Volume 1
Capítulo 3: O Guardião de Penas Douradas
[Reino de Eldoria, 20 de julho de 810 da era Mágica]
— Príncipe Magnus! — O General Stanford chamou minha atenção enquanto ajudava no treinamento de alguns de seus soldados. — Você tem consciência de que completou 20 anos de idade? Acha que está pronto para sua formação como o Protetor Guardião de Eldoria?
— Sendo sincero, ainda não estou convicto de que realmente receberei essa honraria diante do trono. — Com um gesto, pedi para que o soldado ao meu lado continuasse seu treinamento. E então me aproximei do general que estava sorrindo orgulhoso para mim. — Teve mais alguma notícia?
— Tenho uma notícia boa e uma ruim para você! — Disse essas palavras colocando em minhas mãos uma carta com o selo real, logo imaginei sobre o que se tratava. — A primeira notícia é que você e seu irmão, irão participar da sua Ascenção ao título que lhe pertence. Ele irá ser seu escudeiro oficial, e estará sob seus cuidados no que se refere ao treinamento especial que receberá.
— Então Max aceitou a proposta dos meus pais? — Destaquei o selo com cuidado para não estragar a carta e comecei a leitura. — E a notícia ruim imagino que seja o conteúdo dessa carta.
— Vocês já estão convocados para agir em sua primeira missão em nome do estandarte de Eldoria meu Rapaz. — Stanford cruzou os braços em meio a toda aquela armadura em volta de seu corpo sorrindo como se já esperasse minha próxima fala.
— Acho que não temos notícias ruins para o dia de hoje então. — Devolvi o sorriso de forma confiante.
— Eu já imaginava que diria isso. — Assim que o General terminou sua fala, uma linda jovem de cabelos loiros e olhos azuis, adentrou o local.
— M-a-g-n-u-s!!! — Gritou ensandecida enquanto batia o pé vindo em minha direção, e a julgar pela sua expressão, nada realmente estava bem por ali. — Eu ainda não terminei minha conversa com você!
— Ih! Lá vem ela... — Stanford olhou para sua filha, e então logo me deu uma piscadela. — Vou deixar vocês a sós. Boa sorte Garoto!
— E-ei!!! Que história é essa? E-ela não é sua filha?! — Tentei protestar contra a atitude de Stanford, mas o maldito fugiu da guerra antes mesmo dela começar.
— Eu não costumo me envolver em problemas dos alheios!!! — Gritou aquele covarde general enquanto já estava passando pela porta.
— COMO É? — Olhando para ele incrédulo, logo uma mão pousou sobre meu ombro, e já sabia que estava muito encrencado.
— Você prometeu treinar comigo hoje não prometeu? — Senti um calafrio tomar conta do meu corpo todo, e por mais uma vez, não consegui fugir de Elize D'Oriana.
Se passaram 8 anos desde que derrotei Elize e que finalmente havia despertado em mim a benção de Hawlking. Assim como meu irmão tinha controle sobre os poderes de Luz da Águia celestial, eu descobri que conseguia dominar os poderes das Sombras da mesma deusa, e desde então, meu treinamento se tornou cada vez mais rigoroso, pois o poder destrutivo que havia descoberto dentro de mim, poderia ser perigoso demais para as pessoas ao meu redor caso não obtivesse controle total sobre esse poder.
Por outro lado, Elize D'Oriana nunca aceitou aquela derrota humilhante, e por isso, nunca mais deixou de tentar me derrotar em uma batalha. Infelizmente para Elize, nunca conseguiu qualquer vitória sobre mim após o despertar da Benção de Hawlking, o que fez com que aflorasse nela um objetivo obsessivo e pessoal em obter qualquer vitória sobre mim.
Elize havia crescido e amadurecido muito com o passar do tempo, já não era mais aquela garota tremendamente irritante e arrogante que havia sido no passado. Acredito que apesar da rivalidade, nós havíamos nos tornado bem próximos e amigos um do outro, a ponto que minha influência em sua vida mudou muitas coisas no seu jeito de pensar. Até mesmo instrutora auxiliar ela havia se tornado na Academia de Espadas de Eldoria, ajudando a formar novas cadetes do exército composto inteiramente por mulheres, uma iniciativa bem interessante por parte dela.
