O Segredo no Luar Brasileira

Autor(a): Moonlight Valley


Volume 1

Capítulo 6: O Poder da Lua

— Bom, já que você achou o que estávamos procurando, não preciso mais de você… Desapareça!

Em um piscar de olhos, Yoshimura encurtou a distância, deixando Luna sem nenhum tempo de reação. Porém, antes que pudesse tocá-la, ele foi empurrado para longe para o fim do corredor, por algo que parecia um choque elétrico, ainda era possível ver partículas brilhantes no ar, mas não era possível concluir o que havia ocorrido ao certo. Até que Luna escutou uma voz familiar chamando por seu nome.

— Luna! 

— Eh, R-Ryuu? 

— Você está bem?

— O-o que está acontecendo?

— Não há tempo para explicações! Vamos sair logo daqui! Disse Ryuu enquanto olhava o Yoshimura no fim do corredor.

— Espere! O colar!

Devido ao impacto repentino, o colar acabou por cair no chão. Seu pai havia lhe dito para não deixar nada acontecer a ele, pois ele era algo muito importante, e era para guardá-lo com sua vida. Ela escolheu obedecer a essa ordem, tendo em vista o quão sério o seu pai parecia enquanto dizia essas palavras, e com uma expressão nunca vista antes.

— Eu não posso perdê-lo!

— Ahhh, a gente pega na volta, agora não é um bom momento para isso! – disse Ryuu.

— Não! Tenho quase certeza que é isso que ele quer!

— Como?

— Ele insistiu em olhar o colar de perto antes de tudo isso acontecer

Luna então correu em direção ao colar que estava no chão, porém antes que pudesse alcançá-lo, uma sombra rastejou até ela, acabando por prender seus pés, a impedindo de realizar qualquer movimento, muito menos andar.

— Não vou deixar que pegue nosso tesouro! — falou Yoshimura.

Nesse momento, outra voz familiar preenche o ambiente que estava rodeado por uma atmosfera tensa e confusa com a rápida sucessão de fatos.

— Ei, que baderna é essa na minha escola?

— Taiyou-senpai?

— Ei, por que está invocando poderes na escola? Achei que já estava claro que é proibido.

— E quem liga para isso? Saia do caminho! — Disse Yoshimura jogando mais sombras em direção a Taiyou.

Enquanto desviava de forma bem simples do ataque direcionado a ele, Taiyou reclamou:

— Olha esse moleque pensando que é gente, vou te mostrar um pouco do que é ser forte.

Com essa declaração, Taiyou desaparece repentinamente, aparecendo nas costas do Yoshimura e com um chute direcionando a lateral da sua barriga ele o joga para fora do prédio, quebrando a janela do corredor no processo, agora estando no pátio da escola que agora apresentava cacos de vidros no chão na área da janela quebrada.

— Aqui, seu colar. Agora saiam, antes que se machuquem.

— Vamos, Luna! — Ryuu a chamou novamente enquanto a puxava pelo braço e corria em direção à saída da escola.

— Humph… Agora que ninguém vai nos atrapalhar, acho que posso me soltar um pouco…

Quando estavam próximos à saída, Luna pode ver pela sua visão periférica algo voando em sua direção.

— Cuidado! — ela disse.

Porém, antes que pudesse atingi-los, o objeto, que era um pedaço de rocha gigante, foi destruído por uma flecha que aparentemente estava congelada.

— Ahh, podia ter uma folga dessas batalhas… — a Presidente disse em escárnio, enquanto colocava sua mão em seu pescoço, demonstrando frustração.

— Presidente?!

Colocando suas mãos no chão, ela fez com que uma grande barreira de gelo surgisse do chão, enquanto criava uma rota de fuga ao mesmo tempo.

— Ei, vocês dois, saiam daqui o mais rápido que puderem! Eu e Taiyou cuidaremos dessa bagunça.

— Sinto muito senpai, contamos com vocês — Disse Ryuu.

Luna e Ryuu finalmente chegam ao portão da escola após passar por diversos obstáculos anteriormente. Encontrando o diretor Mizusawa no caminho.

— Não esperava que fosse acontecer um ataque justo hoje e tão repentinamente.

— Diretor Mizusawa?!

— Quer parar de se surpreender com qualquer pessoa que aparecer na sua frente, Luna? — falou Ryuu enquanto olhava para ela.

— Agora não é hora de conversar. Vão para casa e encontrem o Yoru. Já o contatei, ele está esperando por vocês.

— Rápido entrem, eu os levo para casa.

— Quê? Aisha-nee também?!

