Volume 1
Capítulo 24: As Questões dos Líderes.
[Reino Élfico, 1 de junho de 812 da era Mágica]
— Fiquei sabendo que alguém estava me procurando... — Escorado na parede de braços cruzados, abordei Aralyn que saía de seus aposentos.
— Ah!!! — Ela pulou de susto, equilibrando-se para não deixar com que os livros que segurava caíssem ao chão. — Príncipe Magnus? Quer me matar do coração? Aliás... O que está fazendo aqui? Ficou maluco? Sabe que não pode vir até esta área do castelo.
— Bem, não foi muito difícil passar pelos guardas, eu só precisei falar que você estava a minha espera. Talvez seja melhor reforçar o treinamento deles. — Sorri de forma provocativa ao me aproximar dela.
— Francamente! — Ela suspirou em desaprovação. — Sim, eu estava te procurando. Seus animais estão totalmente recuperados, acredito que queira ir vê-los...
— Ah! Isso é ótimo, realmente já estava sentindo falta de Fenrir e Aragon. — Ao ouvir minha resposta, Aralyn se aproximou e então, olhou em meus olhos de baixo para cima.
— Eu particularmente... Acho muito especial a relação que você tem com seus animais. — Ela sorriu de forma gentil e carinhosa, me deixando um pouco deslocado, o que só reforçava meu pensamento de que realmente não sei lidar com mulheres. — Venha, vou levar você até o centro médico do castelo.
Enquanto caminhávamos, Aralyn começou a me passar os detalhes do seu embate com seu próprio pai. O Rei Eldrion era alguém extremamente desconfiado e cheio de orgulho, não queria aceitar que precisaria de ajuda externa para conseguir combater de frente com os exércitos vermelhos que se preparavam para atacar o reino. Aquele tipo de atitude poderia levar o Reino Élfico a cair, assim como Eldoria, e por fim, também levaria consigo toda a Ordem Sacro Mágica e o domínio total da Árvore Sagrada da Vida.
— Infelizmente Magnus, meu pai é teimoso de mais... Não sei como vou fazer pra conseguir convencê-lo. Ele precisaria de uma prova concreta suficiente para poder deixá-lo em estado de alerta. — Aralyn segurou consigo os livros que carregava bem próximo a si e com muito cuidado para não derrubá-los. — Talvez uma mensagem dos deuses...? Eu já não sei.
— Nem sempre a diplomacia irá funcionar... Às vezes é preciso apelar para provas e argumentos fortes o suficiente para gerar uma grande comoção e apelo. — Eu estava começando a ficar preocupado, Eldrion poderia ser o Rei que levaria os Elfos a ruína, se mantivesse aquele orgulho que o isolava do mundo fora da Floresta Sagrada. — Você é a princesa deste reino, pode conseguir convencer seu povo a pressionar Eldrion. Acredito que até mesmo a guarda real irá seguir suas palavras se bem ditas.
— Eu sei que fui treinada e designada a suceder meu pai no trono... Em breve ele já não estará mais apto a continuar com a coroa sobre sua cabeça. Mas... — Ela ficou cabisbaixa de forma triste e pensativa.
— Mas...? — A olhei de relance.
— Eu ainda não me sinto pronta para assumir tanta responsabilidade Magnus. — Seus olhos realmente transbordavam em preocupação. — Naquele dia em que nos encontramos pela primeira vez no rio. Eu havia inventado uma desculpa para sair e... Ficar fora de tudo aqui por um tempo. Minha cabeça estava tão sobrecarregada com as tarefas do Reino que precisei dar um jeito de fugir de tudo isso.
— Eu... Consigo entender seus questionamentos... Princesa Aralyn. — Assentindo a ela com a cabeça, a mesma deixou um pequeno sorriso lateral escapar
[...]
