Livro 1
Capítulo 7: Judith
Eu já tive uma irmã, meu orgulho. Tínhamos dez anos de diferença, e quando comecei a formar memórias, ela já era uma aluna talentosa e uma jovem decente, exemplo para todos ao seu redor. Todos se orgulhavam dela, a esperança da família. Cresci a idolatrando. Por sua vez, me tratou com tanta gentileza, embora fosse muito mais velha.
Aparentemente, foi colocada em um pedestal pelas outras crianças da escola e, como resultado, não tinha amigos íntimos, então eu correr atrás dela o tempo todo gritando: “mana, mana!” a fazia feliz.
Adorava quando trançava meu cabelo. Era muito talentosa e podia fazer qualquer coisa, mas era bastante desajeitada quando se tratava sobre cuidado capilar. O meu sempre ficava bagunçado, inclinado para um lado ou para o outro. Adorava andar por aí com o cabelo assim, usando-o como um distintivo de honra, um símbolo de amor fraternal.
Depois que se formou na escola, virou uma cavaleira. Somos de uma família de cavaleiros, sabe, e ela pretendia seguir os passos dos antepassados. O país estava no meio da guerra naquela época, e precisavam de todas as tropas que conseguissem.
Com suas habilidades, subiu na hierarquia logo após se tornar uma. Dentro de alguns anos, comandava o seu próprio pelotão. Uma vez por ano, voltava para casa e nos entretinha com histórias do campo de batalha. As conquistas dela, incluindo matar um Lorde Demônio e vencer inúmeras batalhas importantes eram várias.
Logo, as marés da guerra estavam virando a favor da Aliança das Quatro Raças, e parecia que a guerra terminaria em breve. Ao chegar em casa pela última vez, me disse: “Quando tudo acabar, vou me concentrar em treinar você! Você também vai se tornar uma cavaleira, é claro. Vou começar ensinando-lhe esgrima. Heh, heh, talvez até seja chamada para o meu pelotão! Bem, não será como se estivesse em casa! Vou me certificar de te fazer trabalhar duro!”. Sim... foi o que disse, um grande sorriso no rosto.
Apenas alguns meses depois, seu pelotão foi aniquilado, e ela capturada pelos orcs e mantida como prisioneira. A notícia devastou a família. Os rostos de nossos pais desabaram, como se o mundo estivesse acabando, e falaram coisas terríveis, como seria melhor se ela tivesse morrido. Não entendi na época. Como podiam dizer uma coisa dessas? Era a minha irmã que estavam falando, e ambos a adoravam.
Lembro-me de gritar com eles: “Como ousam dizer isso sobre sua própria filha! Vocês são desprezíveis!”, e me tranquei no meu quarto. Não falei com nenhum dos dois por um longo tempo depois disso.
Anos se passaram; a guerra terminou.
A Aliança das Quatro Raças, à qual os humanos pertenciam, venceu a guerra. A das Sete, à qual os orcs pertenciam, perdeu.
Os prisioneiros de guerra dos orcs foram todos libertados, e minha irmã também voltou; quando percebi o que realmente significava para uma mulher ser capturada
Ela estava... contaminada. Morta por trás dos olhos, seu cabelo um ninho de pássaro emaranhado. Sempre tivera uma postura perfeita e agora andava de um lado para o outro, curvada e corcunda, como se tentasse se esconder da vista. Mal falava, e se algum homem se aproximasse, gritava e tremia, mesmo que fosse nosso próprio pai.
Soube mais tarde que foi forçada a se casar com um grande chefe orc, e lhe deu seis filhos quando a guerra enfim terminou. Estar grávida e dar à luz tantas vezes em um período tão curto destruiu o corpo e a saúde mental dela por completo. Retornou apenas a sua casca, inadequada para continuar sua carreira. Ao mesmo tempo, estava muito danificada para se casar de novo.
O seu futuro, sua vida... estava tudo arruinado. Para todo o sempre.
Jurei vingança contra os orcs.
Não sou idiota, entendo como as coisas funcionam. A raça deles... é assim que são. Veem as coisas de forma diferente de nós e não compartilham nossos valores. Seguem seus próprios costumes, assim como os gatos procuram espaços escuros e apertados e os cães procuram árvores para mijar. Fizeram o que fizeram não por maldade, mas porque era o jeito deles.