Sua aparência amadureceu ao seu ápice, como uma mulher feita que havia se tornado, e posso até mesmo a dizer que era uma das mulheres mais belas que já havia visto em toda Eldoria.
— Você vai me fazer mesmo treinar com você agora? Eu preciso me preparar para a... — Fui interrompido por Elize que colocou seu dedo indicador sob meus lábios com um sorriso provocador no rosto.
— Para a Cerimônia de Proclamação do Grande Guardião Protetor de Eldoria. É... Eu tô sabendo. — Ela pegou minhas mãos e então começou a me puxar. — Vem vou te dar um presente pelo seu dia especial.
— C-como assim? — Confesso ter corado um pouco nesse momento.
— Anda logo! — Me puxando com mais força, fui obrigado a fazer como ela queria, e então só me restou segui-la. — Você vai gostar!
Assim que saímos pelas grandes portas da Academia, Fenrir latiu com toda sua animação chamando a atenção de ambos. O latido dele havia se tornado forte e poderoso, pois estava bem maior, já se parecia com um verdadeiro lobo. Muita coisa havia mudado com o passar dos anos.
Obviamente Max havia crescido também, e nesse tempo que se passou, ele e nossa mãe domesticaram um corvo mágico ao qual deram o nome de Hugin, que logo se afeiçoou ao meu irmão, o ajudando em tudo o que o jovem príncipe decidisse planejar ou fazer. Não atoa que Max se formou como um grande estudioso e um grande intelectual dentro do Reino de Eldoria. Por esse motivo o povo começou a nos chamar de a “As Asas de Eldoria”, um sendo a Mente, e o outro a Força. E trabalhando juntos, éramos a esperança do futuro promissor que todo o povo de Eldoria sonhava.
O ar de prosperidade e sucesso havia tomado por completo o Reino e de todas as pessoas que viviam sob sua proteção e esforços. E por esse motivo, uma enorme estátua de Hawlking feita de ouro e marfim foi inaugurada na parte central do reino. Max havia compartilhado comigo o desejo da construção da estátua ainda quando tinha 12 anos de idade, e agora que ele completou 16 anos, tive a alegria de estar ao seu lado no exato dia em que ele inaugurou seu grande projeto. Juntos abençoamos aquela estátua colocando a mão sobre o altar em que ela se fazia.
"A sua Espada e a minha Magia, juntas e unidas para sempre irmão.”
Toda vez que passava diante daquela estátua, as palavras de Max vinham a minha cabeça, e eu não poderia ter mais motivos para sorrir do que lembrar do havia me dito naquele dia.
Meus pais por outro lado, começaram a se fazer mais presentes na vida do povo. Pois, concluíram que estavam ficando velhos pra ficarem confinados dentro do castelo, e que deveriam aproveitar mais a vida junto ao seu povo. Não digo que estão errados, afinal, eu faria a o mesmo. A única coisa que me causa um pouco de desconforto e até mesmo a Max, é falarem que estão ficando "velhos", porque, sinceramente é exagerado, sem falar que agora não param de contar sobre como se conheceram, e de como Eldoria nasceu com seu símbolo primordial.
"Meu filho! Preste atenção! Eu era jovem e extremamente inconsequente assim como você! Conheci sua mãe ainda quando Eldoria era apenas um sonho! Estava voltando de uma gloriosa e vitoriosa batalha, quando eu e meus soldados começamos a comemorar e cantar as músicas que nos inspirava, e foi nesse momento que ela apareceu juntamente com suas divas. Começaram a dançar e se apresentar para todos nós, e assim que olhei para ela soube exatamente que era a mulher que queria ao meu lado para o resto da minha vida.”
Vocês não têm ideia o quão cansado estou de ouvir sempre a mesma história, mas devo confessar que é emocionante ouvir minha mãe contar a sua parte também.