— Vamos, entre! — Ryuu gritou enquanto praticamente a empurrava para dentro do carro.

 

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Enquanto Aisha os levava para casa para se encontrarem com o Yoru, Taiyou encontrou Yoshimura no pátio frontal da escola, no local para onde ele havia sido arremessado por seu chute anteriormente.

— Ai, essa doeu… Como pode ser tão rápido?

— Você ainda não viu nada.

Taiyou estica um de seus braços fazendo com que um arco de chamas surgisse em sua mão. Em seguida, puxando com seus dedos, era possível ver uma flecha em chamas surgindo, ativando assim uma de suas técnicas para terminar aquilo de uma vez por todas.

Técnica especial: Flecha Solar!

A flecha que sumiu como uma simples faísca surgiu penetrando o ombro direito de Yoshimura, queimando a região atingida de seu corpo. 

— Vai desistir?

— Estamos apenas começando…

Yoshimura invoca uma sombra, que começou a se enrolar no local do ferimento, fechando o buraco que a flecha fez, fazendo com que o ferimento parasse de sangrar, cobrindo a queimadura também. Após se recuperar, ele começa a invocar outros ataques de sombras para seguir o embate.

Sombras da perdição, venham até mim!

Três sombras emergiram do chão em um círculo fechado e foram em direção de Taiyou. As sombras tentaram acertar, mas Taiyou era muito rápido sendo um alvo difícil de atacar.

— Só com isso você não irá me derrotar…

— Sua arrogância será sua derrota!

Taiyou começa a formar uma arma, mais especificamente uma foice, sendo ela de fogo e desferiu três ataques laterais nas sombras. Elas caíram facilmente, mas havia algo que Taiyou não esperava, uma sombra que vinha por trás de si, ela o capturou e deixou o mesmo estático.

— M-mas que inferno…

— Viu eu te falei que iria ser sua ruína! Agora morra!

Taiyou ainda estático tenta se mexer, mas em uma tentativa falha ele não consegue, aproveitando a vantagem, Yoshimura invoca uma sombra diferente das outras, essa continha uma espada. Ela seguiu até onde Taiyou se encontrava, desferindo golpes seguidos no peito dele, o fazendo sangrar bastante.

— E para o golpe final…

— TAIYOU!!! – Gritou a Presidente Mizusawa, enquanto observava a cena aterrorizante.

— Hmph! Você é fraca, portanto nem tente nada!

Com isso, Yoshimura joga uma sombra até a Presidente, que seguiu rapidamente pelo chão até atingir um golpe em sua cabeça, a ferindo ao ponto de fazê-la cair no chão, a deixando inconsciente no pátio da escola, que ao decorrer da batalha teve sua infraestrutura danificada em certas áreas.

— YUKIIII!! Gritou Taiyou, desesperado enquanto ainda sentia muita dor na região de seu peitoral que não parava de sangrar.

Com o ódio o consumindo, ele começa a soltar fumaça, que saem de seu corpo de forma muito acelerada e desordenada, fazendo seu corpo ficar quente, algo por volta de 42° celsius especificamente. Aquecendo seu corpo ao máximo, ele acabou enfraquecendo a sombra de Yoshimura que foi cedendo, assim conseguindo se soltar.

— Huff… Você vai pagar por isso, seu desgraçado!!

— Vejo que agora está mais preparado, mostre-me sua verdadeira força.

Taiyou, na velocidade do som, dá um soco na barriga de Yoshimura, deixando ele sem chance de reagir. Apenas se viu tossindo sangue. Mas, devido ao impulso, ele quebrou todas as janelas que estavam próximas. O mesmo tenta contra-atacar, mas o calor do corpo de Taiyou não o permite, queimando quem se aproximasse dele. E assim, ele começa a receber socos na cara e barriga, deixando queimaduras por onde atingia.

— Vamos! Você não estava querendo me derrotar? Faça melhor que isso se quiser ter uma chance!

— Huff, huff… Não me subestime!!!

— Se a batalha durar mais um pouco, eu não aguentarei muito tempo… Tsk… Terei que acabar com isso de uma vez só.

Manipulação de chamas: Tempestade de Fogo!

Usando suas últimas forças, ele fez com que um redemoinho de chamas surgisse debaixo dos pés de Yoshimura o engoliu por completo. Esse golpe praticamente esgotou todo o poder de Taiyou. Contudo, não foi o suficiente. Após as chamas se dissiparem, foi possível ver uma esfera de sombras cobrindo Yoshimura, a qual impediu que ele sofresse qualquer dano.