Porém, há uma diferença entre lógica e emoção.
Eu queria matar todos com minhas próprias mãos.
E assim me tornei uma cavaleira.
Claro, esse sempre foi o plano, só que agora estava mais determinada do que nunca.
A guerra terminou e o exército diminuiu de forma drástica. A demanda por cavaleiros também foi reduzida. Demorei um pouco, mas logo consegui e me tornei uma.
A cidade fortificada de Krassel foi minha primeira escolha para colocação. Era a mais próxima do país dos orcs. Se a guerra começasse de novo, seria a primeira cidade a experimentar o combate contra eles. Além disso, Houston, o Exterminador Suíno, estava lá.
Minha solicitação de veiculação foi concedida. Muitos ao meu redor expressaram preocupação sobre mim, uma cavaleira, chegando tão perto do país dos orcs. Ignorei todos.
Enquanto isso, Houston era tudo o que as pessoas diziam que ele era: impiedoso com os orcs desonestos, os interrogava para descobrir por que haviam sido banidos. Mas o que quer que dissessem, não importava, pois, no fim, todos eram executados, independente do que alegassem ou o quanto protestassem. Orcs que cometeram atos criminosos conhecidos, orcs com conduta perfeita... nenhum saía vivo das mãos do Exterminador Suíno.
A lógica dele fazia todo o sentido para mim. Orcs banidos já cometeram crimes em seu próprio país, e não importa se eles se comportaram com perfeição em solo humano até agora, ainda são criminosos. Não adianta esperar que cometam crimes em nossa terra também, seria tarde demais.
Quando vi como ele era implacável em sua atitude em relação à raça, decidi segui-lo.
Após a guerra, todos estavam focados em tentar conhecer outras raças e aprender sobre suas mentalidades e costumes, porém não ele. Ele foi brutal com os orcs. Amei isso.
Sabia que se ficasse com ele, a vingança que procurava viria a mim algum dia. Queria matar todos eles, até o último.
Com o general, eu tinha fé.
Então descobri que havia uma exceção, uma brecha na política antiorc dele: os não renegados. Em outras palavras, viajantes e pessoas em missões especiais para seu próprio país. Esses, Houston simplesmente questionava e libertava, só que nenhum havia chegado mais; não desde minha nomeação. Então tinha esquecido tudo sobre esses em específico.
Um veio para a cidade. O orc que atendia pelo nome Bash... Ele era diferente de qualquer outro que conheci. Parecia um pouco menor do que a maioria, contudo era incrivelmente musculoso, muito mais do que os outros. E ele era digno. Não apenas a maneira como se portava, seu rosto também era.
Os orcs desonestos pareciam estar zombando de você a todo momento. Quando colocavam os olhos em mim, sempre — e quero dizer sempre — mostravam suas presas em sorrisos lascivos, passando os olhos sobre meus peitos e bunda.
Eu odiava aqueles olhares. Os odiava tanto! Entretanto, pelo menos ele não me olhou de soslaio. Sim, verificou meu peito e minha bunda, no entanto: e daí? Assim fizeram todos os homens humanos. Não foi grande coisa. Claro, meio nojento, mas tanto faz.
Meu problema era com Houston e a maneira como ele começou a agir desde que Bash apareceu. Sendo honesta, fiquei um pouco desiludida. Quero dizer, o que diabos foi isso tudo? E o que aconteceu com o Exterminador Suíno?
Parecia que esse orc era alguém importante em seu próprio país. Entendi isso, tudo bem. Todavia, não havia a necessidade de o general sorrir e bajulá-lo. Quero dizer... o cara era apenas um orc. Depois disso, anunciou que todos iríamos procurar na floresta juntos e continuou pedindo a opinião de Bash sobre tudo. Tudo mesmo.
Era óbvio que estava desesperado para não perder a confiança do orc, por qualquer motivo. É por isso que estava fazendo um show tão grande tentando resolver o caso da emboscada.
Fui ficando cada vez mais desconfiada a cada minuto. É por isso que me amotinei e fui contra as ordens: meus próprios instintos. Apenas um pouco de rebeldia infantil. Era mais do que isso, no entanto.
