Volume 6
Capítulo 133: Retornante, Lamentando sua Incapacidade (2)
Meu pai e minha mãe estão mortos?
Minha tia e minha avó estão desaparecidas?
O que é isso? O que é isso o que é isso o que é isso?
Olhando de volta, tinha um monte de detalhes não naturais.
A primeira pessoa que apareceu quando eu acordei era a Mai.
Tudo seguindo as explicações começando sem meus pais aparecerem.
O que é estranho, mas não é como se eu fosse pretensioso, mas meus pais mais provavelmente teriam abandonado todo o trabalho deles e vindo correndo até mim como a Mai.
Mesmo que eles não possam fazer isso, eles ao menos teriam me ligado.
Mas na realidade…
“Sério…? Meu pai e minha mãe estão realmente mortos?”
Por alguma razão, quando eu disse aquelas palavras alto, eu não pude me trazer à duvidar delas.
“Vovó e minha tia também se foram?”
Meus avós, com a exceção da minha avó por parte de mãe, estavam todos ou mortos ou num asilo.
Tirando minha tia solteira, não haviam outros parentes que nós podíamos depender.
E se ambas se foram…
Então e quanto a Mai? O que aconteceu com ela? Quem ficou com ela?
“Isto é, isto é apenas…”
Minha cabeça está girando.
Minha respiração ficou rasa, minha pulsação se acelerou e o ruído nos meus ouvidos ficou terrível.
“Eu tenho que ir… eu tenho que ir eu tenho que ir eu tenho que ir.”
Enquanto eu ainda posso encontrá-la, se eu conseguir encontrar ela, neste momento eu ainda consigo ir até ela!
“…!”
Sobrecarregado com impaciência, eu me retirei daquele lugar passo à passo.
Eu corri pelas escadas, tentei não fazer um barulho e procurei por uma saída.
A entrada da frente já estava fechada. Suprimindo meu coração acelerado, eu achei um lugar que parecia uma entrada dos fundos.
Depois de ter passado escondido pelo guarda sonolento bocejando, eu me apressei para fora do território do hospital.
Eu fui para uma rua larga e me achei num lugar desconhecido, olhando para um cenário desconhecido.
Uma multidão inteira de pessoas estava seguindo com seus negócios entre os amontoados da escuridão da noite que era dissipada pelas luzes dos prédios e lojas.
Um vento frio da noite me acalmou um pouco, me fazendo perceber que eu não tenho ideia de como chegar em casa.
“Merda…”
Independentemente, este hospital não deve ser longe de casa, e eu também tinha uma ideia geral de que direção ela deveria ficar.
Eu nunca vim para esta área, mas enquanto eu correr junto uma rua grande, eu eventualmente chegarei em lugares familiares.
“… Ei, ei! Ei, espera!”
Então eu ouvi alguém chamando por mim.
“Hii, haah, haaa, você, você é, bem rápido. Espe, espere um momento, me deixa recuperar meu fôlego.”
Aquela que me chamou era uma mulher de óculos num xale com uma bolsa preta retangular por cima de seu ombro.
Vestida num casaco, a mulher que parecia estar nos seus vinte e tantos estava respirando duro, produzindo fumaça de sua boca.
“Pheew… acalmou. Ei, você é Ukei-kun, certo? Ukei Kaito-kun.”
“Aah, bem, sim.”
“Isso! A tocaia valeu a pena!”
Eu não tinha lembranças desta mulher que tinha um sorriso bem sociável e me chamou pelo meu nome.
Ignorando meu olhar repleto de dúvidas sobre o porquê dela saber meu nome, a mulher estava apertando suas mãos e fazendo uma pose triunfante.
“Eu sou uma repórter da 『Utopia・Mensal』, Kawakami Kumiko. Se importaria se a gente conversasse um pouco?”
“Não, eu estou com pressa, então eu vou indo.”
“Então que tal aquele restaurante de família… Eh? Que?”
Ignorando a mulher que se apresentou como uma repórter, eu tentei sair daquele lugar.
“Es, espere um momento! Por favor, só dez, não, cinco minutos!”
Mas a mulher ficou na minha frente e bloqueou o caminho.
“Tem um lugar para onde eu tenho que ir agora mesmo, então desista disso.”
“Eu não posso apenas desistir! Do jeito que você parece, você escapou do hospital? Se eu contactar o hospital, eles virão para te levar de volta agora mesmo. Se você não responder minhas questões…”
Eu serei levado de volta para o hospital? Eu não serei capaz de me encontrar com a Mai?
