O Último Eldoriano Brasileira

Autor(a): Gustavo M. P.

Revisão: OUltimoEldorianoOficial


Volume 1

Capítulo 18: O Prenúncio das Cartas de Guerra


[Toca dos Leões, 25 de Julho de 812 da Era Mágica]


Meu dia havia começado mais cedo nessa manhã, eu estava terminando de ajustar e testar os equipamentos que agora tinham as medidas corretas de Aragon, sem falar nos últimos treinamentos a galope que estava fazendo com ele antes de iniciarmos nossa viagem. Como tinha conseguido completar meu objetivo e tomar para mim aquele que era dito como "indomável" por todos, finalmente havia chegado a hora de seguir em frente e botar os cascos de Aragon na estrada em direção ao Reino Élfico. Montado naquele Mustang de personalidade amedrontadora, eu me sentia especial por ter a confiança daquele cavalo em me aceitar como seu cavaleiro, e parando para pensar, agora eu entendia perfeitamente o que meu pai sempre me dizia sobre a conexão do animal e seu dono. 

Galopando com ele pelo gramado, comecei a ficar emocionado com a beleza de seus passos largos e ordenados. E ao sentir uma pequena brisa contra o meu rosto me permiti fazer com que ele aumentasse a velocidade gradativamente, quando fui perceber já estávamos em alta velocidade correndo por aquele campo aberto. Aragon era corajoso e destemido, atendia a cada ordem que dava no estribo em meus pés e nas rédeas em minhas mãos, me dando ainda mais confiança para ficar mais próximo de seu pescoço em uma posição mais aerodinâmica para corrida. Passamos em alta velocidade pela entrada do local onde fui surpreendido por Fenrir, Miyuki, Bhalasar, Sadreen, Ursula e Dominic, que gritavam meu nome enquanto levantavam seus braços de forma exagerada.

Algum tempo depois de todos meus testes serem concluídos, desmontei de Aragon retirando suas rédeas e oferecendo-lhe uma maçã de recompensa, deixando-o livre para correr pelo campo em seguida. Avistei todos que ali me esperavam de forma calorosa, o que me fez lembrar vagamente de Max, meu amado irmão mais novo que desapareceu sem nem me deixar qualquer pista de seu paradeiro. Ultimamente eu tinha ficado tão ocupado que mal pude pensar nas coisas que havia perdido no meio desse caminho, fiquei tanto tempo pensando em como honrar e vingar todo o legado deles, que me esqueci de pensar em como eles estavam presentes em minha vida. É assustador como a ausência de alguém por tanto tempo pode te fazer esquecer muitas coisas, vários sentimentos e memórias que parecem vão se tornando lapsos em sua mente. A verdade é que desde que perdi Max naquele dia, eu ainda me negava a acreditar que ele estava morto, mesmo que a vida sempre me desse essa afirmação com cada dia que se passava.

— Isso foi lindo Magnus! Estou impressionada! — Ursula foi a primeira a falar com as palmas de suas mãos unidas junto a um sorriso.

— Eu realmente nunca Imaginei que conseguiria ver alguém domar aquela fera... Esta de parabéns! — Dominic colocou sua mão sobre o ombro de Ursula após me mostrar seu polegar levantado.

— Ele ainda não está manso, só está domado para transporte. E ainda assim, somente eu consigo subir em cima dele. — Cruzei meus braços segurando as rédeas em minha mão. — Da última vez que o seleiro veio até aqui para tirar as medidas de Aragon, acabou quase com duas marcas de coice no peito.

— Da pra ver como ele é bem arisco ainda... Com o tempo talvez você o amoleça. — Dominic então segurou a cintura de sua noiva, mostrando grande animação.

— Sendo sincero Dominic... Até que eu gosto dele assim, é um belo cavalo de guerra... — Sendo sarcástico, todos começaram a rir.

— Fico feliz que tenha conseguido Magnus, realmente foi muito lindo vê-lo correr junto ao seu novo cavalo. — Miyuki se aproximou de mim pegando meu rosto com suas mãos na ponta dos pés. — Quase que chorei de emoção.

— Você realmente anda muito emocional... Tem certeza de que está tudo bem? — A questionei percebendo seu comportamento incomum.

— E-está! Está sim! Não é mesmo Ursula? — Miyuki então rebateu a Ursula que pareceu um pouco deslocada.

— Ela está bem sim Magnus. É apenas um período, nos dias de uma mulher. — Ursula apenas confirmou sem dizer muita coisa.

