Os Prelúdios de Ícaro Brasileira

Autor(a): Rafael de O. Rodrigues


Volume II – Arco III

Capítulo 39: O Caminho, ato II

Por dentro, a torre-estatuário era semelhante ao Anfiteatro. Corredores luxuosos com pilares, pinturas e esculturas clássicas do Renascimento, cortinas com bordados de ouro e fontes de água. Ah, também havia um hammam, e um cenáculo com mesas de mármore.

Os espaços eram menos largos, então pareciam menos... vazios? Quero dizer, com apenas quatro pessoas vivendo em um lugar tão grande, a sensação ainda era um pouco opressiva, mas não tanto. Na companhia uns dos outros, isso sequer incomodava.

Nos últimos três dias, meus anfitriões me trataram com muito carinho, passando tempo comigo e me oferecendo comida. Dada a minha, digo, nossa condição, eu não sentia fome, mas achei que seria indelicado recusar a boa-vontade deles.

Sozinho em meu novo quarto, eu vesti uma camisa limpa e ajustei os panos da minha toga. Em seguida, me olhei no espelho. Hmmm, até que eu não estava tão ruim.

Havia algo de diferente em mim, apesar de não saber dizer o que era. Talvez fosse a minha expressão. Eu costumava ter um semblante mais corado. Agora, eu tinha um olhar pálido, visivelmente cansado, mas eu ainda me reconhecia.

A porta se abriu. Por trás dela veio o senhor Patroclus, segurando o meu par de sandálias.

“Você esqueceu isso no hammam” ele sinalizou com as mãos. “Tome cuidado andando descalço com os pés molhados.”

— A-Ah, obrigado.

Essa foi mais uma mudança que notei em mim. Eu estava muito esquecido. Na verdade, isso de devia à quantidade de informações para a minha mente processava de uma só vez, e eu acabava fazendo ou deixando de fazer certas coisas sem me dar conta.

Deixamos o quarto, e seguimos para nos encontrar com Ganymede e a senhorita Pollux para o jantar. Não que soubéssemos que horas eram, já que o tempo era sempre o mesmo, mas o hábito de ter pelo três refeições ao dia se mantinha. Café da manhã, almoço e janta.

No caminho, meu acompanhante se aproximou de mim, caminhando bem ao meu lado, invés de tomar a frente.

“Se não for incômodo, posso perguntar uma coisa?”

— Claro. O que seria?

“Gany e Pollux dizem que, após a minha derrota, meu mestre perdeu o controle e enlouqueceu, e nada além disso. Por acaso, você chegou a falar com ele? Sabe me dizer como ele estava se sentindo?”

Eu pensei muito antes de responder. A única vez em que tive uma conversa não hostil com Achilles foi antes da minha primeira audiência, no depósito do Anfiteatro. Vez ou outra, esse momento me vinha na memória.

— O senhor Achilles o amava — comecei a dizer, com um leve sorriso. — Quando perdemos alguém que amamos muito, nós queremos chorar e desistir. Mas o que posso dizer é que ele o amava. Apenas saiba disso.

“... Por que será que ele foi sem mim?”

— Eu só posso julgar ele pelo pouco que o conheci, então... — Botei a mão no queixo. — Eu posso estar falando besteira, mas talvez ele sinta que te fazia mais mal do que bem. Que ele não podia ser perdoado.

Como eu era bobo. Esses não eram os meus sentimentos?

Mesmo assumindo que ele se sentia dessa forma, eu não tinha como entender o que o senhor Achilles realmente sentiu. Ainda assim, o senhor Patroclus permaneceu em silêncio por alguns segundos, até que sua feição inexpressiva se desmanchou.

“Isso parece mais com meu mestre. Obrigado por me contar, Terumichi.”

— Hehe... Não há de quê.

“Acho que falamos o suficiente sobre nós. Mas e você?” perguntou. “As coisas também não têm sido gentis, suponho. Como está lidando com tudo?”

... Eu?

Eu não fazia ideia de como colocar as coisas que eu pensava e sentia em palavras. O que era estranho, já que isso era relativamente simples pra mim. Um “eu não sei” foi tudo o que pude responder no momento. Patroclus soou preocupado, mas não me pressionou.

