Volume I – Arco II
Capítulo 25: O Enxofre
Era uma vez, uma família de passarinhos que vivia em uma floresta.
Dia após dia, duas águias apavorantes ameaçavam destruir seu ninho e comê-los, porém, não havia um outro lugar onde pudessem morar. Lá fora, não se achava figo ou cidra, e um vasto oceano de ouro assolava os litorais.
A águia mais velha prometeu bater as asas em três dias e criar um tufão, deixando os pequenos indefesos cercados de migalhas. Mas--! Um dos passarinhos, que não tinha asas para voar, teve um grande plano.
Colhendo graveto por graveto, videira por videira, ele e sua família construíram uma proteção ao redor de sua casa.
No terceiro dia, as folhas se dispersaram. Os ventos eram como os de uma tempestade, e os tremores os fizeram pensar que tudo tinha acabado. No entanto, o ninho permaneceu de pé, e eles celebraram o milagre comendo figo e cidra.
A águia, incomodada, tornou a intimidá-los. Ela prometeu bater suas asas ainda mais forte e levá-los com a tal proteção, mas o passarinho esperto decidiu montar um reforço ainda mais elaborado e se defender junto aos seus.
Eles juntaram gravetos maiores, e formaram uma barreira que os protegeu pela segunda vez.
Na terceira, foi necessário criar um forte que perpassava os tocos das árvores.
Na quarta, construíram uma muralha, mas a floresta já não tinha mais galhos para serem usados nas próximas invenções.
“E agora? E agora?!”
Eles esperaram o cumprimento da promessa da águia sórdida, mas os sopros avassaladores não vieram.
“As tribulações finalmente cessaram…!”, exclamou. “As águias se foram! Sem a escuridão da floresta para escondê-las, elas foram embora para além do oceano, o que significa que, de hoje em diante, estamos livres!”
Ou, era o que pensava.
O estoque de figo e cidra não era mais suficiente para sustentá-los. No momento em que saíram para os entornos das grandes muralhas, os passarinhos caíram no chão, transformados em pepitas de ouro, e as águias vieram para coletá-los.
À medida que a floresta era depredada, outros animais vulneráveis se tornavam presas em seu lugar. Mesmo sem ter onde se esconderem, as águias estavam no topo da cadeia alimentar e, portanto, garantiram a própria sobrevivência.
“O jogo foi divertido enquanto durou”, disse uma delas.
“Você achou?”
Sim, eu achei. Foi divertidíssimo.
A plumagem da família de passarinhos era de um azul vívido e brilhante, que realçava suas aparências apetitosas. E por eles serem teimosos, a vontade de devorá-los e vê-los gritar enquanto vivos só crescia!
Oh, mas eu não sou de reclamar do que como. A refeição desse dia foi extraordinária, digna de repetição. Carne é carne, e ouro é ouro. Além disso, não havia nada mais deleitável à língua do que a textura do ouro, nada mesmo.
No dia seguinte, as duas águias atravessaram o oceano e viajaram para uma floresta localizada ao noroeste das planícies do Karämih, próxima a um vilarejo tranquilo, e em um novo abrigadouro passaram a viver.
Folgando em seu leito pessoal, a águia que num futuro próximo mataria a Ihcim indagou:
— Para quem você conta essas histórias sombrias?
— Considere-se a minha ouvinte especial! — replicou a águia que mataria a Rotceh. — O que achou da minha mais nova obra, irmã?
— Essas “obras” não são suas.
— São semelhantes às que os sacerdotes nos contavam quando éramos crianças, não?
— Eu diria que são as mesmas. Você apenas mudou as personagens e adaptou conforme o que lhe convinha.
— Acho que eu prefiro a minha versão. As originais são moralizantes demais.
— O teor moralizante nunca as deixou, mesmo na sua versão, Castor. Elas são péssimas.
— Pollux, você está chateada comigo? Tenha pena de mim. Eu passei semanas de castigo naquele lugar assustador. Agora que estou livre, eu preciso aliviar a tensão.
Após seu suspiro de decepção, dei um risinho e prossegui:
— Vamos começar. Conto com você, minha querida irmã. Esta será minha pièce de résistance.
ᛜᛜᛜ
Eu não desisti. Preparei meus amigos contra qualquer tentativa do senhor Castor de nos manipular, e tirei dele todas as opções senão dar as caras e duelar por contra própria.