— Muito bem, não vou questionar muito. — Percebendo o desconforto de ambas decidi não me estender.

— Como o esperado do meu Lorde! Um grande feito e um enorme espetáculo! — Bhalasar se aproximou colocando sua mão sobre o queixo. — Confesso que já estava sentindo sua falta.

— É bom revê-lo Bhalasar, está imponente como sempre. — Brinquei ao socar seu peito em cumprimento.

— Temos notícias para você Lorde Magnus, e fico feliz que tenha conseguido domar o Mustang. — Sadreen gentilmente se colocou ao lado de Bhalasar, deixando suas mãos em sua cintura de maneira heróica.

— Estou ansioso para ouvi-las meu amigo. — Com um sorriso o respondi a sua gentileza.

[...]


Ao sair daquele local todos nós fomos para o escritório de Dominic, onde nos acomodamos cada um em seus respectivos lugares para conversar. Dominic se sentou em sua poltrona diante da sua mesa, Ursula e Miyuki se sentaram nas cadeiras que ficavam de frente para o mesmo. Bhalasar e Sadreen por sua vez estavam no canto direito da sala, e eu atrás das meninas escorado no canto direito com Fenrir deitado próximo aos meus pés. 

— E então? Qual seria a novidade? — De braços cruzados olhando para todos, dei o ponta pé inicial para a conversa que teríamos.

— Bem, diante dos acontecimentos gerais, eu e o Sadreen aqui! — Bhalasar deu um tapa nas costas do Sadreen, que o fez perder o equilíbrio por uns segundos. — Acabamos por libertar mais 3 vilarejos das garras de Algardia. Porém... Em nossa jornada vimos uma grande movimentação dos exércitos Algardianos em direção a Floresta Sagrada de Thâmitris. O que pode significar um ataque surpresa covarde por parte do exército de Joaquim novamente.

— Não estamos falando de apenas um exército de 500 ou 1000 soldados, eles eram muitos. Deve ter um pouco mais de 10 mil soldados marchando para um possível acampamento. — Sadreen então abre um mapa do continente de Thâmitris, e com o dedo pontuou onde os havia avistado.

— Eles estão planejando cerca-los... — Comecei a analisar aquele mapa. — Pretendem ataca-los em um momento de vulnerabilidade. Acredito que o exército deles não está completo, e isso explicaria o porquê de Joaquim D'Algardia estar tão quieto diante dos ataques da resistência.

— Está dizendo que eles podem estar escondidos fora do alcance da vigilância Élfica? — Dominic estava começando a entender minha linha de raciocínio naquela sala.

— Foi dessa forma que atacaram Eldoria. — Miyuki juntou suas mãos ao falar de maneira triste. — Por isso que o Lorde Magnus tem uma certa noção do que estão planejando.

— Nesse caso, precisamos descobrir onde eles estão escondidos e desestabilizar o seu plano. — Dominic bateu com seu dedo indicador por três vezes na mesa enquanto falava.

— Eu concordo! — Exclamou Bhalasar batendo seu punho contra a palma de sua mão. — Tô ansioso pra bater em soldado Algardiano.

No momento em que fui falar alguém bateu na porta do escritório tirando a atenção de todos naquele momento da discussão. Dominic então se levantou de trás de sua mesa e andou até a porta abrindo-a e revelando o Sr. Draves que o aguardava com papéis em suas mãos. Seu olhar era de espanto e parecia que estava tremendo de medo.

— Senhor! Temos um grande problema!!! — Seu desespero era claro e pertinente, e obviamente ele havia descoberto algo que seria de grande interesse para nós.

— Pelos deuses Draves! O que aconteceu? — Dominic o acolheu fechando a porta em seguida.

— Ah! Ótimo!! Todos estão aqui presentes! Posso falar diretamente com todos! É uma calamidade! Um ato de desumanidade! — Draves estava muito mais inquieto do que jamais esteve e aquilo realmente estava começando a me preocupar.

— Draves, se acalme... — Ursula se levantou cedendo seu lugar a ele — Vou fazer um chá de camomila para ele.

Então me aproximei do mesmo, me agachando a sua altura, sentado naquela cadeira. Miyuki por sua vez pegou em uma de suas mãos tentando o acalma-lo.

— Sr. Draves... Olhe para mim, sou eu, Magnus. — Seus olhos estavam arregalados, quase como se tivesse presenciado algo traumatizante.

