Sonhos Cruéis Brasileira

Autor(a): Andrei Issler


Volume 1

Capítulo 18: Animosidades

Sentado em seu leito, Cão mantinha suas feições morenas tensas, parecia se concentrar, com o olhar fixo na palma de uma das mãos. Sobre ela, uma minúscula sombra nasceu, que lembrava uma gota viscosa e disforme enquanto levitava. Fazer isso era algo novo e trabalhoso.

Seu olhar adotava um semblante mais distante à medida que revivia em suas lembranças incômodas feridas do passado.

O Caça-contrato, imerso em pensamentos, perdeu a concentração ao ser perturbado por um barulho nos arredores. Sons esses que pareciam cortar o ar. Intrigado com a origem da repetitiva sequência que incomodava seus ouvidos, calçou as botas e decidiu investigar o que acontecia.

Com uma breve caminhada pôde entender a causa dos sons. Barock, apesar de ainda sofrer as consequências da última batalha, brandia de um lado para outro a sua magnífica espada forjada do aço godafer, na área de treinamento, onde costumeiramente realizava diferentes exercícios.

Cão já pensava no que diria para alertá-lo enquanto reduzia a distância, mas, antes disso, o Demônio perdeu o equilíbrio e errou o movimento que praticava. Cão apertou o passo.

— Você está bem?

— Nada que mereça grandes preocupações. — Barock procurou recobrar a compostura, porém não conseguiu esconder as dores que tinha em seu braço direito.

— Imagino que não era para você estar aqui, segurando essa espada. — Cão olhava abismado para o braço do Demônio, que, de forma surpreendente, já estava quase curado. Aproveitou a distração para mexer com dedos travessos na enorme mochila de ferro do colega, solta no chão.

— Talvez esteja certo, mas aprendi a sempre ficar preparado… Sinto que ainda não posso descansar. — Ele encarou o novato, mas não o impediu de bisbilhotar.

“A reunião dos Kadiras foi um prenúncio, provavelmente logo surgirão novos problemas”, pensou Cão.

— Imagino que sim, nos últimos tempos continuar vivo tem sido uma tarefa bastante trabalhosa.

O Demônio apoiou sua espada contra o suporte no ombro e olhou para a velha cidade que escalava o horizonte.

— Até eu sou obrigado a concordar, os últimos meses foram bem caóticos para mim.

— Cada um tem sempre que encarar seus próprios problemas. — O novato fechou os olhos e aproveitou a brisa que soprou dos dutos.

— Não fique preso a eles, as coisas acontecem em seu devido tempo.

— Se esse é o caso, meu tempo tem passado rápido demais — disse Cão, dando as costas para o veterano.

Barock, que o via sair, soltou um sorriso irônico, como se quisesse enganar a si mesmo.

— Nosso tempo é algo precioso. — Ele observou a própria espada que reluzia contra as luzes do esquadrão, com um ar melancólico.

Enquanto retornava à enfermaria, Cão foi surpreendido por uma imagem rara, ao deixar o pátio de treinamentos para trás, avistou Dibian fora de seu laboratório. O Xamã geralmente ficava recluso, mas agora estava parado em um dos corredores da unidade, admirando um quadro imponente e antigo.

O Meio-sangue aproveitou a oportunidade para conversar mais uma vez sobre seus poderes, pois permanecia com a impressão de que o sábio ocultava algo, desde sua primeira consulta.

— Dibian, tem um minuto?

— O que você quer agora?

— Preciso de sua ajuda mais uma vez. — O novato passou a mão no cabelo e analisou atento às reações do Xamã.

— Que cara é essa? Pensei que você não teria nenhuma lição sobre maldições hoje — alegou com uma voz lenta e espaçada.

— Bem… Tenho muitas perguntas. Certos episódios com meus poderes… me deixaram intrigado.

O sábio enfim desprendeu sua atenção do quadro.

