Volume 2
Capítulo 82: A diferença entre a esperança e a realidade.
Por estar quase sem tempo, ele quase perdeu isso. Já era difícil de enxergar nesse lugar e por causa da pele escura o homem pendurado era difícil de perceber.
Mas uma vez que se aproximou, ele conseguiu ver claramente. Um homem com sua cabeça abaixada balançando no meio do ar e parecia que o orc estava prestes a pegar o homem quando sua ação foi parada.
— Hugo!
Seol gritou alto e, mesmo sem perceber, acabou tocando o pé de Hugo.
—Ku-ahh…
No momento o corpo de Hugo se contraiu levemente, e ele jogou a cabeça para trás e gritou. Não, sua voz rouca soava mais como um gemido de dor do que um grito.
Só então o lanceiro percebeu que Hugo estava suspenso por um gancho perfurando as costas dele.
— Q-que porra é essa?! Por que ele está aí assim??
Yasser Rahdi também percebeu a presença de Hugo. Ele estava pendurado muito alto e eles não podiam tocar ele de qualquer maneira. Seol Jihu mordeu o lábio inferior antes de olhar para o ródio, que ainda emitia fumaça preta. O tamanho tinha diminuído notavelmente, mas…se for apenar um momento, vai ficar tudo bem, ele pensou.
“Abaixe Hugo da melhor maneira possível.”
Quando ele deu a ordem, quatro orcs se moveram de uma vez. Um deles então desapareceu na escuridão e não demorou para o som de uma polia giratória ecoar na câmara. O gancho baixou lentamente. Dois dos orcs seguraram Hugo nos dois lados, e o ultimo cuidadosamente retirou o gancho das costas do humano.
— Keuh…
— Hugo!
Uma vez que a restrição foi desfeita, Hugo tombou, mas Seol o segurou. O Homem grande deve ter reganhado a consciência de alguma forma, porque lutou dolorosamente para abrir os olhos. Seus olhos borrados tinham um fraco brilho, mostrando que havia vida neles.
— Euh, uh…Euh uh…
Sua boca abriu como se ele quisesse dizer algo, mas apenas sons agudos como de flauta saíram. Em apenas um olhar era possível ver o quão enfraquecido ele estava. Seol abraçou a cabeça de Hugo e murmurou suavemente.
— Vai ficar tudo bem. Nós viemos resgatar vocês. Vai ficar tudo bem.
Hugo deve ter compreendido o que lhe foi dito, pois, apesar de parecer confuso e desfocado, os cantos da boca dele se arquearam para cima. Então ele fechou os olhos novamente e caiu de fraqueza nos braços de Seol.
— H-Hugo?
— Olha, cara. – Yasser falou rapidamente. — Os cinco minutos acabaram. Eu sei como você se sente, mas temos que ir. Nós podemos curar ele apenas quando nós encontrarmos com o resto do grupo.
— Ah, certo. Okay.
Apesar das palavras dele serem logicas, a voz dele soava cheia de ansiedade. Como ele não estava falando nada de errado, Seol levantou Hugo.
Antes de retornarem ao caminho por onde vieram, ele parou para olhar para trás um momento.
“Por que Hugo é o único aqui?”
O jovem tinha várias questões, mas seguiu em frente. A coisa importante foi que Hugo tinha sido encontrado e estava vivo. Era desconhecido se ele sobreviveu por conta de sua robustez, mas ele estava vivo. Isso sozinho era o suficiente para eles agradecerem suas estrelas de sorte.
Os homens carregaram Hugo para o cruzamento. Entretanto, o time que foi para a esquerda não tinha retornado. Eles esperaram por quase um minuto, mas não havia sinal de uma sombra sequer. Quanto mais o tempo passava, mais Yasser ficava agitado.
— Maldição! Por que eles ainda não vieram?
— Será que algo ruim aconteceu com eles?
— E-ei. Será que você não pode ser mais positivo?! Você só diz coisas negativas1.
— Mm… – Seol colocou Hugo no chão. — Eu vou procurar eles.
— O que?
— Nós não podemos esperar aqui para sempre. Eu vou atrás deles.