E aconteceu como previ: passada a reclusão, os dióscuros requisitaram um combate de dois versus um, sem nem se prestar ao trabalho de nos convocar a uma audiência.
Em oito dias, os sinos badalaram. Era chegada a hora de dar um fim definitivo a isso.
Para mim, agir assim não era fácil. Sempre fui covarde. Mesmo agora, a ansiedade me corroía por dentro. No entanto, o Terumichi que apostava a paz no diálogo não servia mais.
Se o que queriam era nos destruir de dentro pra fora, eu não tinha como abaixar minha cabeça para o medo. Eu resistiria dez, cem, mil vezes, e protegeria quem é importante para mim.
Oferecendo meu ombro para meu comprometido se segurar, fechei os olhos. O Amaranto emitiu uma frágil luz escarlate, e assim que dei o aval, se iniciou o procedimento alquímico.
O homúnculo cavava para fora da pele marrom, criando plumagem, crescendo e se esticando. Hector estremecia e rangia os dentes, mas eu o tranquilizei; não havia mais dor, nem desespero.
— Deu certo, viu?
— ...
— Promete que as abrirá comigo de agora em diante?
— Prometo — respondeu ele, ainda agarrado a mim.
Enquanto estivermos juntos, eu vou curá-lo. Vou aliviar essa dor, expulsá-la dele. E se um dia ela for inevitável, eu a aceitarei ao seu lado. Será a minha dor e a dele.
O elevador parou, e as grades do coliseu se ergueram. Os alto-falantes reproduziam aplausos. Com os holofotes brilhando sobre nós, fomos recebidos com uma chuva de pétalas douradas.
No pulvinar, Kosmo, Theseus e a senhorita Circe se sentavam nas arquibancadas, em silêncio, mas na torcida por nós. Os últimos a chegar foram nossos adversários, trajando suas ombreiras reluzentes.
Virei-me para Hector, olhando firmemente em seus olhos, e disse nossas palavras mágicas:
— Vá em frente.
Cobrindo-me com suas asas, ele deu um passo até mim, mas quando prestes a tocar seus lábios nos meus, hesitou.
— Esse beijo não vai te machucar de novo? Você quer mesmo isso?
— ... Hector, o que eu quero é você do meu lado. — O segurei pelo braço, para que o ato se consumasse. — Va até lá, vença, e volte pra mim.
— Certo.
De um único beijo irrompeu a luz de um Sol, e o meu medalhão tomou a forma de um caduceu.
Em sintonia com minha pulsação, um líquido cintilava no interior de um ovo. Ele se partiu, e ouro fervente despejou sobre o meu anjo, dando forma às peças da armadura consagrada.
Tendo a máscara materializada em seu rosto, brandiu a espada elegantemente.
— Me dê cobertura, irmão — disse Pollux, sacando da bainha esquerda um sabre longo e curvo. — Eu cuido do resto.
— Ei, eu também quero um pouco do mérito. — Castor, em sequência, sacou o da direita e o apontou para nós. — Saudações, meus caros! Em primeiro lugar, gostaria de dizer que sinto muito por abdicar da rota pacifista!
— Sente nada.
— Prepare-se, Hector de Vertumnus. Esta noite, o Filho de Trismegistus será nosso!
— Abram-se as cortinas para o quarto combate da Corte dos Heróis. — O Imperador das Rosas anunciou. — A condição para a vitória é derrubar a máscara do adversário. Vença aquele que prevalece em glória e dignidade!
Os mecanismos subterrâneos do Anfiteatro entraram em moção, e por toda a arena, ergueram-se brinquedos e atrativos de parques de diversões. Bem ao centro, uma roda-gigante brilhava em uma infinidade de cores.
... Espere um minuto. Essas coisas existiam em Arcádia?
Do topo do carrossel, os gêmeos saltaram até Hector. Os golpes que ambos os lados desferiam era tão velozes que eu mal podia acompanhá-los, e cada um de seus movimentos exalava uma descomunal graciosidade.
Levando a luta para o passadouro da plataforma giratória, os assentos de cavalos caíam em pedaços e as luzes piscantes se espatifavam. Mesmo em um espaço tão estreito, o bom posicionamento de Hector o punha em vantagem.
