Volume 1
Capítulo 19: A Floresta Sagrada
[A Floresta Sagrada, 28 de julho de 812 da Era Mágica]
O alvorecer estava diante de nós naquele novo dia que iria se iniciar. Aos meus pés, meu velho amigo lupino descansava deitado sobre suas patas, enquanto Aragon que estava preso em uma árvore, bufava enquanto comia o pasto da mata densa. A fogueira a minha frente que aqueceu nossos corpos durante a noite que se passou, agora perdia forças, mesmo que eu ainda tentasse manter sua chama viva por um pouco mais de tempo com um graveto. Um jovem garoto metade raposa dormia tranquilamente envolto em um cobertor que havia trazido consigo, esse era Yusuf Haidar. Apesar de ter apenas 17 anos de idade, ele se destacou militarmente após demonstrar do que é capaz tendo um arco e algumas flechas em suas mãos, e por esse motivo foi escolhido para ser meu escudeiro nessa missão ao Reino Élfico.
Durante a viagem até aqui fizemos paradas em pequenas vilas aliadas, guardadas por guerreiros e estandartes leoninos. Tiramos esse momento para descansar, conseguir suprimentos, dar água e comida aos animais e assim seguir a viagem. Conversamos com bastante frequência durante todo o trajeto, o que me deu oportunidade de aprender um pouco mais sobre quem ele era. Demi-Humanos como ele são raros e quase não mais vistos na sociedade de hoje, e obviamente que sua história não deixaria de ser trágica assim como a da maior parte deles. Yusuf me contou que nem sequer chegou a conhecer seus pais biológicos, pois após as campanhas Algardianas terem início, todas as aldeias Demi-Humanas espalhadas por Thâmitris foram caçadas e destruídas, assim como seu antigo lar. Muitos de sua espécie fugiram para as florestas sagradas buscando refúgio em territórios Élficos, enquanto que a maioria pereceu sob a lâmina do exército vermelho. Ele era apenas um bebê quando sua casa foi invadida, e seus pais na tentativa de protegê-lo o colocaram dentro de um cesta de frutas feita de fibra de bananeira, escondendo-o em baixo do assoalho da cabana onde viviam.
Infelizmente as forças de Dominic chegaram tarde de mais, quando já não havia mais nada para ser protegido ou salvo naquele lugar. Mas o choro abafado de um bebê chamou sua atenção e a de seus oficiais, que logo encontraram a localização da criança que havia sido escondida para que pudesse sobreviver. Desde então ele foi criado e treinado ainda quando pequeno na Toca dos Leões Rebeldes, para que assim ele pudesse crescer e ter a chance de viver a vida que seus pais haviam se sacrificado para pudesse ter. Pelo menos, era isso que havia ouvido de seus superiores e até mesmo do próprio Dominic quanto sua história. Pude observá-lo usar o seu arco durante uma caça no dia anterior, sua mira era precisa e mortal, dava pra sentir o qual hábil e treinado ele estava, mas por algum motivo, eu conseguia ver o meu "eu" mais jovem nele. Como se houvesse um excesso de confiança, uma arrogância implícita nas ações de alguém que parecia não ter conhecido as consequências de uma decisão errada, mesmo que seu passado fosse trágico.
Em nossas conversas, ele me confessou que às vezes se sentia sozinho por ser o único Demi-Humano entre os Leões Rebeldes, e que gostaria de poder conhecer pessoas de sua espécie. Claramente são indagações de um jovem procurando seu lugar no mundo e eu o respeito por isso, mas também é claramente visível sua falta de experiência sobre certas questões e atitudes. Por esse motivo, decidi inconscientemente que deveria treiná-lo. Não como guerreiro, pois a disciplina militar ele sempre teve no quartel general da resistência, mas talvez passar os ensinamentos que meu pai havia me dado, o pai que ele não teve a oportunidade de ter.
"Logo mais chegaremos aos portões do Reino Élfico... O que será que nos aguarda daqui em diante? Hawlking... Se puder me ouvir, me dê uma luz..."