Após mais alguns minutos andando pelos arredores do castelo, finalmente chegamos ao Centro Médico Real. O local se encontra numa área externa próxima aos jardins reais, o que dava uma sensação muito boa de acolhimento aos pacientes. Aralyn também me explicou que os Elfos tem uma grande afinidade com os animais de forma geral, e por isso eles tratam não só indivíduos de qualquer raça, como também qualquer espécie de animais necessitados.
— Fenrir! — Chamei de forma animada o nome do lobo, que logo veio pulando e atropelando quem quer estivesse a sua frente.
O grande lobo me derrubou após se chocar comigo com tamanha intensidade, deixando com que suas patas sob meu peito me prendessem ao chão, seguido de uma série de lambidas no rosto. Ele latiu com animação e eu o levantei, retirando-o de cima de mim enquanto Aralyn gargalhava incessantemente.
— Isso é mesmo curioso... — Aralyn comentou ainda terminando de rir.
— Me explique, por favor. O que seria curioso? — Olhei para ela retribuindo o sorriso.
— Bem... O Fenrir... — Assim que ela começou a falar, um elfo trajado com roupas elegantes de cor branca e detalhes em verde, se aproximou de nós continuando sua explicação.
— O Fenrir é um caso raro e que está em extinção, Príncipe Magnus Wingsfield. — Ele se apoiou sobre sua bengala de cor marrom, onde ostentava uma pedra de esmeralda lapidada em seu topo. — Fazia muito tempo que não via um Lobo Glaucias do Norte, achei que estavam extintos após o desaparecimento do deus Fenrir do Norte. Aliás, é um nome bem apropriado para ele, caro Magnus.
— Doutor Garret! — Aralyn correu abraçá-lo — Você cuidou dos animais de Magnus?
— Mas com toda a certeza, vossa alteza! — Exclamou ele de forma sincera e animada ao ajustar seu paletó.
— Magnus, este é o Doutor Garret Logon! Foi meu médico desde que era pequena, e atualmente é o Grão-Mestre da Ordem Élfica Hospitalar.
O elfo a minha frente, de fato tinha muita presença e carisma. Tratava-se de um homem razoavelmente mais velho, pois seus cabelos grisalhos e acinzentados já indicavam sua idade avançada. Havia um bigode bem feito seguido de um cavanhaque em seu rosto, além de toda sua postura. Olhos cansados e de um verde intenso combinavam com suas orelhas ligeiramente longas e pontudas.
— É um prazer conhecê-lo Doutor Garret. — Apertamos as mãos em um ato de respeito mútuo. — Você comentou algo sobre Fenrir ser de uma espécie quase em extinção... Poderia me explicar melhor.
— Mas é claro! Fenrir faz parte da família de descendência direta do antigo Deus Lobo do Norte, o legítimo Fenrir! — Ele apontou a meu amigo peludo com sua bengala. — Posso não ser o mais versado em biologia mágica, mas tenho plena certeza de que ao pisar na Floresta Sagrada, ele recebeu as marcações de sua espécie. Após o desaparecimento do Deus do Norte, os remanescente de sua subespécie decidiram que era hora de buscar um novo lar... Até serem totalmente extirpados de maneira misteriosa de nosso continente.
— Fazendo com que o meu amigão aqui, possivelmente seja o último vivo de sua espécie... — Conclui o raciocínio de Garret ao acariciar a cabeça de Fenrir.
— Exatamente! — Ele assentiu com sua cabeça ao pousar sua bengala no chão novamente.
— Fenrir não é meu lobo necessariamente, ele pertencia a uma amiga minha. Ela era filha do general do meu antigo lar, que por sua vez era o melhor amigo do meu pai. — Decidi que aquele era o momento certo para explicar suas origens e de como se tornou meu companheiro. — Até onde eu sei, o General D’Orianna havia o encontrado ainda quando era um filhote em uma de suas viagens ao norte, estava sozinho e abandonado, e por isso foi levado para se tornar o animal de estimação de sua filha. Ela havia o nomeado como Fenrir, e eu por sua vez o chamei da mesma forma por achá-lo muito parecido com as descrições do antigo Deus do Norte, fazendo com que o mesmo reagisse. Desde então, Fenrir passou a fugir de casa e entrar no castelo para brincar comigo, até que posteriormente, Elize, a minha amiga, descobriu sobre suas fugas ao castelo e decidimos que cuidaríamos juntos dele.