"Ah! Querido você fala isso com tanto romantismo, mas não conta para eles quanto tempo deixei você esperando por mim. Meninos, seu pai ficou correndo atrás de mim por meses incessantemente, já que o negava de forma constante, porque ele era extremamente orgulhoso por conta do seu título de líder Eldoriano. Por que eu fiz isso? Bem, eu já estava apaixonada, mas queria que ele se mostrasse de forma verdadeira para mim. Dessa forma, um dia ele finalmente apareceu sem utilizar aquela máscara, e me perguntou de forma sincera o porquê de eu o negar, e eu fui mais sincera e clara ainda, assim como ele estava sendo. Disse a ele que não tinha interesse nenhum no ‘Maximilian Galanteador’, mas que tinha um interesse grande no ‘verdadeiro e sincero Maximilian’. Eu nunca o neguei de fato, só queria que ele se tornasse mais respeitável do que já era. E após um tempo nos relacionando, descobrimos que eu era a receptáculo abençoada que carregava a Deusa Hawlking dentro de mim, e que meus sucessores iriam ser abençoados por ela. Por isso Eldoria, por ordem de seu pai, ganhou os estandartes pretos e dourados, e o símbolo de uma águia majestosa."
Não sei se é porque sou jovem, mas sinceramente acho que meu pai é muito teimoso às vezes. Só não vou mais reclamar, pois foi sua teimosia que me fez nascer nesse mundo. Apesar de todos esses acontecimentos, acredito que minha casa está muito melhor do que jamais esteve em todos os sentidos. Eldoria segue confiante e progredindo como sempre esteve.
Nesse meio tempo, também descobri que Fenrir na verdade não era um lobo perdido que vivia na cidade, e que sua história era muito mais próxima de nós do que imaginava. O General Stanford D'Oriana, pai de Elize, resgatou Fenrir em uma de suas expedições para o lado norte do continente de Thâmitris, conhecido também como as Terras Gélidas. Em seu retorno após o fim de sua campanha naquele local, acabou por encontrar um filhote de lobo perdido, e que parecia estar morrendo de fome. Compadecido pela dor que o animal estava sentindo, resolveu levá-lo para casa, onde presenteou Elize com o filhote.
Elize já havia o batizado de Fenrir justamente em homenagem ao antigo e poderoso Deus Lobo das Terras Gélidas, que governou por muito tempo o local, antes de simplesmente sumir do mapa. Isso ocasionou em uma pequena coincidência, já que no dia em que conheci o filhote pela primeira vez, eu disse que ele se parecia com o antigo Deus Fenrir das histórias, e logicamente que o animal reagiu ao nome, fazendo com que sempre o chamasse pelo nome que lhe tinham dado.
— Aonde você está me levando hein?! — Perguntei a Elize que não parava de sorrir enquanto me puxava por toda a cidade do Reino de Eldoria.
— É segredo! Você vai ver quando chegar lá! — Chegava a ser estranho ver a menina que uma vez tentou me matar, agora sorrir de forma tão doce para mim. Era incrível como ela havia amadurecido, o quanto aquela carapaça que cobria sua beleza interna, não faz mais falta nenhuma em seus lábios quando sorriem.
Fenrir latiu para nós por mais uma vez enquanto continuava a correr atrás de mim e Elize, e pelo jeito, algo me dizia que ela estava pegando o caminho mais longo de propósito. O que me fez soltar um pequeno sorriso.
E assim permanecemos até que finalmente havíamos saído para fora das muralhas do reino, indo diretamente para um riacho entre a mata densa que ali havia por perto. Ela parou dando um longo suspiro e então se virou para mim se aproximando de forma gentil.
— Sabe Magnus... Eu aprendi muitas coisas com você nesses últimos anos, e com toda a certeza do mundo. — Ela se aproximou gentilmente, levantando seus braços, envolvendo meu pescoço entre eles. — Você é um grande merecedor do título que irá receber na cerimônia de hoje. E mesmo que o veja como um rival saiba que tenho um grande apreço por tudo o que você representa para mim.