— Hahaha! Esplêndido, esplêndido! Agora, permita-nos!
Castor e Pollux deram uma cambalhota para trás, em uma postura que lembrava a de uma águia caçadora.
Eles giraram, aplicando um corte circular que produziu uma onda de impacto fortíssima. Estilhaços por todos os lados. O eixo do carrossel foi partido ao meio, e, por pouco, os três não foram pegos pela queda do telhado.
Batendo as asas, Hector voou até a pista da montanha-russa. O segundo que ele levou para respirar foi o suficiente para perder de vista seus oponentes, e eu os perdi também. Mas como...?! Eles estavam bem ali, agora mesmo!
Ao som das buzinas, o espanto.
Os dióscuros vinham logo atrás, montados sobre carrinhos elétricos em alta velocidade. Antes que alçasse voo e esquivasse, Hector foi atropelado e jogado para fora dos trilhos.
— Argh...!
— Hector!!
Tentou se reposicionar no ar, o que em circunstâncias normais teria sido simples, mas não deu certo. Ele acabou colidindo com o teto da miniestação, o lugar onde se compram ingressos.
Levantou-se, ofegante, contraindo os músculos das asas. Sangue esguichava delas. Na hora do baque, uma delas foi apunhalada por uma das cimitarras, sem nem perceber.
— Eu consigo ver sua face, sem essa máscara para escondê-la. — O mais velho dos dióscuros caminhava entre balões coloridos que se desprendiam dos postes. — O verdadeiro você. Toda a sua dor e tristeza! O seu anseio por brilhar sob a luz de deus! Eu vejo, eu vejo tudo!!
— Miserável--!
Forçando a panturrilha lesionada, investira, e com a guarda baixa, sua outra asa foi brutalmente perfurada. Ele gritou de dor. Rolava-se no chão, encharcando-o de vermelho escuro.
— Não. N-Não... — gaguejei.
Eu não podia ficar ali assistindo, então pulei do altar, empurrando os músicos no caminho e invadi o campo de batalha. No entanto, a entrada do parque foi bloqueada, pois eu estava acima do limite de idade.
— Não é permitido ao Filho de Trismegistus interferir em um combate.
— Imperador das Rosas, desse jeito, ele matará Hector!! Isso não é contra as regras?!
— Tirar a vida de um oponente não constitui uma violação das regras da Corte.
— Isso é ridículo! Hector sempre jogou limpo! Parem com esse maldito duelo agora!! — Eu batia contra os portões. — ... Kosmo! Senhorita Circe! Thes! Me ajudem!!
Meus amigos se entreolharam, tão intimidados quanto eu.
O envolvimento deles em combate era tão punível quanto o meu. Eu estava ciente disso, mas já tinha perdido a linha das minhas emoções, e só fiz a primeira coisa que me veio à cabeça.
Botas adornadas de ouro, então, pisaram sobre a cabeça do anjo derrubado, esfregando-a no concreto, e o príncipe Carmentino deu continuidade:
— Alheio a tal luz, você aceitou um amor mundano qualquer, e essa preciosidade se tornou seu prêmio. É essa a medalha de ouro que você usa para reafirmar seu valor como indivíduo, e sem ela, você não vive!
— Ugh...
— Por favor, deixe-me tirá-la de você... — Ele pisou mais forte. — Você não se envergonha de si mesmo? Toda essa humilhação não te faz querer morrer? Esse nome, “Hector”, é o seu nome de verdade?
— Aarh--... Aahhh! Aaaghhh!!!
Num acesso de raiva, Hector agarrou seus oponentes pelo calcanhar e, prendendo-os bem onde estavam, usou o resto da força na asa esquerda para acertá-los em cheio.
Arremessados na tenda de tiro-ao-alvo, houve um estrondo, pilhas de prêmios os soterraram.
— Você está bem?
— Que pergunta imbecil. Pollux, esqueça os bichos de pelúcia! Atrás dele!
Limpando o ferimento no canto da boca, os gêmeos seguiram as gotas vermelhas marcando a rota de fuga da vítima. Elas iam em direção à atração principal: a roda gigante.
Subindo no telhado da primeira cabine, eles cortaram a barra que a segurava e a fizeram despencar. Em seguida, a segunda, a terceira e a quarta. Destruíram uma por uma, até que a última restasse de pé.