— É de fato, uma bela história caro Magnus. — O Doutor sorriu, enquanto Aralyn assentiu com a cabeça ao sorrir.
— O que aconteceu com Elize? — Aralyn perguntou a mim.
— Foi capturada e levada junto com minha mãe por Joaquim D’Algardia... Já o general Stanford D’Orianna, morreu dando sua vida pelo reino.
— Eu... Eu sinto muito, eu não sabia... — Aralyn ficou um tanto triste e chocada com a informação.
— Não se preocupe, pois é por isso que estou dando meu melhor por Thâmitris. — Olhei em seus olhos. — Para não deixar que outros reinos tenham o mesmo destino do meu e de tantos que caíram pelas mãos sanguinárias de Algardia. Ainda tenho esperanças de que elas estejam vivas...
O doutor Garret em seguida, me mostrou o estábulo onde Aragon e Marshall estavam recebendo os devidos cuidados e de toda sua equipe veterinária especializada. Quando Aragon me viu, relinchou ao ficar animado, e então rapidamente veio correndo em minha direção cruzando o campo aberto em que estava solto e livre. Somente um cercado de madeira nos separava, mas nada que me impedisse de acariciá-lo em seu focinho.
[...]
Algum tempo depois, Aralyn voltou para o castelo a fim de tentar estudar um jeito de convencer seu pai de que precisava de ajuda para combater as ameaças que estavam por vir. Miriel voltou a me encontrar, mas disse que teria que auxiliar alguns soldados em suas missões de patrulha, e por isso não poderia mais me acompanhar por hoje. Eu a acalmei, e disse que estaria em possíveis três lugares no dia de hoje e que se precisa-se poderia me encontrar em algum deles. O primeiro lugar era a taverna “Javali Voador”, onde pararia para almoçar e conversar com meus novos amigos. O segundo lugar seria a sede da Ordem dos Assassinos, pois gostaria de conversar com a senhorita Elysia Zephiros. E o terceiro lugar, seria o Templo Sagrado dos Deuses, ao pé da grande Árvore Sagrada da Vida, pois também gostaria de conversar com senhorita sacerdotisa chefe, Astrid Isildur.
Miriel então fez reverência a mim e logo saiu para cumprir com suas responsabilidades. Acabei me encontrando com Yusuf quando estava para sair do castelo, ele me disse que iria novamente tentar conversar com seu povo, e que nossa conversa mais cedo lhe havia enchido de convicções e coragem. Pra mim foi ótimo ouvir algo assim dele, é como se meu objetivo em ensinar as visões de meu pai sobre o mundo, estivessem realmente dando certo. Nós nos despedimos, e então seguimos para nossos respectivos caminhos naquela tarde.
Já era quase meio dia e meia, quando finalmente cheguei as portas da taverna “O Javali Voador”, para minha surpresa, logo na entrada acabei por me esbarrar com um homem pequeno de 1,50m de altura. Segurava em suas mãos pelo menos quatro sacos bem grandes de lixo, e realmente pareciam bem pesados. Ele era careca, mas tinha uma barba preta bem grande com vários adornos em prata e três tranças centrais localizadas. Apesar da baixa estatura, sua força era realmente perceptível, pois seus braços eram extremamente fortes e bem treinados. Estava vestindo roupas simples e por cima um avental de cozinheiro.
— Tá olhando o que hein?! — Pelo jeito, ele era bem rabugento também. — Anda! Sai da minha frente seu poste de lampião ambulante!
— Perdão. Não quis atrapalhá-lo. — Respondi ainda curioso sobre aquele ser, dando espaço para o mesmo.
