O Segredo no Luar Brasileira

Autor(a): Moonlight Valley


Volume 1

Capítulo 5: A Lua em Apuros

Após encontrar o livro sobre o qual seu pai havia comentado, Luna retornou à sala do clube. No entanto, ao chegar, não havia mais ninguém. Ela suspirou suavemente enquanto guardava o livro em uma estante e com cuidado fechou a sala do clube. Nesse momento, a voz de Ryuu a fez virar-se.

— Ah, Ryuu. Desculpe, ainda vai entrar?

— Não. Só ia ver se a sala estava vazia, para fechá-la.

— Ah, entendo.

— Já que está fechando, não tenho mais nada a fazer aqui. Então vou embora logo.

Ryuu, sem nem mesmo se despedir dela, se virou e começou a andar. Luna, vendo seu amigo de infância se distanciar, de repente teve uma ação involuntária.

— Espere! — Luna disse em um tom de voz mais elevado que o normal, enquanto colocava a mão no ombro de Ryuu.

— Huh?

Luna olhou para ele com uma expressão de cachorrinho abandonado que daria dó para qualquer um que visse e chamou-o sem saber o porquê, apenas agiu instintivamente. Mas agora não poderia simplesmente deixar para lá o que já estava feito. 

— Você… Quer ir para casa comigo?

— Eh? — Ryuu visivelmente abalado pela pergunta, ficou sem reação alguma.

— N-Não para minha casa… Quero dizer… Andar junto, como nos velhos tempos…

— Por quê? — Perguntou Ryuu, confuso, observando Luna a brincar com seus dedos enquanto olhava para o chão.

— Não… pode?

— Não diria que não…

Estando meio sem jeito, ele não conseguiu recusar o pedido de Luna, especialmente ao notar sua expressão envergonhada por algo tão simples. Sentindo um senso de responsabilidade repentino, ele se inclinou para frente e pegou a bolsa dela, virando-se em seguida.

— Vamos — Disse ele suavemente, convidando-a a segui-lo pelo caminho de volta para casa.

O sol da tarde estava se pondo, lançando uma luz dourada sobre o cenário, enquanto Ryuu e Luna caminhavam juntos, compartilhando apenas o barulho ao seu redor, era possível escutar o barulho do trem ao fundo e o cantar dos passarinhos, até que Luna decide quebrar o silêncio entre os dois.

— Ei, Ryuu…

— oi?

— O que você costuma fazer no clube?

— Hummm, sinceramente não muita coisa, a Yoshimoto tava sem nada para fazer e meu pai sempre contava sobre o que ele fazia nesse clube, então meio que deu vontade de viver algo parecido…. Mas por que a pergunta?

— Eu estava pensando sobre o que eu deveria fazer.

— Como assim?

— Na verdade, eu acho que você e a senpai já estão fazendo bastante. Não sei onde me encaixaria nas atividades.

Luna se sentia um pouco deslocada no clube, ela não havia feito nenhuma atividade do clube por estarem em problema devido à quantidade de membros, além disso, ela não sabia que o mesmo existia já que seu pai não havia a contado antes. Ela sentia que estava lá apenas para cumprir o número de membros.

— Você ainda é nova, Luna. Tudo requer adaptação. Com Yoshimoto foi a mesma coisa. Seria mais uma questão de adaptação.

— Eu sei disso… Mas, tudo já está sendo feito por vocês dois. Bem… Noventa por cento pela senpai…

— Ei, você só não sabe o que eu faço porque está tudo na sombra da Yoshimoto.

— O que eu quero dizer é que eu não sei se sobrou algo para eu fazer.

Nesse momento, Ryuu teve uma ideia. Eles já estavam fazendo todas as atividades do clube, então realmente não havia nada mais a ser feito. Contudo, havia algo que eles ainda não fizeram. Uma atividade que os primeiros membros do clube, os fundadores, realizavam junto a todas as outras, e que Ryuu e Yoshimoto sozinhos não tinham a habilidade necessária para fazer.

— Se bem que tem uma coisa…

— O que é? — Luna perguntou, enquanto inclinava a cabeça para poder olhar no rosto de Ryuu.

— Lembra que a Yoshimoto falou que o meu pai também criticava novels?

— Como assim ‘criticava’?

— Uma das atividades do clube naquela época era postar reviews sobre as novels e postar na internet.

— Vocês não fazem isso?

— Na verdade, não. Nós apenas lemos novels e discutimos entre nós mesmos.

— Hmmm, parece uma atividade bem complicada…

— Eu tentei algumas vezes, mas meu pai falava que eu não levava o jeito para criticar de forma justa. Mas acho que você conseguiria.

