Volume 2
Capítulo 53: Floresta da Negação (3)
Continuaram a subir.
Samuel liderava o grupo com excitação, dizendo que deveriam passar da colina antes do fim do dia. Porém, logo hesitou. Seol Jihu ficou um pouco assustado com aquela atitude, lembrando-se do que aconteceu da última vez que o Explorador fizera a mesma coisa. Contudo, logo percebeu que o motivo da pausa era algo mais animador: haviam chegado no topo.
— A Floresta da Negação.
Ao olhar para baixo, viu uma vegetação que se espalhava por todo o seu campo de visão em vários tons de verde. Parecia infinito.
“Nós vamos para lá?”
Com certeza a Floresta de Negação se diferenciava de todas as outras florestas que tinha visto até então. Será que era pelo fato dos humanos terem medo de se aproximar? De fato, a imposição que tal vegetação emanava era algo indescritível.
— Pelo jeito, contanto que passemos da floresta, nós poderemos ir para qualquer lugar que quisermos. Incluindo a Federação e o território dos Parasitas — disse Ian, tentando recuperar o fôlego enquanto enxugava a testa cheia de suor.
— Agora que você falou, eu ouvi dizer que o conflito entre os dois está se intensificando — falou o Marca de Ouro, fazendo com que os olhares se voltassem para ele. O Mago pareceu ser o que mais se surpreendeu com o comentário, enquanto o líder da expedição emanava um pensamento de “Qual a identidade secreta desse cara?”. Até mesmo Dylan parecia um pouco chocado.
Havia apenas murmurado o que Kim Hannah lhe disse.
— Olha, eu tenho que admitir! Você continua me surpreendendo, jovem amigo. Você está certo! Não muito tempo atrás, a Federação anunciou que formariam uma aliança com as Fadas das Cavernas. Sem dúvida eles agora tem mais um aliado de grande poder. Com cinco raças unindo forças, nem mesmo a Rainha Parasita será capaz de contornar a situação — comentou o velho com um tom de voz entusiasmado.
“Federação? Parasitas?”
Mesmo um pouco tímido com os olhares que recebeu há pouco, ainda estava cheio de perguntas. O quão forte era a raça dos Parasitas para que outras cinco raças diferentes tivessem que se unir para combatê-los? Graças ao “sonho” que teve sabia mais ou menos a verdade, mas tudo não passava de um borrão na sua memória naquele momento, então não podia ter certeza.
— Cara, eu nunca vi um cara escondendo o próprio nível para poder ser um carregador. Normalmente acontece o contrário.
Parecia que Samuel estava com mais certeza sobre a teoria que formulou. Seol Jihu achou que levaria muito tempo para convencê-lo do contrário, então apenas deu um suspiro como resposta.
Pouco tempo depois, começaram a descer a colina.
— Não acha interessante? É provável que tenham um ancestral em comum, mas ver as Fadas Subterrâneas e as Fadas Cósmicas, raças tão hostis, firmarem um pacto é algo inesperado.
— É pra você ver o quão desesperadas estão. E não são só as Fadas. Elas só conseguiram sobreviver até agora porque “aquelas” espécies formaram a Federação. Se não fosse por isso, já teriam sido destruídas.
— Independente do que seja, no final das contas, até que isso não é tão ruim para os humanos, né?
— Se você se refere ao fato das duas terem escolhido um lado, sou obrigado a dizer que esse é um pensamento muito pragmático. Mais cedo ou mais tarde os humanos também precisarão tomar uma escolha parecida.
Ficou observando Dylan e Ian conversando e acabou se aproximando de Alex.
— Alex? Eu fiz merda?
— Hã? Ah, não fez. Não é um segredo mesmo.
— Então por quê?
— Ahhh, isso. É que as informações sobre as ações das raças é algo compartilhado apenas entre os que são de Alto Ranking. Bem, é capaz de você ter escutado sobre, já que é um Nível 4. Quero dizer, é algo inútil para um nível baixo saber afinal de contas, não é?
Ficou com uma expressão de “Por quê?” no rosto, então o Sacerdote logo continuou.
— Pense um pouco. Um novato que acabou de sair da Zona Neutra começa a falar sobre política local. Ah, a situação da guerra está assim, as alianças estão desse jeito... Como você reagiria?
