uma atitude. Mas parece que você, o ser mais podre de todos, tirou essa posição dela e de mim.

— É meio cruel uma professora chamar um aluno de podre, mesmo que tenha exagerado um pouco...

— Um pouco? Não seja modesto, seu delinquente! — Ela me fez uma chave de braço tão forte que quase não consegui respirar por estar de máscara. Após o golpe especial repentino fiquei ofegante... só restava ela me trucidar com um Kamehameha.

— Porém, foi exatamente por isso que confiou isso a mim. Não foi?

Ela não respondeu de imediato.

— Lidar com questões sociais é algo complicado. Às vezes, é preciso ter pessoas com ideais extremos para mover a situação, pois a repreensão se torna algo mais ameno e aceito por todos. Sendo assim, como as coisas aconteceram.

— E agora? Ainda tem a questão do Conselho Estudantil que não se manifestou e...

Agora está preocupado com isso? — indagou ela, ignorante. — O Conselho Estudantil não fará nada, pois já os comuniquei sobre o ocorrido. Tinha que fazer com que vocês dois percebessem a quão errada eram suas ações! Se já soubessem que não haveria danos, não surtiria efeito!

Aquela professora certamente era bem ardilosa...

— Espera... os dois? O que eu fiz foi colaborar para que esse plano desse certo!

— Sim, você realmente ajudou. Mas, entenda... — Ela me encarou. — Fazer algo do tipo é errado, Shiroyama. Compreenda que esse tipo de atitude não deve acontecer novamente, pense nisso como uma lição de vida.

— Entendi... — suspirei, exausto. — E então? Além de fazer nós dois trabalharmos a mais e de graça, o que irá fazer com os outros membros do clube de jornalismo?

— Eu tenho algo em mente já que alguns foram arrastados nessa confusão sem saberem do contexto.

— Só tem uma coisa que eu não entendi nessa situação toda — expressei, fitando a mesa de centro por nada em especial. — A raiva de Kumiko Horie estava centrada em Yonagi. E claro, depois desta conclusão me odeia mais do que a ela. Mas, não sei por que há esse ódio todo.

— Hum, tenho os meus palpites..., mas não vou opinar em nada. — comentou a professora.

Nós nos encaramos e rimos juntos. Se bem que no meu caso, estava rindo de nervoso.

Trabalho a mais... lá se vão minhas noites de sono. Esta foi a única coisa da qual não havia considerado em todo o meu plano.



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