Volume 6

Capítulo 142: Retornante, Investigação da Inquietação (1)

“『Isso mesmo, você está num lugar profundo e morno』”

Dentro da escuridão onde meus olhos estão fechados, eu podia ouvir a voz gentil de um certo vovô que parecia ser a autoridade de Psiquiatria no mesmo hospital que o Maeno-sensei. (NT: Sensei não é só para professor, usam também para outras profissões, incluindo médico)
O som do metrônomo colocado na mesa, o leve cheiro da flagrância doce de flores.
Um espaço onde a mente naturalmente fica calma.

『Eu tenho certeza que você está de saco cheio com os inquéritos e conversas usuais?』 Parece que as últimas consultas têm sido algo chamado hipnoterapia.
Mas, falando honestamente, com as circunstâncias atuais, eu não posso realmente dizer que tem sido efetivo.

“『O som de um telefone tocando. Tente atender o telefone. Veja, você consegue ouvir a voz de alguém, certo?』”

Eu imagino a situação de acordo com a voz do doutor psiquiatra. (NT: Ele fica alternando entre doutor/médico e sensei)
Contudo, minha imaginação falha em acompanhar as palavras que eu gradualmente ouvi neste ponto.

“『O que você ouve é sua voz… ouça cuidadosamente essa voz. Essa voz está falando de coisas sobre você que você esqueceu』”

Oh, isso é inútil. Eu simplesmente não consigo imaginar isso.
Assim que eu fico consciente sobre as 『Coisas que eu Esqueci』, meu eu antigo que está sendo trancado profundamente dentro do meu núcleo aparece.

『Errado』. 『Não é isso』, assim ele continua gritando para mim.
Ouvindo àquela minha voz ranzinza antiga, meu eu calmo se afogaria na imaginação que isto é impossível nesse ritmo.

Quero dizer, estava apenas errado demais.
Com esta sensação calma, isso não vai se sincronizar.
Eu tenho tanta maldita certeza que isto não vai me ajudar a lembrar desta chama negra que parece que poderá me esmagar.

“… Doutor, desculpe. Depois de tudo, eu apenas não acho que…”

Quando eu abri meus olhos quietamente dizendo isso, o doutor psiquiatra, assim como o Maeno-sensei, estavam na sala.
Maeno-sensei é um cirurgião e, claro, não é um psiquiatra, mas ele cuidou das minhas feridas primeiro, e mesmo depois disso, quando eu fiz um exame médico, ele apareceu.

Olhando para eu fechando o cerco esquisitamente, o doutor psiquiatra fez uma cara levemente incomodada.

“Entendo, fumu, como eu pensei, eu acho que pode ser que hipnoterapia é incompatível com o Ukei-kun.”

No que o doutor disse isso calmamente, ele parou o ponteiro do metrônomo que ainda estava balançando.

“Me desculpe.”
“Oh, não, Ukei-kun. Isto é amplamente devido à disposição da pessoa. Vamos trilhar lenta e cuidadosamente sem correr.”

No que eu abaixei minha cabeça, Maeno-sensei gentilmente cutucou meu ombro.

“Maeno-kun está certo, nós devemos encerrar isso bem aqui por hoje. Então nós podemos pensar sobre isso cuidadosamente. Porque não é bom forçar algo assim.”

O doutor psiquiatra disse assim numa voz calma.

“Okay… então, eu lhes verei em breve.”
“Bem, então, eu estarei aguardando você neste horário semana que vem.”
“Se cuide, tudo bem, Ukei-kun.”

Mesmo quando eu estou tentando meu melhor, eu me fingi desatento ao estranhamento de não ser capaz de exibir qualquer progresso, e então deixei o quarto do hospital depois de me curvar ao Maeno-sensei e o doutor psiquiatra.

Eu me tirei do dilema de uma emoção apologética e indescritível.

Enquanto pensava sobre o porquê, é evidente que eu trago uma certa sensação de desgosto contra o Maeno-sensei dentro de mim.

Algumas vezes, o olhar nos olhos do Maeno-sensei, de algum modo, parece como a língua de uma serpente se enrolando ao redor do meu coração.
Me faz sentir um tipo de nostalgia amarga.

Isso deixa especialmente o eu que não sou eu se sentir meio que um pouco agitado.

“? Mai?”
“Oh, onii-san.”