Algo inexpressavelmente sombrio surgiu dentro de mim quando aquelas palavras alcançaram meu cérebro.
『Não fique no meu caminho não fique no meu caminho não fique no meu caminho, não fique no meu caminho, não fique no meu caminho.』
“Chega, saia do meu caminho, caso contrário…”
——— Eu te matarei.
“Hii!?”
“Ah…”
A voz assustada me acalmou da emoção sombria fumegante que eu nunca havia experienciado antes.
O que era esta sensação?
Não era uma piada ou um blefe. Uma sensação como se cada partícula do meu sangue tivesse virado algo completamente diferente, eu seriamente pensei sobre matar esta mulher.
(Matar? Sobre o que eu sequer estou pensando, por que eu teria pensamentos tão violentos…)
Apesar de eu não ter dito aquelas palavras alto, não tinha como eu poder fazer algo assim.
Mas ainda, isso pareceu ser a coisa mais sensata a se fazer.
“Eu, eu sinto muito, eu não tinha intenção de te ameaçar. Eu finalmente consegui te encontrar depois de ficar de tocaia por uma semana inteira e fiquei numa tensão esquisita.”
Pelo bem ou pelo mal, a confusão causada pela aparição súbita de emoções enfraqueceu minha ansiedade.
“Não, eu sinto muito também, mas eu preciso ir agora mesmo.”
“Eehm, eu não entendo as circunstâncias, mas esse lugar fica por aqui perto? Se você vai correr por aí assim, você ficará sob custódia rapidinho.”
“Isso é…”
Quando eu pensei sobre isso, eu percebi que a camisola branca hospitalar realmente estava atraindo os olhares das pessoas ao meu redor. E parece que a discussão de agora mesmo trouxe ainda mais atenção.
Eu me surpreendi como quão precipitadamente eu agi, incluindo o fato que eu apenas pulei para fora sem qualquer plano.
“… Esquece, de qualquer forma, parece que deste jeito eu não serei capaz de conseguir nada de você… ou aliás, fazer um estardalhaço pode acabar trazendo problemas para mim também… e eu estou meio que assustada…”
Depois de murmurar um tempo, ela deu um suspiro profundo de resignação.
“Se você tem um lugar para ir, então eu arrumarei um táxi para você. Eu tenho certeza que você não trouxe qualquer dinheiro com você, então eu te emprestarei um pouco.”
“Huh? Não, por que…”
Eu estava bem surpreso pela mudança súbita dela para um tom tão cooperativo.
Ignorando minha confusão, Kawakami-san parou um táxi e abriu a porta.
Então ela empurrou um caderno e caneta para mim.
“Em troca, me diga como eu posso entrar em contato com você. Neste caso, você terá uma conversa comigo?”
O sorriso doce na cara dela passava a pressão de que ela não permitiria qualquer protesto.
Além do mais, não era um negócio tão ruim assim para mim também. Depois de hesitar um pouco, eu escrevi meu número de celular e endereço de casa e devolvi o caderno para ela.
“Sim, e aqui está o dinheiro, absolutamente devolva ele, okay? Eu virei coletar ele mais tarde, então eu ouvirei sua história. Vamos lá, você está com pressa, né?”
Com aquelas palavras, ela me colocou no táxi e me entregou algum dinheiro e um cartão de visitas de sua carteira.
“… Muito obrigado.”
“Eu não preciso da sua gratidão, apenas me dê uma história que me trará dinheiro.”
Acenando sua mão com desdém, ela fechou a porta.
“Para onde você gostaria de ir?”
Eu dei o endereço para o motorista.
Sacudido pela vibração do carro em movimento, eu virei meus olhos para a vista fora da janela.
Se minha memória está correta, então não deve ser tão longe assim se eu fosse viajar de carro.
Depois de encarar para fora só por um pouco, a visão mudou para lugares familiares.
Familiares, mas inconfundivelmente diferentes de antes.
Minha impaciência cresceu.
Mais uma vez, eu deixei Mai sozinha naquela casa.
(Sim, eu não devo deixar ela sozinha. Não devo.)
Ficar sozinho é doloroso, verdadeiramente doloroso, o suficiente para te fazer perder toda a esperança.
É por isso que para não ver nada, eu apenas continuei correndo e correndo e correndo.
Buscando um lugar naquela água turva, onde eu fosse capaz de respirar…
“…? Sobre, o que é tudo isso?”
Dor aguda perfurou minha cabeça.
