Volume 2
Capítulo 61: Princesa Guerreira (2)
— Eeeeeiii!! — gritou Ian, levantando uma das mãos. Em resposta, alguém do grupo que se aproximava também acenou, fazendo com que a cavalaria diminuísse o ritmo.
A maior besta dentre a cavalaria se aproximou primeiro e parou logo em frente ao time da expedição. Em seguida, ela ficou encarando Ian. Porém, quando a pessoa que estava acima dela puxou as rédeas, a criatura que parecia um cavalo grunhiu e agitou um pouco das patas traseiras.
— Não esperava que você chegaria antes de nós, Ian — disse uma voz límpida e enérgica vindo da parte de cima da criatura.
— Que cavalheiro teria a coragem de se atrasar para um encontro com a princesa Teresa Hussey? — respondeu, com uma reverência e um sorriso no rosto.
— Obrigada pela gentileza. Estava preocupada com a possibilidade de você ignorar o convite — falou a Princesa Guerreira antes de se virar e gritar para os seus homens. — Faremos uma pequena pausa aqui! Com exceção dos soldados que se encaminharão para o Vale Arden, o resto deve se preparar para retornar a Haramark com as carruagens e os Horuses!! — Em instantes, várias pessoas começaram a se movimentar.
— Não existe uma estrada que vai para a fortaleza? Com os Horuses, é provável que demoraremos menos tempo no caminho.
— Bem, as comunicações com os sentinelas postos pela estrada que vai até a fortaleza também foi cortada — revelou a mulher, com o mesmo tom de voz elegante de antes enquanto descia de seu Horus.
— O que significa…
— É óbvio. Os postos de observação já foram perdidos. E nós nem sabemos se há algum tipo de armadilha nos esperando. É melhor subirmos o Pico da Alvorada e analisar a situação do que arriscar.
O Mago balançou a cabeça, demonstrando que entendeu quais eram as intenções com aquela tática.
Com um olhar fatigado no rosto, Teresa Hussey analisou os arredores. Quando viu os membros do Carpe Diem em pé, mas ainda silenciosos, os cumprimentou.
— Faz tempo, Dylan, Chohong, Hugo.
Dylan fez uma leve reverência em resposta e Hugo apenas acenou. Por outro lado, uma aura gélida emanava de Chohong, que evitava o olhar da princesa.
Em seguida, o olhar da mulher voltou-se para o jovem que a olhava, o qual parecia estar um pouco confuso.
— E quem seria esse?
— Um terráqueo que se graduou na Zona Neutra em Março deste ano. Ele é um companheiro que também participou do reconhecimento da Floresta da Negação.
— Espera. Ele é Nível 1?
Sem perceber, o Arqueiro de Precisão encarou Seol Jihu, mas não abriu a boca. Em resposta, o Marca de Ouro apenas a encarou, surpreso com toda a beleza daquela mulher e dos raios de Sol que a linda pele macia dela era capaz de refletir. De repente, o vento ficou mais forte.
Como Teresa não usava um capacete, esse vento fez com que os seus cabelos dançassem. Os fios tinham uma cor rosa clara, mas, ao mesmo tempo, pareciam também emitir uma coloração dourada. Porém, a armadura prateada que ela vestia fez com que o jovem não conseguisse a encarar por muito mais tempo, já que todo aquele brilho machucavam os seus olhos.
Em seguida, colocou uma mão no peito.
Tum, tum. Estava com o coração acelerado.
“Por quê?”
Parece que falhou em tentar esconder o que estava sentindo. No momento em que aquela mulher o encarou, passou a sentir um misto de emoções inexplicáveis. Acompanhado a isso, uma enorme sensação de déjà vu percorreu a sua mente.
“É verdade. Deve ser a…”
— Argh! Vamos conversar depois de sentarmos. Não dormi nos últimos dois dias. Ai, até a minha bunda está doendo.
Após terem se acomodado no chão, Ian começou a falar.
— É realmente incrível que você tenha conseguido organizar um contingente de elite em tão pouco tempo, mas os Parasitas estão sempre zombando das nossas expectativas. Se estiverem usando ondas de interferência para bloquear a comunicação, precisaremos nos apressar. Porém, é muito importante que você considere a possibilidade da fortaleza já ter sido destruída ou tomada.
— Eu sei. É por isso que estamos subindo o Pico da Alvorada primeiro.
— Nesse caso, devo segui-los. No entanto, quais os seus planos caso a situação seja tão grave?