Não fazia muito tempo desde que havíamos entrado na Floresta Sagrada. Nesse lugar, a mata normal se mistura com a vida mágica e é facilmente perceptível ver a diferença entre elas, quase como se fossem fronteiras naturais. A Floresta Sagrada é palco para uma variedade incrível de fauna e flora cheia de detalhes florescentes em suas características mais fortes. Aqui tudo parece mais vívido que o comum, brilhando com a energia mágica que transborda pelos seus símbolos espalhados por todos os locais. Durante o anoitecer, a floresta fica pouco iluminada, de forma que não atrapalhe o descansar de uns e a caça de outros.
É incrível ver espécies de animais que nunca tinha visto andar ou voar fora da Floresta Sagrada, só tinha o conhecimento da existência delas por meio de livros que havia lido no castelo da antiga Eldoria. Porém, mesmo que tudo seja muito lindo e atraente, nada é cem por cento perfeito e pacífico, obviamente que por esse motivo também deveríamos estar de guarda alta, pois nunca sabemos quando um Lurros Sombrio poderá aparecer. Os predadores e monstros mágicos, aqui também costumam ser bem mais forte que o normal, então é indispensável ter o máximo de cuidado e atenção. Os raios solares do amanhecer finalmente acertaram os olhos fechados de Yusuf que finalmente abriu-os, acordando ao bocejar enquanto se esticava.
— Bom dia, Lorde Magnus... — Ele olhou para mim enquanto começava a arrumar suas coisas lentamente. — Perdão, eu dormi de mais, né?
— Guarde suas coisas e se arrume, vamos continuar nosso caminho. — Ordenei a ele enquanto apagava o fogo com meu pé. — Precisamos chegar ao Reino Élfico o quanto antes.
— Sim senhor! — Ele logo se colocou a cumprir com seus deveres.
Assim que todas as coisas estavam devidamente ajeitadas, montamos em Aragon e Marshall, começando a trotar em direção ao Reino Élfico. Havia uma estrada de chão pela qual nos levaria até lá, também era o caminho mais seguro entre todas as opções. Nossa viagem estava apenas na metade, e levaria um dia ainda para que chegássemos aos portões das muralhas. Por onde passávamos, éramos surpreendidos por uma beleza exótica, seja por árvores lindas, coloridas e floridas, até mesmo pontes de arquitetura élfica e rios cheio de peixes grandes que não se importavam em nadar na superfície da água. Ao olhar para a copa das árvores, pude ver aquilo que parecia ser um esquilo de pelagem verde, mas ao observá-lo um pouco mais atentamente, vi que na realidade se tratava de um "Guanial". Estes são pequenos seres semelhantes a esquilos que possuem seis patas, asas próximas a de uma mariposa e uma cauda peluda.
Observei que em todos os momentos, as orelhas de Yusuf não paravam de se mover sempre que um barulho na mata era feito. Sua atenção estava alta e claramente ele era um ótimo meio de se evitar perigos pelo caminho, já que ele sempre parecia detectar animais hostis com antecedência. Em nossa jornada foi possível ver animais de todos os tamanhos, cores e espécies. Havia uma variedade imensa de pássaros pelo céu, e pude até perceber uma enorme coruja de penas brancas e azuis, que brilhavam de forma intensa diante ao seu movimentar.
Tudo naquele lugar parecia surreal e ao mesmo tempo incrível o suficiente para que meus olhos não deixasse mentir. Facilmente era um lugar com grandes possibilidades para se perder, bastava se distrair um pouco de sua rota que logo a mata densa te engoliria num piscar de olhos.
— Lorde Magnus! Espere! — Alertou rapidamente Yusuf ao esticar sua palma aberta em minha direção — Veja...
