O Último Eldoriano Brasileira

Autor(a): Gustavo M. P.

Revisão: OUltimoEldorianoOficial


Volume 1

Capítulo 23: O Aprendiz e a Inventora


[Reino Élfico, 1 de julho de 812 da Era Mágica]


Estando naquele salão de treinamento, Yusuf e eu iniciamos logo cedo a prepara-lo para o futuro inevitável enfrentaríamos. Começamos aprendendo a controlar seus impulsos para que pensasse de forma mais calma e estratégica. Ensinei a ele as posturas básicas de um combatente corpo a corpo, e por mais que ainda estivesse pegando o jeito, eu já estava bem feliz com seu desempenho para um primeiro dia. Pegamos espadas de madeira e começamos a praticar seus movimentos, sempre focando em aperfeiçoar a técnica mais do que a força bruta.

— Está indo muito bem Yusuf, continue assim. — Pousei minha mão sobre seu ombro.

— Eu agraço Lorde Magnus... — Ele assentiu com a cabeça.

Estávamos trajados com roupas simples de treinamento, a manhã era de clima ameno, e os raios solares invadiam o salão pelos vitrais da grande cúpula acima de nossas cabeças. Hoje a lição era foco e disciplina, e por mais que estivesse o treinando de forma a aprender a brandir uma espada, o real objetivo daquele exercício, era fazê-lo começar a entender o seu próprio equilíbrio nesse mundo.

— Sabe... Lorde Magnus. Ontem eu estive explorando toda a região do Reino Élfico, e realmente percebi que existe uma grande quantidade de Demi-Humanos assim como eu aqui. — Yusuf conversava comigo enquanto repetia os movimentos de espada. — Mas... Eles não pareciam... Realizados ou felizes. Eu tentei conversar e me aproximar, mas todos estavam tão frios, foi tão difícil que acabei por desistir de buscar me enturmar com meu próprio povo... Você sabe o motivo que os levou a ficar assim?

— Eu tenho um palpite... Me escute, imagine que você é uma pessoa indefesa, alguém que nunca passou por qualquer treinamento militar a ponto de conseguir se virar e proteger o que tanto ama. Consegue visualizar isso? — Comecei a minha explicação.

— Eu... Acredito que sim. — Ele concordou movimentando mais uma vez sua espada.

 — Agora imagine que de repente, tudo o que você mais ama e estava acostumado a fazer é radicalmente retirado de você. Completamente destruído sem qualquer chance de reaver... Como você se sentiria? — Olhei para Yusuf que parou de se movimentar e baixou sua cabeça.

— Isso é... Terrível... É doloroso de mais... — Ele então olhou em meus olhos — Eu acho que consigo imaginar o que estão sofrendo.

— Eu consigo entendê-los de fato Yusuf... Eu vivenciei com meus próprios olhos e punhos o cair de meu lar. — Apoiei a ponta da espada no chão, deixando minhas mãos sobre o pomo — Foi difícil... Muito doloroso passar por aquilo, eu ainda consigo ouvir na minha cabeça o grito daqueles que nada podiam fazer... Mas cada pessoa reage de uma forma diferente. Eu consegui seguir em frente e olhar adiante... Mas o seu povo, ou o que restou dele, podem ter sido vítimas de uma crueldade ainda maior que a minha situação, e por isso... Podem ter apagado aquela chama que os circundavam.

— Eles estão marcados... — Ele concluiu minha fala.

— E uma cicatriz é sempre complicada de se curar, ainda mais se o corte for muito profundo. — Levantei minha espada me posicionando novamente. — Às vezes você pode mostrar a eles que o mundo não acabou apenas com um gesto. Gentileza gera gentileza, e se você plantar a bondade e a amizade agora, poderá colher muitos amigos, companheiros e aliados no futuro.

— Isso é mesmo muito lindo de se pensar. — Ele seguiu meu exemplo e então fez o mesmo com sua espada. — Quem foi que te disse isso?

— Uma pessoa que mesmo com tantos problemas no decorrer da nossa história, nunca deixou de acreditar no meu potencial... Mesmo quando eu mesmo havia deixado de acreditar em mim mesmo. — Iniciei os movimentos com a espada e Yusuf me seguiu. — Um homem chamado Maximilian Wingsfield, o meu pai.