— Agora não posso tratar disso, também enfrento meus próprios dilemas. Esse assunto terá que esperar até sua próxima aula.

— Pensei que isso não era um incômodo tão grande. Por sinal, você ainda não contou porque aceitou me ajudar.

— Você está apenas pensando demais. — Ele preparava-se para sair sorrateiramente.

— É raro vê-lo por aqui, presumo que possui um motivo para ficar tão pensativo.

O Xamã respirou fundo.

— Acabo de retornar dos aposentos de Latrev. Ele me convocou para tratar de um assunto delicado. Receio que logo seremos afligidos por uma grande calamidade.

Cão se aproximou e falou quase sussurrando:

— Devia tomar mais cuidado, nunca se sabe quem pode estar ouvindo.

Dibian deu pouca importância para o alerta do colega.

— O incidente na expedição, de que você fez parte, provocou uma grande dor de cabeça para os Kadiras, não é de se espantar que estejam preocupados com uma retaliação.

— Sinceramente, a desgraça tende a me seguir o tempo todo, me espantaria se eu tivesse algum descanso por aqui.

— Com pensamentos assim, terá uma vida curta — falou Dibian, enquanto voltava a admirar o quadro pendurado na parede.

— Não se preocupe, pretendo evitar isso.

— Espero que consiga. — Um sorriso irônico surgiu no canto de sua boca.

O novato passou a analisar a obra. A imagem retratava uma cidade. O ambiente visível era sombrio e distorcido, seus traços irregulares davam forma a indivíduos melancólicos que se perdiam na vasta paisagem. O retrato fez Cão sentir um acentuado desconforto. Um vislumbre muito próximo da realidade.

— Você gosta mesmo de quadros, sempre os vejo quando visito suas instalações, cobrem todas as paredes da entrada.

— A arte é capaz de nos mostrar muito sobre o mundo, gosto de pensar sobre como uma simples imagem pode nos levar para longe.

— Posso dizer que algo assim em nada me atrai.

— Talvez isso não agrade o gosto de todos.

— Provavelmente não agrade o gosto da maioria — insinuou o Meio-sangue.

— Às vezes, um posicionamento pode se contrapor a outro, isso é algo bem familiar para mim.

Cão recordou-se do ímpeto do Paladino Imperial que, apesar de estar longe de ser uma alma bondosa, defendeu com unhas e dentes aquilo que achava ser o correto.

— Para nós dois… agora chega de desvios, vamos retornar a minha questão.

O Xamã soltou um longo suspiro.

— Vejo que você não pretende desistir.

Nesse momento, Calisto adentrou pelo espaço com passos pesados e fervorosos.

— Então você estava aqui, não faça eu perder meu precioso tempo mais uma vez. — Ela avançava na direção de Cão, com um semblante de poucos amigos.

O Meio-sangue viu Dibian furtivamente deixar o local.

— Espere! Ainda não terminamos nossa conversa.

— Preciso que me acompanhe, irá comigo fazer uma visita. É uma ordem. — Calisto prosseguia à medida que Cão procurava se afastar.

— O que está acontecendo? Por que logo eu? — Ele ergueu as mãos e se inclinou para trás, espantado.

A assassina o agarrou pelo braço e começou a puxá-lo.

— Quero que você conheça um lugar.

— Será que não posso ter um dia de descanso?! Quase morri na nossa última missão.

Ele conseguiu se soltar, mas continuou a segui-la.

— A questão de hoje está relacionada com a incursão da qual fala de forma tão imprudente.

— Como assim?! Por que tem que ser eu? Não fomos os únicos presentes, chame outro membro em meu lugar.

Com cuidado, ela avaliou o estado de Cão.

— Você me parece bem, de qualquer maneira, como já mencionei, é apenas uma visita. Agora respeite as ordens de sua superior, Meio-sangue.

— Desgraça!