Parando de imediato, pude sentir a terra tremer um pouco, enquanto que na nossa frente, saindo de dentro da mata densa um enorme Golem de Pedra cheio raízes e musgos atrelados ao seu corpo passava diante de nós. Deveria ter um pouco mais de oito metros de altura, e pelos registros que havia lido antes, costumam ser criaturas pacíficas se não forem incomodados, contendo uma grande quantidade de energia mágica a sua volta e em todos os seus símbolos que brilhavam em um azul intenso. Era de fato uma bela criatura gigantesca, quase como se fosse um grande monumento ou estátua viva. Ele olhou para nós enquanto seguia seu caminho sem nem se quer se importar com nossa presença, tremendo todo o local a cada novo passo que era dado.
— Devo admitir... Essa jornada está sendo mais interessante do que poderia imaginar. — Eu estava admirado, e toda vez que observava tudo aquilo a minha volta, não podia crer que Algardia planejava destruir tudo aquilo. — Isso tudo é lindo de mais.
— Devo concordar. Eu nunca havia visto tanta coisa nova... — Yusuf parecia tão maravilhado quanto eu.
[...]
Andamos por mais algumas horas até o iniciar do entardecer, fomos abordados no meio do caminho por pequenos seres mágicos chamados "Nixis". Nas inscrições, é dito que elas são fadas protetoras de toda a energia mágica ligada a grande Árvore Sagrada da Vida. Pequenas e de asas brilhantes, seus corpos são humanoides e luminosos, capazes de se comunicar apenas com pequenos sons e suas mãos. Uma delas pousou sobre meu ombro e então a peguei na palma de minha mão, deixando-a próxima ao meu rosto.
— Lorde Magnus, sabe o que está fazendo? — Yusuf ainda estava receoso quanto à natureza das criaturas.
— Não se preocupe rapaz. São Nixis, se formos gentis com elas, nada de mal acontecerá com conosco. — Minha atenção voltou-se para ela novamente que me esperava olhando atentamente nos meus olhos, quase como se tivesse encontrado algo muito especial neles. — Pequena Nixi... Poderia me dizer se estamos no caminho correto para o Reino Élfico?
Nesse momento outra Nixi apareceu entre as orelhas de Yusuf, gesticulando e apontando de forma exagerada para a direção certa de onde deveríamos ir. Sem perceber a movimentação das pequenas fadas, Yusuf já havia sido tomado por elas, podendo encontrá-las descansando em seu ombro, grudadas em sua cintura e até mesmo escondidas por dentro de seu casaco. Comecei a rir ao ver aquela cena cômica, então percebi que todas se entre olhavam e depois focavam suas atenções a mim.
— Lorde Magnus? Por que está rindo? — Yusuf ainda não havia percebido as novas amigas que havia feito.
— Talvez seja melhor você olhar um pouco a sua volta. — Comecei a rir novamente.
— Ah!! Pelos deuses!! De onde vocês saíram?! — Ele tomou um susto, ao mesmo tempo em que todas elas começaram a se divertir com sua reação.
— Bem, já sabemos pra onde ir, vamos continuar. — Olhei para pequena Nixi que estava sob a palma de minha mão. — Muito obrigado. Vejo vocês novamente em algum outro momento.
Ela então assentiu e levantou voo, mas ao invés de todas simplesmente seguirem seus caminhos, elas começaram a rodear e brilhar mais intensamente em volta de Fenrir que se espantou sem entender nada. Suas orelhas baixaram em desconfiança assim como sua cauda, um brilho central azul cresceu de forma circular em volta do lobo, não demorando muito para as Nixis se afastassem dele revelando a nós que Fenrir era muito mais especial do que pensávamos. Várias marcas e padrões mágicos começaram a brilhar em suas pernas, costas e cabeça. Fenrir não era um lobo comum, ele era um verdadeiro lobo mágico, e as fadas apenas o ajudaram a descobrir isso ao colocar mana em seu corpo. As marcas voltaram a ficar negras e sem brilho algum, mas confesso que havia ficado embasbacado com aquela descoberta interessante. Fenrir latiu em resposta, sua cauda balançou animadamente e então sorri ao ver que ele estava bem com aquilo. Após um tempo, eu e Yusuf tornamos a andar com os cavalos em direção ao Reino que nos aguardava.