— Acho que posso aprender muito com os ensinamentos do seu pai. — Ele olhou para mim e eu o olhei de relance com um pequeno sorriso no rosto.

Após algum tempo praticando com Yusuf decidi testa-lo em um duelo, onde novamente acabei por vencê-lo facilmente. Porém dessa vez eu havia sentido o evoluir de sua percepção e agilidade, já que agora ele havia defendido bem mais meus ataques do que anteriormente. Ajudei a se levantar e o mesmo me pediu para que repetíssemos o duelo por mais uma vez, e assim eu o fiz. Yusuf estava usando mais seu campo de visão do que no duelo do entardecer passado, conseguia perceber que estava mais atento a minha própria movimentação, mas ainda assim, era derrubado facilmente por ataques diretos.

— É... De fato vai demorar um pouco até que eu consiga estar ao seu nível. — Yusuf colocou a mão sobre sua cabeça tentando amenizar a dor do golpe que havia levado.

— Sem dor, sem ganhos meu amigo. — Estiquei minha mão para ele de novo, que a agarrou enquanto eu o puxava.

Ao ecoar naquele salão vazio, o barulho de um par de botas foi se aproximando de nós enquanto nos preparávamos novamente para mais uma rodada de treinamento. A pessoa em questão parecia estar nos observando a um tempo, até que decidiu se apresentar devidamente perante a nós.

— Príncipe Magnus Wingsfield de Eldoria, eu o desafio a um duelo de espadas. Se importaria? — Miriel Eothiel, a Cavaleira Élfica que havia sido designada a me acompanhar, agora me desafiava.

— Devo admitir... Isso seria muito interessante... — Olhei para ela que deixou um pequeno sorriso crescer em seus lábios. — Mas eu estou no meio de um treinamento agora...

— Creio que será de grande ajuda, um novato ver dois veteranos duelarem de igual para igual. — A argumentação dela era precisa e correta, pois não havia pensado por este lado.

— Eu não sei... — Cruzei os braços olhando-a, mas Yusuf me deu um soco fraco em meu braço, me dando a confirmação em seguida para aceitar, com seus polegares pra cima. — Tá bem, Tá bem! Eu aceito o seu duelo, senhorita Eothiel!

— As regras serão as seguintes... — Miriel que estava trajada com roupas modestas de treinamento, se posicionou a minha frente, sacando uma Cimitarra de madeira que havia pegado do arsenal na parede. — O primeiro que acertar um golpe ou imobilizar seu oponente ganha. Está de acordo lorde Magnus?

— Eu aceito essas exigências. — Naturalmente me posicionei a sua frente, entrando em uma posição de combate ofensiva com minha espada longa de madeira. — Yusuf, pode dar o início do duelo para nós?

Yusuf assentiu com a cabeça e então se colocou entre nós abrindo seus braços em nossas direções. Ele olhou para nós esperando confirmações de que estávamos prontos, e então levou seus braços à frente de seu corpo, os baixando rapidamente em seguida, dessa forma dando início a luta após o gritar de um “comecem”.

Miriel foi extremamente veloz e silenciosa, vindo em minha direção em um poderoso corte horizontal com sua espada, me obrigando a mudar de postura rapidamente para não ser derrotado no mesmo instante. A empurrei para longe de mim utilizando minha espada, fazendo com que uma troca de golpes rápidos e defesas intensas acontecessem quase que de forma automática entre nós. Aquela Elfa era uma cavaleira habilidosa e inflada de uma determinação poderosa, seu olhar era cheio de vontade, com certeza não estava lutando comigo apenas para servir de exemplo a Yusuf, ela realmente estava levando aquilo a sério.

Seus ataques rápidos e precisos quase não me davam brecha para contra-atacar seus golpes. Ao deixar minha guarda aberta, de forma estratégica ela tentou desferir um golpe giratório na altura da minha cabeça, ao qual me esquivei por muito pouco. Eu nunca havia tomado tanta pressão assim em um combate direto de corpo a corpo antes, suas táticas eram quase perfeitas. Eu precisava de uma brecha, ou forçar um ataque defensivo forte o suficiente para quebrar o seu ritmo, foi então que percebi que poderia usar meu corpo ao meu favor, já que a mesma só estava brandindo sua espada.

