O Retorno da Gula Coreana

Tradução: Teverrr

Revisão: Melo


Volume 2

Capítulo 52: Floresta da Negação (2)

A viagem com as carruagens se encerrou depois de dois dias e meio desde que saíram de Haramark. De acordo com Samuel, era até onde podiam ir com certa segurança. Até poderiam continuar avançando utilizando tal meio de transporte, mas a volta seria muito mais perigosa, pois, sem a proteção total que o time fornecia, os cocheiros poderiam se machucar. Cientes do perigo, logo que receberam o pagamento atiçaram os seus cavalos e saíram dali.

— O nosso objetivo hoje é chegar até a Colina Napal! — Acompanhados por esse grito do Explorador, todo o grupo começou a se mover em direção ao destino apontado.

No Paraíso, um terráqueo de Nível 1 começaria sempre como um carregador, independente de ter sido Convidado ou Contratado. O motivo, muitas vezes, não era por serem fracos, mas sim para adquirirem experiência antes de se arriscarem mais. Portanto, Seol Jihu prestava o máximo de atenção que conseguia, tentando sempre analisar os arredores e as feições pessoas que o acompanhavam.

“Estamos avançando em uma formação que lembra um losango.”

A expedição contava com 11 indivíduos. Sem contar consigo mesmo e com outros dois carregadores, a força de combate era composta por 8.

Bem na frente estavam Samuel e Grace. O Arqueiro guiava o caminho, enquanto a Guerreira agia como guarda-costas. No meio, se encontravam os outros dois carregadores, juntos com Seol, Alex e Ian. Chohong estava mais à esquerda e Clara à direita. Parecia que as duas estavam posicionadas mais nas laterais para protegê-los. Por fim, a retaguarda tinha uma composição parecida com a dianteira. Assim, Dylan e Hugo estavam mais atrás.

Achava que colocar os membros masculinos do Carpe Diem à frente era algo que fazia mais sentido. Porém, como estava curioso para descobrir o motivo dessa decisão, preferiu permanecer em silêncio.

“Com certeza tem algum motivo.”

— Pensando bem, é a primeira vez que te vejo por aí. 

Enquanto estava absorto em pensamentos, ouviu uma voz. Quando virou-se para o lado, viu Ian com um sorriso simpático no rosto e uma das mãos mexendo na barba.

— É que não tem muito tempo desde que cheguei a Haramark.

— Entendi. E você também é um terráqueo. Foi pra lá pra tentar conseguir alguma experiência?

— Isso mesmo.

— Já trabalhou como carregador antes?

Ficou se perguntando o motivo de alguém tão importante quanto um Mago lhe fazer tantas perguntas. Apesar de se sentir nervoso ao falar com uma pessoa tão importante, conseguiu disfarçar bem e responder.

— É a minha primeira vez. Tem pouco tempo que eu saí da Zona Neutra.

Hmmm? É a sua primeira vez?

— Sim.

— Saiu há tão pouco tempo da Zona Neutra e já está participando de uma expedição tão perigosa… — Ian o encarava como se estivesse muito surpreso com aquele fato, logo se aproximando e começando a sussurrar para o jovem. — Meu amigo…

“Por que ele está fazendo isso?”

Tentou evitar o olhar, mas o homem de idade avançada conseguiu fazer contato visual mesmo assim.

— Por acaso… — Começou a falar, com uma expressão séria no rosto.

Será que essa expedição tinha alguma verdade sinistra por trás? Será que se precipitou ao se candidatar a vaga de carregador? Com muito receio, vários pensamentos começaram a preencher a mente do Marca de Ouro.

Após estudar o jovem por um tempo, o homem decidiu continuar a falar.

— Você gosta de peitos?

Achou que não tinha ouvido direito. Em seguida, Grace olhou para os dois e soltou um pequeno sorriso. Por alguns segundos pensou que estava sendo enganado, mas a expressão no rosto de Ian era séria.

— Eu gosto muito.

Ele riu.

— Aquela sensação de quando você está acariciando-os, ou quando você esfrega o seu rosto contra eles... — Fez uma pausa de falar, dando a impressão de lembrar de alguns momentos felizes. — Essas são as melhores sensações no mundo, não acha?

— Seol? Vamos trocar de posição só por um segundo. — No meio da conversa, Chohong intrometeu-se, parecendo estar com um pouco de raiva, pois segurava a sua maça com força.

Ah, perdão. Por favor, aceite minhas desculpas e me deixe viver por mais um tempo — falou o Mago, rindo.