O Caça-contrato tinha muitos motivos para tentar recusar, contudo pretendia evitar de testar até que ponto se estendia a curta paciência de Calisto, que demonstrava que não cederia facilmente.

Guiados por Calisto, a dupla partiu para realizar a traiçoeira visita indicada pela veterana. Em frente dos portões da sede da irmandade, uma carruagem sem grandes luxos aguardava sua chegada.

O caminho foi longo. Os dois estavam longe de possuírem afinidade, apenas depois de um grande período silencioso, a Demônia resolveu romper o silêncio.

— Até quando vai ficar encarando?

— Ter cuidado nunca é demais. — Cão não escondia seu desgosto com a situação.

Calisto enrolava uma mecha de seus cabelos castanhos na ponta dos dedos e espiava a paisagem urbana pela janela.

— Cãezinhos devem saber o seu lugar. É o seu modo de sobreviver.

Cão expôs um semblante aborrecido.

— Meu lugar provavelmente é longe daqui… — O Caça-contrato passou a palma de uma das mãos pelo rosto. — Falta muito para chegarmos?

— Estamos perto, agora chega de drama. — Ela gesticulou o braço direito, como se afugentasse um inseto, com nojo.

Minutos depois, a carruagem saiu de uma das ruas principais. O restante do trajeto percorreu ruas estreitas e apertadas, que emanavam uma aura nada acolhedora e os conduziram a uma das áreas mais pobres do Fosso. Essa atmosfera hostil deixava evidente que as passagens eram pouco utilizadas.

A condução lentamente diminui a velocidade.

— Vamos logo! — disse Calisto, ao descer.

Cão saiu pela outra extremidade da carruagem, arredio como uma sombra.

— Estamos no lugar certo? — Ele não via nada de especial, só mais um buraco miserável.

— Calado, me poupe de novos aborrecimentos. — A assassina começou a caminhar. O Caça-contrato a seguiu de imediato.

— Estou com o pressentimento de que teremos problemas.

Os dois entraram em um beco escuro. Calisto acendeu uma tocha e continuou na dianteira, sem sequer olhar para trás.

— Pare de fazer cena, inseto.

Cão, com um movimento discreto e vagaroso, colocou a mão direita sobre o cabo da espada, enquanto olhava atento para ambos os lados.

— Este fim de mundo certamente é perigoso.

— Devia se preocupar com coisas que… — Calisto sentiu uma presença estranha. — Tente não sair longe. — Ela passou a analisar o ambiente à sua volta.

— Isso não é nada reconfortante. — De repente, Cão não conseguiu esconder seu susto, quando um arrepio percorreu sua espinha.

— O que acha que está fazendo? Se recomponha! — A Demônia aproximou-se do Caça-contrato.

Ele estava ofegante, com uma das mãos apoiadas na parede de uma das construções que compunham o beco, ainda tentando recobrar a postura.

— Eu estou bem, vamos logo — disse Cão, ao passar por ela.

— O que deu em você? — No instante seguinte, Calisto pressentiu uma presença hostil. Como resultado, ficou em alerta.

— Vamos! — Cão olhou para trás. A companheira continuava de guarda alta.

— Espere um momento! Tem algo me incomodando. — O Meio-sangue obedeceu. — O que você viu? — Ela o encarou.

— Nada, fiquei apenas um pouco zonzo, sabe que passei por maus bocados. — Cão levou uma das mãos ao rosto. Evitava contato direto com a Demônia.

— Talvez tenhamos realmente que tomar mais cuidado. — A Demônia detectou o paradeiro da estranha sensação. Ela vinha de suas costas, mais precisamente de Cão.

Ele ficou desagradado com sua fixação.

— Algum problema? Calisto. — O Caça-contrato não conseguia entender o temperamento imprevisível da assassina. O ambiente hostil apenas elevou a tensão que pairava no ar.

— Estava só pensando em algumas questões… elas estão martelando na minha cabeça. — Calisto aproximava-se com passos sorrateiros.