Miriel levantou sua cimitarra de madeira de forma violenta a fim de finalizar a batalha, e ali havia visto a brecha que precisava. Puxando minha espada de baixo para cima, usei todas as minhas forças ao chocar as duas lâminas de madeira uma com a outra, levando-a a vacilar deixando sua guarda completamente aberta. Seus braços e espada foram empurrados completamente para cima, bem como todo seu equilíbrio e ritmo foram quebrados. A oportunidade veio, e logo meu ombro se chocou com a mesma que caiu no chão, ainda segurando sua cimitarra. Yusuf estava hipnotizado e boquiaberto com aquele duelo intenso, ele realmente parecia estar se divertindo com aquilo.

— Desista Miriel! — Ordenei a ela que sorriu de forma pertinente.

— Nunca! — Disse ela ao apontar sua cimitarra de treino para mim novamente.

Corri em sua direção pronto para finaliza-la, mas fui surpreendido com sua incrível flexibilidade. Ela aparou meu ataque com sua espada, ao mesmo tempo em que me acertou um chute no peito enquanto se levantava rapidamente.

— Você é uma caixinha de surpresas não é...? — Pousei minha mão sobre o peito, na região onde estava dolorido após o chute.

— Você realmente não é nada mal também... — Ela pousou sua espada no ombro enquanto colocava sua mão na cintura.

Sem mais alardes, investimos um contra o outro ainda trocando golpes intensos e rápidos, até que finalmente consegui imobilizar a mão dela que segurava a espada, encaixando minha cintura na dela e a jogando de costas no chão, aparentemente derrotada.

— Eu venci... — Cansado e ofegante apontei minha espada para ela.

— Você não venceu... Você só me derrubou... — Ela sorriu e quando percebi, já era tarde de mais. — Fingi estar vulnerável para tentar um golpe vencedor!

Miriel bateu sua espada com força contra a lâmina da minha, fazendo com que a minha arma voasse de minhas mãos. Em seguida, ela rapidamente girou seu corpo em uma acrobacia que permitiu a ela uma rasteira em meus pés. Eu fui ao chão sem nem saber ao certo o que havia acontecido de tão rápida que ela se movimentou, quando abri os olhos de novo, Miriel havia colocado sua bota sob meu peito e acertado de leve sua espada em minha cabeça.

— E com isso... Eu ganhei o duelo príncipe Magnus... — Miriel afastou sua espada da minha cabeça e seu pé do meu peito, esticando sua mão em seguida.

— É... Definitivamente não se pode ganhar todas... — Aceitei sua ajuda, e então ela me ajudou a levantar novamente.

— Isso... ISSO FOI INCRÍVEL! — Yusuf vibrou de entusiasmo — Por favor, vocês precisam fazer isso de novo!

Eu e Miriel nos entre olhamos e então sorrimos ao nos divertirmos com a reação daquele garoto Demi-Humano.

— Talvez mais depois rapaz, ainda temos muita coisa para treinar. — Busquei minha espada de madeira que havia sido jogada longe.

— Se me permitem, gostaria de poder ajudar também. Já faz tempo que não me divirto assim, e as pessoas não costumam gostar de treinar comigo... — Ela explicou mantendo sua pose séria e assertiva. — Eu realmente não consigo entender o por quê.

— Aham... Sério? — Yusuf arqueou as sobrancelhas ao olhar para ela incrédulo com o que havia dito. — Com certeza não é por causa da sua habilidade...

— Jura? Então o que poderia ser? — Ela não havia entendido o sarcasmo. Miriel era ótima em batalha, mas dava pra perceber que sua racionalidade forte a impedia de perceber algumas coisas óbvias.

— Eu não vejo problema algum nisso, Yusuf ter dois professores será de ótima ajuda para ele. — Concordei com a ideia de deixa-la participar. — Estaremos aqui sempre nesse horário bem cedo, esteja sempre pronta e aposta aqui.

— Sim senhor, príncipe Magnus. — Com uma reverência, ela respeitosamente entendeu as ordens.

— Lorde Magnus, eu gostaria de saber se ao fim dos treinos com a espada, eu poderia treinar minha pontaria com o arco. — Yusuf se aproximou de mim segurando sua espada. — Acredito que não posso deixar de treinar meu armamento principal também!