Nós nos enturmamos com Gany e Pollux, que já haviam chegado há um tempo, e nos servimos. Pernil assado, carne de porco, salada com couve, rábano, e cogumelos, além de ovos. Um banquete. Além disso, ouvir eles conversando e brincando me tirava uns bons risos.

Era nostálgico.

Desde que eu desci ao Kunstkammer, não tive notícias dos meus amigos. Eu vi e ouvi o que eu não queria. Reencontrei uma pessoa, mas não da forma que eu esperava. Um resquício de dor ainda irradiava no meu peito, como se o punhal de ouro ainda estivesse preso ali.

O que será que aconteceria quando eu voltasse? Sem a presença do Filho de Trismegistus, não haveria um novo duelo. Isso é certo. Mas, após a derrota dos dióscuros, o Imperador das Rosas proclamou algo chamado “Reavaliação de Dignidade”.

O significado disso era um mistério para mim. Quando achei um momento oportuno e perguntei aos outros três, nenhum deles soube me dizer, mas era óbvio que algo precisaria ser feito caso o comprometido vencesse de forma indigna.

Sem a rendição da senhorita Pollux, Hector teria morrido. Reavaliar a dignidade dele seria reafirmar sua elegibilidade como vitorioso. Se eu retornasse ao Anfiteatro e reassumisse meu posto, eu poderia acabar os colocando em risco.

Em contrapartida, se eu não retornasse até o dia prometido, Arcadia seria consumida pelo Declínio. Essa opção sequer era válida. Seria o mesmo que sacrificar tudo pelo qual os heróis lutaram. Isso acarretaria um genocídio, e a culpa seria minha.

Eu não queria mais ver ninguém lutar, muito menos eles. Eu não podia arriscar algo assim outra vez. Se um deles fosse a um combate e perdesse... essa pessoa passaria a viver aqui, nesta camada do Kunstkammer, certo? E depois?

Isso não mudava que os corpos deles sucumbiram no momento em que se tornaram ouro. Seus espíritos continuariam a vagar por aqui, para sempre. Em outras palavras, isso ainda era o mesmo que morrer para o nosso mundo.

Saber que eles estavam bem era apenas um consolo.

Nessa hora, me peguei imaginando algo que me assombrou, e minhas mãos congelaram. ... E se nada do que acontecia agora era a realidade, mas um produto do poder emanado pelo Amaranto, como uma espécie de... consolo, para mim mesmo?

“Está tudo bem?” Patroclus sinalizou, pousando sua mão no meu ombro. O toque era vívido, e quente. Mas o sonho da escola que tive aquela noite vez foi igualmente real, e no fim, ele não passou de um sonho. Um sonho muito gentil.

Quando eu menos esperava, a senhorita Pollux se levantou da cadeira, estendendo sua mão até a minha. Seu semblante era sereno, mas cheio de compaixão. Mesmo sem usar de palavras, eu entendia o que ela queria dizer.

Pouco a pouco, eu contei a eles o que me preocupava. Sobre a possibilidade de haver mais um combate na Corte dos Heróis. Sobre como fugir da minha responsabilidade tornaria tudo muito pior, e sobre a pressão absurda que me esmagava.

— Voltar ou não voltar — comentou a carmentina —, é uma escolha que não te deixa escolha.
— Sim. Qualquer coisa diferente de voltar é impensável. Ninguém nunca me perdoaria.
— Eu perdoaria.
— S-Sério isso, Pollux?! — Ganymede se assustou.
— Tomar uma decisão pensando no bem do mundo não é uma garantia de que podemos mudar algo. Pode ser em vão. Foi assim para nós. Mas nós ainda não podemos escolher por você.

“O Filho de Trismegistus é uma existência especial” mencionou Patroclus. “Se há algo que pode ser mudado, você só saberá tentando. E você é o único aqui capaz disso.”

Se eu ficar aqui, nada vai começar, e nada vai terminar.

Há muito tempo, a senhorita Circe me disse que um dia a resposta apareceria diante de mim, e que, desse momento em diante, eu teria que decidir por mim mesmo o sentido que eu daria a ela. Mas, não havia um significado para dar a esse jogo maldito.