Foi porque minha irmã foi mantida como escrava por anos e quebrada no corpo e no espírito.
Mesmo que a derrota fosse inevitável e a corrupção dela uma consequência inevitável, talvez um pouco dela ainda pudesse ter sido salvo se tivesse sido resgatada mais cedo.
É por isso que me senti tão fortemente em lançar missões de resgate imediato para recuperar prisioneiros de guerra. Mesmo que desta vez, fosse uma fada que não significava nada para mim.
Os soldados, que conheciam minha história, ficaram muito felizes em se alinhar comigo.
Mesmo se traíssemos ordens, não importaria, contanto que terminasse bem. Claro, todos nós podemos estar enfrentando cortes salariais ou períodos forçados de autorreflexão, mas nos livraríamos disso. Honestamente, fomos muito levianos sobre a coisa toda.
Não consideramos as implicações de nossas ações ou o verdadeiro significado das ordens de Houston e subestimamos a força do nosso inimigo.
— Guh, heh, heh… Mal posso esperar até amanhã.
Como resultado de nossa arrogância, a vida minha e de meus soldados agora parecia estar por um fio.
— Guh...
— Ugh...
Estávamos amarrados, deitados no chão frio e duro.
Todos sofreram ferimentos graves. Ossos quebrados; uns inconscientes.
Ninguém morreu, por ora, e alguns haviam perdido grandes quantidades de sangue e estariam falecidos pela manhã.
Foi apenas por pura sorte que a batalha terminou sem que nenhum de nós perdesse a vida de imediato.
Fomos emboscados no momento em que nos infiltramos na caverna.
Primeiro, miraram em nossas luzes.
Na escuridão da caverna, era impossível dizer quantos inimigos havia. Um por um, caímos.
No rescaldo da batalha, nos encontramos deitados aos pés de cerca de uma dúzia de humanos e um número equivalente de bugbears.
Ah, e um orc.
Sim... um orc.
E não qualquer orc também. Um domador de feras.
Quando o olhei com ódio, ele olhou para mim com uma expressão lasciva e zombeteira em seu rosto hediondo.
O medo tomou conta de mim.
— Olha o que mais voou em nossa rede depois da fada! Mó bifão!
— Geh, heh, heh… Chefe, que tal entregar a mulher para mim?
— Idiota! Todos nós vamos compartilhá-la, certo, irmãos?
— Certo, certo, sem manter a lindinha só para você.
— Tudo bem, como é isso? Prendemos ela, matamos todos os homens e depois jogamo os corpos do lado de fora? — Ao ouvir isso, de repente sabia que queriam algo comigo.
— Guh... Apenas... me mate...
Eu podia ouvir o medo em minha própria voz fraca e trêmula.
Não queria morrer, no entanto. Ainda não tinha feito nada. Qual era o sentido de passar por tudo isso, me tornar uma cavaleira só para morrer agora? Não conseguia suportar o pensamento disso.
"Por favor… não faça nada comigo, por favor."
Foi quando ouvi uma vozinha aguda na penumbra.
— Ei! Não tão rápido! Não faz sentido matá-los agora! Não quando vocês chegaram tão longe sem que sua operação fosse exposta! Se os habitantes da cidade descobrirem os corpos, vocês serão perseguidos e caçados por dezenas de cavaleiros!
— Eu sei exatamente o que devem fazer! Esperem até de manhã e execute-os do lado de fora! Encene-o para que pareça que eles finalmente encontraram os bugbears que estavam procurando. Oh, opa, estávamos nos perseguindo, e logo do lado de fora da floresta, bam! Ataque de bugbear! Sangue por toda parte! Ah, e devem deixar alguns cadáveres de bugbear só para parecer que foi uma verdadeira luta até a morte. Os humanos são estúpidos; eles vão cair direitinho! Olha, querem mesmo que todo o seu bom trabalho seja desperdiçado? Não, não, seria uma pena! Eu sei que são muito espertos, o bastante para não estragar tudo agora! Sem mencionar que está muito escuro aqui. Você quer dar uma boa olhada em seus rostos à luz do dia enquanto você os mata? Vê aquele olhar em seus olhos que diz "isso não pode estar acontecendo!"...? Vai ser muito mais satisfatório matá-los enquanto vê isso, não acham?