— Eu posso te ajudar com isso! — Miriel inclinou sua cabeça enquanto segurava com as duas mãos sua cimitarra de madeira. Então de forma delicada ela pousou sua mão sobre seu peito para falar um pouco mais sobe si. — Eu sou arqueira nas incursões, sou versada tanto em esgrima quanto em arquearia.

— Bom... Acho que com isso você já tem sua resposta. — Respondi a ele ao cruzar os braços.

— Obrigado lorde Magnus! Obrigado Senhorita...? — Ele olhou para ela esperando uma resposta.

— Miriel, Miriel Eothiel. Sou a cavaleira élfica designada a guardar o principe Magnus — Ela assentiu com a cabeça — É um prazer conhece-lo caro Yusuf.

[...]


Ficamos treinando por mais algumas horas, até que dispensei Yusuf para descansar e ir fazer suas coisas. Miriel por outro lado será minha companhia por um tempo, e obviamente que contei a ela como seriam meus planejamentos para cumprir algumas tarefas que gostaria de fazer. A primeira coisa seria achar alguém capaz de criar um arco novo para Yusuf, já que aquele que estava usando, foi seu primeiro arco durante toda sua trajetória até a ali, e com toda a certeza estava muito desgastado. A segunda tarefa seria ir à sede da Ordem dos Assassinos, gostaria de conversar melhor com a Elfa Elysia Zephiros. Para finalizar o dia, minha terceira e última tarefa seria visitar o templo dos deuses, localizado na base da Árvore Sagrada da Vida, tinha assuntos a tratar com a sacerdotisa Mestra Astrid Isildur.

— Hum... Acho que sei como ajudar quanto ao arco novo de Yusuf. — Astrid parecia ter uma ideia sobre o que poderíamos fazer. — Eu tenho uma amiga que mora próxima ao distrito dos ferreiros. Ela é conhecida como “A Inventora”.

— Acha que ela pode nos ajudar? — Arqueei minha sobrancelha enquanto ela falava.

— Não só acredito como tenho plena certeza disso. — Ela assentiu com sua cabeça de forma assertiva, mostrando confiança sobre o que dizia. — Se tem alguém aqui no Reino Élfico, capaz de criar coisas incríveis, é ela.

— Muito bem! Vamos fazer uma visita a essa sua amiga. — Dito isso começamos a caminhar para fora do castelo.

Durante nosso trajeto até o local, eu decidi tentar conhecer a pessoa que iria me acompanhar até minha despedida deste Reino. Miriel parecia ser uma Elfa interessante de se conhecer, afinal de contas, sua habilidade com esgrima não poderia simplesmente ser resumida em vocação, dava pra sentir todo o esforço envolvido para chegar aquele nível. Então para que não ficássemos em silêncio o caminho todo, decidi quebrar o gelo e começar a conversar com ela sobre minhas curiosidades. Por mais séria e quieta que Miriel era, aos poucos fui percebendo que na verdade era questão de tempo para que a mesma se abrisse e começasse a falar um pouco mais sobre ela.

Miriel era uma Elfa filha de uma membra da Ordem dos Assassinos e um Guarda real da corte Élfica, sua família consistia em sua mãe, seu pai, suas 2 madrastas e mais 3 irmãs. Confirmando também o que Aralyn havia me dito anteriormente sobre ser comum homens elfos terem mais de uma esposa. Miriel cresceu sendo treinada nas habilidades de furtividade e acrobacias de sua mãe, mas seu coração acabou por fazê-la seguir a profissão do pai como Cavaleira. Seu treinamento foi árduo e intenso após sua escolha de adentrar a “Academia de Espadas”, e por mais que ela esteja com 24 anos atualmente, sempre esperaram dela nada menos que a melhor disciplina e disposição para a esgrima, até porque seu pai é um dos melhores no cargo.

Suas irmãs diferentes dela, decidiriam seguir vidas mais simples e ligadas a tarefas domésticas ou do campo, o que foi um tanto surpreendente para a mesma que não conseguia entender como isso poderia ser “honrar o legado de sua família”. Miriel é considerada uma das melhores oficiais do exército élfico atualmente, mas tenta manter sua mente sempre focada na sua missão pessoal, que é ascender como Cavaleira Real. Por conta do seu treinamento desde a infância, ela desenvolveu uma personalidade séria, assertiva e centrada. Basicamente, se não for pragmático e útil, Miriel Eothiel com certeza vai dispensar, principalmente se for conversas desinteressantes. Confesso que é a primeira vez que me deparo com alguém tão antissocial e centrado em seu objetivo, mas devo admitir que de certa forma eu admirava aquela sua postura imbatível. Durante nossa conversa, ela também me revelou que sua mãe foi a uma expedição recentemente e até então nunca mais voltou, mas que não está preocupada porque sabe que ela pode se virar. Já seu pai, se encontra além dos portões do Reino Élfico, sempre rondando e patrulhando o perímetro do Reino. O que me levou a crer que talvez tenha sido ele que me encontrou naquele dia em que matei o Lizari’ard.