Yasser não parecia convencido disso. Ele estava muito nervoso. Em filmes, quando a situação era similar, um deles certamente morreria. Alguém não disse que isso era uma bandeira de morte ou algo assim? Mas ele sabia que ficar sem fazer nada era um movimento ruim de se fazer.
— Droga. Volte rápido, você ouviu?
Seol partiu correndo. A passagem a esquerda era igual a da direita, e celas prisionais estavam em ambos os lados. Ele para os lados enquanto corria, mas não viu nenhum cativo.
Rapidamente, ele conseguiu ver três silhuetas distantes. Quanto mais perto ele chegava deles, mais frio o ar atacando sua pele ficava.
Ele não tinha certeza do que aconteceu, mas a atmosfera entre os três era horrível. Ayase Kazuki tinha uma face pálida e completamente enjoada, enquanto Chohong parecia estar em agonia. Enquanto isso, Mary Rhine estava caída no piso…
— Bleurh-!!
… Para colocar os pulmões para fora. Ela até mesmo chorou sem parar.
Talvez a presença de Seol o despertou, Kazuki imediatamente falou.
— Você…o que está fazendo aqui?
— Vocês não apareceram, mesmo quando esperamos, então vim.
Kazuki engasgou, em exasperação. Ele rapidamente agarrou Mary Rhine e tentou levanta-la a força.
— O que aconteceu? O que vocês viram?
— Nós paramos nossa busca.
— Você parou? Por que?
Agora que Seol olhou além da posição deles, ele viu uma porta de pedra de algum tip. Traços de ar frio esbranquiçados saiam do espaço levemente aberto. Ele finalmente entendeu de onde vinha o frio que sentia, ar frio cortante saia da abertura da porta.
— Não há sentido em pesquisar além dessa área. Mesmo se nós encontrarmos alguém, não importa.
Ele soava estranhamente calmo. Esse sentimento sinistro tomou conta de Seol, será que foi pelo ar frio ou pelas palavras do cabeça?
— Do que vocês…
…estão falando? Ele estava prestes a dizer essas palavras e tentou abrir a porta, mas então…
Slam!
Chohong raivosamente bateu na porta para fecha-la.
— Não olhe dentro.
A voz dele pode ter soado um pouco emocional, mas ela estava forte quando expressou a opinião dela. Seol se encolheu um pouco. Chohong o encarava com os olhos cheios de inesperada frieza. Não, quando ele olhou com atenção, ela parecia estar se esforçando para não chorar.
— …Chohong?
— Você pode terminar com traumas mentais. Então, nem pense em olhar o que tem além da porta.
Chohong até mesmo ficou na frente da porta para bloquear isso. Enquanto isso, Kazuki perguntou algo.
— O que aconteceu com vocês afinal?
Seol foi pego de surpresa pela inesperada, mas reganhou sua ciência o suficiente para responder.
— Nós encontramos um.
— Vocês acharam alguém?
— Sim, nós achamos Hugo. Ele ainda está vivo.
Chohong levantou a cabeça. E então, sem nenhuma outra palavra, partiu para a passagem. Kazuki de maneira preocupada encarou as costas dela, em seguida olhou para Mary Rhine.
— Você se acalmou? Consegue se mover agora?
— S-sim. Eu sinto muito. Eu tentei me segurar, mas…
Ela conseguiu acenar de alguma forma.
— Okay, nós devemos ir também. Ah, enquanto voltamos, você pode me contar o que viu? Viu mais alguém? Qual a situação daquele lado?
Já que Seol estava confuso com várias coisas, ele decidiu descrever o que viu em detalhes e conseguir algumas respostas enquanto voltavam.
— Isso é a ‘infecção’.
Kazuki acenou a cabeça como se pensasse em algo. Seol o encarou inexpressivamente, então o japonês se explicou.
— Você já ouviu que a infecção também tem uma taxa de sucesso?
Ele nunca tinha ouvido essa história antes.
— Veja, um parasita em si não é nada digno de descrição. É como uma larva e é pateticamente fraco. Se ele possuir um corpo, então a infeção irá acontecer 100% sem problema, mas se o hospedeiro estiver vivo, então a história muda drasticamente.
Kazuki continuou.