Se o intuito era ressuscitar a autoridade do deus Hermes Trismegistus, isso quer dizer que salvar a humanidade da extinção era um bem secundário. No decorrer disso, meus amigos poderiam ser tirados de mim, e eu sabia, eu sabia muito bem disso.

— De todo modo, vocês deram tudo pela esperança de salvar os seus povos do Declínio  — afirmei. — Se eu me esconder, o esforço de vocês terá sido desperdiçado. Eu tenho que garantir que o mundo que vocês quiseram proteger sobreviva.
— E quanto ao mundo que você quer proteger, Terumichi?

... O mundo que eu queria proteger era... um mundo onde Hector, Theseus, Kosmo e a senhorita Circe pudessem viver felizes. Um mundo onde eles não precisassem se ferir ou sacrificar o que tinham de importante, como os heróis que os antecederam.

Eles mereciam receber algo em troca, nem que fosse um pouco de paz.

Mais convicto, respondi:

— Há pessoas preciosas me esperando. Um dia, eu quero fazer parte da felicidade delas. Para isso, eu tenho que voltar, e confiar nelas.
— Isso soa melhor.

Mais tarde, me aprontei para a partida. Cobri-me com uma capa cheia de remendos, calcei botas de couro que iam até o meio da canela e pus um par de luvas. Ganhei até um par de óculos de proteção, só por segurança. As direções eram comigo.

Após manifestar suas asas, o senhor Patroclus me carregou em seus braços e saltou para fora da sacada. Descemos até a superfície, onde o vento varria a areia tão vigorosamente que não ouvíamos uns aos outros exceto se falássemos alto.

— Tem certeza que não quer que o levemos? — a senhorita Pollux perguntou.
— Sim. Eu sei para onde devo ir. A saída está logo ali.

Apontei para o horizonte, onde crescia a vastidão de um céu tempestuoso.

— Se surgir um imprevisto, sabe onde nos encontrar.
— Tome cuidado, garoto de Agartha — disse Ganymede. — E não vá se meter em uma enrascada de novo.
— Obrigado, pessoal. Muito obrigado.

... Ei, calma. Não vá ainda, Terumichi. Diga a eles como se sente.

— E-Eu... sentirei falta de vocês — gaguejei. — Sabe, eu quero que possamos nos reencontrar, em um mundo onde não existam heróis.
— Heróis nunca existiram — disse a mulher.
— Huh?
— Os heróis são heróis porque outro alguém quis isso. Nunca houve um herói de verdade. No Kunstkammer eu não tenho por que fazer o que mais gostava em vida, que era lutar honrosamente, mas cá entre nós, me dedicar a algo novo não tem sido ruim. Se houvesse a possibilidade de voltarmos ao nosso mundo, bem... Já sei! Eu gostaria de ter o meu próprio criadouro de rãs! E vocês, rapazes, o que acham da ideia?
— Ahhh?! Você quer voltar só pra criar rãs?!
— Sim!
— Francamente. Olha aqui, eu estou muito bem do jeito que estou. — Ganymede deu com os braços cruzados, emburrado. — Mas se for pra voltar à vida, é bom que tratem de nos dar uma casa confortável e comida boa, porque para o palácio de Carmenta ninguém volta mais. Eu proíbo, tá me entendendo?

Patroclus dava uns risinhos.

— Você tá rindo de mim, Patroclus?!

"Não! É que eu também tenho algo que eu gostaria de fazer. Visitar a casa de acolhimento onde eu morava, em Quirinus. Isso me faria feliz."

— E-Então está decidido! Ei, Filho de Trismegistus! Trate de achar uma maneira de ressuscitar a gente! E rápido! Também vamos precisar de uma caravana, e suprimentos, e roupas novas, e--...

"Vá com calma, Gany!" o outro prosseguiu. “Ninguém aqui deveria se sobrecarregar com a responsabilidade de uma vida.”

— Não. O Ganymede está certo — retomei. — Eu vou achar um jeito. Mesmo se não for difícil, eu continuarei tentando. Tenho certeza que o Kosmo, a senhorita Circe e o Thes também vão me ajudar. Nós nos veremos de novo.