— Era só o que me faltava! Turistas atrapalhando meu trabalho. Tinha que ser um poste mesmo! — Continuou ele a resmungar enquanto continuava seu caminho.
“Mas que sujeitinho nervoso...”
— Ah, desculpe-me por ele, Brok é um rabugento as vezes. — A garçonete que havia me atendido da última vez, veio me recepcionar na entrada.
— Você é a Vic, certo? — Olhei para ela tentando me lembrar de seu nome.
— Isso, Victoria Underwood, mas pode me chamar de Vic mesmo. — Ela sorriu gentilmente para mim. — Você irá adentrar na Taverna, acredito eu.
— De fato, eu preciso almoçar... — Nessa hora, minha barriga roncou de fome. — Bem, acho que agora não tem nem como dizer que não preciso almoçar.
Começamos a rir e então ela me conduziu para dentro do estabelecimento, onde me sentei no balcão junto a Murihad Arduin e Marin Blatgold.
— Marin! — Exclamei ao vê-los
— Pois não...? AH! Olha só quem voltou! — Marin sorriu de forma gentil ao pousar seus punhos sobre a cintura. — Como vai Príncipe Magnus!?
— Quem diria! Achei que não voltaria tão cedo! — Exclamou em animação Muri.
— Estou bem Marin, obrigado. E é óbvio que voltaria! Afinal de contas... Eu gostei muito de vocês e desse lugar. — Cruzei meus braços sorrindo para os dois após as suas recepções acaloradas. — Marin, me sirva o seu melhor almoço! Eu estou com muita fome!
— É pra já! — Logo ela disparou em direção à cozinha sem nem mesmo pestanejar.
— Você sabe mesmo fazê-la feliz viu? — Muri brincou comigo ao me cumprimentar.
— Bom, ela faz uma comida muito boa, o que eu posso fazer? — Começamos a rir até que pela porta, aquele rabugento havia entrado novamente.
— Muri, tudo está organizado e de acordo como combinado, vou voltar a ajudar a Mar... Ah! O poste está aqui! — Exclamou ele ao me ver.
— Eu não sou um... — Suspirei deixando tudo aquilo passar. — Meu nome é Magnus Wingsfield, qual seria o seu?
— Eu sou Brok Bjorn, sou um anão extremamente habilidoso com essas belezinhas aqui. — Ele me mostrou os punhos fechados. — Essas são Bate e Leva! Quer conhecê-las?
— Calma Brok, Magnus é um convidado real. Ele veio aqui para nos prestigiar, inclusive ele elogiou bastante os torresmos que você e a Marin fizeram da última vez. — Explicou Muri ao retirar uma caneca de Elf Ale para mim.
— Hm.... Isso é verdade garoto? — Ele cruzou os braços me olhando.
— Tão verdadeiro e claro como as águas do Reino Élfico. — Assenti a ele pegando minha caneca.
— Interessante. — Ele riu então me cumprimentou devidamente — Gostei de você rapaz! Geralmente não sou muito fã de turistas, sempre estão me atrapalhando ou me insultando por conta da minha estatura!
— Eu nunca tinha visto um anão de fato, e conhecer um pra mim está sendo incrível. — Fui sincero com ele.
— Arduin! Eu realmente gostei desse rapaz! — Ele sentou-se ao meu lado e então pediu uma caneca de Elf Ale também.
[...]