— Você quer dizer se a fortaleza já tiver sido tomada? Só de pensar numa situação merda dessas… Cof, cof!! Argh, droga!
Kaahk, ptooi!!
Os lindos olhos de Teresa semicerraram e ela deu vários goles em uma garrafa de água.
— Perdão. Minha garganta está doendo um pouco por termos corrido em um ambiente tão deserto.
Aquela aparência de uma guerreira honrada veio direto de uma história antiga de fantasia épica, mas o jeito que ela agia parecia estar mais próximo com o de um pedreiro.
“Era isso que ele queria dizer?”
Lembrou-se do que Ian havia lhe dito antes, então pensou que deveria tentar ser mais compreensível. Bem, como já estava acostumado com as atitudes de Maria e Chohong, presumiu que conseguiria se acostumar com aquele jeito.
— Nesse caso, nós voltamos para casa. O que mais poderíamos fazer? Contudo, acho bem baixa a possibilidade da fortaleza ter sido tomada por eles. A Fortaleza de Arden é quase que uma estrutura de defesa divina. Apenas usando a topografia dos arredores, os guardas de lá conseguiriam se defender contra um exército imenso.
— Che, ela nem está pronta.
— Mas está quase.
Quando Chohong se pronunciou com uma voz gélida, a princesa parecia ter feito questão de respondê-la de uma maneira semelhante.
— Só que tem uma coisa que não faz muito sentido. Eu tinha colocado várias pessoas para ficarem de olho no lugar, então como o inimigo conseguiu nos emboscar?
— Eu tenho algo a dizer sobre isso — revelou Ian.
Então, o Mago começou a contar sobre os resultados do reconhecimento da Floresta da Negação. Os olhos de Teresa demonstraram bastante interesse quando chegaram na parte da armadilha dos Lioners.
— Impossível. O que esses putos estariam fazendo lá? O habitat deles é do outro lado da montanha.
— Se eu fosse opinar, diria que eles foram expulsos.
— Ah. Faz sentido. Os Parasitas e os Lioners se encontraram, e estes correram para a Floresta da Negação ao pressentir o perigo. Merda. Eu devia ter pedido que o reconhecimento da Floresta da Negação fosse feito antes.
— E… — Dessa vez, contou sobre a morte dos times de Kahn e Samuel.
— Porra. Perder a Vanessa já doeu muito, mas agora os times do Kahn e do Samuel também foram aniquilados? Justo agora em que todos os Altos Ranking são importantes?
— Entendo a sua preocupação, mas a situação atual é muito urgente. Nesse momento, os soldados da Fortaleza de Arden podem estar lutando em uma terrível batalha, contando com a chegada dos reforços do reino.
Sem dizer nada, a princesa balançou a cabeça concordando. Em seguida, coçou as bochechas e encarou Dylan. Um dos motivos por terem parado ali, mesmo com toda a urgência da situação, era para descansarem. Porém, havia uma outra justificativa muito mais importante.
— Dylan, o que você acha?
Ele permaneceu em silêncio.
— Eu sei que você deve estar cansado pelo reconhecimento da Floresta da Negação, mas eu ficaria muito mais segura se tivesse um Arqueiro de Precisão e dois Guerreiros experientes me cobrindo. — Então, o ofereceu um convite. Contudo, o líder do Carpe Diem continuava em silêncio.
— Quantos terráqueos foram contactados?
— Nem mesmo 100.
— Com certeza você sabe o número exato.
— 68. 12 de Nível 4, 56 de Nível 3. Ian é o único Mago e nós temos quatro Sacerdotes.
— É muito pouco.
No momento em que Dylan expressou dúvidas, Teresa fechou os olhos.
— É lógico que são poucos. Não acha que isso tudo é consequência das suas ações? — grunhiu Chohong.
— Consequências?
A Guerreira Divina parecia estar esperando por aquela oportunidade, então quando a princesa a respondeu de maneira ríspida, ela irritou-se ainda mais.
— Você sabe muito bem do que eu estou falando. Você começou tudo isso sozinha, fazendo todos pensarem que tinha confiança o suficiente para cuidar de tudo. Até onde eu sei, ninguém respondeu o seu convite, né?
— Estou muito desapontada se você pensa desta forma — retrucou Teresa com um tom de voz que dizia “Como você pode dizer algo assim?” — Quantas vezes precisaremos dizer isso antes que você entenda. É algo que precisamos fazer. Quando estiver pronto, teremos uma fortaleza forte o suficiente para envolver toda a montanha.