— Hahaha! Achou que conseguiria vencer apenas com iss- — Antes que Yoshimura pudesse terminar sua fala, algo o atingiu.

Levando um golpe no pescoço, Yoshimura caiu no chão, atordoado. Taiyou pôde ver o responsável por isso: O diretor Mizusawa.

— Bom trabalho, Himura. Eu assumo daqui para frente. Pode descansar, eu a levo para casa.

Com isso, Taiyou também cai no chão. Cansado da batalha, ele não era mais capaz de se mexer.

— Huff, huff… Gostaria que me levasse também… se possível… — disse Taiyou.

— Haha! Vai sonhando, moleque… — Falou o diretor, carregando sua filha nas costas e seguindo em direção a uma mulher que havia chegado na escola naquele instante, aparentemente para ajudar os alunos que foram feridos durante o incidente.

— Ah… Mas eu não tenho um minuto de sossego… — Taiyou reclamou baixinho.

 

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Aisha conseguiu levar Luna e Ryuu para casa em segurança. O caminho de volta foi permeado por uma tensão palpável, enquanto Luna tentava processar os eventos turbulentos daquele final de tarde. Finalmente, ao chegarem em casa, Yoru os aguardava com uma expressão de preocupação evidente. Quando seus olhares se encontraram, uma mistura de alívio e apreensão passou por eles. Luna se aproximou de seu pai, cujos braços a envolveram em um abraço caloroso, buscando conforto e segurança.

— Luna! Você está bem, minha filha? — Yoru perguntou. Sua voz carregada de preocupação e alívio.

Luna, ainda aturdida com o que havia acontecido, tentou encontrar as palavras certas para tranquilizar seu pai.

— Eu… Eu estou bem, pai… — murmurou ela, sua voz saindo com um sussurro frágil.

Após a comoção, eles entraram na casa. Se deslocando para a sala de estar, Luna se senta em seu habitual lugar, um sofá cinza e macio, pegando uma almofada e a abraçando ainda um pouco em choque com o que acabara de acontecer.

— Luna teremos que nos mudar de novo… Algo não está certo.

— O-o quê? Por quê? Como assim algo não está certo?

— Luna, tem umas coisas que eu não te contei. Várias coisas na verdade…

Para proteger sua filha, Yoru omitiu algumas informações importantes sobre seu passado. Chegando a hora certa, ele certamente explicaria tudo o que ela precisaria saber, quando ela provavelmente estivesse mais madura. Contudo, esse momento crítico o forçou a revelar tudo prematuramente, e de forma que com certeza deixaria uma marca nela.

— Não somos uma família comum como você pensava. Sendo sincero, não estamos nem perto disso.

— O que quer dizer com isso?

— A verdade é que eu sou o líder de um clã secreto. Nós vivemos esse tempo todo se mudando constantemente, pois estamos sob ataque de um clã inimigo, e não pela desculpa de mudança de trabalho.

— Como assim? Não estou entendendo nada? Não tem como isso ser verdade…

Luna estava completamente confusa diante da revelação surpreendente de seu pai. Era muita informação em um dia só para assimilar, pessoas de sua escola começaram a soltar poderes do nada também, como isso foi escondido e agora ela descobre que seu pai é líder de um clã secreto.

— Mas é a verdade. — falou Dai, entrando pela porta da sala. — Eu, o diretor Mizusawa, e a maioria das pessoas que você conhece, todos nós somos aliados do seu pai. E nossa função é proteger vocês das ameaças.

Luna se manteve perplexa diante da situação, perdendo a força nas pernas, que fez com que ela cedesse e caísse no chão.

— Você deve ter visto pessoas usando habilidades estranhas, não é mesmo? — Perguntou Yoru.

— Ah, sim. O Yoshimura conseguia controlar sombras ou algo do tipo. E a Presidente Mizusawa lançou uma flecha congelada para acertar uma pedra voando em nossa direção, além de levantar uma barreira de gelo que saiu do chão.

— Esses são mais segredos que nós guardamos da sociedade. Algumas pessoas possuem habilidades especiais que não seguem as leis comuns que você aprendeu durante esses anos. Algo que pode parecer anormal no primeiro momento. Todos nessa sala possuem um poder assim. Inclusive você, Luna.

— O-o quê? E-eu também?!

— Sim, e é disso que eles estão atrás. E também desse colar. Nele há algo muito importante.

Yoru apontou para o colar no pescoço de Luna. Aquele colar que ela havia encontrado por acaso dentro do livro do clube e que seu pai havia contado que pertenceu à sua mãe quando ela ainda era viva. “O que esse colar pode ter de tão especial?” – ela pensou, ainda bastante confusa.