Cão forçou um falso sorriso, enquanto, com cuidado, deslizava os dedos mais uma vez até o cabo de sua espada, pronto para sacá-la.

— O que está insinuando com isso?

— Recentemente ouvi que um Demônio-predador foi vendido no mercado negro. — Os dois começavam a andar em círculo. — Tenho certeza que um inútil como você daria alguns trocados. Ainda mais alguém que possui afinidade com maldições.

— Ouvi algo assim de Dibian, mas às vezes ele evita minhas perguntas.

— Hum… O que lhe fez achar isso? — Ela voltava a reduzir a distância. Ainda andavam em círculo.

— Ele parecia esconder algo… Assim como você. — Cão suava frio. Seu receio aumentou quando viu que os olhos da Demônia ganharam uma tonalidade vermelha como o sangue.

O novato já esperava pelo que podia acontecer. Não se surpreendeu quando Calisto o atacou, porém ficou espantado com sua agilidade sobre-humana. Ela estava a poucos metros de tocá-lo, mas o Caça-contrato recuou e jogou contra o chão uma esfera escura que explodiu dando forma a uma nuvem negra. Era uma das bombas de fumaça que havia surrupiado das coisas de Barock.

O Meio-sangue desviou por pouco de suas mãos.

— Aonde você foi? Cãozinho. Sabe que não pode fugir de mim.

Calisto, de repente, voltou a sentir a estranha presença de antes. Percebeu que vinha em sua direção e se preparou. As labaredas da tocha contrastavam contra seu rosto, enquanto sacava a espada. Ao desferir seu ataque, pôde ver que era somente o casaco do Meio-sangue amarrado a uma pedra adornada com uma maldição. Uma medida para confundi-la. Do lado oposto, Cão aproximou-se com a espada em punho.

Apesar de surpresa, ela foi capaz de repelir o golpe com a própria lâmina e contra-atacar, lançando suas espirais assassinas.

“A presença que senti eram essas maldições?”, pensou Calisto.

— Parece que um vira-lata escondia alguns truques na manga — afirmou, vendo a explosão de novas bombas de fumaça à frente.

Uma rajada de lâminas foi desferida a esmo pela Demônia. Uma delas só não o atingiu porque conseguiu ricochetear-lá com a espada antes de cair todo atrapalhado no chão.

— Não vai ganhar nada apenas se escondendo. — A assassina, com suas espirais que zuniam como talhadeiras que rasgavam o ar, produziu uma grande corrente de vento em direção à superfície que tomou, assim como suas criações, a forma de uma espiral, negra, que ganhou as alturas.

“Ela é um monstro”, pensou Cão.

Os cabelos negros do Caça-contrato dançavam com a intensa ventania e seus olhos eram ofuscados pela poeira que se erguia do beco.

— Vamos manter a calma, não viemos aqui para chamar atenções desnecessárias. — Ele movimentava as mãos para cima e para baixo, tentando acalmar a companheira, sem sucesso.

Não houve resposta. Calisto avançou novamente e as duas espadas ecoaram um repique metálico.

O novato, com muita dificuldade, conseguiu conter o golpe, mas no movimento seguinte um poderoso soco soou contra suas costelas.

Calisto se surpreendeu. Ele não caiu, parecia bem. A partir desse momento, vários nomes em letras negras surgiram sobre sua pele. No instante que as viu, a assassina soube que era um verdadeiro manto de mortes.

— Parece que descobri algo bem medonho hoje. — Cão passou a ser mais ofensivo, desferindo múltiplos ataques. — Para trás, verme — disse Calisto com um sorriso discreto no canto da boca. Suas criações o fizeram recuar mais uma vez. Ela se divertia, não levava a sério a luta.

— Estou cansado de seus joguinhos. Até quando vai ficar perdendo seu precioso tempo me causando problemas? — falou Cão que, em seguida, avançou outra vez.