— Te encontrei. Hihihi, hehehaha... Hahahaha!! Ahhhh, Ícaro, meu querido Ícaro. Esse amor incapacitante, vou botar as mãos nele e arrancá-lo daí...
— Irmão, isso é uma armadilha.
— Ele não será necessário se você tiver a mim. Sou melhor que tudo isso. Eu prometo — ele prosseguiu, ignorando a irmã. — ... Seja meu. Seja somente meu, e mesmo que sua carne apodreça, o meu amor persistirá por toda a eternidade!!
— Irmão!!! — apelaram a senhorita Pollux e Kosmo, em uníssono.
Escondido entre as placas de sustentação, o anjo retalhou o nível dos dióscuros, desunindo-o do restante da estrutura metálica.
Na velocidade de um relâmpago, ele puxou a máscara dourada dos oponentes, arrebentando a liga atada à cabeça. E, com um giro e um pontapé, os empurrou para junto do desmoronamento
Tudo tremeu. O som foi tão alto que meus tímpanos pareciam estar sendo espremidos.
As luzes de emergência acenderam. Sob uma espessa cortina de fumaça, a cenografia foi devolvida ao subsolo. Em meio ao ruído, uma espada era arrastada pelo chão.
Hector mancava em minha direção, até que se exauriu e desabou. Não cheguei a tempo de sustê-lo.
Sua condição era terrível. Reagi tão rápido quanto meu choque permitiu, usando o poder do Amaranto para cuidar do sangramento e fechar os cortes ao redor de seu corpo, mas... não parecia estar surtindo efeito em suas asas.
— Espere, Terumichi! — Kosmo exclamou. Ele veio apressado, me entregando um copo de água e uma semente amarela do tamanho de um grão de feijão. — Dê isso a ele antes de usar o Amaranto! Sem isso, suas asas não vão se recuperar, mesmo depois de retraídas!”
— O que é isso?
— Depressa! Ele já perdeu muito sangue!
Rápido o obedeci. Sentei Hector no meu colo e retirei sua máscara, mas no momento em que aproximei o broto de sua boca, ele começou a se debater e tentar se afastar de nós.
— N-Não! Isso não! Isso de novo não!! — ele gritava.
— Irmão, você tem que tomar! É o único jeito!
— Tira essa coisa de perto mim!! Me solte! Não! Não faça isso, Kosmo!!
— Tsc!
Empurrando-me para o lado, o grisalho o imobilizou e, mesmo com ele em prantos, o forçou a ingerir o remédio, cobrindo sua boca com a mão para impedi-lo de cuspir.
— Engole, Hector! Agora!!
— Mmmhh!! Mmff...!!
— Acha que eu gosto de fazer isso com você?! Pare de me dar trabalho! Facilite as coisas para mim, pelo menos uma vez na vida!!
Sem ter para onde fugir, cedeu.
No que o mais novo sentiu a contração da garganta do mais velho, checou se que não havia apenas simulado movimento peristáltico com saliva. Assim que acabou, o despejou agressivamente, deixando-o para chorar sozinho.
Hector hiperventilava, quase por engasgar-se. Por sempre suportar a pressão o máximo que podia, seu choro costumava ser silencioso. Mas, agora, ele estava quebrando, como se esmagado por um peso invisível.
Eu também chorei. Não sabia por quanto tempo ele escondeu essas lágrimas em seu coração. Por quanto tempo ele quis derramá-las, pedir por socorro, qualquer coisa, sem ter direito a isso. Eu não sabia de nada.
Nós treinamos e aprendemos muito. Fizemos da preparação um processo menos enfastiante, mas... a única realidade é que, pela quarta vez consecutiva, a Corte dos Heróis o submeteu a uma batalha que ele nunca quis.
Sequei meu rosto e engatinhei até ele.
As pontas dos meus dedos encostaram em seu ombro, de leve. Conforme ele ouvia minha voz chamando por seu nome, o fincar de suas unhas na terra ia perdendo força.
O teto da arena se abriu, e o vento varreu as penas espalhadas. Tínhamos acabado de guardar suas asas, seu rosto aninhado no meu ombro, e o meu no dele.