— Ele está puto?
— Argh, não, porra. Ele está mais para surpreso. Também devem estar curiosos pra saber quem te contou isso — falou Alex, encarando o jovem com um sorriso e dando tapinhas em seus ombros. — É por isso que você deve nos contar a verdade, entendeu? Sério, qual o seu nível? Por que você decidiu participar dessa expedição? Por que você não nos mostra a sua Janela de Status?
Seol Jihu virou a cabeça para cima e encarou o céu. O Sol já estava mais baixo, colorindo todo o horizonte com um brilho laranja.
— Na verdade, eu estou no Nível 10.
— Foi o que pensei. E qual a sua classe?
— O Deus da Lança.
— Keuh. Um deus, é? Nem tenho mais medo da Rainha Parasita, então — falou o companheiro, começando a rir.
***
A expedição parou para descansar um pouco antes de terminarem a descida da Colina Napal — em outras palavras, estavam em frente à Floresta da Negação. Porém, antes que adentrassem o local, Ian pediu algum tempo para examinar o ambiente.
Agora que tinham parado, decidiram passar a noite por ali. Enquanto o Mago analisava a entrada da floresta acompanhado de Dylan e Chohong, Seol Jihu começou a realizar pequenas tarefas, como arrumar as barracas e ajeitar os sacos de dormir.
Os outros membros também faziam algo. Samuel, por exemplo, estava caminhando em volta do acampamento e colocava no chão objetos que pareciam como pedras pretas.
Como já tinha terminado o serviço, ficou observando o que o Explorador fazia. Ao perceber as atitudes do jovem, ele deu um sorriso e pediu para que o Marca de Ouro se aproximasse.
— São pedras de mana. Elas meio que preservam a nossa mana — explicou, oferecendo uma para Seol Jihu. — É um dos itens mais importantes se você quiser passar a noite ao ar livre. Se você colocá-las ao redor do acampamento, vai conseguir evitar que monstros que odeiam mana se aproximem. Como essas pedras emitem uma aura, ela vai evitar que essas criaturas se aproximem.
— Devem ser caras.
— Claro. Bem, mas são mais baratas do que a vida… — O resto da frase tornou-se inaudível, pois o líder começou a encarar a Floresta da Negação. — Pensando em todas as expedições que falharam na metade, eu começo a pensar que essas pedras podem ser meio que dinheiro jogado fora. Ahh, mantenha essa última parte em segredo, está bem?
— Eu entendo. O preço de uma expedição deve ser bem elevado.
— Não apenas o custo, sabe? Nós também investimos tempo e esforço. Juntando tudo, o verdadeiro valor torna-se astronômico.
— Imagino…
— Nem toda expedição é um sucesso. Por muitas vezes eu retornei apenas com experiências de quase morte e já perdi a conta de em quantas ocasiões eu já tive que desistir porque o grupo não era forte o suficiente.
Foi então que percebeu o quão ansioso Samuel estava. Eles podiam ter chegado ao destino sem grandes problemas, mas agora o progresso de tudo estava nas mãos de Ian. Se ele dissesse que seria difícil, a primeira coisa que deveriam fazer na manhã seguinte seria retornar para Haramark.
— É melhor lembrar-se disso caso planeje formar o seu time algum dia. Apenas siga em frente quando dispuser das condições financeiras. Uma expedição não é algo em que você aposta tudo o que tem. — Revelou o Explorador com um tom de voz amargo enquanto voltava a espalhar as pedras de mana.
“Planejar uma expedição apenas se tiver o dinheiro para sobreviver após o fracasso de uma.”
Guardou aquele conselho no coração.
***
Ian e os outros retornaram apenas no final do jantar. Samuel parou de comer e correu em direção ao Mago. Os dois ficaram conversando por um longo tempo. As expressões do velho não eram boas, o que fez com que o líder ficasse mais sério. O Marca de Ouro pensou que retornariam para Haramark no dia seguinte.
Caso ser um carregador tivesse alguma vantagem, essa seria não ter que ficar acordado à noite como vigia. Lhe disseram que não era plausível confiar a um Nível 1 uma tarefa tão importante e perigosa. Teve a experiência de ficar de guarda quando caminhou para Haramark, mas ainda assim ficou feliz por não ter que fazer isso de novo. Entrou na sua barraca e aconchegou-se no saco de dormir.
