Our Satellites Brasileira

Autor(a): Augusto Nunes


Volume 1

Capítulo 2: A Insistência de Harashima Miyagi ④

Aquela terça-feira de manhã foi um dia quente e abafado. Enquanto houve algumas pessoas falando sobre o jornal, vi que muitos dos colegas de classe relutantemente olhavam para mim.

Naquele momento era — o garoto que superou Yonagi Kaede —.

Eu acho algo mais promissor do que “zumbi escritor”, mas apesar do sentido este novo apelido me fez sentir péssimo e enojado.

Parece que o fato de estar sempre usando máscara me causou a suposição de — ele está sempre doente. —, porém mesmo isso ficou totalmente em segundo plano.

Pela apreensão que senti na classe, os outros ansiavam uma reação minha daquela situação. Eu fiz o que qualquer pessoa sensata deveria fazer: nada. Não era daquela maneira que as coisas deveriam ser resolvidas.

Conforme o dia passou e o fim dos últimos períodos de aula se aproximando, minha tensão cresceu. Quando você é alguém que desconfia de tudo e todos seu senso de sobrevivência se torna ainda mais sensível do que uma pessoa normal teria.

Por mais que ouvia meu nome surgindo em várias conversas entre os alunos ao meu redor durante os intervalos, sei que não devo considerar nada 100% envolvido a mim com o acontece ao redor, isso é senso comum.

Mas também não acredito em coincidências. Poderia sim haver outras pessoas com o mesmo nome que o meu. No entanto, cogitando que o assunto sobre o jornal da escola estivesse em primeiro lugar nos tópicos de conversas triviais entre alunos, posso considerar facilmente que estivessem falando dos envolvidos e claro, eu incluso.

O problema não foi esse, no entanto.

Olhando atentamente para aquela atmosfera era óbvio que os comentários sobre mim não foram bons. Partindo do ponto de que fui considerado um trapaceiro por ter vencido a Yonagi, externamente passei da posição de ajudante para inimigo.

Mesmo assim, algo ali estava estranho.

E foi aquilo que me incomodou.

Por mais que não tivesse uma imagem popular ou que fosse muito conhecido pela maioria era estranho que aquela situação recaída sobre mim tivesse se espalhado tão rápido daquele jeito.

Conforme caminhei pela multidão, ouvi mais claramente os comentários daqueles próximos. Acho que a minha aparência de zumbi não colaborou muito, pois pelo canto do olho me deparei com vários olhares enojados.

— Nada a se dizer, hein?

Era a frase que aparecia em minha mente neste momento. Eu conheço esse sentimento. É como se você estivesse preso em areia-movediça e qualquer movimento que faça apenas te fará ser engolido mais depressa.

Agir com o direito de silêncio foi a alternativa mais efetiva para mim mesmo. Sob esses olhares pútridos prossegui para a biblioteca.

***

Ao chegar lá, encontrei Yonagi no mesmo lugar de sempre, desta vez, concentrada escrevendo algo. Apenas levantou a cabeça para um rápido cumprimento e voltou aos seus afazeres.

— Boa tarde.

Respondendo a mesma coisa me dirigi à cadeira usual. Ao lado dela, havia vários livros de referências de autores.

— Uma outra redação? Não me falaram o tema... — disse surpreso.

Antes que pudesse pegar uma das folhas na mesa para começar a escrever, Yonagi me deteve.

— Não precisa se preocupar quanto a isso. É algo que foi dirigido apenas a mim. Devo escrever sobre os principais pontos de referência histórica da cidade e entregar isso para o clube de jornalismo. Parece que vão criar uma nova aba do jornal ou algo do tipo. Foi um pedido exclusivo da professora Harashima para mim. Devo terminar tudo e entregar até o final desta semana.

— Ei, espera aí! Isso é muita coisa! Não quer uma ajuda quanto a procurar os pontos de referência ao menos? São muitos...!

