Volume 1
Capítulo 7: Temos que Proteger a Lua!
Após Yoru se despedir emocionado de sua filha, ele e Dai seguiram na direção de onde o estrondo ensurdecedor ecoou. O sol já havia se posto, pintando o céu com tons de azul-marinho, enquanto a lua assumia o protagonismo no firmamento. A atmosfera estava impregnada de uma tensão palpável, misturada ao desconforto de não saber o que os aguardava no local.
Chegando perto da explosão, Yoru avista 2 homens encapuzados em sua frente, havia espadas presentes em suas vestes escuras, lentamente eles começaram a se preparar entrando em posição de luta, um ficou a frente e o outro colou nas costas de seu companheiro, não deixando brechas para um ataque surpresa. Mas, seu olhar foi atraído para o céu, era possível ver uma barreira se formando, com um aspecto translúcido, perceptível apenas por aqueles que possuem habilidades sobrenaturais.
As barreiras têm a função de isolar um espaço específico selecionado por aquele que invoca essa barreira, toda a área afetada é uma recriação do mundo real, então caso danos severos aconteçam com as construções ao redor, quando essa barreira cair é como se nada tivesse acontecido.
— Então vocês escolheram fazer seu showzinho aqui? Desculpe, mas não deixarei que passem desse ponto. A barreira será de grande ajuda para evitar atenção também — Yoru apresentava um olhar sério em seu rosto, uma ira por ousarem tentar atacar sua querida filha.
— Vai sonhando Gekkou! Você não sai daqui até a hora que quisermos. — Disse o primeiro homem com um pequeno sorriso em seu rosto.
— Certeza? Acho que acabo com vocês antes de começar meu anime…
— Tsk! Vai se achar lá longe daqui!
Depois da conversa, os dois homens começam seus ataques. Foi possível observar vários mísseis de fogo indo em direção ao Dai e Yoru, porém eles desviavam de todos tudo com facilidade sem nem usar suas habilidades, apenas seu instinto e agilidade.
— É só isso que vocês têm? Terão que se esforçar mais se quiserem me acertar.
— Estamos apenas nos aquecendo, não se preocupe com isso, minha flor — A frase foi dita com deboche e orgulho pelo primeiro encapuzado.
O seu aliado apenas o olhou desconcertado. “Esse é o melhor que ele consegue fazer para ofender alguém? Para uma pessoa tão habilidosa chega a ser decepcionante…”, pensou consigo.
Ambos começaram mais um ataque em conjunto contra Gekkou e Tanimura. Eram investidas muito sincronizadas, sempre variando entre habilidades e ataques físicos, além de utilizarem constantemente as espadas para garantir certa distância daqueles dois. Os inimigos sabiam que não seria nada fácil acabar com os dois grandes mestres do clã Gekkou. Por isso mesmo o plano deles era outro, ainda que adorariam testar suas habilidades e talvez conseguir feri-los sem saírem muito machucados.
No entanto, Yoru e Dai começaram a notar esse padrão. Os dois eram bem fortes, e pareciam experientes em combates, já que mantiveram certa distância durante todos as surtidas que tentaram. Ainda assim, não estava sendo o suficiente para os grandes mestres, que desviavam de tudo com maestria.
Yoru não parecia nem minimamente cansado, tal como Dai, que esboçava um sorriso no rosto
— Fazia um tempo que eu não me divertia tanto desse jeito! Não é, Yoru? Ou devo lhe chamar de “minha flor”?
— Não enche…
Os dois que o atacavam estavam começando a ferver de raiva, já que não acertaram um golpe sequer. Também era possível notar um dos encapuzados um pouco avermelhado, talvez de raiva por seus ataques não darem certo ou talvez com vergonha por seu incrível xingamento ter sido reutilizado como um deboche contra a sua própria pessoa, todavia, foi o suficiente para deixá-lo ainda mais furioso.
— Você vai ver! 12, agora!
Eles começam a carregar dois ataques que ocasionou um terremoto forte o bastante para os prédios começarem a tremer e eventualmente racharem. Por sorte não parecia haver ninguém por lá.
— Ataque conjunto: Raio Negro!
Com essa declaração, uma massa sombria foi criada de ambas as espadas, que apontadas para frente, lançaram o ataque. Estas massas viajaram e se unificaram em apenas um grande feixe de escuridão.
— Então vocês querem brincar de sombras… Que seja... Controle das sombras!
Com suas sombras, Yoru se defendeu do ataque iminente com uma barreira de sombra que recebeu o ataque e o absorveu, criando uma massa maior de escuridão e a repelindo nos seus inimigos.
— Vamos N° 10! Essa sombra está mais poderosa. Se a absorvemos ficaremos mais fortes.