Depois de terminar a examinação e deixar o hospital, Mai estava aguardando no portão de uniforme.

“Por que você está aqui…”
“Por quê? Claro que eu vim lhe buscar. Você não entende esse tanto, onii-san? Por favor tente entender os sentimentos da sua ansiosa imouto que está preocupada sobre o onii-san.”

Mai encheu suas bochechas um pouco, e me encarou com olhos arrebitados.

“Oh, foi mal. Obrigado. Mas não vá saindo muito sozinha, é perigoso.”
“Você não tem que se preocupar tanto, a polícia está me escoltando direito. Olhe, eles estão ali, e ali.”

Uma moça jovem num terno preto estava acenando suas mãos de onde o dedo da Mai estava apontando.
Se é isso o que você está dizendo, então parece que eu também tenho um bando de homens velhos ou manos jovens ou qualquer coisa assim em roupas pretas me seguindo, e mesmo que esse não fosse o caso, não importa para onde você vá, você consegue ver esses tipos de pessoas nesta cidade que agora está cheia de policiais.

A situação da cidade com o número excessivo de policiais é estranha, mas é também por esta própria razão que provavelmente não há chance de um incidente fatal ocorrer.

Falando em coisas que são preocupantes, vendo que minhas palavras também eventualmente se acham voltando para me afetar como um bumerangue, eu ergui minhas mãos me rendendo e desisti.

“Bem, então, vamos seguir para casa, as mãos da sua imouto estão cansadas.”

Mai dizendo isso, ergueu uma sacola que continha ingredientes para o jantar.

“Tudo bem, tá, eu carregarei isso para você.”

Quando eu peguei a sacola com uma mão em um sorriso torto, Mai segurou minha mão vazia e andou como se fosse algo óbvio.

A frieza da mão de ser segurada bem apertada deixou meu rosto todo azul enquanto eu andava.
Depois de voltar, Mai sempre segurava minha mão não importa para onde eu vá.
Segurar as mãos não era só limitado para quando nós saíamos, mas até nas salas de aula da escola e dentro de casa, contatos próximos como repentinamente dar as mãos, ou se enrolar ao redor dos meus braços estiveram aumentando.

Claro, eu não odeio isso. É só que é meio intenso para um gesto entre irmãos. Mas…

(Continuando com isto…)

Uma das minhas preocupações se trata das memórias que parecem que eu vou recuperar mas não recupero.
Mas, eu acho que eu tenho que fazer algo sobre a Mai.

Quando eu vi o quarto do Yuuto durante o dia, isso me fez perceber que eu não posso continuar me esquivando disso.
Que é o motivo de eu ter me determinado que isto não pode continuar assim, e então eu dei um único passo para frente.

“… Ouça, Mai. Você pode, apenas dar uma parada com essas coisas logo?”
“? Do que você está falando?”

Ela olhou para cima com uma cara estranha, e inclinou sua cabeça de lado de maneira perplexa.
Err, isso é bem fofo, mas agora não é a hora.
Enquanto sentia a pontinha de recusa, eu ainda pressionei com minha conversa.

“Você não é uma criança, minha nossa, então segurar minha mão toda vez que nós saímos é, humm, sabe? Impróprio?”

Tendo dito isso, além do olhar dela, eu percebi que a força por trás do aperto dela no meu braço disparou um pouquinho.
Ela continha uma emoção muito forte para chamar de expressão de afeto profundo.

“Tem, nada de impróprio sobre isso Nós somos apenas dois irmãos.”

Os olhos da Mai me encarando, parecem de algum modo intensos como se fossem mórbidos, e sombrios…

“Mas você vê, Mai…”
“NÃO! … Sem, chance. Onii-san, está dando as mãos junto com a Mai.”

A força segurando minha mão ficou ainda mais forte.
Como o aperto de uma mãe segurando firme a mão de seu filho, para que não se perca.

(… Não, eu tenho certeza, isto é como o aperto de uma mãe segurando a mão de uma criança que já se perdeu uma vez, tendo certeza que ela nunca se separe dela de novo.)

“Enquanto nós estivermos dando as mãos, você nunca partirá desta vez. Você não consegue nem entender isso? Baka onii-san.” (NT: Preciso dizer que baka é idiota?)
“Mai…”

Eu não conseguia dizer mais nada, para o que Mai disse isso murmurando com seu rosto para baixo.