— Quanto mais forte a constituição do hospedeiro, mais difícil é para a infecção ter sucesso. É por isso que os hospedeiros são suspensos por ganchos, para drenar toda a estamina deles.
Seol sentia um nó na garganta. Apenas Hugo foi encontrado nos ganchos, o que quer dizer que…
— Hugo melhorou apenas a força física e resistência como um idiota de boa fé. E isso o salvou.
Kazuki falou em um tom amargo. Seol cuidadosamente perguntou…
— Isso quer dizer que os outros…?
—…Quem sabe? No mínimo, não morreram ainda. Afinal, para esse plano de produção em massa funcionar, eles precisam infectar hospedeiros vivos.
Orcs mutantes também poderiam ser produzidos de cadáveres infectados, mas o numero geral seria limitado. Entretanto, se o hospedeiro não perder as capacidades reprodutivas, então esse número não seria definido, era o que ele queria dizer. Não importava quantas vezes alguém pensasse nisso, a coisa toda era um plano asqueroso.
— Hugo teve sorte dessa vez. Se os outros já estiveram infectados, então…então, não poderemos fazer nada por eles. Será melhor mata-los ao invés disso.
— É completamente impossível salvar os hospedeiros infectados?
— Não é completamente impossível. Depende do quão avançada a infecção ou em que parte do corpo ela já se instalou. Entretanto, nove em dez, não podem ser salvos. Não é sem motivos que incineramos os corpos.
Mesmo ainda explicando as coisas, Kazuki parecia tentar ler a reação do jovem, que ficou profundamente desconfortável, mas tentou não demonstrar.
Um momento mais tarde, os três chegaram à intersecção. Mary imediatamente usou uma magia de cura quando viu Hugo.
— Cura massiva de ferimentos.
Luz branca pura envelopou o corpo de Hugo e a condição dele melhorou visivelmente.
— Bom. Conseguimos encontrar uma pessoa.
Kazuki checou o ródio, agora um quinto menor que antes, então olhou para Chohong, que estava com a face pálida azulada, e para Seol, que estava visivelmente mais calmo, e abriu a boca.
— Chung Chohong. Você leva Hugo de volta para o círculo mágico.
— O que?!
— Como assim ‘o que’? Não concordamos em toda vez que resgatássemos alguém, uma pessoa os levaria de volta assim que possível?
Haviam muitas razões para essa decisão, mas a mais importante era que eles tinham que garantir o retorno seguro dos cativos. Afinal, nenhum deles sabiam o que poderia acontecer durante a missão. Também, se o número de pessoas que o ródio precisava proteger diminuíssem, o consumo também iria cair ligeiramente.
— Eu sei disso! Mas, por que eu?!
— Porque você se tornou um peso para a missão.
A voz fria e calma de Kazuki a cortou.
— E além disso, ele é originalmente do seu time. Não é como se você conhecesse o restante dos cativos melhor do que os membros deste time.
“ E quanto a Dylan2?”
Seol inclinou a cabeça ligeiramente antes de entender o que foi dito. Afinal, haviam dois membros da Carpe Diem ali.
— Eu não estou dizendo para você voltar sem fazer nada. Você sabe quão importante o papel performado pelo primeiro que retornar, não sabe?
Isso fazia sentido. Era preocupante deixar o mago sozinho por tanto tempo, uma linha de comunicação era necessária, e em caso de emergência, seriam necessárias armadilhas para quando eles fossem se retirar.
— Isso é uma ordem do cabeça. Lembre que quanto mais você nós atrasar, mais problema para nós.
Chohong não podia ficar parada após isso. Ela estava fervendo de raiva, mas no fim, pegou Hugo e se virou para sair.
— Seja cuidadosa. – Disse Seol.
A expressão de Chohong era sombria, mas não disse nada fora da linha.
— …Você também. Se você ficar sem opções, apenas retorne, certo?
Com essas palavras de partida, ela se afastou carregando Hugo. Kazuki rapidamente apontou para frente.
— Iremos adiante e continuaremos com nossa busca. Se não encontrarmos ninguém, então vamos descer para o segundo piso.
A passagem adiante era diferente das anteriores. A medida que avançavam, ficava cada vez mais clara e brilhante.
Quando o corredor finalmente terminou, Kazuki se aproximou da parede.