Sem perder tempo os inimigos captam a sombra furando com a mão, era possível ver uma aura escura enrolando no braço deles, assim absorvendo-a, fazendo com que eles ganhassem um aumento de poder significativo, pelo fato de Yoru ter refinado a energia da sombra antes lançada.
— C-como? Uma energia tão grande não poderia ser absorvida por uma pessoa normal…
— Viu minha florzinha, eu te disse que estávamos apenas começando.
— Tsk.
Chiando, Yoru começou a coçar a cabeça procurando por uma abertura e traçando uma estratégia de acordo, mas sua posição não era tão vantajosa. Ele precisava de uma distração…
— Habilidade Especial: Pesadelo!
Várias pequenas bolas ilusórias, quase translúcidas, pretas, com detalhes em cinza-escuro e amarelo (que assemelhavam-se a estrelas vistas de longe), foram em direção a um dos inimigos em uma velocidade tão rápida que foi impossível desviar de todas.
— N° 12? Está consciente?
Yoru ao lançar esse ataque fez com que o N° 12 ficasse inconsciente, mas com seu corpo ainda em pé e com sua espada empunhada em suas mãos. Seu olhar se tornou vazio, profundo, vago, “morto”. Ele possuía uma expressão de como se tivesse entrado em estado de choque. O ataque não foi direcionado ao seu físico, mas sim à sua mente, onde o homem caiu em uma ilusão que se parecia totalmente com o mundo real. Fazendo o ter a impressão de ter matado Yoru Gekkou com extrema facilidade.
— Hmph, você não serviu para ser minha flor, afinal… Esperava mais de você, Yoru Gekkou…
Com um feixe de luz, Yoru se levanta rapidamente e se recompõe rapidamente no sonho do N°12. Sempre se recompondo toda vez que o mata.
— Q-que diabos.
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Fora da mente do N°12, Yoru estava lutando contra o N°10 sozinho, onde ganha vantagem em todos os aspectos.
— Vamos! Sem ele você não é mais nada?
— Vou fazer você engolir suas palavras! — N°10 diz, se irritando cada vez mais com Yoru.
Ao se irritar, ele começa a preparar um ataque.
— Habilidade especial: Espinhos de Ferro!
O ataque foi atirado, constituído de vários espinhos metálicos. Assim Yoru teve pouco tempo de reação, onde tenta desviar mais ainda é pego no ataque. Deixando alguns rasgos em sua roupa.
— Tsk… Que rápido.
— Hmph! Vamos ver se aguenta mais desses. Habilidade especial: Carga de Aço!
Varas de metal surgem do chão indo em direção a Yoru. Contudo, agora adaptado, ele consegue chamar suas sombras para o defenderem. Mas tinha algo bem estranho…
“Algo não está certo… Pelo andar da luta, um dos dois já deveria ter usado algum escudo de barreira, contudo, o autointitulado N°12 está incapaz de lutar, e este aqui não parece ter qualquer capacidade para algo do tipo, o que significa… que não há ninguém com um poder para erguer uma barreira… Deve haver uma terceira pessoa em algum lugar por aqui.” — pensou Yoru enquanto lutava.
Desconhecido para Yoru, essa terceira pessoa nunca esteve ali com os dois, mas sim em outro lugar ou completamente escondida. Ao interligar as peças, ele chega à conclusão de que o terceiro inimigo poderia não estar por perto e talvez tenha ido até a casa dele, onde Luna e Ryuu estavam, entrando em conflito com a situação.
— Dai! Temos que terminar logo por aqui, tem uma terceira pessoa no time deles!
— Não me diga que ele foi até a Luna… — Dai murmurou enquanto mordia seu lábio diante da situação conflituante, fazendo com que um pouco de sangue caísse de sua boca. “Por favor, Ryuu, meu garotinho, não nos deixe na mão… Eu confio em você!”
Ainda que acreditasse na capacidade de seu filho, Tanimura estava preocupado. Ele era jovem e estava começando a entender como tudo aquilo funcionava. Para Dai, ele não passava de um menininho que precisava de proteção, e ainda tinha a Luna, sua sobrinha de consideração, o alvo deles.
Ambos sabiam que precisavam terminar tudo quanto antes, ou algo de muito ruim aconteceria com seus filhos, suas preciosidades, suas razões para viver.
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Enquanto isso, no porão onde Luna e Ryuu estavam, não era possível escutar nada decorrendo do lado de fora e a atmosfera tensa tomava conta da sala. Até que sem perceberem, um portal abriu abaixo do sofá em que estavam sentados, fazendo com que eles fossem transportados para o meio da rua, em frente a casa da família Gekkou.