Notei tarde demais, mas me arrependi de dizer aquilo após Yonagi se virar bruscamente para mim com um olhar severo. Me contive com o que ia continuar a dizer e decidi não a perturbar mais. Se a professora pediu isso a ela pessoalmente, significa que é algo visando fazê-la ganhar destaque para me livrar de ser o alvo principal das injúrias. Querer ajudá-la só representaria que agi com piedade somente para o meu próprio ego.

Porém, podia ver além disso nos olhos dela. Aquilo não é o certo a ser feito.

Nessa situação o que realmente represento aqui? Fui apenas jogado para escanteio enquanto tentam resolver isso por conta própria.

Decidi me ausentar daquela atmosfera desconfortável.

— Então, isso quer dizer que não vai haver atividades do clube hoje, certo?

— Sim, isso mesmo... — disse Yonagi, sem tirar os olhos da folha. — Tire o resto do dia de folga, já que você deve ter se cansado de tudo o que lhe aconteceu.

Eu engoli a minha frustração com um grunhido e me levantei. Se a Yonagi quer levar aquilo adiante não tinha o que se fazer. Apenas segui em direção à entrada da biblioteca e saí do prédio especial.

Enquanto trocava os meus sapatos no hall uma pessoa se aproximou de mim. Quando me virei notei que era Senjou Hana, do terceiro ano. A presidente do clube de jornalismo à minha frente me encarou seriamente.

— Ah... olá. O que foi?

Diante de tudo o que disse na frente do clube de jornalismo não esperava que algum deles viria conversar comigo pela raiva que os causei, ainda mais ela.

— Ah...! Eu... bem... — Senjou parece que saiu de um transe quando me manifestei e não soube o que dizer em seguida.

Aliás, ao vê-la me fez lembrar que comentou algo sobre a minha transferência na primeira vez que nos conhecemos, não é? Será que havia alguma relação entre a minha transferência e o fato de que a supervisora da escola querer falar comigo?

Poderia ter perguntado anteriormente à professora Harashima sobre aquele assunto, mas senti que talvez os alunos tivessem uma perspectiva mais benéfica para mim do que a dos professores...

Senjou Hana ainda tentava formular o que falar comigo, pelo visto.

— Antes que comece a falar do seu assunto queria te fazer algumas perguntas...

— ?

— Por um acaso a supervisora aparece na escola com frequência?

Se quisesse descobrir se havia alguma relação entre os dois assuntos esta seria a maneira mais rápida de obter alguma informação e, se tratando dela ser do terceiro ano sua convivência na escola era maior das pessoas que conheci até então.

— Não... ela raramente aparece. Geralmente apenas comparece nos eventos principais e para resolver questões internas. Pode-se considerar que quando a vê por aqui quer dizer que alguém possa estar com sérios problemas...

— Está brincando, certo? — engoli em seco. — Será que isso tem algo a ver com a minha transferência?

— A supervisora está vindo por sua causa? O que foi que você fez? — Ela parecia estar preocupada. — Por que a sua transferência seria um problema?

— Hein? Como assim?

— Hum... você não soube de nada em relação aos transferidos?

De repente, os outros integrantes do clube apareceram atrás dela e se aglomeraram ao nosso redor.

— Ora, a presidente já está aqui? Bom... Shiroyama, precisamos falar algo com você! — anunciou a garota do clube com tranças.

— Hum... o que vocês querem? — Me senti sufocado por todas aquelas pessoas ao meu redor.

Como assim? Eles não foram afetados por todas aquelas críticas? Será que vieram me linchar por ainda estarem bravos? Eles são mais escorregadios do que pensei! Eles fazem parte de alguma organização sorrateira como os Skill Out de subjugarem os outros por serem de Nível 0?!

Parece que serei interrogado em um julgamento penal e desigual, não que eu tenha feito nada de errado que me lembre...

Cogitei em falar sobre a conversa que estávamos tendo, mas Senjou Hana se calou com uma expressão totalmente nervosa, cogitei que seria um assunto que não deveria ser exposto para os outros alunos.