— Eu não sinto nenhum movimento, mas…?!
Ele de repente parou de falar. Seol que estava muito próximo ao arqueiro não perder a reação do homem, que estremeceu há pouco.
No momento seguinte, ele ouviu o som de alguém sugando a respiração. Ele olhou para trás, mas Yasser Rahdi já estava correndo a todo vapor para frente. Kazuki tentou o alcançar para pará-lo, mas pôde apenas morder o lábio inferior e seguir atrás dele.
O espaço em que entraram era uma grande câmara parecida com um laboratório. Muitas mesas de madeira estavam estiradas em uma ordem bagunçada e parecia que equipamentos de algum tipo eram colocados em linha também.
Seol olhou para o orc mutante parado no meio do que estava fazendo, mas sua atenção foi atraída para o som de choro. Yasser estava inclinado contra uma dessa mesas com um mar de lagrimas derramando.
— Irmão! Qual o significado disso?? Nós trabalhamos juntos, e nós mal estávamos…! Mas isso…!
Seol olhou a mesa sob a qual o homem chorava e ficou de queixo caído. Havia uma pessoa lá.
… Não, ele não sabia se podia chama aquilo de pessoa. A face, o torso, e abaixo de seus quadris. Todos eles eram traços humanos. Entretanto, nenhum de seus membros, braços e pernas, eram visíveis, tinham sido substituídos por tentáculos que balançavam ao redor de maneira nojenta. Era como se algo ou alguém tivesse espetado tentáculos de lula no corpo da pessoa.
“Mas que porra é essa…??”
Foi nesse momento que os olhos dele pararam em um ponto onde vários orcs mutantes estavam reunidos. Além das criaturas, ele viu outra mesa de madeira. Ele fez o caminho dele até lá, como se estivesse sendo atraído por algo e o que o cumprimentou foi o fedor forte de sangue.
Os olhos dele tremeram e suas mãos estremeceram incontrolavelmente. A emoção de descrença tomou conta dele em um instante.
— Dylan!!
Seol passou pelo orc imóvel e se aproximou. À medida que se aproximava ficava cada vez mais difícil de negar a realidade. Assim como a pessoa anterior, Dylan estava na mesa e seus membros tinham sido perdidos.
— Oh Deus, Dylan, Dylan…
Ele estendeu suas mãos estremecendo, mas as puxou de volta quando percebeu que a superfície da mesa estava encharcada. Houve uma sensação de formigamento nos dedos, que em seguida ficaram dormentes. Ele viu um balde cheio de um liquido claro no fim da mesa.
— Isso é um sedativo e um bem poderoso.
A voz era quieta. Kazuki se aproximou com a face profundamente franzida.
— Dylan…Dylan…
Dylan estava simplesmente encarando o telhado, com os olhos abertos. Era como se já estivesse morto.
Os pensamentos na cabeça do jovem ficaram confusos. Ele não podia pensar e ele não sabia o que fazer. Mary o olhou com alguma pena, mas quando os olhos dos dois se encontraram, o jovem sentiu como se a mente dele tivesse clareado.
— Uma magia divina! Por favor, cure ele…!
Kazuki estava prestes a dizer algo, mas ela pegou o crucifixo e se aproximou para o parar.
— Vale a pena tentar.
— O que você quer dizer?
— Há apenas duas pessoas aqui. E o estado de Dylan não é tão avançado quanto o de Ali. Ele pode saber notícias dos outros três.
Kazuki não pareceu convencido, mas não tentou parar as ações dela. Ele clicou a língua em raiva e foi até onde o choroso Yasser Rahdi estava.
— E-espere. Eu vou, eu vou procurar os membros dele primeiro…
Seol olhou ao redor para procurar os braços e pernas faltante, mas a sacerdotisa não o esperou e conjurou a mágica.
— Calma, espere!
A luz branca brilhante envelopou o corpo de Dylan. Ele tremeu um pouco e os olhos que estavam distantes e atordoados começaram a piscar novamente. Seol apressadamente correu e cobriu a vista do telhado, fazendo Dylan abrir os lábios.
— … Seol?
— Dylan!!
— Oh…meu Deus…
Dylan deixou uma risada vazia e balançou a cabeça.