Ryuu foi pego totalmente desprevenido, antes que pudesse reagir de alguma forma, um homem que vestia um manto escuro cobrindo seu rosto, apareceu subitamente por trás dele, apontando a ponta afiada da katana na qual empunhava contra seu pescoço.
— Melhor não se mexer, criança! Caso contrário, sua cabeça estará rolando no chão antes que perceba! — disse o misterioso inimigo, em um tom sério, sem muita tolerância para “brincadeiras”.
— Tch…
— Ai, ai… O que aconteceu Ryu- — Ainda se levantando do tombo, Luna avista seu amigo de infância, entrando em choque com a cena apresentada.
Concentrando energia elétrica dentro de seu corpo, Ryuu libera uma descarga de energia que afasta o homem para longe. A intensidade cega momentaneamente o encapado e o choque liberado foi suficiente para desnorteá-lo por alguns segundos, fazendo com que Ryuu conseguisse escapar apenas com sua blusa rasgada.
O garoto não conseguiu desarmá-lo, o que era ruim, mas isso não faria tanta diferença. Ele sabia que seu inimigo era mais forte, e que teria uma mínima chance, porém precisava proteger sua amiga, seu pai e tio haviam pedido, era uma responsabilidade e tanto. Logo, apesar de seu medo gritar internamente, não deixava transparecer, arrumando seu posicionamento para batalhar.
— Precisará mais do que isso se quiser me matar. Não se preocupe, Luna, eu estou bem.
— Você me assustou! Não se deixe ser pego assim novamente, por favor. — Luna reclamou enquanto corria para perto de seu amigo.
— Não quero estragar o momento dos pombinhos, mas continuo aqui, e preciso pegar esse colar em seu pescoço, Luna Gekkou.
O clima tenso pairava no ar… Ambos Ryuu e homem desconhecido olhavam-se intensamente, especulando o que aconteceria a seguir, até que a atmosfera é quebrada quando Luna agarra a manga da blusa de seu amigo de infância enquanto olhava atentamente ao inimigo. Ela parecia muito assustada, não por menos, nessa manhã eles estavam na escola, seguindo o cotidiano da vida como alunos normais e olha agora.
— Ehh, como você sabe o meu nome?
— É sério isso? — O encapuzado parecia perplexo por ouvir palavras tão idiotas. “É impossível que essa garota não saiba o que está acontecendo aqui, não é mesmo?”, pensa ainda incrédulo com a pergunta da mesma.
— Ah… Luna… meio que eu anunciei seu nome e, bom, ‘Gekkou’ é um sobrenome bem conhecido entre eles… — Respondeu o garoto, com toda a paciência do mundo.
Ela olha nos olhos de seu amigo por uns instantes — E-eu estou nervosa… Apenas esqueça o que eu disse!
Nesse momento, o homem de manto esticou sua mão e vários portais começaram a aparecer pelo ambiente. Entrando no mais próximo de onde ele estava, apareceu no telhado da casa. E, mais uma vez repetindo o processo, ele surgiu de repente nas costas de Ryuu direcionando sua katana no peito dele.
— Ah, droga! — Ryuu segurou Luna pela cintura e a colocou em suas costas rapidamente, desviando das sombras por pura sorte. — Eu abaixei a minha guarda… Preciso me atentar mais, ou morreremos aqui!
A ação repentina fez com que uma mecha lateral do cabelo de Luna, que normalmente estava atrás da orelha, se soltasse e cobrisse parcialmente seu olho direito, atrapalhando um pouco sua visão.
— Luna, não se preocupe, tenho certeza que eles vão descobrir que há um deles aqui, independente de quantos tenham! Eles virão nos salvar, eu creio nisso, mas até lá, cuide deste colar com a sua vida, ele deve ser muito importante já que é o alvo deles
Ryuu fez um movimento rápido para se afastar um pouco mais do inimigo, soltando Luna de suas costas para garantir sua segurança durante o combate iminente. Enquanto se aproximava do encapuzado, sua mão começou a brilhar com faíscas, indicando que ele estava carregando outra descarga de energia para um novo ataque.
Com passos firmes, ele correu até o inimigo, mantendo sua postura defensiva enquanto se preparava para lançar a descarga elétrica. Seus olhos estavam focados no adversário, analisando cada movimento e procurando uma abertura para atacar.
O encapuzado percebeu a energia acumulando na mão de Ryuu e se preparou para contra-atacar, empunhando sua katana com determinação, mas a desvantagem era visível, havia vários portais por ali, ele poderia facilmente desviar de um ataque. O silêncio tenso foi quebrado apenas pelo crepitar das faíscas e pelo som do vento que soprava suavemente.