As duas lâminas colidiram como trovões. Cão propositalmente soltou a espada para viabilizar a abertura para um novo golpe. Em resposta, Calisto não tentou desviar do ataque, pelo contrário, decidiu pará-lo com uma das mãos. No último momento, o Caça-contrato reforçou suas maldições que tomaram sua pele.

A pressão emanada da colisão fez os longos cabelos castanhos de Calisto esvoaçarem.

O Caça-contrato recuou alguns passos. Nenhum de seus ataques era efetivo.

— Como você pode ser tão forte?

— Vamos acabar com isso. — Ela passou a usar as verdadeiras extensões de suas capacidades. Uma presença ameaçadora começou a emanar da Demônia, realçada pelos cristais avermelhados que zanzavam pelo ar, como se brincassem de maneira maldosa com o novato.

Quando ela pegou impulso, o chão trincou a seus pés. Em um ataque fulminante, conseguiu facilmente derrubar Cão com um poderoso soco que explodiu contra seu estômago, deixando-o sem ar.

Apesar de reduzir o impacto com seu manto de maldições, o Meio-sangue caiu de joelhos, em dores.

— Desgraçada… O que você quer de mim? Não ganhará nada comigo! Vai me dizer que isso tudo foi um mero acaso?

— Não existem coincidências. Acha mesmo que eu convocaria você e Esfer, dois porcos, para uma missão tão perigosa por acaso?

Mesmo surpreso, ele tentou disfarçar seu espanto com uma pequena risada irônica.

— Certamente não se daria a todo esse trabalho só para nos matar.

Calisto passou a caminhar.

— Ouvi de Teslan e Barock uma curiosa história — contou em tom de deboche. — De fato me recordo que você estava muito pensativo, quando nos encontramos, depois do ocorrido. Tenho observado que desde aquela noite você passou a ter um grande interesse pelas investigações naquela galeria em ruínas, serei benevolente e evitarei que continue perdendo seu tempo. Naquele local não encontrará as respostas que procura ou entenderá a natureza de suas maldições, eram apenas alguns lacaios fazendo pilhagem.

— O que a faz ter tanta convicção sobre isso?

Calisto aproveitou a distração causada por um Impuro fugindo ao fundo, assustado.

— Veja — disse, desviando da pergunta. — Como já deve ter percebido, esse não é o inferno em que os ancestrais desses vermes provavelmente acreditavam. Somos feitos de carne, ossos e sangue… — Uma das espirais da Demônia caiu, com perigo, aos pés de Cão e se desfez em uma poça vermelha. Ela se aproximou e falou quase sussurrando em seu ouvido. — Existem coisas muito piores do que nós soltas por aí. — Porém logo se afastou alguns passos. — Está se envolvendo com ameaças que vão muito além de suas capacidades.

— Pensava que eram elas que me perseguiam.

— Olhe para o redor, até onde eu sei os Impuros são os filhos dos porcos que não foram abençoados pela centelha. Vamos, pense, se Vespaguem foi mesmo criada para reconstruir o mundo destruído na primeira guerra, nunca achou estranho tantos Impuros terem sido trazidos para cá?

— Estou tendo dificuldade em acompanhar… — alegou com uma das mãos na cabeça.

— Por acaso está querendo uma ajudinha. — Calisto estendeu a mão, com um sorriso presunçoso no canto dos lábios, já que seria mais trabalhoso para Cão se arrastar até onde ela estava do que tentar levantar sozinho.

— Não é do seu feitio ser tão zelosa.

— Estou apenas cumprindo meu papel como uma boa veterana.

Ele apertou os punhos e elevou a voz.

— Calisto, o que você quer me dizer?!

Ela o jogou contra o chão. Seus olhos vermelhos pareciam ainda mais vivos. Os dois ficaram com os rostos quase colados.

— Digamos… que eu tenho um interesse especial em você. — Um novo sorriso surgiu em seu semblante demoníaco.



Comentários