A Lua novamente alcançou seu ápice durante aquela noite, paramos por mais uma vez em meio à mata densa, prendemos nossos cavalos e fizemos uma fogueira para que nossos corpos fossem aquecidos. Preparamos o acampamento para que pudéssemos passar aquela noite e logo tratamos de preparar algo para comer.
— Lorde Magnus... Se importaria de falar um pouco sobre você? — Yusuf disse aquilo ao se preparar para beber uma pequena tigela de sopa que havia esquentado no fogo para nós.
— O que gostaria de saber? — Perguntei a ele me servindo.
— Qual sua história? Por que está lutando pelo Reino Élfico? O que te trouxe até aqui e lutar pela resistência? — Ele tinha muitas dúvidas em sua cabeça.
— Certo... Muito bem, vou lhe contar minha longa jornada até aqui garoto. — Coloquei minha mão sobre meu joelho olhando-o profundamente. Então comecei a proferir aquelas palavras.
[...]
[A Floresta Sagrada, 29 de Julho de 812 da Era Mágica]
A noite havia sido longa, Yusuf havia pegado no sono após o contar de minha história, e então obviamente que sobrou para eu ser o guarda noturno novamente. Ali preso aos meus próprios pensamentos vendo a chama queimar, comecei a me indagar sobre certas coisas, sobre os reais motivos de Algardia, sobre os demônios e sobre toda a era de caos que está para emergir com toda essa carnificina que está sendo feita.
"Magnus... Eu estou te esperando”.
— Eu sei que está Hawlking... Espere-me um pouco mais... E logo estarei aí. — Falei comigo mesmo ao ouvir o chamado da deusa Águia em minha cabeça.
Acariciando os pelos de Fenrir acabei caindo no sono sem perceber, sendo levado a sonhar que estava visitando o meu passado, onde meu pai ainda era presente. Ele sorria para mim me ensinando a empunhar uma espada, mostrando como é ser um rei altruísta e digno com o povo, cuidando da segurança e das muralhas de forma diplomática e direta. Na biblioteca do palácio sempre havia livros e descrições de pesquisadores aventureiros que traziam consigo suas descobertas, e meu pai sempre estava lendo algumas coisas em sua poltrona. Fui levado ao momento em que ele havia me salvo de um ataque de urso pardo, ao qual só não fiquei gravemente ferido porque ele estava lá no momento certo com sua espada e coragem.
— Lorde Magnus... Ei, Lorde Magnus! — Meus ouvidos ficaram inaudíveis por um momento, mas algo parecia me chamar bem longe daquele sonho. — Lorde Magnus... Já está de Manhã... Você precisa acordar.
Ao abrir meus olhos lentamente, pude ver o focinho de Fenrir bem próximo ao meu rosto, e a seu lado Yusuf estava agachado tentando me acordar.
— Ah ótimo! Você acordou... Finalmente. — Ele então suspirou, enquanto Fenrir soltou sua língua lambendo meu rosto.
— Perdão, eu acabei dormindo no meio da noite. — Olhei para Yusuf me apoiando com as mãos para sentar. — Minha negligência.
— Está tudo bem, eu acordei no meio da noite como prometido, você realmente precisava descansar um pouco. — Ele logo tornou a arrumar suas coisas e dar de comer os animais.
Levantei calmamente observando o nascer do sol naquela manhã, limpei meu rosto com um pouco de água. Comemos pão com o resto de sopa que havia sobrado da noite anterior, e então logo decidimos completar nosso trajeto.
— Obrigado Lorde Magnus. — Yusuf me agradeceu assim que subiu em Marshall.
— Pelo que garoto? — Montei em Aragon olhando para o horizonte.
— Por compartilhar comigo sua história e dores, eu devo admitir que estou impressionado. Com certeza o respeito muito por tudo o que vem fazendo pelo povo de Thâmitris. — Nos entre olhamos ali por alguns instantes, e então começamos a trotar.