— Eu ainda…estou sonhando?
— Não, isso não é um sonho. Nós viemos resgatar vocês. Nós estamos aqui para salvar você!
Seol ficou choroso em um instante. Para ele, Dylan sempre pareceu confiante, inspirador e de cabeça fria. Sempre. Ainda assim, o vendo nessa situação desesperadora, lagrimas queriam derramar de seus olhos.
— E quanto a Hugo?
Dylan parecia ter se recuperado a essa altura.
— Ele foi resgatado. Chohong o levou de volta.
— Muito bom.
Um sorriso languido apareceu nos lábios de Dylan, que olhou ao redor querendo entender a situação em que estavam, e ele olhou para a sacerdotisa.
— Você não é Mary Rhine? Você também veio nós resgatar?
— Eu tenho algo para perguntar a você.
Ela falou em um tom de voz calmo.
— Isso pode soar confuso, mas me ouça. Ambos Srta. Agnes e Sir Ian retornaram a salvo. Nós também resgatamos Hugo. E então, você e Ibrahim Ali, well…uh, mm…
Como esperado de Dylan, ele imediatamente entendeu o que ela queria perguntar e respondeu a ela.
—…Eu sei. Entendi. Bem, então. Nós iremos…
Ela não conseguiu terminar a sentença. Dylan acenou a cabeça.
— Você pode me dar um minuto?
— Me desculpe, mas não podemos. Nós só temos um tempo de 30 minutos, dos quais metade já se foram. Nós temos que encontrar os outros, e considerando quanto tempo precisamos para voltar, pode não ser o suficiente.
— Está bem, eu não sei a história toda, mas se você está dizendo, deve ser verdade.
Seol alternou o olhar confuso entre as duas pessoas. Do que eles estavam falando? Tudo ia ficar bem se ele fosse levado de volta, certo?
— Dylan, eu sei que você passou pelo inferno. Obrigado por sobreviver até agora. Kay, nós iremos…
Assim que ele estendeu as mãos, Mary Rhine o afastou de volta. Ela então sem uma palavra balançou a cabeça.
— M-mas, Por quê? Ele ainda está vivo!
— Eu sei.
— Então, por que?
— Já é tarde demais.
Ela apontou para Dylan, Haviam dúzias de vermes como larvas balançando dentro e fora dos ferimentos onde seus membros deveriam estar.
— Merda como essa é…!
Ele tentou puxar as larvas fora, mas o padre fez o que pode para que ele não conseguisse.
— Não toque nisso. As coisas podem ficar complicadas se você fizer isso.
—… 30 segundos.
Seol ia gritar alto, mas Dylan falou primeiro e o parou.
— Apenas nos dê 30 segundos. Eu o farei entender.
—…
— Você tem que entender. Esse amigo é um pouco mole para essas coisas, mas ele tem grandes habilidades e uma cabeça boa sobre os ombros. Então não o culpe.
— …Eu sei disso.
Mary deixou um suspiro impotente.
— Se não fosse por esse cara, não teríamos conseguido nem chegar aqui para começo de conversa.
— Oh, sério?
Dylan parecia como se estivesse interessado, mas isso apenas durou um breve momento. Ele permaneceu deitado olhando para o jovem que parecia não saber o que fazer e estava suando em pânico.
— Seol, se você tiver alguma água com você, eu posso tomar um gole? Eu estou com um pouco de sede, sabe?
Seol rapidamente pegou o cantil cheio de água e colocou nos lábios de Dylan, em seguida o inclinou. O ultimo bebeu bastante do liquido refrescante.
Keuh~! – Dylan exclamou. — Obrigado. Quando eu estava pendurado nos ganchos, cada gota era preciosa.
— Você não tem que se preocupar com isso. Uma vez que voltarmos, você vai beber tanto quanto quiser.
Dylan sorriu sem fazer um som.
— Mm…Seol?
Ele então continuou.
— Primeiramente… obrigado.
— Dylan, eu ouvi você, então vamos nos apressar e…
— Para ser honesto, eu esperava pelo resgate. Você sabia…que quando você está no poço de desespero, todo o tipo de pensamento estranho passa pela sua cabeça? Eu até mesmo sonhei com você vindo me resgatar.