— Consigo te imaginar criticando negativamente a maioria das obras, mas peraí, você não está apenas empurrando seu trabalho para mim, está?

— Não era minha intenção, mas agora que comentou… — Ryuu sussurrou, enquanto colocava sua mão no queixo, ponderando se isso era uma boa opção.

— Bem, eu posso tentar, desde que eu consiga participar das atividades, não me importo. Mas onde eu postaria essas críticas?

— Meu pai usava um site chamado ‘Facediary’. Tinha uma conta do clube, acho que está escrito até no livro.

— Hmm, mas alguém ainda usa essa plataforma?

— Acho que não… Talvez só os mais velhos.

Luna e Ryuu continuaram debatendo a respeito da nova proposta do clube, que de certa forma remete a uma atividade do clube no passado. Suas vozes se misturavam suavemente enquanto caminhavam juntos até o cruzamento próximo à casa dela. Ryuu entregou a mochila de Luna e apenas fez um aceno com a cabeça em despedida, enquanto ela o observava seguindo a rua calmamente. 

O vento soprava suavemente, carregando consigo a energia da conversa que ainda ecoava em sua mente, deixando Luna imersa em seus próprios pensamentos enquanto se dirigia para dentro de casa.

— Estou de volta! 

— Bem-vinda de volta Luna — Respondeu o Yoru, saindo da cozinha ainda retirando o seu avental cheio de estrelinhas estampadas. 

— Ah, pai, você tem um tempo livre agora de noite? 

— Tenho sim. Por quê?

— Queria te perguntar algumas coisas…

— Claro, mas antes, vá tomar um banho. Enquanto isso eu ponho a mesa.

Após dizer isso, Luna dirigiu-se rapidamente para tirar seu uniforme, ansiosa por um banho quentinho que a revitalizasse. Servindo para formular as perguntas que faria a seu pai sobre o livro do clube de Novels e o intrigante colar que se encontrava dentro de uma das páginas. Saindo do quarto, agora vestida com seu pijama com o colar no bolso de seu short, ela foi até a cozinha, onde encontrou seu pai que retomou o assunto pendente entre eles.

— Vá em frente.

— Bem… lembra de quanto vocês estavam no clube e faziam ‘críticas’ na Internet? 

— Luna perguntou enquanto se ajeitava para sentar à mesa.

— Hmm… Me lembro muito bem desse tempo. Mas, se eu não me engano, os membros posteriores não levaram essa atividade à frente.

— Sim, mas hoje achei uma coisa bem interessante.

— O que seria? — Yoru perguntou, com uma cara enigmática, tentando adivinhar sobre o que a filha falava.  

— O livro do clube! Estava bem conservado, mas estava com muita poeira, até achei um colar estranho com um formato de borboleta — Ela puxou o colar que havia colocado em seu bolso, mostrando ao seu pai.

— Ohhh, faz mais de vinte anos que a gente escreveu ele… Espere, esse col-…

Yoru entrou em choque ao ver o colar que havia perdido há mais de duas décadas enquanto mordia um omurice e ficou com a boca cheia de ketchup.

— C-Como você o encontrou? Eu tinha perdido ele faz muito tempo.

— Ué, você não o deixou lá de propósito?

— Para ser sincero, não…. — disse Yoru um pouco envergonhado de si.

— Então por que estava no livro?

— Bem, depois que o Dai saiu da escola ele guardou o livro e tinha me falado que tinha achado um marca páginas de borboleta…

Depois de se lembrar de toda confusão que havia acontecido, Yoru estende a mão.

— Luna, me dê esse colar. Vou olhar uma coisa nele.

— O-Ok.

Ele pegou o colar e começou a examiná-lo, vendo que não havia nada lá dentro ele o devolveu para Luna.

— Ele ainda dorme… — murmurou Yoru

— Hein?

— Não é nada.

— Bem, ele é bem bonito, posso ficar com ele?

— Sim, você pode.

Depois disso Luna acabou de comer e foi para seu quarto assistir um anime e se preparar para o dia de amanhã.

 

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Um mês se passou desde o início do ano letivo. As salas de aula agora estavam cheias de atividade, os corredores ecoavam com o som das conversas animadas dos alunos e os professores estavam plenamente imersos no ritmo frenético do ensino.

Para muitos estudantes, o período inicial de adaptação havia terminado, e agora estavam completamente mergulhados em suas rotinas escolares. As expectativas e desafios do novo ano começavam a se desenrolar diante deles, enquanto cada dia trazia consigo novas lições, amizades e experiências.