— Jovem Magnus, tome... Eu prefiro que você leia isto. — Ele então me entregou os papéis que estavam em suas mãos.

Ao pegá-los, assenti a ele com a cabeça, tentando o encorajar diante daquela situação complexa. Ao observar melhor, percebi que se tratava de duas cartas com Selos Imperiais de Algardia interceptadas, Sr. Draves deveria ter arriscado sua própria vida para tê-las em suas mãos e com toda certeza do mundo aquilo era louvável. Abri a primeira carta e logo comecei a lê-la com a devida atenção



Carta Oficial da Corte Imperial Algardiana

 

Escrevo essa carta em detrimento dos últimos acontecimentos que vieram a ocorrer nas terras dominadas pelas forças Imperiais. Há alguns dias estamos sofrendo retaliações e ataques diretos de uma organização que se autodenominam como "Rebeldes de Coração Leonino" e seus adeptos da causa.

Mesmo com os soldados bem apostos e treinados para lidar com esse tipo de situações, ultimamente estamos tendo um grande número de baixas por causa dos infames ataques leoninos as nossas forças, que por sua vez dizem estar libertando o povo da nossa influência. Essas ações não podem e não devem ser tratadas com naturalidade ou neutralidade, e por esse motivo estou decretando aqui e agora a construção de um Campo de Aniquilação, onde todos aqueles que se demonstrarem a favor da causa rebelde serão executados sem direito a julgamento ou consciência dos demais.

Estou ordenando a completa e massiva execução de todos os líderes Leoninos e seus afiliados. E como demonstração de poder estarei pessoalmente presente na execução por enforcamento de três homens, quatro mulheres e quatro crianças rebeldes. O evento acontecerá no dia 25 de julho às 14 horas e 30 minutos, na praça central da capital Algardiana.

Esta é uma exata cópia de três cartas que escrevi para garantir a conscientização dos generais e líderes militares do império da ordem marcial decretada. Em caso de interceptação inimiga a mensagem chegará de uma forma ou de outra por uma de suas cópias.

Ass: Joaquim D'Algardia



Eu tinha ficado completamente chocado com o que havia acabado de ler, aquilo parecia surreal e desumano, ainda mais por ser uma ordem direta de um líder de estado. Se aquela carta era realmente oficial assim como seu selo imperial, Thâmitris estava em mais apuros do que realmente poderia se imaginar. Todos naquela sala perceberam o horror e o ódio que havia se espalhado por toda minha feição. Sem pensar duas vezes, rapidamente peguei a segunda carta e a abri, começando a ler seu conteúdo.



Decreto Imperial Oficial Algardiano

 

Por meio deste, estou permitindo e dando início ao Cerco Contra o Reino Élfico, nosso objetivo é eliminar e aniquilar todos os Elfos e seus descendentes, tomar o território da Floresta Sagrada para a nação de Algardia, dominar completamente A Árvore Sagrada da Vida e a Ordem Sacro Mágica.

Quanto aos membros da Ordem, quero todos rendidos e vivos em um transporte para a capital central do Império. A exigência é para aniquilação total do Reino Élfico, incluindo sua cultura, construções e locais sagrados.

Ass: Joaquim D'Algardia




Ao terminar de ler aquelas cartas meu senso de urgência cresceu em meu coração, eu precisava agir o quanto antes, montar em Aragon e ir o mais rápido possível em direção ao Reino Élfico. Voltei-me a todos naquela sala que esperavam ansiosos por minhas respostas, então logo me coloquei a explicar toda a situação.

[...]


— ELES ESTÃO MATANDO CRIANÇAS!! — Gritou Dominic batendo com seu punho fechado sobre a mesa após ouvir tudo o que tinha pra dizer. — Eles são animais por acaso?! Estão colocando civis inocentes no cursor da batalha! Isso não pode ficar assim!

— Há essas horas... Já devem estar mortos... — Sr. Draves baixou sua cabeça em sinal de tristeza.

— Eu não sei nem o que dizer... — Ursula estava tão assustada e chocada quanto eu. — Como médica, minha função é salvar vidas, e vê-las sendo silenciadas de tal forma, é um pouco aterrorizante.

— Eu preciso ir até o Reino Élfico. — Soltei aquela afirmação em meio a todos que rapidamente tornaram seu foco em mim.

— Ficou maluco Magnus? Vai morrer desse jeito! — Miyuki se levantou ficando frente a frente comigo. — Eu não posso permitir que faça isso! É suicídio! O Reino Élfico vai perecer de qualquer jeito. Olha o tamanho do exército que terão que enfrentar...