Em um instante, Ryuu liberou a descarga elétrica com precisão como se fossem várias lanças, lembrando muito o formato de relâmpagos, visando atingir o ponto fraco do adversário. O raio cortou o ar com um estrondo, iluminando a cena antes de atingir o encapuzado.
Um grito de surpresa e dor escapou dos lábios do inimigo, que foi arremessado para trás com o impacto da descarga. Ryuu aproveitou a oportunidade para se aproximar rapidamente e tentar desarmá-lo, garantindo que não representasse mais uma ameaça para ele e Luna.
No entanto, algo estava estranho, como ele se deixou ser atingido tão fácil assim, não havia lógica. Antes que Ryuu pudesse se aproximar mais, o encapuzado não estava mais lá, havia apenas o manto dele largado no chão e um portal aberto ao lado no chão.
— NÃO! LUNA! — Ele gritou em desespero, enquanto se virava para a direção em que havia deixado-a, vendo que agora um portal surgiu nas costas dela. — ATRÁS DE VOCÊ!
Com reflexos rápidos e instintivos, Luna se esquivou do golpe, mas a katana cortou uma parte de sua franja e a mecha solta que antes cobria um pouco de seu olho direito. Ela sentiu o vento da lâmina passando por seus cabelos, o que a fez perceber o quão perto estava de um ferimento grave.
— Ufa, essa foi por pouco — Luna murmurou para si mesma, recuando alguns passos para se distanciar do alcance do inimigo enquanto estava ofegante.
Ryuu, vendo a situação, redobrou sua determinação em derrotar o encapuzado enquanto se recuperava do susto. Ele concentrou sua energia elétrica e lançou uma nova descarga poderosa, mirando com precisão no adversário. O raio cortou o ar com um estrondo, mas passou ao lado do encapuzado, que facilmente desviou do ataque que acertou a casa atrás dele. Mas isso serviu como distração, permitindo que Ryuu alcançasse Luna novamente.
— Seu cabelo… Meu Deus eu… Essa foi por pouco — Disse Ryuu não conseguindo terminar uma frase inteira, olhando para o rosto de Luna por um instante.
Luna, percebendo a preocupação de Ryuu, colocou uma mão em seu ombro e o olhou nos olhos com determinação.
— Foco, Ryuu. Todos estão dando o melhor de si, e não podemos nos deixar abalar por contratempos. Não podemos nos distrair com preocupações fúteis quando nossas vidas estão em jogo.
Ela havia tomado uma decisão firme em sua mente. Em meio ao perigo iminente, ficar em choque ou se preocupar com detalhes triviais só atrapalharia. Luna sabia que precisava ser forte não apenas por ela mesma, mas também para proteger aqueles que amava. Era hora de assumir o controle da situação e cuidar de si mesma enquanto enfrentavam os desafios que estavam por vir.
— Como faço para soltar esses poderes que vocês têm?
— Não é assim que funcio-
Antes que Ryuu pudesse terminar sua frase, seu braço foi atingido pelo corte do inimigo, que rapidamente caiu por outro portal e apareceu acima de Luna, arrancando o colar em seu pescoço.
Com dor latejante em seu braço ferido, que já começava a derramar sangue e pintar o chão de vermelho aos poucos, então com um movimento rápido e preciso, ele conjurou outra lança elétrica, mirando diretamente na mão do adversário onde o colar estava, a fim de arrancá-la.
No entanto, algo inesperado aconteceu. A lança elétrica não apenas atingiu a mão do encapuzado, mas também acertou precisamente o colar. O impacto fez com que o colar rachasse, liberando um grande impulso destrutivo que se espalhou em todas as direções.
— Droga, fiz besteira — Ryuu falou enquanto pulava para proteger Luna.
— Você quebrou ele!
O chão tremeu violentamente enquanto o impulso destrutivo se expandia, destruindo todas as construções ao redor em um raio de alcance impressionante. Fragmentos de pedra e detritos voaram pelo ar, enquanto uma onda de energia desordenada se propagava rapidamente.
Ryuu e Luna foram lançados para trás pelo impacto da explosão, protegendo-se instintivamente contra os destroços voando. O som ensurdecedor da destruição ecoou por todo o local, criando um caos avassalador. Em meio à fumaça e à poeira deixadas pela explosão, surgiu uma luz branca. Alguns segundos depois, pôde ser vista uma aura branca e preta se formando e crescendo sem forma definida. Ela cresceu até tomar um tamanho absurdo, e começou a se mexer de um jeito a formar o que parecia um animal gigante. Todos no local entraram em choque com o que viram, até que a grande massa de luz soltou um rugido estrondoso.