Comecei a perceber que as conversas mais legais e engraçadas que tinha tido até então no Reino Élfico, vinham daquela Taverna. Brok era um homem simples e muito desconfiado, mas extremamente amigável quando se ganhava mais confiança. Ele e Muri me explicaram que os Anões são uma raça muito específica e antiga de Thâmitris, não há mais muitos vivos por conta das antigas guerras, e assim como os Elfos, são seres que vivem muitos anos. Suas características principais são suas hábeis mãos que servem para fazer qualquer coisa, desde as poderosas armas forjadas e indo ao preparo de deliciosas comidas. Após eu falar que havia conhecido uma Fafnir, Brok me explicou que os primeiros Fafnir da história foram aprendizes de anões assim como ele, e juntando os ensinamentos dos anões com o intelecto élfico, puderam criar poderosas armas para os deuses. Muri por sua vez, me explicou que a maior parte dos anões agora vive de forma nômade, viajando e vendendo seus serviços para quem paga mais. Mas Brok por outro lado, foi acolhido pelo pessoal da taverna quando mais precisou, e desde então se dedicou a trabalhar com eles.
Após uma refeição e uma boa rodada de bebidas e conversas, Victoria se aproximou de nós e comentou algo sobre o Festival Anual Élfico. Ela havia dito que ainda não haviam traçado um plano, e não sabiam nem mesmo se iriam conseguir participar dessa vez, o que claramente me despertou um certo interesse.
— Poderiam me explicar mais sobre esse Festival? Eu realmente não sei do que estão falando. — Observando-os por alguns segundos de puro silêncio, Brok começou a gargalhar.
— Rapaz... Você sabe a diferença entre uma bomba de chá de erva mate e um pinto? — Brok se aproximou de mim esperando ansiosamente pela resposta.
— BROK! — Marin deu um tapa na cabeça dele.
— Tá bem, tá bem! — Ele se aproximou e cochichou perto de mim. — Mas se te perguntarem isso de novo, por favor, responda que sabe... Porque se você falar não....
— BROK! — Todos em uníssono gritaram com ele enquanto ele gargalhava.
— Magnus, o festival acontece todos os anos no dia em que o Reino Élfico foi fundado pelo nosso primeiro governante. Exatamente no dia primeiro de julho. — Vic explicou com maestria o que é o festival.
— Todo o reino fica em festa, comida, bebidas, músicas, feiras e gincanas são só algumas das coisas que o Festival Anual Élfico oferece. — Muri continuou completando a explicação. — E a partir de hoje temos exatamente um mês para nos prepararmos.
— É nesse evento que também comemoramos o início do verão, pois toda a comida estocada durante o inverno poderá ser distribuída de forma farta para o Reino! Dando início a uma nova fase de plantações e preparação do solo. — Marin finalizou a explicação de forma clara e didática.
— Realmente, vocês parecem estar em uma situação delicada... Vou tentar ver o que consigo fazer com o apoio da Princesa Aralyn Midgard, tenho certeza de que ela poderá ajudar em alguma coisa. — Tentei acalmar seus ânimos com alguma possível ajuda. — Acho que agora, vocês deveriam focar em fazer as coisas para o evento.
— Como dono da Taverna, eu agradeço imensamente sua disposição em ajudar príncipe Magnus. — Muri sorriu para mim de forma gentil.
[...]
Após me despedir de todos, era hora se seguir adiante até meu próximo destino, a Sede da Ordem dos Assassinos. Durante meu trajeto, acabei por passar novamente pela estátua de Hawlking e a Universidade Élfica que ficava ao fundo. Um pouco ao longe, pude reconhecer aquele garoto com um manto que cobria sua identidade, estava de costas para mim e acompanhado de uma elfa jovem, de pele clara, loira e de olhos azuis. Na mão dela havia um cajado mágico muito bem ornamentado, e nas mãos de ambos, haviam livros. Desta vez o garoto estava sem o capuz sobre a cabeça, e então pude ver claramente que seu cabelo era loiro, ele virou seu rosto de lado por um breve momento, e no mesmo exato instante eu tomei um choque ao ver Max.
— Não pode ser... — Esfreguei meus olhos então olhei novamente, mas eles, mas já haviam entrado na universidade. — Eu... Eu acho que estou vendo coisas. — Assim, segui adiante em direção ao meu destino.