Então se ouviu um estalar de algo se encaixando, Elize por sua vez, logo se afastou de mim deixando apenas seus olhos fixos aos meus por alguns segundos. Ao desviar o olhar para meu pescoço, vi que era um pingente de prata, onde havia uma pequena medalha, e ao redor de todo o seu contorno estava escrita a oração para Deusa Águia Halwking.
— Elize... Eu nem sei o que te dizer. — Fiquei surpreso com aquele presente, eu realmente nunca esperaria algo assim. Mas pensando melhor agora, Elize havia se aproximado de mim com grande afeto desde que começamos a conviver com mais frequência. — Muito obrigado...
— Você se tornará o Guardião de Eldoria no dia de hoje, seu irmão será a Mão que Guiará nosso povo, e eu... — Ela então começou a desabotoar sua blusa. — A Dama de Guerra da Rainha. E para isso, acho precisamos estarmos limpos.
— E-espera... O que você... – Fiquei surpreso ao perceber o que estava acontecendo naquele momento
— O que foi Magnus...? Está com vergonha? Somos guerreiros, não devemos nos envergonhar com algo assim... Nem teremos tempo para isso.
E foi nesse momento que vi o corpo de uma mulher despida pela primeira vez. Ela se aproximou de mim e então começou a retirar as minhas roupas com delicadeza sem tirar o seus olhos dos meus.
— Acho que descobri onde é que você perde para mim. E nós só vamos tomar um banho... — Aquele olhar fatal eu conhecia, e era extremamente perigoso.
[...]
De frente para o espelho, as vestes Reais agora pareciam me deixar cada vez mais próximo da imagem do meu pai. E olhando meu rosto com mais proximidade, percebi uma barba rala que já havia começado a se formar sob a extensão de meu maxilar. É incrível e assustador ver como o tempo passa num piscar de olhos.
— Jovem Mestre? Está pronto? — Miyuki adentrou no meu quarto tão linda quanto costumava sempre estar. Mesmo trajando suas vestes de serviçal, Miyuki nunca deixou de mostrar o quão hábil era com sua Katana. Pois veio de muito longe, das terras a leste do continente de Thâmitris. Ela servia pessoalmente ao grande Shogun, e com ele aprendeu não só a ser a melhor de todas as servas, como também a melhor guerreira que poderia se encontrar.
Mas dessa vez, ela não estava usando suas roupas de trabalho, e sim sua honrosa armadura, que não podia deixar de ter os elementos de uma serviçal por todos os seus detalhes. Ela segurava sua Katana pela bainha com as duas mãos. Diligentemente, educada e respeitosa a todo o momento. Miyuki provavelmente era uma das pessoas mais confiáveis para mim em todo aquele Reino.
— Eu estou parecendo um bobo. — Sorri para ela que se aproximou deixando sua espada curva encostada na parede.
— Certamente não está. É o príncipe mais bravo, corajoso e elegante que tive a grande oportunidade de servir. — Ela proferia tais palavras enquanto ajustava a gola da minha camisa por baixo do colete. — Hoje é um dia especial. E posso dizer que estou honrada em servir ao senhor, Jovem Mestre.
— Obrigado por tudo até aqui Miyuki. Você é muito importante para mim. — Vi suas bochechas corarem por alguns instantes, mas ao invés de desviar o olhar como ela sempre fazia, dessa vez ela manteve-se firme, e seus olhos continuaram fixos aos meus, dando um último ajuste em meu colete. Ela realmente havia amadurecido muito também.
— Vamos? Estão todos lá em baixo prontos para o inicio da cerimônia. — Ela se afastou pegando seu armamento novamente.
— Pode ir, eu logo estarei lá. — Em uma reverência, ela se despediu e então se retirou. Agora sozinho, voltei a olhar mais uma vez para mim no espelho. — Você escreveu o seu destino. Agora chegou o peso da responsabilidade Magnus.
E assim sai pela porta do meu quarto, dando passos profundos que ecoavam pelo corredor. Enquanto seguia meu caminho, percebi que alguém vinha no sentindo contrário ao meu, estava trajando roupas elegantes, e por algum motivo, um sentimento de perigo iminente instalou-se em meu coração. Cada vez mais próximos um do outro percebi de quem se tratava. Aquela cicatriz em seu olho não me deixava dúvidas de quem era.