— Eu sinto muito por demorar, mas mais importante, nós…
— Na verdade, eu não temo morrer. Mas quando eu pensei em como eu não iria nem morrer e nem viver, fiquei assustado.
Seol parou de falar. Nem vivo e nem morto?
— Eu quase desisti, mas então, você se mostrou… eu estou realmente grato a você. É como se eu soubesse que você viria por nós, de alguma forma. Haha…
Dois homens vinham se aproximando. Dylan os olhou com um olhar conhecedor e olhou para cima da própria cabeça.
— Então, o que eu estou querendo dizer é…Seol, você poderia me ajudar a morrer?
— O que é isso?
Abruptamente, o odor de algo sendo queimado o atingiu. Seol olhou e viu Ibrahim Ali, com sua cabeça separada do torso, em chamas.
— M-mas, por que, por que morrer…
Seol gaguejou. Dylan simplesmente formou um sorriso refrescante.
— Hey, Kazuki.
— Faz um tempo, senpai.
Kazuki curvou sua cintura habilmente.
— Você é o cabeça do time de resgate?
— Sim, senpai.
— Isso é um alivio. Um desbravador de seu calibre irá garantir que tudo corra suavemente.
— Você está me superestimando.
— Superestimando uma ova. De qualquer forma, se apresse e acabe com isso, então você pode seguir. Eu ouvi que vocês têm um limite de tempo.
Kazuki formou uma expressão complicada.
— Eu entendi. Obrigado pela compreensão.
Ele então agarrou o punho da espada firmemente.
— Dylan!!
Em um instante, alguém agarrou os ombros de Seol e o puxou. Tanto Yasser quanto Mary o seguraram.
— Não! Não o mate!!
Ele ficou desesperado. Os braços dele se debateram, enquanto ele entrou em um frenesi tentando se soltar. Ainda assim, foi forçado a se sentar, apesar de não ter parado de gritar.
— Você não pode mata-lo!
— Não, nós devemos matar ele.
— E-espere! Eu não entendo…
— Sem tempo para explicar e você sabe porque precisamos fazer isso, ou ao menos você tem uma suspeita. Você apenas não quer aceitar isso.
Kazuki falou friamente. Seol começou a falar tudo o que pensou para faze-lo parar.
— Por favor, me ouça. Tudo o que peço é para não matar ele agora. E se houver um parasita de ranque alto em algum lugar que comece a suspeitar de algo?
— Nenhum deles foi completamente dominado. – Kazuki o retrucou. — Essa é a realidade da situação. Eles morrerem agora é para o bem deles.
— Mas…!
— Pare…
Foi só então que ele ouviu alguém soluçar próximo a ele. Seol estremeceu e parou após sentir o liquido quente cair nas suas bochechas.
— Eu sei como você se sente, certo…eu sei, mas…nós, nós temos que salvar os outros também…
Yasser estava chorando, com a face distorcida como um mascara de ‘hahoe’3, grandes lagrimas caiam dos seus olhos.
Dylan falou em um tom honrado.
— Kazuki. Se apresse. Seol não consegue me matar. Ele é alguém assim. Então, você deve agir como um cabeça.
Kazuki levantou a lamina alto após ouvir isso.
— Eu ainda sou grato pelo assunto de três anos atrás.
— Não mencione isso. Vamos estar quites com você fazendo isso por mim.
— Se é você, senpai, você deve superar facilmente a penalidade de morte.
— Bem, isto deve ser melhor que virar marionete dos parasitas, incapaz de voltar para casa.
Dylan gargalhou.
— Ei, Seol? Obrigado por vir me resgatar.
Ele falou com uma face de alívio.
— E também, se despeça dos outros dois por mim, certo?
Ele então sorriu, no mesmo instante, a lâmina desceu.
—Dyyylan!!
No instante seguinte, tudo ficou lento.
[Não se importe se o chá estiver um pouco sem graça, certo? Eu tenho praticado ultimamente, mas eu não consigo fazer nada melhor que isso.]
Ele não podia acreditar que isso estava acontecendo.
[Mm. Eu entendo de onde você quer chegar, mas eu concordo com a dedução de Seol do lado de fora da tumba.]