“Terumichi, preste bem atenção. Até o dia em que você descubra se isso possível ou não, faça o que achar que é correto. E se a resposta não te agradar, não se culpe. Viveremos da forma que acharmos que é melhor para nós. Tudo bem?"

Uma lágrima se formou no canto do meu olho, mas eu me contive.

— Obrigado por tudo, Patroclus, Ganymede, senhorita Pollux. É aqui que eu me despeço?
— Não será um adeus, mas um até logo.
— Sim. Até logo...
— Espere! — a senhorita Pollux me chamou, distanciando-se dos outros dois e agarrando o meu pulso. — No limiar que divide o Kunstkammer do mundo exterior, eu encontrei a entidade a quem nos referíamos como Correnteza Eterna. No passado, ela já foi alguém que te amava, e era amada por você, certo? Sabe de quem estou falando?

Meus punhos cerraram, e minhas sobrancelhas franziram.

— Tsubasa — sussurrei, com a voz trêmula.
— Tsubasa? Esse é o nome dessa pessoa?
— Era o nome pelo qual eu costumava chamá-la. Talvez ela não seja mais a mesma que conheci.
— Não desista. Vá atrás dela, encontre-a. Leve-a de volta para o mundo onde vocês se amavam como seres humanos.

Assenti, balançando a cabeça. Brevemente, eu acenei em despedida, cobri a cabeça com o capuz e avancei contra a tormenta.

Não vou permitir que a tragédia se repita. Com estas mãos, eu vou mudar esse destino. E se isso é tão difícil que seria necessário um milagre, eu vou realizá-lo. Eu criarei o meu próprio milagre.

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EMBLEMA XXIX
Assim como a Salamandra vive no fogo, também vive a Pedra.

"Onde a Salamandra vive mais poderosa é no fogo ardente,
e ela não teme as armadilhas de Vulcano.
Do mesmo modo, a Pedra não rejeita as chamas cruéis,
pois nasceu de um fogo que não se apaga.
Aquele que é frio, o calor extingue e se faz livre.
Mas este é quente, e o calor ajuda-o."

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Muitas vozes recitaram um trecho misterioso:

— Esmagai a forma refletida no espelho, para que se dê à luz o cálice ungido em ouro. Em nome da Correnteza Eterna; a tempestade, o percuciente e a destruição dos homens!
— O Anfiteatro dá as boas novas! Que comece a audiência da Corte dos Heróis!

Puxadas por aparatos teatrais, cortinas se abriram uma atrás da outra.

Os holofotes se acenderam para um tribunal circular com dez púlpitos. No mais alto, jazia o Imperador das Rosas portando um malhete de ouro. Cinco encontravam-se vazios; quatro dos derrotados e um do Filho de Trismegistus.

Há duas semanas, a Corte dos Heróis foi submetida à Reavaliação de Dignidade. Tendo o comprometido vencido por rendição dos adversários, um novo processo seletivo era necessário para reafirmar seu merecimento.

Na audiência de hoje, os heróis remanescentes participariam da provação imposta pela autoridade da Correnteza Eterna, e um novo vitorioso seria nomeado.

— Comecemos, então, o rito preparatório. Desafiantes, respondam do coração: juram seguir, defender e preservar as leis deste Anfiteatro, ainda que tuas vidas dependam disto? Juram lutar para alcançar o Messias, tendo isto como propósito singular?
— Nós juramos — bradamos, em uníssono.

As paredes atrás do púlpito do Imperador das Rosas se partiram como em um deslizamento de terra, e quase fomos pegos pelos destroços.

Além da cortina de fumaça, vimos a arena do coliseu e um recanto protegido por altas muralhas de roseiras e um portão de mármore. Os ferrolhos caíram. A entrada foi se escancarando, suas portas emitindo um ruído estridente.

— O que é isso? Um jardim?
— Não. É um... labirinto.
— Abram-se as cortinas para a Reavaliação de Dignidade — declamou o Imperador das Rosas, sob os holofotes do tribunal. — A condição para vitória é encontrar a saída do Labirinto de Rudolf. O primeiro colocado será consagrado comprometido. Vença aquele que prevalece em glória e dignidade!