Seu aperto no meu pulso afrouxou pouco a pouco. Vez ou outra ele tinha espasmos, como se tomasse um susto, e eu o guiava para respirar fundo e expirar, junto comigo.
— Acabou. Já acabou, Hector. Vai ficar tudo bem. Você não disse? Que você sempre fica bem no final.
— E-Eu não vou. Eu não vou ficar bem, — ele soluçou. — A-Aquilo... vai acontecer de novo.
— Aquilo? ... Que remédio era aquele? É para suas asas, certo? O que mais ele causa em você?
Após um breve silêncio, ouvimos algo se movendo nos escombros.
— Opa, opa. Minha nossa, que sujeira! — O desafiante derrotado espanava as calças bufantes, empoeirado da cabeça aos pés. — Não foi dessa vez. Porra, como sou azarado! Ou será que foi sorte?
Huh?
Eu estava alucinando? Como conseguia se movimentar, com a pele intacta? As joias de topázio imperial já deveriam ter transformado o corpo de Castor e Pollux em uma estátua sem vida.
... Não. Se bem me lembro, Hector não foi anunciado como vencedor. O resultado não foi reconhecido oficialmente. Tão pasmo quanto eu, Kosmo veio batendo os pés e vociferou:
— Imperador das Rosas, explique essa patifaria, agora!!
— Há uma falha crítica impedindo o sistema de prosseguir com o apuramento do combate atual. Uma das identidades que residem no corpo dos desafiantes Castor e Pollux de Carmenta não está presente. Por favor, aguarde.
Sons de bugigangas. Com um assobio irritante, uma romã saltou de seu busto, e as luzes do boneco se apagaram.
— Por favor, aguarde. ... Por favor, aguarde. Por fzz... Por favorzz... Pzz...
— Qual é o significado disto, dióscuros?!
— Dióscuros? Ah, é verdade. Perdoe-me por não o avisar com antecedência. Pollux não está aqui. Como expliquei antes, apenas um de nós permanece no controle quando fechamos as cortinas. Vamos combinar, até que eu a imitei muito bem, não acham?
— ... Todo esse tempo, você estava sozinho? — perguntei.
— Sim.
— Durante a audiência também?
— Acertou!
Com as bordas dos olhos arroxeadas, Hector pegou apoio em mim e levantou para afrontá-lo.
— Castor de Carmenta, você é a causa da falha da contagem de desafiantes. Entrou como um, para depois se revelar como um duplo. A análise do Imperador é falível e não identifica com precisão a presença das duas identidades. Você se aproveitou disso para burlar as regras.
Ele riu, ajeitando os cachos que pendiam sobre a coroa de louros.
— Meu plano era ser convocado para o combate de abertura como o temido “irregular”, mas a situação exigiu uma mudança drástica de planos.
— A real consequência de suas ações foi a obrigatoriedade da minha luta contra o segundo colocado: Patroclus de Angerona. Durante seu réquiem pitoresco, você falou como se ele tivesse duelado por vontade própria, sem nem cogitar a possibilidade de eu saber a verdade. Você não é tão espertalhão quanto pensa.
— Não precisa ser maldoso. Digo, não deveríamos estar felizes? Afinal, é uma morte a menos no jogo. Não era isso que vocês tanto queriam?
— Canalha! Você e sua irmã macularam a legitimidade da Corte dos Heróis! Como assumirão a responsabilidade?!
— Minha querida irmã Pollux não apoia meus métodos, então não há por que culpá-la. — Ele embainhou suas espadas. — E enquanto ela não receber a culpa, você e eu brincaremos de novo, e de novo, e de novo, quantas vezes quisermos. O que me diz, comprometido? Genial, não?
EMBLEMA XXV
O Dragão nunca morrerá, exceto se for pego pelo irmão e pela irmã, que são Sol e Luna.
"Matar um dragão requer muita arte
para certificar de que ele nunca mais levante vivo.
O irmão e a irmã devem golpeá-lo na cabeça,
pois nada mais pode matá-lo.
Phoebus é o irmão, e Cynthia é a irmã;
Python morreu nas mãos dele, e Orion nas dela."
ᛜᛜᛜ
Hey, aqui é o Rafa! Muito obrigado por ler Os Prelúdios de Ícaro até aqui. Considere deixar um favorito e um comentário, pois seu feedback me ajudará bastante!