— Miyuki, eles são o coração de Thâmitris! Se não houver ninguém para pelo menos prepara-los para o que está por vir, como espera que eles tenham ao menos uma chance?! — De forma um pouco exagerada mexi meus braços para me expressar, acabei não percebendo minha voz ficar alterada por conta da emoção e com isso entrei em uma discussão com Miyuki, mesmo que não fosse minha intenção.

— Você não pode ir! Não assim! Não desse jeito! Acabou de sair de uma batalha onde você quase morreu enfrentando um monstro colossal! O que você acha que te espera lá!? — Ela estava irritada, preocupada e desesperada em seu tom de voz.

Na minha cabeça eu sabia que ela tinha razão em suas palavras, Miyuki tinha seus motivos e eu nunca poderia tirar dela o mérito de sua reação. Mas para o azar dela eu sou muito teimoso, e mesmo que talvez ainda não seja o mais altruísta de todos como meu pai havia sido, eu também não era o ápice do egoísmo e da apatia em pessoa. Eu me importava com aquele mundo, com as pessoas que irão morrer se eu não fizesse nada a respeito. Minha culpa seria eterna, e não conseguiria viver com isso em minha mente.

— Bhalasar... — Olhei para ele que estava diante de uma situação ao qual ele claramente não sabia como se portar. — Prepare meus suprimentos para a viagem, pegue meus equipamentos e leve-os para serem reformados. Eu estou indo ao Reino Élfico. Essa é a minha decisão final. — Todos ficaram me olhando como se eu estivesse cometendo um ato de suicídio.

— Então... Então eu vou...! — Miyuki tentou falar, mas Ursula a interrompeu de imediato.

— Miyuki! Não. — A mesma colocou sua mão sobre seu ombro para demonstrar afeição. — Você não está bem... Lembra?

Miyuki então baixou a cabeça de forma triste e sem dizer uma única palavra, deixou todos nós naquela sala ao sair pela porta. Eu me senti mal por ir contra as preocupações e os desejos de Miyuki, mas eu tinha um dever, um objetivo e um propósito a ser cumprido. E deixar mais crianças e inocentes morrerem por ordens de Joaquim e seu império, não era discutível.

— Ela vai ficar bem... Só de um tempo a ela. — Ursula se aproximou de mim. — Eu só sugiro Magnus, que não a deixe mais preocupada e estressada do que já está. Eu entendo seus motivos, mas Miyuki precisa de você também, tanto quanto as pessoas do mundo.

— Vou me lembrar disso Ursula, me perdoem a discussão acalorada. Eu não queria magoá-la, mas eu preciso fazer o que tem que ser feito nesse momento. — Olhei para Dominic que parecia me entender completamente. — Caso contrário nem eu nem Dominic conseguiremos lhes dar um mundo onde poderemos viver em paz.

Dominic deixou um pequeno sorriso de canto escapar de seu rosto assentindo com a cabeça em seguida. Ursula por sua vez arregalou os olhos com aquela afirmação, e então olhou novamente para Dominic em sua total atenção, fechando os olhos em um sorriso honesto e singelo.

— Vocês dois não tem jeito mesmo... Vou me juntar a Miyuki em protesto, mas devo admitir. — Ela colocou as mãos na cintura. — Deve ser por isso que admiramos tanto vocês. Apenas voltem vivos.

— Nesse caso, já irei me retirar também para cumprir as suas ordens, Lorde Magnus! — Bhalasar foi até a porta, abrindo-a para Ursula de modo cavalheiro.

Assim ambos saíram da sala, deixando apenas eu, Dominic, Sadreen e Sr. Draves naquele local. Novamente me escorei na parede cruzando os braços ao começar a pensar em uma forma de parar o ataque ao Reino Élfico.

— E então Magnus, qual é o seu plano? — Dominic cruzou seus dedos ao apoiar seus cotovelos na mesa.

— Eu vou precisar do apoio de vocês. De todos vocês. — Naquela troca de olhares mútuos, parecia que nós já sabíamos exatamente o que estávamos pensando.

— Eu estava esperando você me falar isso... — Dominic estava determinado, e seu olhar não mentia sobre isso.

[...]