Minha mente que estava gradualmente se acalmando, se transformou num tumulto sobre a estranheza dos meus pensamentos.
O que, apenas o que há de errado, essa sensação não faz sentido.
Sim, eu estou preocupado com a Mai, mas por que eu estou correndo tanto…
“Caro cliente, nós estamos nos aproximando do destino previsto.”
“Sim, obrigado. Aqui está bom.”
Sem colocar meus pensamentos em ordem, eu cheguei em casa.
Uma pequena casa no meio de uma colina.
No pequeno jardim estavam vasos enfileirados bonitinhos com ervas que minha mãe criou com grande cuidado.
Na garagem, de pé sem quaisquer sinais de pó nela, estava a adorada moto do meu pai, que costumava ser seu hobby.
Uma casa que assim como ontem era tão familiar, agora parecia muito nostálgica.
Talvez seja porque eu não vim aqui por mais de um ano, mesmo que eu não tenha as memórias desse tempo.
Eu não esperava que eu fosse lacrimejar olhando para minha própria casa, mas no momento, é tudo sobre a Mai.
“…”
Eu destranquei a porta com uma chave reserva que estava sob um vaso de flor e entrei.
Depois que eu fui para dentro de casa e tirei meus sapatos, minha ansiedade diminuiu um pouco.
Mais provavelmente, Mai estava atrás daquela porta que estava soltando um pouco de luz, pelo corredor.
Ainda sem ter certeza sobre como começar a conversa, eu quietamente abri a porta e encontrei Mai ali.
“——–… então eu acho que, depois de tudo, ele finalmente voltou.”
O cheiro ardente de incenso preencheu o quarto, e os retratos dos nossos pais desnecessariamente animados estavam colocados num altar.
“Onii-san parecia não se lembrar de nada sobre o tempo em que ele ficou desaparecido. Sua falta de cérebro imutável como um passarinho continua me impressionando, mas ainda eu estou na verdade aliviada. Eu quero que o Onii-san apenas fique do jeito que ele era antes.”
Com suas costas voltadas para mim, Mai continuou seu monólogo diante do altar sem me notar.
“Com feridas por toda parte nele, ele não estava acordando por tanto tempo que, mesmo quando ele tinha acabado de retornar, eu estava preocupada que eu seria deixada sozinha de novo. Minha nossa, minha família é realmente cruel, mesmo quando eu sou fofa assim, aonde vocês todos foram me deixando.”
A voz da Mai estava um pouquinho trêmula, ela está chorando?
“Eu já tive o suficiente. Todo este tempo, eu estava tão sozinha. Por favor voltem logo para casa, vocês dois.”
Aah, não dá, eu não consigo aguentar mais.
“Mai!”
“Hyaa!? Q-quem…”
“Desculpe, desculpe por ter te deixado sozinha, por não ser capaz de lembrar de nada.”
Eu abracei apertado a Mai por trás.
Eu não ligo sobre minhas ações estranhas nem a emoção desconhecida se misturando dentro de mim. Tudo isso não importa mais.
“Onii-san? Por quê?! Este altar não é o que você pensa, nosso pa-pai e mãe estão… estão…”
“Está tudo bem, está tudo bem… está tudo bem…”
Apertado, apertado, como que para corrigir algo que eu perdi.
Apertado, para que eu não perca mais nada.
“Desculpa, me desculpe por ser um irmão patético e que não dá para depender, eu só consigo dizer desculpa.”
“… Mas ainda assim, você voltou, ainda assim, você retornou. Quando você voltar para casa, por favor cuide de mim como antes, em troca, eu ajudarei pela casa, de novo, como antes…”
“Sim, eu ficarei ao seu lado, eu irei… não importa o que aconteça, eu não apenas desaparecerei de novo.”
Sim, eu não estou perdendo mais nada.
Eu absolutamente não perderei nem uma coisa.
Sim, isso é tudo, isso é tudo pelo que eu poderia desejar…
“De novo…”
“Onii… san?”
Uma dor de cabeça latejou no que emoções se rastejaram para fora da parte mais interior do meu coração.
Uma sensação como se algo de um vão vazio estivesse tentando prender meu corpo.
Eu estou, eu estou…
“……”
Sem dizer nada, eu apenas abracei Mai ainda mais forte.
Ignorando uma estranha chama inapagável queimando dentro de mim.
Como que tentando cobrir algo que está prestes a jorrar para fora.
Pressionado por uma imensa sensação de culpa por não ser capaz de dizer que eu estou contente com apenas isso.