— Príncipe Magnus Wingsfield! — Com as mãos no bolso, o sorriso se fez em seu rosto. — O Guardião de Eldoria. Quem diria! Não é mesmo? Meu sobrinho...
— Tio Edward. O que está fazendo aqui? — E então todo sentimento de perigo já havia se dissipado. — Não deveria estar com todos lá em baixo?
— Subi para fumar um pouco e tomar um ar. Está um tanto sufocante lá em baixo com tantas pessoas te esperando! — Seus cabelos negros estavam bem cortados, deixando apenas as suas mechas laterais grisalhas aparentes, seu cavanhaque e bigode como sempre bem desenhados. Esse era o meu Tio Edward que sempre o via quando criança, não só por ser irmão de minha mãe, mas por ser um grande diplomata entre os reinos de Thâmitris. — Desço antes das trombetas tocaram! Prometo!
— Está bem tio! Não se preocupe! Nos encontramos logo mais, lá embaixo! — E assim com um sorriso no rosto, segui meu caminho.
— Sim garoto, eu te vejo depois... — Foi o que meu tio disse naquele momento para mim.
Descendo as escadarias, logo percebi que todos estavam presentes no local. Meus pais diante aos seus respectivos tronos, meu irmão ao lado de Elize e Miyuki, os cavaleiros e veteranos de Eldoria e o povo que se aglomerava do lado de fora do palácio. Posicionei-me diante do trono fazendo reverência aos meus pais e comecei minha caminhada pelo enorme tapete dourado da sala, as trombetas tocaram e então me ajoelhei diante deles.
— Muito bem meu filho... Eu estou orgulhoso de você. — Cochichou meu pai antes de falar qualquer coisa.
— Eu agradeço vossa majestade. — Pisquei para ele que sorriu em resposta.
— Magnus Wingsfield! Primogênito do Trono! Abençoado por Halwking! E agora o Guardião de Eldoria! — Meu pai retirou da bainha sua espada, famosa por sua aparência. Uma espada longa de uma mão, com sua guarda ornamentada em asas Abertas e douradas juntamente a um cristal de mana vazio ao seu centro. Seu pomo também continha um cristal de mana vazio, mostrando que não precisava de magia nenhuma para empunhá-la. Ele colocou a ponta da espada sob meus ombros, e por fim acima de minha cabeça. — Como Rei de Eldoria, protetor e responsável pelo meu povo, lhe concedo a honraria e o título de Guardião Eldoriano! Então diante de todos, aqui neste local, faça seu juramento e promessa!
— Enquanto eu viver, enquanto eu lutar, não deixarei que nenhum e nem ninguém morra sob meu olhar! Pois enquanto Guardião de minhas terras, eu Magnus Wingsfield juro morrer segurando minha espada. — Meu olhar vai para Max que sorria gentilmente para mim, pois somente eu e ele, sabíamos o quanto havia me esforçado para chegar até ali. Eu devo tudo ao meu irmão por nunca desistir de mim, e foi assim que terminei aquela promessa, olhando para quem mais merecia e sempre mereceu estar ao meu lado. — Prometo proteger, guardar e zelar por tudo aquilo que amo e nunca deixarei de amar!
— Muito bem. — Meu pai se agachou diante de mim e me ajudou a levantar, guardando a espada na bainha novamente, e por fim, entregando-a em minhas mãos. — Então vou confiar a você a minha honra também meu filho. Pois só eu sei o quanto aprendi com você nesses últimos anos, quero que continue me surpreendendo. E por isso, peço perdão por não ter acreditado mais em você.
Aquelas palavras entraram no fundo do meu coração, e sinceramente não estava esperando por aquela declaração. Eu e meu pai ficamos cada vez mais próximos nesses últimos quatro anos.
Por muitas vezes ficávamos horas nas madrugadas conversando e nesses momentos ele me contava todas as suas aventuras. E só eu sei o quanto ele parecia ter orgulho, mesmo sem nunca ter tido o mérito que merecia por cada batalha que venceu. E ainda assim, mesmo diante a todos os problemas, ele fez questão de criar o lugar onde todos nós amamos e chamamos de lar.