Com isso, eles escutaram algo como uma explosão vindo de não tão longe de sua casa que fez com que alguns objetos da casa caíssem no chão.

— Eles ainda estão nos procurando. Rápido, Dai, tente atrasá-los. Vou contatar os outros. — Falou Yoru.

— Como quiser, cuide de Ryuu enquanto eu estiver fora.

— Eu vou também! — Disse Ryuu.

— Não. Você fica aqui. Você tem a obrigação em ajudar a manter a Luna segura.

— M-ma–

— Ryuu…

— Tsk…

Ryuu chiou, mas obedeceu à ordem de seu pai. Daisuke saiu em alta velocidade para atrasá-los o máximo possível.

— Vamos!

Puxando Luna e Ryuu junto com si, Yoru os levou para um cômodo mais afastado, mais especificamente o porão, do qual as paredes eram reforçadas de grafeno.

— Vocês vão ficar aqui! Eu tenho que chamar reforços e ir ajudar o Dai, então não causem nenhum alvoroço. 

— Pai… o quê realmente está acontecendo aqui? E-eu ainda não estou entendendo nada… Tudo isso é muito repentino e…

— Minha filha… Eu, eu não posso lhe explicar nada agora… A situação está bem complicada como você pode ver… — Yoru segura as mãos de sua filha com um olhar apreensivo e as aperta com cuidado. Ele leva uma de suas mãos até sua testa arrumando a sua franja. — Mas eu prometo que quando isso acabar, vamos conversar sobre tudo, aliás você merece saber… isso te envolve também.

A última frase foi dita com pesar e Luna percebeu isso, decidindo por si só não estender a conversa e atrapalhar seu pai. Ainda assim, precisava dizer mais uma coisa.

— Tudo bem! Isso será a nossa promessa! — Pulando no colo de seu pai, Luna lhe deu um apertado abraço, depositando toda a sua confiança e carinho por ele ali. — Eu te amo pai! Por favor, fique bem e volte logo!

Os olhos do Yoru se encheram de lágrimas, mas ele se segurou para não chorar em frente a sua filha, secando-as instantemente ao final do abraço. Olhando para sua filha, ele acena com a cabeça e sorri, tentando dissipar a preocupação de sua filha.

Ele já tinha feito aquilo antes, várias e várias vezes. Entretanto, foi a primeira vez que tinha se sentido tão preocupado em anos. Era o sentimento de querer proteger sua filha? De agora ela saber o porquê de sempre se mudarem? Ou era porque estava sentido o pavor de sua filha, transmitido em seu olhar? Ele não sabia ainda, mas tinha certeza de uma coisa… Ele tinha que voltar bem e proteger a sua pequena lua brilhante.

— Ryuu, a Luna está em suas mãos! Cuide dela por aqui até eu voltar, estou contando com você!

 A seriedade de sua voz causou um tremor no jovem rapaz, que enrijeceu por um breve momento.

— Cla-claro, senhor mestre!

— Hum?

— Digo… Sim, sim senhor Gekkou!

Yoru subiu as escadas do porão e trancou a porta, colocando a chave em seu bolso interno da calça – que ele sempre teve para guardar coisas importantes, como uma pequena foto de sua filha bebê – e foi resolver os seus assuntos.

Enquanto isso, os dois amigos de infância encontram-se dentro daquela sala branca, com o piso de madeira laminado, que continha um sofá cinza, um trampolim velho, uma almofada puff gigante, uma televisão e um frigobar. Não era um espaço utilizado há muito tempo, então encontrava-se razoavelmente empoeirado.

— Acho que agora só podemos torcer para que tudo ocorra bem, Luna…

— ...

— Luna? — ele a olhou confuso. Faziam 4 anos que ele não a via triste daquele jeito, o brilho comum em seus olhos não estava mais lá. Ele sabia que precisava ajudá-la de alguma forma, mas como? Ela estava em um estado deplorável, sentada de uma forma claramente desconfortável no sofá, enquanto olhava para canto nenhum, perdida em seus pensamentos. Naquele momento, ele pensou em abraçá-la. Porém se conteve, sem saber se aquela ação repentina acalmaria a pobre e tristonha Luna.

— Não se preocupe. Vai dar tudo certo. Eles estão lá fora cuidando para que nada aconteça a você.

Ela assentiu. Aquelas palavras não pareceram ter efeito algum em sua expressão, mas com certeza, a companhia de seu amigo de infância acalmava um pouco a solidão e a ansiedade que sentia em seu peito.



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