— Ora, acho que começamos nos conhecendo da maneira errada, não é mesmo? — disse a garota de tranças. — Você não concorda?

— ...

Fiquei incrédulo com aquelas palavras sendo que foram eles os culpados. Era algo comum querer manter distância de gente daquele tipo. Porém, notei que os três alunos arrogantes foram sendo submetidos por aquela garota de tranças.

Ela parecia ter forte influência sobre eles, afinal.

Decidi responder qualquer coisa para que me deixassem ir embora: — depende do que vocês querem concordar, não é?

— Shiroyama... — murmurou Senjou.

— Ótima resposta. — disse Himura.

— ...ou do querem que eu omite, certo? — sibilei, intrigando-os mais uma vez. Apesar de estar suando frio, era a única suposição que conseguia chegar por todos eles terem vindo me abordar. Mas, ainda poderia subjugá-los por causa do que aconteceu.

— Porque está sempre usando máscara? — perguntou a garota de tranças, com um sorriso cínico.

— Bom... bem, é que eu...

— Você disse algo sobre não estar se sentindo bem naquele dia... não vai me dizer que está assim hoje também? Meio estranho isso, sabe.

Ela não veio pedir clemência sobre as informações do clube, mas em me ameaçar? Minha confiança se esvaiu completamente...

— Vamos, não fique assim. Será que usa isso para não mostrar o seu rosto, talvez?

Os outros me rodearam gradativamente. Tentei manter a calma. Juro, eu tentei. De verdade! Mas foi pressão demais pra mim e não pude esconder isso daquela garota.

Ela é um demônio? Só faltava ela carregar ferramentas na bolsa como Gasai Yuno e ver meus movimentos com um diário do futuro!

Senjou Hana não reagiu, amargurada.

— Desculpa! Não quis te deixar assustado! Foi só uma brincadeira! — A garota de tranças fez um pedido de desculpas com as mãos apesar de estar rindo assustadoramente.

— !!

— Acho que acabamos tendo muitos conflitos e isso não é nada bom... — disse Himura. — Por que não tentamos nos resolver?

— Bom, você colocando desse jeito realmente é algo bom... — expressei nervoso. Droga, não fale tão casualmente assim comigo. Aliás, foram vocês que começaram todo esse problema...

— Ah, que bom que concorda! Isso é ótimo! Então, você poderia nos fazer um favor? — continuou a garota com tranças, se aproximado mais ainda de mim. Isso me fez recuar por impulso até encostar nos armários, completamente bloqueado por aquela trupe.

— O que seria? — disse, desviando o olhar. Isso não é nada bom, estou na palma de suas mãos. Esse tipo de situação realmente me deixa vulnerável... quero fugir dali!

— Pessoal, eu acho que nós não...

— Não precisa se preocupar, presidente! Ele está de acordo, afinal.

Me sinto tão sufocado quanto ela e ainda assim ficou tão intimidada a ponto de não impor a própria vontade. Ela não é a presidente deles? Deveria se exercer mais, sabia? Onde foi toda aquela animação e energia que exibiu antes?!

Aquela garota trançada que era a verdadeira influente daquele clube... a fitei com um olhar de desgosto. Ela é o tipo de pessoa que gostava de manipular os outros com um sorriso carinhoso no rosto. Incrivelmente esse tipo de pessoa sempre sabe o que dizer nos momentos certos, então suas ações eram efetivas nas pessoas indecisas (vulgo, eu!).

— Continuando, as opiniões das pessoas quanto ao jornal da escola não estão nada boas. Por isso, decidimos criar outra aba de assunto no jornal... — explicou a garota. — E pra isso queremos sua ajuda.

— Minha ajuda... pra quê?

— ...sobre isso, precisamos de alguém como você para elaborar um texto sobre o assunto sobre os pontos referenciais da cidade, levantado pela professora Harashima e em troca podemos criar uma parte do jornal só para os seus textos. O que acha desta oferta?

Minha reação foi a que uma pessoa sensata teria naquele momento.

— ...hein?!

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