— Um dia, você também poderá fazer suas escolhas... E que minha história seja de alguma forma um dos motivos para que faça escolhas corretas... — Memórias rápidas das lembranças do meu pai se passaram em minha mente. — Já estarei honrado por ter feito parte de sua vida. "Seremos lembrados pelo legado que deixaremos aos nossos filhos", era o que meu pai me dizia... Você não é meu filho Yusuf, mas nada me impede de guia-lo como se fosse um.
Yusuf ficou sem palavras e até demorou um pouco para absorver tudo o que lhe foi dito, acabou que ficou um pouco pra trás no meio do caminho. Mas ao olhar em sua direção, pude perceber que ele havia aberto um sorriso, antes de começar a cavalgar para perto de mim novamente.
[...]
Continuamos nossa viagem, parando somente algum tempo depois perto das margens de um rio para bebermos água. O rio era tão limpo e cristalino, que se tornava uma experiência prazerosa beber água daquele lugar. Agora faltava pouco até as muralhas do Reino Élfico, e a geografia do local só nos favorecia nos fazia acreditar nisso, já que não muito longe dali finalmente tivemos um vislumbre de tudo o que nos aguardava. Em certo momento, descemos dos cavalos, pois o local era muito alto para descer normalmente com as montarias, e por isso tivemos que guiá-los a pé segurando suas rédeas. A vegetação havia se tornado ainda mais densa, mas graças a luz do sol que insistia em tentar passar entre as vegetação e as copas das árvores, conseguimos nos guiar até o local. Empurramos as folhagens e arbustos, saindo diretamente a um despenhadeiro de pedra, que se estendia até certo ponto.
Uma vez que estávamos ali em cima, foi possível ver naquela imensidão do horizonte, quase toda a extensão da Floresta Sagrada. Em seu centro, lá estava o grandioso Reino Élfico, cercado de forma circular por suas enormes muralhas brancas adornadas e talhadas de mármore reforçado, com grandes estátuas a sua volta. Dava para ver seus portões, casas, grandes construções, templos sagrados, praças, rios e pontes que passavam por dentro de toda a cidade, o castelo real e por fim a colossal Árvore Sagrada da Vida, que crescia no centro de todo o Reino. Acima da grande árvore, uma enorme estrutura branca também de mármore reforçado flutuava exibindo sua grande imponência, era composto por torres em suas extremidades e um grandioso palácio sagrado ao seu centro, aquele era o lar da Ordem Sacro Mágica. O Reino era divido em três distritos circulares, ligados por pontes que passavam por cima dos rios. Todo o local tinha uma arquitetura única, trazendo cúpulas e curvas bem desenhadas por todos os lugares, tudo era incrivelmente muito movimentado e organizado.
— Está vendo Lorde Magnus!? Isso é incrível!!! — Yusuf estava maravilhado com a vista que aquele lugar estava nos proporcionando. — Nós conseguimos né? Aquele é o Reino Élfico!
—Sim Yusuf... Nós conseguimos... — Coloquei minhas mãos sobre minha cintura, fechando os olhos ao respirar profundamente aquele ar puro e calmo. Aproximei-me colocando minha mão sobre seu ombro, sua energia e animação eram realmente cativantes, como uma verdadeira criança conhecendo algo novo e interessante. Nós nos entreolhamos e então ficamos ali presenciando aquela vista por mais algum minutos
[...]
Após traçarmos melhor a rota em direção ao Reino com base no que havíamos visto, voltamos para estrada e continuamos a caminhada. Cerca de uma hora e meia depois durante o trajeto, senti meus sentidos se aguçarem de forma estranha, assim como as orelhas de Yusuf que não paravam quietas, e aquilo pra mim era o suficiente para saber que algo não estava certo. Havia algo com instinto assassino no local onde estávamos, pelos barulhos que estava fazendo, era grande, rápido e forte. Eu estava tentando a todo momento detectar onde essa criatura estava localizada, mas ao mesmo tempo que conseguia senti-lo, eu não conseguia identificar seu paradeiro, quase como se tivesse sangue frio. Mas logo isso não se mostrou necessário, pois ele havia encontrado a gente antes de qualquer um de nós dois perceber.