[Toca dos Leões, 27 de Julho de 812 da Era Mágica]


Trajado mais uma vez com meu traje de combate, eu estava pronto para mais uma jornada que logo se iniciaria. Foi-me entregue por Bhalasar minha espada restaurada, e além dela para minha surpresa, uma segunda espada que ficaria no lado esquerdo da minha cintura. Certa vez havia comentado com aquele Draconiano ruivo que conseguiria empunhar duas espadas sem problema algum, durante a nossa conversa ele havia duvidado de tal feito e disse que iria comprar para mim uma segunda espada, apenas para ver se estava falando a verdade.

— Dito e feito não é mesmo? — Engatei a segunda espada no outro lado da minha cintura.

— Eu estou deverás curioso. Se me permitir dizer é claro. — Ele sorriu olhando para mim de cima para baixo. — Boa sorte em sua jornada, meu Lorde.

— Obrigado Bhalasar. — Então retirei aquela espada da bainha observando meu reflexo em sua lâmina afiada. — É uma bela espada...

Tratava-se de uma espada longa, cruzada de lâmina semelhante a minha espada habitual. Seu guarda mão continha uma peça de metal no formato de uma gota de água que interligava a lâmina com a empunhadura, onde incrustado em seu centro estava um cristal de mana vazio, as extremidades eram levemente acentuadas para cima, dando ainda mais charme aquela peça única. Sua empunhadura era de couro negro, com um detalhe anelar metálico em seu centro, enquanto que sua empunhadura seguia o formato de um ornamento clássico esferal.

— Se vai bater de frente sozinho... Ao menos leve mais uma arma consigo. — Ele colocou seu punho fechado em meu peito em sinal de amizade e confiança. — Estarei sempre as suas ordens.

Assenti com a cabeça a ele em agradecimento as suas palavras, até que ele se afastou me dando espaço para que pudesse montar em Aragon. O cavalo estava preparado com a sela e as rédeas que haviam sido feitas para ele. Acima de sua cabeça e se estendendo até a ponta de seu focinho, uma placa metálica ornamentada estava bem encaixada para sua proteção. Por todo seu corpo se estendia uma armadura de placa, deixando apenas a sua crina e cauda de fora. Havia algumas bolsas bem amarradas as suas laterais traseiras e um conjunto de sobrevivência preso em minha sela.

Ele estava pronto e bem preparado para uma viagem de alguns dias, essa era a oportunidade perfeita para colocá-lo em prática.

— Abram os portões! — Gritei aos cuidadores do estábulo.

— Boa sorte e boa viagem Lorde Magnus! — Bhalasar fechou seu punho acertando seu próprio peito com firmeza em sinal de respeito, e então se curvou.

— Vejo vocês do outro lado Bhalasar! Eu agradeço! — Dito isso, dei a ordem para que Aragon começasse a cavalgar, seguindo em direção a rua principal onde me levaria a saída da Toca dos Leões.

Aumentando a velocidade constantemente montado em Aragon, logo comecei a passar pelo grande corredor de pessoas que gritavam e balançavam bandeiras em apoio a minha atitude. No dia anterior, Dominic havia feito um anúncio a todos sobre os próximos grandes passos que iríamos tomar diante das novas informações que havíamos adquirido. Isso gerou uma grande comoção em apoio as lideranças, e agora todos os residentes da principal base de operações rebelde estava presente para me ver sair em direção ao Reino Élfico. Após correr com Aragon por todo aquele corredor de pessoas esperançosas, finalmente havia chegado à entrada da caverna que me levaria para o lado de fora. Ali estavam presentes Dominic, Sadreen, Miyuki e Fenrir.

— Está tudo pronto para que nossos planos sejam executados? — Parei Aragon diante deles.

— Assim como planejado meu Lorde. — Sadreen fechou seu punho o colocando acima de seu peito. E então se aproximou me entregando novamente a fivela que havia ganho pelas mãos da senhora Rosery, anteriormente de cor prateada e agora estava banhado a ouro, mantendo a mesma indentidade do Brasão da família Wingsfield. — Tem um soldado novato que teve um grande desempenho como arqueiro nas últimas campanhas, ele está sua espera do outro lado, siga até seu destino em segurança.

Olhei para eles que transmitiam a mim sua total confiança, e como resposta assenti a eles, confirmando que havia entendido o recado. Posicionei a fivela novamente sobre a cinta transversal que subia em meu ombro e engatava na cintura, deixando-a próxima a meu peito.

— Magnus! — Miyuki me chamou no momento em que ia começar a correr. Ela então se aproximou pegando em minha mão. — Não importa o que aconteça! Não importa o que o destino nos preparar... Mas quero que saiba que longe ou perto de você, eu sempre irei te amar.