— Força meu filho. Saiba que eu te amo mais do que pensa, e que estou verdadeiramente orgulhoso de quem você está se tornando hoje. Cuide bem dessa espada, pois será sua melhor amiga, assim como sempre foi para mim. — Então ele se afastou olhando diretamente a mim, e eu já sabia qual era o dever final para encerrar a cerimônia.
Tirei a espada da bainha, deixando toda a benção de Hawlking esvair do meu corpo, fazendo com que a lâmina da espada brilhasse intensamente, enquanto que seus cristais se enchessem de mana púrpura do elemento sombrio da deusa águia. E assim que a levantei, asas grandes e douradas cresceram em minhas costas, fazendo com que todos ali presentes retirassem suas armas da bainha e gritassem uníssonos comigo.
— POR ELDORIA!!!! — E assim um grande sorriso se fez presente no meu rosto, pois finalmente havia alcançado a posição que almejava. Eu já não era mais o príncipe perdido de Eldoria, agora eu havia me tornado algo maior, algo de responsabilidade, eu havia me tornado o Guardião de todo um povo, ao qual aprendi a amar por toda minha vida.
Mas às vezes tudo aquilo que é perfeito, pode acabar mais cedo do que todos nós imaginamos, e nem sempre as coisas podem ser do jeito que queremos. A frustração é um sentimento forte que pode consumir tudo o que você acredita ou pensa acreditar. O ódio é a fonte da própria destruição quando não controlado, e a incerteza é o seu pior inimigo quando a ruína vem com a desolação. O herói que você um dia sonhou em ser pode simplesmente ser arrancado de você, com toda a força e brutalidade, sobrando somente a impotência que consome seu coração, ao olhar e ver tudo ser destruído sem poder fazer absolutamente nada.
— Estamos sendo atacados!! Estamos sendo atacados!! — Gritou um homem que correu entre as pessoas parando diante de mim. — Há cavaleiros vermelhos por todos os lados!! Estão invadindo Eldoria !!
— Por Halwking quem são os invasores!? — Meu pai automaticamente se levantou pegando sua outra espada com grande fúria. — Atenção meus guerreiros!! Defendam Eldoria!!
Em questão de segundos todo o palácio havia se esvaziado após meu pai sair correndo junto aos soldados, não havia mais nenhum dos cavaleiros ali dentro, pelas portas que foram deixadas abertas eu não estava acreditando no que estava vendo. As chamas dançavam pelas casas no horizonte profundo do Reino, cavaleiros de brasões vermelhos invadiam as terras que cresci. Por um minuto comecei a pensar que era incapaz de ser quem eu queria ser, até ver Elize retirar sua espada da bainha e se aproximar de mim.
— Magnus! Acorda! — Ela me de um tapa que me deixou consciente novamente. Precisamos fazer alguma coisa!
— Estou logo atrás de vocês! — Max sacou sua Rapiera que havia sido feita especificamente para ele, tendo sua guarda mão toda ornamentada em formato de penas. — Não deixe que isso te mude irmão! Todos aqui precisam de você agora! Chegou mais cedo do que todos esperavam a hora de mostrar o porquê você é o Guardião de Eldoria!
— Vocês estão certos! Precisamos agir também! — Olhei para fora ouvindo os gritos de agonia das pessoas que estavam sofrendo naquela batalha surpresa e covarde.
— Jovem Mestre! — Miyuki sacou sua Katana. — Estou às suas ordens!
Assentindo com a cabeça agradeci a ela, Fenrir latiu se juntando a nós, rosnando para o lado de fora como quem já sabia que estavam atacando seu lar. Olhei para trás e vi minha mãe se esforçando para levar todos os cidadãos que ali estavam para um local seguro, longe do reino.
— Vão! Ajudem seu pai! Vou guia-los a um lugar seguro e logo me juntarei a vocês com meu arco! — Gritou ela.
Corremos conflito adentro, deixando com que aquela cena horrível de carnificina, entrasse sob nossos olhares.