— LORDE MAGNUS!!! CUIDADO!!! — Gritou Yusuf ao perceber a movimentação pela vegetação densa.
Quando menos esperei, um gigantesco lagarto que parecia vestir uma enorme armadura de escamas pulou para tentar capturar a mim. Eu e Yusuf logo montamos nos cavalos, Fenrir se pôs a disparar com toda sua velocidade e começamos a correr mata adentro, tentando não acabar dentro da boca do réptil. Galopamos rapidamente tentando despistar a criatura em meio a toda aquela vegetação, mas ele continuava a correr de forma intensa atrás de nós. O animal rugia em alto e bom som as nossas costas, estava disposto a caçar até o final as suas presas.
— Yusuf! Precisamos achar um local aberto para que possamos tentar dar fim a essa coisa! — Gritei a Yusuf que me olhou de relance, assentindo com sua cabeça. — Acha que consegue se posicionar em algum lugar para tentar achar algum ponto fraco?!
— Eu posso tentar!! — Respondeu ele tentando manter a coragem em seu peito.
— Certo!!! Vou tentar chamar a atenção dele para mim!!! Continue galopando adiante!!! — Rapidamente puxei as rédeas de Aragon, fazendo com que ficasse atrás de Yusuf, que continuou galopando. — Já que tentar despistar vai ser inútil... Vamos enfrentar você!
Puxei minha espada da cintura apontando para cima, Fenrir rosnou e latiu poderosamente para o monstro, chamando toda a atenção daquela criatura para nós, então comecei a galopar para o lado oposto de onde Yusuf havia ido. Com a criatura atrás de mim, comecei a apertar cada vez mais o passo de Aragon, que estava usando toda a sua capacidade de corrida que já havia demonstrado anteriormente. O lagarto continuava a insistir atrás de sua presa sem a menor chance de desistência, e isso resultou em uma perseguição sem limites que acabou por nos levar até o que parecia ser ruínas Élficas, tomadas por musgo e vegetação. Era um local de arquitetura circular com algumas pilastras que ainda permaneciam de pé sustentando o teto acima de nós. No chão havia um símbolo incrivelmente grande, onde estava desenhada a Árvore Sagrada da Vida.
Não demorando muito, logo aquele enorme lagarto começou a sair lentamente da vegetação, sem tirar o foco de seu olhar em nossa direção. Seus olhos eram amarelos brilhantes de pupilas rasgadas como a de um verdadeiro predador, sua pele verde escamosa parecia uma verdadeira armadura de couraça impenetrável. De suas costas saiam grandes espinhos assim como na ponta da cauda extensa. Em volta de sua cabeça havia uma coroa de espinhos, seu focinho era achatado e levianamente alongado, seus dentes chegavam a sair de sua mandíbula, nas suas patas haviam garras grandes e afiadas. Ele também continha um cristal verde brilhante em suas pernas dianteiras e no centro de sua cabeça, que eram circulados por um padrão de símbolos mágicos.
Eu já havia ficado frente a frente com inúmeros monstros, mas enfrentar algo dessa magnitude sozinho seria algo realmente desafiador. Agarrei firmemente as rédeas de Aragon e a empunhadura de minha espada, Fenrir por sua vez entrou em uma posição ofensiva ao mostrar seus dentes em um poderoso rosnado. Ali naquele lugar, eu estava encarando a morte mais uma vez, que tentava chegar até mim mais cedo, mas eu não podia simplesmente aceitar essa decisão que o destino tentava me forçar a acreditar, pois eu tinha objetivos muito maiores agora do que pensar em descansar eternamente. Resgatando de minhas memórias com mais afinco, lembrei-me do nome dessa criatura e suas especificações. Tratava-se de um "Lizari’ard da Floresta", aquele que era chamado de "A Sombra Verde Assassina".
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