“… Agora, quando nós voltarmos, nós comeremos e então estudaremos. Vamos passar a prova com uma nota perfeita, okay, onii-san.”
“Uh, é.”

Que, como eu digo isso.
Eu não conseguia tirar uma resposta da Mai, que parecia que ela estava prestes a quebrar só por um único toque, exceto só calar minha boca.

“Onii-san, vamos começar a estudar.”

Assim que nós chegamos em casa, nós jantamos.
O prato da Mai, que parecia ter herdado o sangue estranhamente cheio de destreza e hobbies do nosso pai, e não o sangue delicado de nossa mãe que era terrível cozinhando.

Depois da refeição e um pequeno descanso, é hora de trocar hora da reunião de estudos no quarto da Mai no segundo andar.
Comparado com meu próprio quarto, eu estava impressionado pelo quarto da minha imouto que cheira limpo e arrumado toda vez que eu venho…

“Bem, estudar está tudo bem, mas o que há com essas roupas?”
“? É estranho?”

Mai inclinou sua cabeça levemente para um lado enquanto olhava sem expressão.

Gachaa! e um sonzinho foi feito, que parecia ter sido feito por uma lente de contato falsa sem grau.
E, ela está vestindo um terno amarelo claro enquanto dentro de casa, e o laço azul claro que fica normalmente amarrado na ponta do cabelo dela ao redor de suas nádegas, está amarrado por volta de seu peito.

Sim, por alguma razão, minha usualmente modesta imouto que é uma beldade japonesa, que mantém sua cabeça baixa quietamente, havia se transformado numa mulher de carreira do nada.
Espere um minuto, quando foi que ela sequer se trocou? Onde ela se trocou?

“Não não, não é estranho, mas na realidade fica bem em você.”
“Eu já entendi o fetiche do onii-san, pela sua compra da semana passada de 『24 Horas de uma Professora Competente, Segredo…』”
“Bem, então vamos começar a estudar!?”

Eu não ouvi nada. Eu não perguntei qualquer questão também, uh.

“Mai não está impressionada com esse tipo de livro imoral. Está tudo bem, eu queimei todos os livros que estão depravando o onii-san no jardim.”
“Eu não consigo te ouvir, eu não consigo te ouvir…”

Enquanto transpirava o suor do meu coração pelos meus olhos, eu gritei por aquelas palavras que eu não ouvi.

“Mas, Mai não é um diabo. Eu sei completamente bem que garotos adolescentes tendem a ter desejos selvagens e não conseguem se conter. Então esta imouto atenciosa se vestiu na preferência de seu onii-san. Você está feliz?”
“Ah, por favor me dê uma folga, meu pai amado!? O que há com essa encenação tímida!”

A timidez dele explodiu diante de sua imouto que estava lhe mostrando seus peitos de boa aparência apoiados em seus braços.
Minha irmã achou meu esconderijo de livros eróticos, queimou eles, e agora até analisou meu fetiche, o que raios eu vou fazer!?

“Então, onii-san, vamos estudar.”
“… Sim.”

Enquanto chorava, eu não tinha escolha senão ir para a mesa com Mai, que estava sorrindo.

“Hmm hmm, você fez bem, onii-san, você passou.”
“Finalmente!”

Quando ele finalmente passou, ele rolou o lápis, e então caiu com tudo na mesa.

“Como esperado do onii-san. Eu te farei carinho como recompensa. Pronto, pronto.”

Eu não tinha desejo de resistir, e minha irmã mexeu na minha cabeça como ela queria.
Eu tentei protestar perguntando se eu era um cachorro ou algo assim pelo jeito que ela mexeu amorosamente na minha cabeça, mas eu parei.
Quero dizer, com esta atual Mai, ela pode apenas dizer algo como 『sim, onii-sama é um cachorro estúpido. E enquanto age todo fofo assim, Mai ficará do seu lado para sempre e cuidará de você』. E com uma cara séria.

“Sim, então vamos finalizar e resolver mais uma prova, sim?”
“!?”

Enquanto eu estava pensando sobre algo assim, Mai empurrou outro adversário em mim, com um rosto indiferente.