Ao chegar aos portões de entrada, tive que cruzar uma ponte que passava por cima de um rio. O local estava protegido por dois guardas que vestiam mantos e capuzes por cima de seus rostos, todos mantendo três cores padrões, preto, verde e detalhes em dourado. Estavam bem armados com facas, cimitarras, adagas e lanças em suas mãos. Além de proteções locais como peitorais, manoplas e grevas. Fui barrado na entrada onde ambos cruzaram suas lanças para que eu não entrasse.
— Identifique-se, por favor! — O primeiro guarda foi direto ao ponto.
— Me chamo Magnus Wingsfield, sou o acolhido do Reino Élfico por sua majestade. Venho com o intuito de conversar com a senhorita Elysia Zephiros. — Fui sincero quanto aos meus planos.
— Espere um momento! — O outro guarda tomou posição defensiva ao ficar no centro da entrada, enquanto seu amigo foi verificar a disponibilidade do momento.
Enquanto esperava a autorização, comecei a analisar todo o terreno da sede dos Assassinos. Após passar pelos portões, uma fonte estava bem construída na parede a minha frente, enquanto em suas laterais havia escadarias que levavam ao pátio central de todo o complexo. Havia muitas árvores espalhadas por todos os cantos, além de jardins muito bem cuidados.
— Elysia o espera! Venha comigo! — O guarda voltou e assim o fiz como me pediu.
Agora conseguia observar melhor cada canto do complexo, a casa principal tinha um formato em “H” onde havia vários quartos para os membros da ordem. A fachada era como a de uma casa grande, quatro pilastras que subiam até a altura do telhado, com uma sacada acima da porta principal de frente para os jardins. Ao adentrar consegui notar que era maior do poderia imaginar, contendo um enorme pátio de treinamento, onde estavam vários membros praticando lutas imaginárias em movimentos sincronizados, uma enorme torre “Keep” de vigilância, mais dois edifícios sendo um de galpão e o outro para arsenal, sem falar na grande casa do Grão-Mestre, onde me encontrei com Elysia em seu escritório pessoal.
— Príncipe Magnus Wingsfield de Eldoria... A que devo a honra de sua visita? — Ela estava sentada sobre a sua mesa com as pernas cruzadas, apoiando seus braços para trás.
— Olá Elysia, eu vim conversar com você. — Ela me olhou encarando-me por alguns segundos, até fazer um gesto com a mão, onde automaticamente, seu guarda a fez reverência e foi embora fechando a porta atrás de mim.
— Muito bem, o que vamos conversar? — Ela sorriu de forma suspeita.
— Suas dúvidas quanto ao reinado foram bem claras durante a reunião de líderes no castelo. De todos, você é a mais revoltada e a que mais perdeu nesse processo. — Fui direto ao ponto com ela.
— De fato... — Ela suspirou e então pulou de sua mesa cruzando os braços ao ficar frente a frente comigo. — Estou farta da falta de atitude e resolução de Eldrion, não gosto da ideia de mantermos o Reino Élfico tão isolado, a ponto de sermos orgulhosos o suficiente para não pedir ajuda ao exterior... Meus homens e amigos estão sumindo e morrendo toda vez que os envio a uma missão de reconhecimento na região de Algardia.
— Sei que está preocupada, e é justamente por isso que vim até aqui pessoalmente. — Ela arqueou as sobrancelhas ao ouvir minhas palavras.
— Fala como um Rei senhor Magnus, o que quer de mim? — Elysia continuou a me encarar.
— Quero que jure lealdade à coroa de Eldoria, e aja sob meus comandos por trás dos panos. Tanto eu, quanto você, e até mesmo a princesa Aralyn Midgard, sabemos o resultado e o fim que o Reino Élfico ganhará se não fizermos algo a respeito além da autoridade do Rei Eldrion.
Elysia estava muito surpresa com minhas palavras, ao ponto de ficarmos alguns segundos em silêncio, enquanto ela tentava processar toda informação que lhe passei.