— Dá um tempo. Você acha mesmo que os Parasitas deixariam isso acontecer? Eles já até começaram a invadir! Por que você teve que cutuar a onça com…
— Mas isso não é algo tão ruim — interrompeu-a a princesa.
— Oi?
— No mínimo, estaríamos oferecendo uma ajuda indireta.
— E quem nós estamos ajudando agora?
— Quem você acha? A Federação, é lógico.
— Eu não posso nem tentar te chamar de cabeça dura. Esqueceu do fato de que o cerne da Federação é feito pelas raças estrangeiras que invadiram o Paraíso? — indagou Chohong, com uma expressão de raiva.
— É claro que eu lembro. Já lutei contra eles várias vezes — respondeu Teresa, logo emendando uma explicação. — A guerra entre a Federação e os Parasitas está se intensificando.
— Eu sei.
— Admito a minha incompetência ao não considerar a possibilidade dos Parasitas em avançar pelo terreno hostil próximo à base da montanha. Porém, é inegável que nós conseguimos atrair a atenção deles com a construção da fortaleza ali. Eles até nos atacaram.
— Ah, então você quer dividir a atenção deles?
— Exato. A Federação esteve expandindo toda a força militar que possuía para lutar contra os Parasitas, mas com a gente chamando a atenção deles, é capaz que a pressão sofrida pela Federação diminua muito. Claro, seria algo como jogar alguns copos de água em uma fogueira, mas mesmo assim.
— Você deve estar muito confortável com a sua vida agora, né? Está até se preocupando com o pessoal da Federação.
— Não é bem assim — intrometeu-se Ian, que ouvia a discussão das duas. — Não sei o que está pensando, mas eu concordo com a opinião da princesa — continuou a falar, enquanto coçava a barba. — A Aliança dos Transmorfos já possuiu o segundo maior poder bélico dessas terras, mas acabaram não sendo capazes de resistir à ofensiva dos Parasitas e foram derrotados. Enquanto tudo isso acontecia, nós, os humanos, não fizemos nada.
— E, como resultado, os nossos adversários agora são dobrados. Sem contar que o exército Parasita tornou-se ainda mais forte após devorar os cadáveres dos Transmorfos — falou Teresa, enquanto mexia um pouco com o próprio cabelo. O Mago também parecia incomodado com a situação. — Todos ouviram sobre as Fadas das Cavernas terem se aliado à Federação. Sendo mais específica, eles entraram na Federação na qual as Fadas Cósmicas já faziam parte.
Ao ouvir aquilo, Seol Jihu lembrou-se de ter ouvido Dylan e Ian discutindo sobre esse assunto mais cedo.
— Sim, os dois podem ter vindo de um ancestral em comum. Porém, a questão é que, apesar de lutarem uns contra os outros por séculos, ou melhor, milênios, eles decidiram se juntar. Eu quero que você pense um pouco sobre o quão pressionada e desesperada a Federação devia estar para que tal situação acontecesse.
Concordou com a afirmação feita. Naquele momento, os humanos e a Federação tinham uma relação de interdependência.
“Faz sentido.”
Parecia uma história simples. O que aconteceria se não fizessem nada e a Federação perdesse?
— Escutem. Se nós, nobres, realmente fizéssemos o que nos desse na telha, já teríamos tentado invadir o território dos Parasitas. Afinal, isso deixaria bem claro a nossa posição. Mas não fizemos isso. Estamos apenas construindo uma fortaleza. Quando ela estiver pronta, teremos um local seguro para nos defender — disse, Teresa, que parecia buscar apoio do resto do grupo.
Chohong apenas grunhiu e virou-se para o lado com a boca ainda fechada, parecendo que não tinha conseguido pensar em nada educado o suficiente para dizer.
— Por isso eu peço, por favor, nos ajude. Eu já sei a situação. Mesmo sendo alguém de Alto Ranking, entendo que os terráqueos não lidam bem com ordens vindas da família real.
— Hmph…
— Dylan, você não apenas também tem um Alto Ranking, mas também é o líder do famoso grupo Carpe Diem. Acredito que você será capaz de controlá-los.
— Preciso pensar nos meus companheiros primeiro. Era para estarmos retornando para Harmark, mas… Sem contar que esse camarada aqui é apenas um Nível 1 — falou, apontando para Seol Jihu.