Apesar da noite já estar avançada, não conseguiu pegar no sono, pois várias coisas ainda flutuavam em sua mente. Fechou bem os olhos e tentou forçar-se a descansar, mas logo ouviu alguém se aproximando.
— Quem é?
— Sou eu. — Era Chohong. Ela pegou um travesseiro e um cobertor e deitou-se ao lado de Seol Jihu.
— Aquele velho tarado filho da puta! Ele estava falando em um tom de voz tão sério… Eu devia ter quebrado ele em dois.
— E o saco de dormir?
— Eu não uso um. Não consigo dormir toda enrolada assim.
Quando ela deitou-se ao seu lado, sentiu uma sensação estranha, mas achou melhor não se importar muito. O fato de dormir próximo a alguém do sexo oposto era algo que precisava ficar acostumado, já que era bem frequente no Paraíso.
O silêncio continuou por um tempo até que Chohong virou-se para o lado e passou a encará-lo. Apesar da escuridão, os olhos da Sacerdotisa brilhavam.
— Parece que nós vamos continuar.
Ficou ainda mais desperto com aquelas palavras.
— O velho estava certo. A Floresta da Maldição não é cheia de maldições, mas sim magia.
— Sério? Mas eu achei o clima lá atrás bem tenso.
— Sim. O velho disse que um feitiço ancestral foi conjurado aqui.
— Feitiço ancestral?
— É um tipo de magia que poucas pessoas conseguiam usar na época do Império.
Apesar de bastante surpreso com o conhecimento daquela mulher, decidiu continuar com as perguntas.
— E o que o mestre Ian disse?
— Nada demais, na verdade. Ele só falou que essa magia irá interferir no pensamento humano, fazendo com que as nossas mentes sejam poluídas por alguma coisa. É… — Ela passou um tempo tentando lembrar, mas logo xingou e desistiu. — De qualquer forma, a questão é que nós poderemos usar a defesa que preparamos. Porém, o velho também falou que seria difícil parar a poluição em um certo ponto. Pelo jeito, nós precisamos comprimir as nossas emoções o máximo que conseguirmos lá dentro. — Em seguida, ela estalou a língua e ficou com um tom de voz mais leve. — Você devia ter visto a cara do Hugo. Pense nela só por um segundo. Como um cara com uma personalidade daquelas vai conseguir se controlar?
— Não é como se você fosse diferente.
— Quer morrer? — A voz dela voltou para o tom mais gélido.
— A defesa contra a magia não é perfeita, é isso que você quis dizer.
— O que podemos fazer? Só pra começar, já é bem impressionante conseguir resistir contra essa magia… À propósito, você não vai dormir?
Talvez ela tenha ficado cansada de respondê-lo.
— Tenho muita coisa na cabeça e não consegui pegar no sono.
— E por que você teria muita coisa na cabeça, Nível 1?
— Por que a família real emitiu uma procuração para que fosse feito o reconhecimento dessa floresta? Bom, isso é um exemplo.
Era uma pergunta simples, mas muito lógica. A expedição foi feita no intuito de pilhar a tumba, mas o pretexto era realizar o reconhecimento da área para a família real.
— Você tem umas preocupações estranhas. Esses caras sempre agem assim. Esse pessoal está sempre com sangue nos olhos para conseguir recuperar uma terra perdida o mais rápido possível — respondeu Chohong, com um tom de voz grosso.
Porém, Seol Jihu não conseguia entender o assunto. Não tinha certeza, mas devia ter alguma outra razão.
— Eu também devo dormir daqui a pouco — falou a mulher, bocejando e esticando a coxa para cima do peito do Marca de Ouro.
— Não vai baixar a perna?
— Não pretendo. Essa senhorita veio pessoalmente à sua barraca em busca de proteção e lhe explicou o que você queria. Não acha que deveria tolerá-la um pouco mais? — Chohong falou, com um sorriso no rosto.
— Mas eu pensei que você tivesse vindo pra cá por causa do mestre Ian.
Sentiu a perna apoiada sobre si mover-se um pouco.
— Estou errado?
Zzzzzzz…
— Você não é boa em fingir que está dormindo.
Zzzzzz…
Seol Jihu riu.