Isso tinha que ser mentira.
[Escute. Eu sou supostamente o líder da Carpem Diem, mas mesmo eu acho difícil controlar esses dois idiotar. E por isso, você poderia me ajudar com isso?]
Eles deveriam ter conversado um pouco mais.
[Heheh. Nesse caso, eu penso que essa missão vai ser a chance perfeita para você começar. Isso pode soar como um trabalho simples, mas uma vez que você assumir isso, você irá aprender muitas coisas. Foi isso que aconteceu comigo.]
Todas as lagrimas que ele estava segurando saíram de uma vez.
— Uwaaaah!!
Seol se levantou e levantou sua lança. Ele estava prestes a atacar um dos orcs mutantes, mas Kazuki o restringiu a tempo e ele caiu no piso novamente.
Um momento de silêncio depois…
— …Não pense nisso.
Kazuki embainhou a espada, com uma expressão extremamente sombria.
— Eu disse isso antes, não foi?… Se a infecção estiver nos estágios iniciais, tudo bem, mas…Dylan estava no intermediário. Ali estava a caminho do fim. Mais da metade do seu corpo já tinha sido tomado. Mesmo se a Filha da Luxuria estivesse aqui, eu duvido que ela iria conseguir salva-lo.
Seol não respondeu. Ele não podia, tudo o que podia fazer era derramar suas lagrimas, enquanto ruídos sufocados e engasgados saiam de sua boca.
Ele sabia disso. Ele pensou que estava preparado para a pior possibilidade.
Mas, sendo honesto, suas esperanças aumentaram quando ele encontrou Hugo. Ele simplesmente queria que Dylan vivesse, isso é tudo. Ele não esperava que as coisas fossem assim. Era como ter o pior de todos os pesadelos imagináveis.
— Não seria melhor deixar ele morrer em paz em vez de deixa-lo assim? Ao menos, ele irá voltar a Terra e …
Kazuki falou até esse ponto e incendiou os restos mortais. Assistindo Dylan se tornar cinzas, Seol bateu a cabeça no solo.
Um choro de tristeza, como uma besta selvagem uivando, ecoou na câmara.
Kazuki assistiu isso, com os olhos dejetos e sem energia, então os seus ombros baixaram ainda mais.
— Yasser Rahdi, leve Seol para o círculo, por favor.
Esse time foi formado para salvar os cativos. Entretanto, o senso de perda nascido da percepção de que os cativos não estavam mais vivos era indescritível. Ele fez sua escolha porque entendia esse ponto. Forçosamente levar alguém com coração quebrado assim apenas iria provocar problemas mais tarde.
—… Eu entendi. Desculpe por isso.
Yasser tentou levantar o jovem, mas este não se moveu.
— Seol, não temos tempo para isso. Se apresse e me dê o ródio.
—…Eu vou.
— Do que você está falando?
— Nós iremos, juntos.
Seol cuspiu essas palavras, em seguida se levantou instavelmente do solo.
Dylan estava morto. As emoções do jovem ainda não tinham se acalmado, nem suas lagrimas parado, nem ele tinha aceitado a maldita realidade, mas ainda haviam pessoas que deviam ser resgatadas. Esse proposito forçou o corpo dele a se mover novamente.
— Não é possível. Sua condição será um obstáculo. Eu mesmo conheço a face da princesa, então você não precisa se preocupar e pode voltar primeiro.
— Eu também conheço a princesa.
— Olha, cara.
— Ainda restam três cativos. Nós precisamos de pelo menos três pessoas.
Essas palavras não estavam erradas. Kazuki quietamente encarou o jovem, antes de massagear a testa.
— Yasser Rahdi, e quanto a você?
— Eu sinto muito. Eu…eu não posso. Eu não tenho mais confiança…
— Tudo bem. Você deve voltar. Nós iremos descer as escadas.
Yasser acenou sem muita energia e se virou para sair.
—…Vamos.
Um momento mais tarde…
Uma pessoa desapareceu pelo caminho de onde vieram, enquanto os outros três desceram na escadaria levando ao segundo piso.
“…Princesa.”
Enquanto descia para o piso inferior, chamas pálidas frias queimavam ferozmente nos olhos de Seol.
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