Nesse meio tempo, Luna foi capaz de se adaptar às atividades de seu clube, aprendendo a criticar Novels com sua senpai sendo muito proativa e dedicada com seu tempo, apesar disso, ela ainda se questionava se estava fazendo um bom trabalho.

Andando pelos corredores da escola indo em direção ao seu clube, perdida em seus pensamentos, ela escuta alguém a chamando.

— Ei, Luna! Boa tarde. 

— Oi, Yoshimura. Boa tarde. 

— Está indo para a sala do clube?

— Sim, estou com a agenda cheia tendo que criticar diversas novels.

— Haha, sei bem como é, estamos no mesmo barco afinal.

Durante esse intervalo,Yoshimura se aproximou dos membros do clube e se tornou um membro ativo no mesmo, o que chegou a surpreender os membros, começando até a criticar Novels junto com a Luna, e eles se falavam bastante principalmente por causa de seus deveres.

Depois de uma leve caminhada, banhada pela luz do sol que entrava pela janela, eles chegaram à sala do clube.

— Boa tarde, chegamos!

— Yo, Luna, Yoshimura.

— Ahhh, minha melhor crítica vem aquiiiiii!!

Diminuindo a distância sendo mais rápida que a própria velocidade da luz, ela abraçou Luna, que não conseguiu ter a reação de pará-la, muito menos vê-la, sobrando apenas uma cara assustada estampada em seu rosto.

— Oh, Boa tarde Yoshimoto, tudo bem?

— Boa tarde, tudo bem sim.

Depois de se sentarem e Eru servir um pouco de chá a todos, ela percebeu algo diferente na Luna, algo brilhante em seu uniforme.

— Luna, você tem algo diferente… — disse Eru com um olhar brilhante de curiosidade

— Eh? Como assim diferente?

— Ahhh, já sei esse colar de borboleta que você está usando. Ele realmente combina com você!

— Eh? Você acha? — Reparou Luna enquanto puxava de leve o colar em seu pescoço para dar uma olhada.

Luna, não usou o colar antes, por se questionar moralmente se deveria usar algo achado em um livro e que aparentemente não tinha dono, então após um mês em que seu pai insistiu dizendo que não tinha problema em usar o colar, tomou coragem e saiu com usando ele para a escola, o colar era roxo e combinava com seus olhos e seus cabelos. Realmente a bijuteria perfeita para ela.

— Totalmente. 

— A-Ah, O-Obrigada — falou Luna, um pouco envergonhada, enquanto usava seus dedos para brincar com a pontinha do seu cabelo.

— Bom, agora vamos fazer o que combinamos há muito tempo, ler o livro que foi escrito pelos antigos membros do clube.

Desde o dia que encontraram o livro eles não o leram. Principalmente porque tinham algumas páginas faltando. Então, nesse tempo de um mês, eles procuraram com Dai, Yoru e Aoi. Além disso, olharam os registros do clube onde havia algumas páginas soltas.

— Deu um trabalhão juntar tudo aquilo… — Disse Ryuu claramente incomodado com o trabalho chato que ele via claramente como um incômodo.

— Ahhh para de frescura, emo!

— Qual? — disse Yoshimura, brincando.

— A-Ah, é totalmente o Ryuu — Assentiu Eru, enquanto cruzava seus braços e afirmava com um aceno de cabeça.

— E-Ei, pelo menos não fale na minha cara…

Todos riram com a frase de Ryuu.

— Agora, chega de enrolação. Vamos começar a ler esse livro 

— Hm-hm… Comecemos pelo começo. 

Após lerem parte do extenso livro, eles acabaram sendo interrompidos pelo barulho da porta abrindo. Era a amiga da Eru, Hana Aoki, que também era uma antiga conhecida da Luna. Elas tinham o costume de brincar no parquinho quando eram mais novas, pois os pais da Hana eram conhecidos próximos do pai da Luna.

— Opa, acho que atrapalhei vocês…

— Não esquente com isso, Hana-chan! — Eru comentou enquanto se levantava da cadeira. — O que veio fazer aqui?

— Ehhh, Hana nee-chan? O que faz aqui? — Luna falou surpresa ao ver um rosto conhecido entrando na sala do clube.

— A atividade do meu clube terminou mais cedo hoje, então decidi aceitar o convite da Eru e vim dar uma olhada no clube de vocês, mas eu realmente não esperava ver você aqui, Luna.

— Posso dizer o mesmo, faz um tempinho que não nos víamos. — Luna respondeu, enquanto recordava de suas constantes mudanças e de amigos dos quais perdera notícias.