— Uau... Isso... Foi muito audacioso da sua parte. — Ela me encarou novamente. — Sabe que eu posso mandar matá-lo agora mesmo por motim contra a coroa Élfica, não sabe?
— Não vai fazer isso. — A cortei de imediato.
— Como pode ter tanta certeza? — Ela pegou uma de suas facas curvas, alisando-a na região de sua lâmina.
Aproximei-me da mesma sem a menor demonstração de hesitação, afazendo-a não entender minha atitude. Ela se forçou a andar para trás, até encostar-se na sua própria mesa, onde a prendi colocando as minhas mãos com firmeza sobre a superfície da mesma.
— Em primeiro lugar... Se quisesse mesmo fazer isso, poderia ter feito a qualquer momento desde o que pisei aqui e revelei minhas intenções. Está armada e com guardas a sua volta. — Ela ficou quieta encarando meus olhos, assim como firmemente mantive minha postura com ela. — Em segundo lugar, temos as mesmas ideias e ideais, queremos proteger o Reino Élfico a qualquer custo, a única coisa que nos impede, é a mesma figura de poder atual.
— E em terceiro? — Ela mordeu o seu lábio inferior.
— Eu sou o escolhido de Hawlking, e vou até a Grande Árvore Sagrada da Vida após sair daqui, tenho um encontro de chamado pela Ordem Sacro Mágica. — Ela arregalou os olhos incrédula.
— Espere... Você tem noção do que está me dizendo? — Ela colocou suas mãos sobre meu peito e então me empurrou de forma suave para trás. — Você tem como provar isso?
Deixei a aura de Halwking tomar conta do meu corpo, fazendo com que uma aura dourada explodisse em pequenas partículas naquela sala. Duas grandes asas de mana celestial cresceram nas minhas costas, e meus olhos se tornaram mais intensos e dourados do que já eram. Após isso, fiz com que as sombras de Hawlking se misturassem ao seu dourado celeste, mostrando a ela definitivamente quem eu sou.
— Você é as sombras de Hawlking... — Elysia ficou incrédula com aquilo, ela quase não podia acreditar no que seus próprios olhos estavam vendo.
— Mas eu vou precisar de ajuda... — Cessei a apresentação de mana e então quase senti meu corpo desabar. — Utilizar as sombras ainda é um desafio, e eu preciso de treinamento especial. Pretendo me revelar para o Reino Élfico assim que for ao templo. Por isso gostaria de receber o treinamento da Ordem dos Assassinos Élficos, não só para melhorar minhas táticas de furtividade, mas para ganhar mais autocontrole.
— Definitivamente príncipe Magnus... Você é um homem de muitas surpresas... — Ela colocou as mãos sobre a cintura ainda me olhando enquanto me recuperava.
Elysia, então foi até o seu suporte de parede, onde sua Cimitarra permanecia em repouso. Retirou-a de seu devido local e retornou até ficar diante de mim novamente.
— Não posso garantir a lealdade da Ordem dos Assassinos nesse momento, talvez após sua revelação... — Ela colocou sua espada para cima entre nós dois segurando-a com as duas mãos. — Mas terá minha lealdade como sua agente dupla dentro deste Reino... Eu, Elysia Zephiros do Reino Élfico, Grão-Mestra da Ordem dos Assassinos Élficos, juro lealdade aqui e agora à coroa de Eldoria, e a seu rei! Magnus Wingsfield, o escolhido de Hawlking.
— Eu a aceito em minha regência, Elysia Zephiros. Terá a benção de Hawlking sempre a ti. — Assenti com a cabeça, finalizando nosso pacto pessoal.
— Será uma honra tê-lo como meu aprendiz... Lorde Magnus. — Ela pousou sua mão sobre meu peito, desenhando com seu dedo suavemente enquanto passava por mim indo até sua porta, abrindo-a em seguida. — Agora faça sua parte. Mostre a todos quem você é de verdade.
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