— Eu voltarei. Eu prometo que voltarei para você. — Beijando carinhosamente sua mão, nos despedimos ali mesmo. Ela se afastou e então tomei em minhas mãos as rédeas de Aragon novamente.

— Vamos! — Gritei ordenando o galope de Aragon com meus estribos.

Com velocidade adentrei o túnel escuro da caverna, deixando apenas o eco dos cascos de Aragon ecoar pelas paredes iluminadas por tochas. Segui mantendo a confiança em meu peito, relembrando todos meus feitos até ali, havia finalmente chegado a hora de bater de frente com Algardia e nada me deixava mais fervoroso do que relembrar cada momento infernal que passei naquela invasão covarde a Eldoria. Momentos e mais momentos eram revividos em minha mente durante todo o percurso daquela caverna, seja a dor nos olhos do meu povo, a captura de minha mãe e Elize, a morte do meu pai... A perda de meu irmão. O ódio e a raiva se tornaram combustíveis indispensáveis em minha busca por vingança, e podendo ver aquela luz no fim do túnel, não havia nada mais que pudesse me parar, eu estava preparado para enfrentar tudo e todos que se decidissem entrar em meu caminho.

Assim que sai, pude ver um garoto montado em um cavalo muito familiar para mim, era Marshall, o mesmo cavalo que havia usado durante a última campanha. O garoto era um tanto incomum, estava usando roupas leves e uma armadura de couraça que vinha acompanhada de um capuz, não era muito defensiva, mas lhe permitia maior flexibilidade e agilidade em seus movimentos. Uma aljava estava presa as suas costas, na região da sua cintura, enquanto que seu longo e detalhado arco estava cruzado sobre seu ombro. Usava manoplas leves e flexíveis, assim como quase todas as poucas placas metálicas por seu corpo. Aquele era um verdadeiro arqueiro que estava disposto a sacrificar sua defesa em prol de uma ótima movimentação e furtividade. O que mais tinha chamado a minha atenção, eram suas características físicas um pouco diferenciadas, sua pele era branca e seus cabelos bagunçados eram castanhos claros com algumas mechas brancas. Porém, suas orelhas eram grandes, peludas e projetadas para cima, próximas o bastante de um raposa, além de sua grande cauda peluda que saia de suas costas. Eu estava diante de um Demi-Humano, já fazia anos que não via um e o que mais impressionava era ver que nem todos haviam sido extintos.

Aproximei-me devagar, parando ao seu lado. Um tanto quanto desastrado e atrapalhado, ele logo deu um pequeno pulo de susto e surpresa.

— Ah! Lorde Magnus! Mil perdões! E-eu estava um pouco distraído. — Ele então colocou a mão sobre a nuca sorrindo de forma gentil e sem graça.

— Qual o seu nome garoto? — Com um sorriso de canto perguntei qual sua graça.

— Soldado Yusuf Haidar! Ao seu dispor senhor! — Ele me saudou usando a mesma saudação Eldoriana. Eles realmente haviam levado a sério o treinamento que lhes havia dado. — Fui instruído a ser seu parceiro e escudeiro nessa jornada senhor!

— Muito bem Yusuf, primeiramente me chame apenas de Magnus quando estivermos na multidão, não precisa ser tão formal comigo. Ainda mais agora que estou tentando manter minha identidade oculta. — Esclareci pra ele as regras que iríamos manter em nossos diálogos. — Quando estivermos a sós, pode usar Lorde se achar mais viável a você.

— Ah perdão... Lorde Magnus. Vou me atentar a isso daqui em diante. — Ele assentiu com a cabeça.

— Vem! Não podemos mais perder tempo! No caminho nos conheceremos melhor. — Fui interrompido por um alto e grave latido que ecoou para fora da caverna de onde eu havia saído. E assim que olhei para trás, vi que havia sido seguido. — Fenrir?!

Mais um latino ecoou, até que o grande lobo saiu correndo para fora da escuridão, vindo até nós. Sua euforia era contagiante, mas logo sentou-se a nossa frente mostrando sua língua de fora.

— Miyuki irá ficar uma fera... — Sorri para ele. — Bem, não temos outra escolha a não ser levá-lo conosco.

— Este lobo é seu Lorde Magnus? — Yusuf me perguntou curioso.

— É uma longa história... — Comecei a cavalgar em direção a Floresta densa.

 

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