Algum tempo depois, andando em meio às ruas e construções do Reino Élfico, finalmente havíamos chegado a casa da amiga de Miriel. Logo na fachada da residência, dava para perceber que ela realmente era diferente de todos daquele Reino. A casa em si não era muito grande comparada com as outras, suas cores eram mais neutras e não tão chamativas, além de que ficava bem próxima das lojas de ferreiros e suas forjas. Eu fui me aproximar para bater na porta, mas Miriel me impediu, e então apontou para trás da casa, andando até lá em seguida. Eu fui logo atrás dela um tanto quanto confuso, tentando entender porque não havíamos feito da maneira mais tradicional. Foi então que vi um alçapão com duas portas no chão, Miriel o abriu e logo começou a descer as escadas.

— Isso é um tanto curioso... — Comentei ao segui-la.

— Mindy não é muito de sair de sua oficina, e geralmente só usa aquela casa pequena na superfície para dormir e receber convidados. — Miriel havia me revelado o nome da sua amiga, e a julgar pela personalidade que havia me explicado, com certeza se tratava de alguém muito apaixonada por seu trabalho. — Ela é a última Fafnir viva de sua família, foram de extrema importância para as invenções e criações de utilidade que temos atualmente no Reino Élfico.

— Então ela é a última de uma falecida família de inventores geniais deste reino? — Fiquei surpreso com aquela introdução à senhorita inventora.

— De fato, os Fafnir ficaram extremamente famosos na história! Eles foram os grandes forjadores de armas mágicas. Essas armas foram entregue aos deuses, e os mesmos por sua vez... Entregaram nas mãos de seus escolhidos abençoados. — Miriel me contava mais uma história que desconhecia da antiga biblioteca real da caída Eldoria. — Elas foram feitas de tal maneira em que seu usuário pudesse projetar sua energia mágica na arma, deixando com que tanto ela quanto seu usuário, se tornassem imbatíveis. Uma das mais famosas é a Aquila Espada e o Escudo de Fenrir

Ao ouvir aquilo logo me veio na cabeça a antiga espada de meu pai, a mesma que ele havia me dado no dia do ataque de Algardia. Tenho certeza de que em sua lâmina havia a inscrição “Aquila” em sua lâmina.

— Mas hoje em dia, armas mágicas são facilmente encontradas em ferrarias... Não? — A questionei afim querer saber um pouco mais.

— De fato, mas não com a qualidade e poder bélico da Casa de Fafnir. — Ela parou de imediato diante a uma porta que a escadaria para o subsolo havia nos levado. — Lembre-se, os Fafnir eram ferreiros que forjavam armas para os deuses.

Aquilo realmente fazia sentido, e se a “Aquila Espada” era realmente a espada que meu pai havia me dado naquele fatídico dia, então eu deveria recuperá-la o quanto antes. Não só por ser a espada do meu pai, mas por ser o meu legado como o escolhido abençoado de Hawlking.

— Quando entrarmos por essa porta... Só tente não se assustar muito. — Ela colocou a mão na maçaneta e então começou a girar devagar. — Ela não gosta de ser incomodada... E ao mesmo tempo é bem energética.

Assim que entramos no local, estávamos dentro de uma espécie de caverna que era oficina e forja ao mesmo tempo. Estava calor, quase como se estivéssemos dentro de um forno por conta da alta temperatura do fogo que queimava violentamente dentro da forja. O local estava bem bagunçado, cheio de peças de invenções espalhadas por todos os lugares, havia mesas e projetos em cada canto perceptível.

— Ah... Uau... Esse lugar realmente parece estar bem... — Fui interrompido enquanto comentava.