Aproveitando que quedamos sem reação, Hector tomou a iniciativa. Ajustou a ligadura frontal de suas ombreiras, empunhou a espada e adentrou a cenografia. No entanto, ele ainda não havia se recuperado.

Emplastros e faixas por todo o corpo. O tratamento intensivo e as medicações regenerativas fornecidas pelas máquinas ajudavam, mas... sem o Amaranto, suas perfurações e lacerações levariam meses até cicatrizarem.

Desde que guardamos suas asas usando do Chrysós Lapulia, ele passou a sofrer com efeitos colaterais contínuos que pioravam em determinadas horas do dia, mas ele passou a rejeitar os nossos cuidados e se afastar de nós três.

Minha voz não o alcançava mais. Ele pareceu se esquecer da amizade que havíamos acabado de construir. O adiamento que eu e Kosmo solicitamos também foi negado. Ele esteve esperando única e somente pelo dia decisivo.

Teru esteve desaparecido desde então. A romã que deixou para trás já havia apodrecido, mas eu a mantive guardada no meu quarto, com as roupas que ele usava.

Kosmo, Circe e eu confiamos o papel do comprometido a Hector. Desde o início, prometemos não lutar, então permaneci ali, inerte. Eu olhava para minha espada, Orpheus, e meu escudo, Eurydice, e eles olhavam para mim.

— O que faremos? — perguntei, quebrando o silêncio

Alguns segundos se passaram, e Circe respondeu:

— Eu irei.

Ela tomou sua adaga embainhada e a encaixou na peça de armadura em sua coxa, dando as costas para nós.

— C-Circe?!
— O que pensa que está fazendo, Circe?
— Independentemente de quem chegue primeiro, os perdedores não morrerão. É a chance de provar o nosso valor de maneira justa.
— Hector já não mostrou que é o campeão? — Kosmo questionou, desnorteado. — Ele foi o primeiro a chegar à Corte, sozinho! Quer se aproveitar que ele está ferido?!
— Estou cansada.
— Cansada? De quê?!
— De não ser o suficiente. De ser forçada a desistir do mundo em que eu acredito — dizia, segurando firme no cabo. — Em nome dos sonhos pelos quais o meu avô lutou, eu quero alcançar Messias, e mudar esse mundo por dentro.

Ouvimos batidas de metal, e um forte impacto fez tremer o chão e as estátuas nas proximidades. Kosmo usou das correntes douradas de seu mangual, tão compridas quanto mil serpentes, para bloquear a entrada do labirinto.

Em seguida, ele se pôs à frente de Circe, e asseverou:

— Para trás, bruxa de Apollodorus.

Ela não deu um passo para frente ou para trás. Ela gargalhou, como se tivesse ouvido uma piada.

Na mosca. Eu sabia que isso quebraria sua atuação.
— Do que está falando?
— Você só nos queria sob o seu controle, Kosmo. Sempre foi assim.

... Parem.

— E quanto a você? Estava esperando a primeira oportunidade para mostrar a face que esconde das pessoas?
— Você perdeu a moral para criticar o que as pessoas escondem ou não.

Parem. Parem já com isso, por favor. Nós não podemos brigar assim.

Eu amo vocês dois. Nós prometemos que trabalharíamos juntos, como fizemos quando subimos essa torre sombria. Além do mais, não é isso que o Teru ia querer. Se ele nos visse assim, ele... ele-...

Nos poupar de sacrifícios, que desculpa esfarrapada. Isso foi tudo para que Hector, e só Hector, continuasse como o comprometido.
— Sim.
— E se o vitorioso fosse qualquer outro, você não mediria esforços para tirá-lo de lá.
— Isso mesmo.
— Que irmão devotado. Eu nunca tive irmãos, então fico com inveja.

Ela sacou a adaga da bainha, e tanto eu quanto ele arregalamos os olhos.

— Kosmo de Vertumnus, por que insiste que ele, em particular, alcance Messias? Diga a verdade, aqui e agora, ou eu mesma vou te tirar da minha frente.

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