Não pude acreditar.
Havia assumido que a fada tinha sido capturada, mas não; a coisinha malvada estava do lado desse grupo de bandidos o tempo todo.
A emboscada em que entramos foi, sem dúvidas, montada com base nas informações que a miserável forneceu.
— Você pode ter razão, fada. Tudo bem, homens. Nós trancamos todos eles. Heh, cavaleirinha... vou levá-la até o céu enquanto meus homens observam... — O orc agarrou o meu cabelo e me arrastou pela caverna.
Meus ouvidos estavam cheios com o som horrível dos bandidos todos rindo e zombando enquanto eu era levada.
Nas profundezas do local, fui arrastada a um quarto sem nada além de um colchão de palha sujo e jogada no chão.
Virei-me para ver o orc pairando acima de mim. Apenas um orc.
O resto eram todos humanos.
Peludos e despenteados, pareciam um bando de bandidos sujos. Ainda assim, humanos.
— Seus malditos vis... Como podem se unir a um orc imundo!? Vocês não têm senso de orgulho humano?
— Um orc imundo? Agora, agora, isso é apenas racista. A guerra acabou, tá ligado. Estamos todos do mesmo lado agora. Temos que jogar bem juntos... certo? — Com isso, todos caíram na gargalhada, e com gritos de “ouçam, ouçam!” começaram a bater no ombro dele.
O orc sorriu divertido também e começou a bater nos ombros deles em volta.
Eu estava com muito mais problemas do que imaginava. Nunca passou pela minha cabeça que orcs e humanos pudessem se unir. Pensando nisso de maneira lógica, porém, não era tão estranho.
Domar animais selvagens era uma antiga técnica demoníaca, amplamente adotada pelos orcs. E os bugbears eram um dos animais mais comuns a serem manipulados dessa maneira.
Aprendemos isso na escola de cavaleiros.
Portanto, havia mais do que alguns orcs ao redor que seriam capazes de orquestrar os recentes ataques de bugbear. O país dos orcs também estava por perto. Tudo fazia sentido.
Não tinham sofisticação para atacar comerciantes e fugir com a quantidade certa de saque para evitar levantar suspeitas, entretanto.
Se um orc atacasse um mercador por seus próprios planos, saqueariam tudo e não deixariam nada para trás, nem mesmo restos.
Caso estivessem se beneficiando do toque sofisticado dos humanos, então essa seria uma história diferente... Por que não percebi antes? Era tão óbvio.
Bem, eu sabia por quê.
Porque eu estava agindo sob a ilusão de que humanos e orcs nunca se uniriam. Que os orcs não eram capazes de formar alianças verdadeiras com outras raças.
E eu realmente acreditava que a raça humana superior nunca desceria tão baixo a ponto de confraternizar com eles.
Agora veja onde minha ingenuidade me levou.
— Certo, quem vai primeiro? É o chefe, não é?
— Não, não. Todos vocês se divertem primeiro. Eu vou depois.
— Você não pode estar falando sério, chefe. As cavaleiras são as favoritas dos orcs, não são?
— É costume dos orcs deixar os ranques mais baixos serem os primeiros.
— Bem, é costume humano submeter-se ao chefe. Não teríamos chegado tão longe sem seus bugbears, chefe.
— Ah, é? O que cês estavam dizendo com aquilo sobre odiar a autoridade e nunca curvar pros superior?
—É uma história diferente quando é alguém que respeitamos, chefe. Todos nós confiamos em você.
— Heh, heh. Bem, se for esse o caso, então não me importo. — Me alcançou com suas mãos horríveis e carnudas.
Ia me contaminar, assim como minha irmã. A percepção foi horrível e absoluta. Pude sentir todo o sangue sumir do meu rosto.
Minhas mãos e pés estavam frios e estava começando a tremer. — N-não…! Pare…!
— Ei, ei, cavalerinha, não acha que tá agindo errado? Do jeito que tu tá, seria melhor cê implorar pela morte? Deixaria as coisas bem mais interessantes! E o que disse antes? Vamos ouvir isso de novo, hmm?