— Bagunçado? — Uma jovem mulher de cabelos negros curtos e olhos de cor prateadas se apresentou para nós. Sua pele era branca ao ponto de que facilmente se queimaria no sol, e suas orelhas eram realmente grandes e pontudas, além de carregar brincos prateados nelas. Deveria ter em torno de 1,70m de altura.

Suas roupas eram monocromáticas em cores que variavam de preto a cinza escuro. Vestia uma calça de couro e botas de mesmo material, sobre seu busto apenas uma blusa de alça que deixava sua barriga amostra e cobria seus seios. Um casaco de couro que ficava na altura da blusa cobria seus braços. Em sua mão direita havia uma luva de metal, que não se parecia nada com uma manopla de combate, parecia mais uma ferramenta de construção cheia de adereços. Enquanto que sua mão esquerda havia uma luva de couro simples. Sobre seu cabelo na região da testa havia um óculos peculiar preso a um cinto de couro afivelado. Na minha observação, parecia que aquele óculos tinha mais de um tipo de lente incrementada, muito provavelmente para poder ver peças pequenas. Em sua cintura havia um cinto com vários bolsos táticos, além de estar preso a sua perna também, possivelmente cheio de ferramentas.

— Mindy, peço perdão pela intromissão. — Miriel rapidamente se curvou ao se desculpar com a garota a nossa frente.

— Não precisa se desculpar, na verdade é uma das poucas amigas que tenho. Então sabe que pode vir quando quiser... — Mindy cruzou os braços em um sorriso confiante.

— Este é Magnus Wingsfield, o príncipe do antigo reino caído de Eldoria. O trouxe até aqui porque ele precisa de ajuda com um favor. — Fui apresentado a ela que ficou me olhando de cima a baixo, quase como se estivesse me estudando.

— É um prazer conhece-la... Senhorita Faf... — Ela me interrompeu novamente, chegando bem perto de mim.

— Eu sou uma inventora, eu não costumo perder meu tempo com coisas da “realeza”, então a menos que tenha alguma coisa realmente interessante para eu fazer... — Ela cerrou os olhos enquanto me encarava. — Não me faça perder meu tempo.

— Nesse caso... Acho que vai gostar da proposta que tenho para você... — Fiquei ainda mais perto dela sem tirar meus olhos dos grandes e prateados olhos dela.

Mas a reação menos provável veio a acontecer, eu realmente fiquei surpreso após ela simplesmente começar a rir e gargalhar na minha frente.

— É tão legal brincar com a cara de gente séria! — Ela realmente estava se divertindo com aquilo. — Eu gostei de você, outros no seu lugar teriam saído correndo ou desistido.

— Acho que vai demorar pra eu me acostumar com isso... — Suspirei em desapontamento enquanto coloquei minha mão sobre o rosto.

— Relaxe! E aí príncipe? Qual é o seu pedido? — Ela apoiou seu cotovelo no meu ombro enquanto mantinha sua personalidade energética e confiante.

— Muito bem... — Sorri de canto ao ver que talvez ela realmente fosse alguém completamente diferente, mas interessante. — Vou explicar a você.

[...]


Durante a conversa, Mindy foi rápida em puxar um grande papel, tinta e uma pena, onde foi desenhando e escrevendo sobre o projeto. Ela foi a todo momento muito habilidosa em desenvolver do zero todo a trajetória que precisaria percorrer, além dos materiais que iria precisar para o desenvolvimento do Arco. Por fim, ela disse que realmente havia ficado muito entusiasmada e animada com aquela encomenda, pois já fazia muito tempo que ninguém a procurava para criar alguma coisa, e me assegurou que sempre que precisasse de alguma nova engenhoca, poderia recorrer a ela. Porém, eu teria que concluir uma missão para ela, pois um dos materiais só poderiam ser adquiridos com a pedra mágica de uma “Salamandra Infernal”, esse animal mágico só pode ser encontrado nas redondezas do antigo vulcão adormecido da Floresta Sagrada, mais precisamente a oeste do Reino Élfico.

Com o arco novo de Yusuf sendo preparado, é um novo objetivo para se conquistar, Miriel e eu voltamos ao castelo, sendo abordados logo na entrada por um guarda que me avisou sobre a Princesa Aralyn estar a minha procura. Sendo assim, dispensei temporariamente Miriel para fazer suas próprias coisas, enquanto que segui adiante para procurar quem me procurava.

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