— Está bom, já entendi… Continue cuidando assim de mim daqui pra frente...
Aquelas palavras fizeram com que um grunhindo de susto saíssem dela. E então…
— Seu merda! Não consegue disfarçar?! — indagou, lançando-se sobre o Marca de Ouro com um rosto corado.
Depois de muito “lutar” contra Chohong naquela noite, conseguiu dormir sem dificuldades.
***
Amanheceu.
Após o café da manhã, o grupo logo desmontou o acampamento e se preparou para adentrar na Floresta da Negação, já que não tinham motivos para esperar mais.
— Lembrem-se bem. As minas poções não curam tudo e existe um número limitado de feitiços que podem purificar o estado corrupto de suas mentes.
Antes de entrarem na floresta, bebeu o conteúdo de um pequeno frasco distribuído por Ian. Era uma das defesas que o Mago havia preparado — bem, ele era um Alquimista, afinal de contas. Além disso, também era famoso no preparo de poções.
— Emoções são contagiosas. O momento em que alguém revela o que sente é o pretexto perfeito para que os efeitos sejam ativados. E gostando ou não, as pessoas ao seu redor também serão afetadas.
O gosto da poção não era bom. Parecia que blocos de gelo estavam se espalhando por todo o organismo do jovem. Será que era essa a sensação que indicava estabilidade entre o corpo e a mente? Percebeu que a cabeça tinha ficado um pouco dormente, mas a movimentação não foi prejudicada.
— Eu não espero que vocês fiquem completamente impassíveis, mas vocês devem manter uma certa calma o tempo todo.
Acompanhado dos conselhos do Mago, o grupo adentrou no objetivo mantendo a mesma formação de antes.
Apesar do Sol forte, o interior da floresta ainda estava um pouco escuro, já que as altas árvores impediam que muitos raios de luz iluminassem o local.
Decidiu focar na caminhada. Logo que começou a andar, cercado por aquela vegetação, um vapor quente de ar passou a entrar em contato com a sua pele. Por algum motivo, a sensação do chão ser lamacento e instável o irritava. No entanto, como não tinha ideia de quando os efeitos da floresta surtiriam efeito, fez o melhor que pôde para manter a calma. Os outros devem ter pensado o mesmo, já que ninguém disse nada enquanto seguiam Samuel. Os únicos sons que escutavam eram o canto de pássaros, rugidos de criaturas desconhecidas e o barulho de uma corrente de água.
De repente, o Explorador parou. Dessa vez, ele não estava olhando para o chão, mas sim para o céu. Sendo mais preciso, para uma das enormes árvores.
— Samuel? O que foi? — Dylan foi o primeiro a falar.
— Um cadáver.
— O quê?
— Tem um cadáver preso na árvore.
Como ele disse, havia algo que lembrava um enorme saco plástico pendendo logo acima. Aquele corpo estava sem a parte inferior e os braços pareciam estar abraçados em um dos galhos e três ou quatro objetos, que antes supunham ser cordas, na verdade eram as entranhas do morto.
— Eu preciso investigar isso direito. Quem não aguentar, olhe pro lado. — Com cuidado, o Explorador subiu na árvore e recuperou o cadáver, que emitia um cheiro forte devido à decomposição. — Parece que a porção inferior foi arrancada com força bruta. É inútil pilhar um corpo desse jei… Hmm? — Analisou bem o rosto do cadáver por alguns segundos e logo adquiriu uma expressão mais séria. — Dylan! Esse aqui não é o Kahn?
— Kahn? Como assim? — O líder do Carpe Diem parou de analisar os arredores e correu em direção ao amigo. Após confirmar a informação com os próprios olhos, soltou um grunhido. — Merda. É o Kahn.
— Mas por que o Kahn está aqui? — O Explorador ficou balançando a cabeça de um lado para o outro até que ergueu as sobrancelhas, parecendo bastante surpreso. Ao perceber aquilo, o Arqueiro de Precisão murmurou um “Ah, porra.”. Tinha apenas um motivo para aquele cara estar ali.
“Vou ser sincero. Fui falar com o time do Kahn antes de chamar vocês, mas eles recusaram. Mas eles ainda vão manter isso em segredo.”
— Que filho da puta! — gritou, chutando a metade restante do corpo. — Seu filho da puta! Tentou dar uma de esperto?!