Não! Não, não, não!!!
Tudo o que conseguia pensar era na minha irmã, quebrada além do reparo.
Em minha mente, ainda podia ouvi-la gritando de terror sempre que nosso pai se aproximava demais. Nosso próprio pai. Seu rosto, o horrível olhar vazio em seus olhos enquanto nos contava sobre os seis filhos orcs que foi forçada a ter... Eu estava furiosa. Foram os orcs que fizeram isso com ela. Eu sabia que teria que dedicar minha vida a acabar com cada um deles.
Quando fui forçada a olhar para o... ingurgitamento de Bash... não senti nenhuma vergonha nem histeria. Não, não senti nada além de pura e ardente raiva.
Nunca tinha imaginado nada pior do que isso acontecendo comigo.
Era ingênua. Nunca em meus sonhos mais loucos pensei que as atrocidades que minha irmã suportou poderiam um dia me acontecer.
— Saia de mim! Não! Não! Não! Não!!!
— Ei! Calmou aí, viu?
Com minhas mãos amarradas atrás das costas, era impossível evitar que arrancasse minha armadura com uma série de barulhos pesados.
Tudo o que fazia era soluçar e gritar.
Uma vez que foi retirada, todos se inclinaram para mais perto, os olhos absorvendo os contornos do meu corpo, agora visíveis através da minha roupa íntima de algodão apertada.
— Não consigo esperar mais!
— Nããooo!!!
As mãos do orc se estenderam e rasgaram minha roupa de baixo pela frente. O som da respiração pesada dos outros homens de repente aumentou. A baba começou a escorrer de um canto da boca suja do orc.
— … Ei! Que som é esse?
Um dos homens de repente gritou, parecendo preocupado.
— O-o quê?
Pararam de ofegar de repente, e o silêncio encheu a sala. O som da luta foi subitamente audível, vindo de algum lugar próximo.
Na verdade, não era idêntico ao som padrão de uma luta. Era mais como o som de uma pessoa abrindo caminho, sem contestação.
Nesse momento, um dos outros entrou correndo na sala, tropeçando nos próprios pés em pânico.
— Chefe! É o inimigo!
— O que?! Havia mais deles? Quantos?!
— São... são apenas dois...
— O quê?! Então se recomponha e lide com isso! Não os deixe escapar!
Só dois? Isso não era de interesse para esses bandidos. Estavam mais preocupados com o assunto em questão. Queriam desfrutar de uma mulher pela primeira vez em quem sabia quanto tempo. Todos voltaram seus olhos para mim, famintos.
Alguns ainda pareciam preocupados com a aparência de pânico do mensageiro, no entanto.
Após uma inspeção mais próxima, seu rosto estava salpicado de sangue, mas a pele por baixo estava pálida e doentia.
O mensageiro gritou de novo.
— Não há mais ninguém para lidar com isso! Eles quase nos exterminaram! Temos que correr agora...
Foi quando a parede explodiu de repente.
Todos os bandidos congelaram e se viraram para olhar na direção do distúrbio. Da nuvem de poeira, uma pequena criatura brilhante veio flutuando no ar.
— Ah, bom trabalho, chefe! Você estava certo. — A fada parecia calma e relaxada, tão diferente da tagarelice hiperativa que vinha fazendo antes.
A poeira se acalmou e um enorme buraco aberto na parede foi visto. Então, daquele buraco escancarado, uma figura enorme entrou na sala. A visão dele roubou meus últimos fragmentos de esperança.
Pele verde, presas longas. Outro orc. Como se não fosse ruim o suficiente.
Comecei a tremer ainda mais forte do que nunca. Somente imaginar o que estava prestes a acontecer comigo fez meus membros ficarem dormentes de medo. Pude sentir as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
A resignação me inundou, e aceitei meu destino…
Mas o novo orc olhou ao redor da sala, enfim fixando os olhos em mim.
Não estava olhando de soslaio para minha pele exposta e nua. Não, me olhou bem nos olhos.
Falou com uma voz que passei a reconhecer nos últimos dias.
— Eu estou aqui para ajudar.
… Isso é o que disse.