— Entre, entre! Fique à vontade. Vamos terminar a leitura do livro depois, pessoal — Eru interrompeu, dando leves empurrões para que Hana entrasse na sala.

— Depois temos que sair juntas para colocar as conversas em dia, mas agora tenho que terminar minhas atividades 

— Com certeza, virei aqui mais vezes para termos essa oportunidade

Com a chegada da amiga da Eru, eles pararam de ler o livro antigo. Elas conversaram bastante sobre assuntos de clubes, já que ambas são presidentes de clubes, sendo a Aoki a presidente do Clube de Artes. Enquanto conversavam, Luna e Yoshimura foram terminar de ler uma novel, para depois discutirem sua opinião. E Ryuu pegou seu videogame e começou a jogar em silêncio, como sempre.

Depois de um tempo, faltando alguns minutos para encerrar o horário dos clubes, Aoki convidou a todos para irem ao karaokê. Sem pensar duas vezes, Eru concordou, levantando-se rapidamente e levantando a sua mão com muita êxtase.

— Eu passo. Vou para casa logo. — Disse Ryuu, com sua típica expressão de indiferença, já pegando sua bolsa ao lado que estava com o zíper meio aberto.

— Ah, claro… — Respondeu Eru. Em seguida, ela se voltou para Luna e Yoshimura. — E vocês dois?

— Obrigada pelo convite, mas eu vou ficar mais um pouco para terminar de escrever essa resenha. 

— Falou Luna.

— Eu também vou ficar para ajudá-la.

— Ah, que pena… Mas tudo bem, até amanhã, pessoal.

Eru e Aoki se despediram dos outros. As duas caminharam alegremente e, no caminho, aproveitaram para puxar mais pessoas para se divertirem junto. Logo depois, Ryuu também se despediu e se retirou da sala, andando com seus passos não tão lentos, mas sem pressa para chegar a seu destino.

Meia hora se passou, e Luna e Yoshimura terminaram suas atividades no clube. Luna soltou um breve suspiro de alívio por ter acabado tudo a tempo. Com isso, os dois juntaram suas coisas e saíram da sala. Enquanto Luna trancava a sala do clube, Yoshimura fez um comentário repentino.

— E-ei, Luna-san.

Luna então olha para ele, que estava com uma expressão um pouco envergonhada, mas ainda com um toque suspeito.

— É-é que… Esse colar realmente ficou bem em você… — Complementou Yoshimura um tanto quanto tímido.

— A-Ah… Obrigada.

— Posso perguntar onde conseguiu ele?

Luna ficou confusa, porém, cedeu enquanto se sentia claramente incomodada com a pergunta.

— Eu achei dentro do livro do clube quando fomos procurar. Meu pai disse que pertencia à minha mãe quando ela era jovem.

— Sua mãe tinha um bom gosto para jóias, então.

— Não cheguei a conhecê-la, então não posso afirmar. — Disse Luna com um pingo de tristeza. ( opcional )

— Ah, sinto muito.

— Não, não se preocupe, são águas passadas.

— Mas é realmente um colar muito bonito, eu posso tocar? 

— Hmm… Me desculpe, mas terei que recusar…  

— Ora, por quê? Quero apenas ver de perto esse colar tão belo… — Yoshimura insistiu enquanto se aproximava cada vez mais de Luna.

De repente, Luna percebeu que a expressão de Yoshimura pareceu ter mudado subitamente. Isso a deixou um pouco assustada. A situação não parecia boa, a atmosfera estava com uma energia diferente. 

— Não, obrigada…

— É uma pena… Terei que pegá-lo à força…

Com esse último comentário de Yoshimura, o colar desaparece do pescoço de Luna, e ainda meio atordoada com o que estava acontecendo, ela coloca a mão onde o colar deveria estar e ele havia sumido.

— O-O quê? Como?

— Hmph, esses inferiores não chegam ao meu nível. Você é muito ingênua, Gekkou!

— O que acabou de acontecer?

Luna ficou perplexa. Ela mal conseguiu perceber o que Yoshimura havia feito. Seu movimento foi tão rápido que não pôde ser visto. Ela agora estava mais assustada do que nunca. Porém, era apenas o começo. Yoshimura olhou para o colar com um olhar  maravilhado, como se houvesse encontrado ouro. 

Ele então olhou para Luna. Sua face parecia a de um psicopata prestes a cometer um crime grave por pura diversão, o que a fez entrar em choque.

— Bom, já que você achou o que estávamos procurando, não preciso mais de você… Desapareça!



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