— Opa, opa. Calma, cara. Ele já morreu.
— Como eu posso me acalmar em uma situação assim? O filho da puta, ele…
— Samuel, acalme-se! — Com o tom de voz sério e bravo, Ian fez com que o Explorador tremesse.
Percebendo a situação, Dylan deu alguns passos para trás e preparou a sua besta. Um tempo depois, Samuel ergueu a cabeça e analisou o entorno, mas logo fixou o olhar cheio de raiva em Seol Jihu.
— Dylan! Dá uma porrada nele! Tudo bem se ele desmaiar!
POW!!
Após ser atacado, o Explorador voou com o impacto. Porém, como era um Arqueiro experiente, acabou não desmaiando.
— Aiii…
— Vai com calma. Quer morrer? — perguntou, apesar da expressão de dor no rosto.
— Por favor, faça o possível para estabilizar a mente. Eu entendo o motivo da raiva, mas Kahn já está morto.
Devagar, Samuel passou a mão na própria bochecha enquanto respirava fundo. Repetiu isso seis vezes e balançou a cabeça.
— Tudo bem agora?
— Sim. Estou bem agora. Fiz merda, não fiz? — Em seguida, pegou na mão estendida de Dylan e se levantou com um grunhido. Por alguma razão, o olhar do Explorador parecia estranho quando voltado para Seol Jihu.
— Que bom que não tivemos que usar o feitiço. O que você quis negar? — perguntou Ian.
— E-Eu acho que a minha orientação sexual — respondeu, depois de pensar um pouco.
— C-Como é?
— Não tenho certeza. Foi a minha primeira vez também. Quando eu olhei pro nosso amigo ali, eu comecei a sentir um desejo de… — Não conseguiu terminar o que gostaria de dizer.
Nervoso, o Marca de Ouro engoliu em seco e, com cuidado, deu alguns passos para trás. Ao mesmo tempo, o Mago deu alguns tapinhas no ombro de Samuel.
— Tudo bem, tudo bem. Não foi algo ruim. Quando se acalmar o suficiente, vamos retornar ao que devemos fazer, tá bom?
— Hmm. — Um pouco melhor e já com a sua expressão calma usual, o líder da expedição começou a andar em volta do time. Olhou para o chão por cerca de um ou dois minutos e logo grunhiu. — Dez pares de pés adentraram a floresta. O time do Kahn tinha oito pessoas, então esses outros dois devem ser dos carregadores. E então… — Ele estalou a língua e continuou. — Dez pares de pernas entraram, mas apenas um saiu. Deve ser Kahn, mas ele está aqui com a gente. Morto.
— Não podemos ignorar isso. Um time com um Alto Ranking foi aniquilado?
Aquelas palavras de Dylan trouxeram uma sensação ruim para Seol Jihu.
— Consegue descobrir o que os matou?
— Não tenho certeza. A decomposição já está em um estado avançado e eu nunca vi essas marcas de mordida antes.
— Não tem problema se diminuirmos o ritmo e aumentarmos as nossas percepções.
— É claro, mas não fique muito cauteloso. O poder de fogo do nosso grupo é duas vezes maior do que o do time do Kahn — disse, olhando para todos os membros da expedição antes de voltar à posição de líder.
Em seguida, Dylan retornou para a posição que estava e eles continuaram a caminhar.
Samuel passou a andar com muito mais cuidado do que antes. Tanto as expressões de Chohong e Hugo quanto as de Alex ficaram mais sérias. Todos ficaram muito chocados com a morte de Kahn, um Guerreiro Real Nível 5.
Por dez minutos caminharam bem pouco, mas logo tiveram que parar mais uma vez. Samuel encarou o chão por bom tempo e começou a morder o lábio inferior.
— Dylan, me desculpe, mas por favor, vem aqui.
— Não precisa se desculpar. Pode me mostrar os rastros?
— Bem, aqui…
Seol Jihu, interessado em tudo que acontecia, observou bem enquanto o líder do Carpe Diem se ajoelhou e olhou para cima.
O céu podia ser visto acima da copa das árvores. A limpidez e a coloração azul, que era vista quando começaram a caminhar mais cedo, agora fora substituída por uma paisagem cinzenta e repleta de nuvens.