“Está tudo bem, onii-san. Apenas aguente mais um pouco. Faça seu melhor♪”

Eu imagino porquê. O rosto da minha irmã que parece muito fofa me encorajando, de algum modo parece distorcido como o de um diabo quando visto pelas lágrimas, por quê?
Isso é engraçado, mesmo quando é o sorriso topo de linha que ela normalmente não mostra muito. Por que será?

“Bem, então, Mai irá e fará um lanche rápido para o tarde da noite.”

Minha imouto me deixou sozinho com aquele mesmo sorriso e desceu para o primeiro andar.

“… De algum modo, A Mai não está, indo espartana completa comigo…?”

Eu confiei meu peso para as costas da cadeira, curvei minhas costas e olhei para o céu.

“Droga, o que eu faço…”

O quarto onde ele estava sentado sozinho era tão quieto, que fadiga de estudar também se intensificou e sua voz escapou espontaneamente.
Mai esteve agindo estranha desde que eu voltei.
Não, as coisas tem mudado mesmo antes de eu ter desaparecido, então eu acho que é apenas natural para a Mai em si exibir algumas mudanças correspondentes.

Então, o que eu percebi como o problema eram essas mudanças.

(Não importa como você pense sobre isso, ela se pendura demais em mim… quase como, um vidro trincado.)

A jornada de volta para casa do hospital hoje veio à mente.
Eu senti como um tremor tivesse sido transmitido da palma da Mai que eu segurava.
O tremor era como se um monstro com uma cor fria de inverno que parecia que poderia rasgar um corpo.
A fera bruta que por sua vez machucaria a Mai, não importa como eu tente interferir.

Se eu forçosamente for longe demais, eu não posso deixar de sentir que esse monstro quebrará a Mai além de qualquer chance de recuperação.

Quanto mais eu penso que eu tenho que fazer sobre isso, maior fica meu desejo de fazer algo sobre isso.
Eu não sei o que eu tenho que fazer para preencher o coração quebrado da minha imouto.

“Huh~… é um clichê grande, mas não tem nada que eu possa fazer além de deixar isso para o tempo…? Huh, whoa!? Whoa!”

E no que eu estava pensando sobre isso, eu coloquei meu peso nas costas demais, perdi meu equilíbrio e escorreguei da cadeira.
Naquele momento, o mundo pareceu repentinamente como se estivesse se movendo em câmera lenta e meu processo de pensamento começou a girar calmamente.

A mão que foi colocada contra o chão com apenas as pontas dos dedos apoiou meu corpo sem praticamente fazer um som.

“Oh, essa foi por pouco… hmm? O que é isto, uma mancha?”

O que pegou meio olho na minha posição desfigurada, foi uma mancha escura dentro do vazio do puxador da gaveta.

No momento que eu vi aquele lugar que de outro modo permaneceria invisível exceto se visto por baixo, meu coração latejou por alguma razão.
A cor da mancha de algum modo simulou o fundo da minha cabeça com uma sensação desagradável.

O meio de um gaveteiro de três andares, a única prateleira com uma tranca.

“… Vejamos, se ela não mudou a localização da chave, então… aqui está.”

Eu peguei a chave sob o apoio de caneta e inseri ela na gaveta trancada.
Não era só por curiosidade, nem por uma razão particularmente profunda.
Só que, eu de algum modo senti que eu tinha que checar o interior.

Então, eu senti como uma pequena agulha tivesse espetado a ponta do meu dedo que foi inserida no vazio da gaveta.
Eu sinto que eu fui cercado por uma fumaça roxa escura, e então eu retornei aos meus sentidos.
Enquanto imaginava o que exatamente estava acontecendo, eu ainda tinha força no aperto da minha mão.

“…? Huh?”

E então, a gaveta fez um som e abriu.
No começo, eu não sabia o que era.

“Eh, não… sem chance? Que diabos é isto…”

Minha visão ficou preta.
Um tipo de vertigem como se um óleo gosmento e frio estivesse vazando continuamente de um buraco no meio do topo da minha cabeça.
Como se minha boca tivesse sido paralisada, uma sensação estranha passou pela minha língua, ela queria tanto negar o que eu vi que não tinha o que fazer.

“… Mai, você, mas que raios…”

Não houve resposta para as palavras que caíram da minha boca seca.
O que estava dentro, era uma faca comum, que podia ser achada em qualquer lugar.

… Era uma única faca com um monte de sangue humano escurecido.


Este capítulo foi patrocinado pelo Fabrício José o/



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