— Eu não sou tão ruim assim. Pode deixar que o farei retornar para Haramark com as carruagens e os Horuses — respondeu a Princesa Guerreira.
— Hmmm…
— Dylan, você vai conseguir muitos pontos de experiência na batalha, sem contar que também conseguirá várias conquistas por participar da guerra. Como a família real também lhe fornecerá boas recompensas, será como matar três coelhos numa cajadada só. Por que precisa pensar tanto? Nós nunca o decepcionamos quando o assunto é recompensa, se esqueceu?
Mesmo com todo esse discurso, o Arqueiro pareceu não estar convencido. Em seguida, Teresa soltou um longo suspiro e olhou para o céu, voltando a falar apenas alguns segundos depois.
— Entendo. Não irei pedir nada que você não possa fazer. Prometo. Não ordenarei que comece a lutar, então, por favor, apenas proteja o Ian.
— Tudo bem. — Após muita insistência, ele concordou.
A boca de Hugo se abriu e fechou várias vezes, enquanto Chohong, apesar de parecer muito insatisfeita, não disse nada. Parecia mesmo que o líder já havia conversado com os dois antes.
— Obrigada. — Parecendo aliviada, a Princesa Guerreira expressou a sua gratidão com uma voz doce, que logo tornou-se séria mais uma vez. — Partiremos em cinco minutos. Gostaria que pudéssemos descansar mais um pouco, mas a situação é urgente. Por favor, me perdoe. — Então, ela começou a se afastar.
O Marca de Ouro a observou andando para longe e ativou o “Nove Olhos”.
— Seol, agora que a situação se desdobrou para esses acontecimentos, irei lhe pedir um favor.
— Um favor?
— Gostaríamos que você retornasse para Haramark e guardasse os itens que conseguimos com o reconhecimento da Floresta da Negação até que nós também voltássemos.
Ao ouvir aquilo, Ian deu um leve sorriso. Palavras assim eram um sinal de que Dylan estava preocupado com o jovem.
— Seol?
— Gostaria de ir com você.
— Não — recusou logo de cara o líder.
— Se estiver pensando em fazer isso como prova da sua lealdade ao time ou por qualquer outro sentimento que tenha, não se preocupe. Você já fez mais do que o necessário. Você é um Nível 1, não precisa participar de uma guerra ainda.
— Eu serei um obstáculo se for com você?
— De forma alguma. Você conseguiu se portar muito bem contra uma Lioner fêmea, detentora de uma força maior do que a de um Guerreiro Nível 4. Contando ainda com todas as habilidades que possui, você seria útil em qualquer situação.
— Fico feliz. Se é assim, deixe-me ir com vocês.
— Ei. Você está falando sério? — indagou Chohong.
Como resposta, o jovem apenas balançou a cabeça em concordância.
— Querendo ou não, eu vou acabar me envolvendo com a guerra uma hora ou outra. Acho que não seria ruim poder ter essa experiência logo.
Claro, aquela era apenas uma parte superficial da explicação. Havia um outro motivo para que quisesse participar do confronto. Essa outra razão era Teresa Hussey, uma pessoa que, desde que viu , sentiu uma enorme curiosidade e atração. Gostaria de saber o motivo. Não conseguia tirar da cabeça a possibilidade de nunca mais conseguir vê-la. Em outras palavras, está agindo de acordo com as emoções.
— Bem, se é o que você quer, não irei tentar te impedir. Parece que teremos que adicionar mais um nome na lista de pessoas a proteger.
— Fico feliz que vocês queiram me proteger, mas eu não deveria pagá-los para fazerem isso?
— Claro que não. Nós também não o retribuímos ainda — disse Dylan rindo um pouco.
Independente do caso, o jovem era um terráqueo que já havia salvo a vida deles algumas vezes na Floresta da Negação. Dessa forma, eles tinham altas expectativas em relação ao que o jovem poderia fazer.
— É por isso que eu gosto de você, Seol! — falou Hugo, parecendo estar empolgado.
Fez o melhor que pôde para conseguir se afastar dos braços do Guerreiro e olhar para Teresa mais uma vez.
Ela não emitia nenhuma coloração.
***
O time da expedição se juntou aos reforços comandados pela Princesa Guerreira e todos logo partiram para o Vale Arden. Apesar de já ter imaginado, o caminho que dava para o Pico da Alvorada era bastante árduo, pois estava repleto de rochas, o que dificultava a caminhada. Sem contar que avançavam em um ritmo acelerado, fazendo com que vários itens dos Sacerdotes caíssem pelo caminho, forçando os Guerreiros a recuperá-los.
Pouco tempo depois, o Sol já estava no topo do horizonte, fazendo com que o crepúsculo formasse inúmeras sombras pela estrada.
Enquanto estava sendo carregado nas costas de Hugo, Ian começou a manipular o cristal de comunicação tentando estabelecer contato com a fortaleza. Esse item possuía uma grande importância estratégica, mas como os Parasitas haviam impedido que funcionasse, eles não passavam de algo inanimado.
Com tal estratégia em prática, os inimigos mudaram a forma na qual costumavam atacar. Normalmente, os Parasitas iniciavam o conflito forçando o oponente a se defender devido ao incrível número de soldados e poder de ataque que tinham. Porém, conseguindo impedir a comunicação, o oponente passou a adotar uma ideia de ataques silenciosos.
Da perspectiva da aliança humana, essa era uma tática bastante prejudicial, já que impedia a troca de informações.
Quando a distância entre dois cristais reduzia, a força dos sinais de manas que saíam dos dois aumentava muito, possibilitando que a interferência fosse vencida. E era exatamente isso que Ian estava tentando fazer. Quanto mais próximo o reforço estivesse da fortaleza, mais fácil seria para que conseguissem estabelecer um contato com os soldados que a resguardavam.
Pzzzzt!
Os antes preocupados olhos do Mago agora pareciam ter se aberto.
— Isso!! Funcionou! — gritou. — O reforço não foi em vão. Pelo menos não estamos no pior cenário de todos! — declarou enquanto concentrava a sua mana no cristal, fazendo com que vários ruídos saíssem do objeto.
— Mestre Ian, quer que eu avise a princesa para parar a marcha? — perguntou Dylan.
— Não! Está tudo bem. Continuarei tentando enquanto nos movemos — falou o Mago, aproximando o rosto do cristal. — Conseguem me ouvir? Aqui é Ian, o Mago em serviço da família real de Haramark!
— Ian?
Tzzzt, tzzzt.
Os ruídos ainda estavam muito altos, já que a interferência parecia ainda estar ativa, mas já era possível falar com os outros.
— Espere! Se você está vindo…
— Quando todas as comunicações da Fortaleza Arden foram cortadas, nós juntamos uma tropa de elite e chamamos terráqueos de Haramark, partindo para a fortaleza. Estamos chegando.
— Mas a interferência.
Ao ouvir aquela voz desesperada, Ian começou a explicar a situação.
— Já entramos no Vale Arden nesta tarde.
— Sério? A família real de Haramark conseguiu prever essa situação e já mandou reforços? Tão rápido assim?
— Sim, eles conseguiram. Vossa majestade, Teresa Hussey, está pessoalmente liderando as tropas.
— A Princesa está liderando as tropas?!
Então, uma enorme celebração pôde ser ouvida por meio do cristal.
Waaaaaah!!
Todos os soldados ali presentes deviam estar sentindo um enorme alívio, já que vozes embargadas de choro também puderam ser ouvidas. Os sons de explosões e de bestas rugindo eram apenas detalhes ao fundo.
— Qual a situação?
— Estamos nos esforçando ao máximo para nos defendermos da horda inimiga, mas eles são muitos! A defesa pode cair a qualquer segundo!
— Aguentem mais um pouco! Daqui a pouco estaremos no Pico da Alvorada! Chegar na fortaleza será apenas questão de tempo!
— Obrigado! E, por favor, se apressem — gritou o soldado do outro lado com uma voz emocionada.
No momento em que perceberam que a família real não havia abandonado a Fortaleza Arden, o espírito de luta, antes escasso, parecia ter crescido mais uma vez.
— Pode nos dizer a dimensão dos inimigos?
— Sim! Os Parasitas que estão invadindo…
Pzzzzzzzt!!
Outra onda de interferência parou a comunicação. Ian estalou a língua e concentrou ainda mais mana no cristal. Em seguida, gritou: — Dylan! Vá avisar a Princesa!
Ao ver o líder correndo o mais rápido que pôde, Seol Jihu engoliu em seco.
Durante toda a marcha, a situação pareceu estar muito complicada, fazendo com que o seu maior desejo fosse chegar ao destino o mais rápido possível. Porém, após ouvir os soldados que defendiam a fortaleza, a tensão que sentia aumentou ainda mais.
Estavam prestes a chegar ao Pico da Alvorada.