— É melhor combinar o que você diz com as expressões que faz, entendeu? Pelo menos fale essas coisas parecendo que está arrependido.

Aiiii! Pelo jeito o humor no Paraíso piorou um pouco. Eu só queria brincar um pouco com o novato pra diminuir toda essa tensão — reclamou Ian.

Chohong estava prestes a explodir, mas logo ouviu Dylan avisando-a sobre o comportamento. A julgar por aquela atitude do líder do Carpe Diem e pelo jeito que Samuel agiu mais cedo, Ian devia ser alguém muito respeitado em Haramark.

— Merda, tá bom. Só para de encher o saco do novato e deixe ele em paz. Não conseguiu ver que ele está estudando a nossa formação?

Oho! Estudando, é? — Entusiasmou-se o homem, juntando as palmas das mãos e dando um sorriso. — Você é do tipo que presta atenção em tudo! Entendi! Ao invés de te ajudar, estava te atrapalhando, certo? Muito bem. Pode me perguntar o que quer saber, que eu responderei.

Ficou com um pouco de medo daquele velho falar uma outra coisa absurda, mas estava muito curioso sobre certas coisas. Portanto, enquanto se preparava para trocar de posição com a Chohong a qualquer momento, fez uma indagação.

— Quais os critérios utilizados para escolher quem fica na parte de trás da formação?

Aha! — Ian deu um leve sorriso e balançou a cabeça. — Primeiro, você precisa ter em mente que um argueiro sempre fica encarregado da segurança, independente da situação ser uma expedição ou um ataque estratégico.

— Certo.

— Como líder da expedição, é necessário que você faça mais duas coisas. A primeira é guiar os seus companheiros para a direção correta e, no momento  em que sentir algum inimigo se aproximando, alertá-los. Quando consideramos esses dois pontos, Samuel é perfeito para o trabalho.

Era isso que não conseguia entender. Dylan também era um Arqueiro e, além disso, estava no Nível 5, sendo considerado um Ranking Alto.

— Samuel saiu de Rastreador Nível 3 para um Explorador Nível 4. Ele pode até não ser tão forte quanto os companheiros, mas quando o assunto é achar algum caminho, ele está entre os melhores. Se acabarmos em algum labirinto ou em uma área inexplorada, você vai entender todo o valor que ele tem. Se o Samuel estiver pensando em avançar para o Nível 5 e passar a ser considerado um Grão Explorador, as habilidades dele irão evoluir ainda mais.

— Mestre Ian, parece que você leu a minha mente — disse Samuel, virando-se para encarar os dois e demonstrando um rosto surpreso.

Quando você upa para o nível 5, que é o que divide classes inferiores de superiores, irão lhe perguntar qual deus você pretende servir. É aí que o caminho que você escolhe se torna muito importante…

Pensa assim, vai ser o momento em que a classe escolhida vai evoluir ou se especializar ainda mais para servir ao deus que você escolheu…”

Por algum motivo, lembrou-se do que Agnes havia dito há algum tempo.

— Por outro lado, Dylan é um Arqueiro de Precisão. Simplificando, ele concentrou em melhorar todo o potencial de combate possível. Então, apesar de ser muito forte em uma luta, ao ser comparado com o Samuel, que decidiu seguir o caminho do rastreio, ele perde quando o assunto é análise de situações. 

Depois daquela explicação, o Mago deu um gole em seu cantil de água.

Keuh. E, com o Dylan na retaguarda, ele será capaz de nos fornecer uma certa estabilidade na formação. Se algo acontecer, ele vai conseguir descobrir o que é e logo bolar um plano para neutralizar a ameaça. Se eu estiver certo, Dylan deve tomar a liderança logo que a batalha se iniciar. Estou certo?

— Mas e se nós formos atacados primeiro?

— É por isso que temos o Hugo ali como proteção. E então? Gostou? Consegui diminuir a sua curiosidade? — Piscou Ian, ao terminar de falar. 

— Obrigado. — Demonstrando que estava satisfeito com as respostas, Seol Jihu se curvou.

Oho, você é alguém bem educado — falou, começando a rir de novo. — Se não se importar com esse velho resmungando, gostaria de conversar mais um pouco com você. O quanto você sabe sobre a Floresta da Negação?

— Eu não sei nada sobre esse lugar, na verdade.

— É bem simples. Ao entrar na floresta, qualquer forma de vida inteligente começa a negar, violentamente, a existência de algo. 

O que ele queria dizer com aquilo? Os olhos do jovem brilhavam de interesse, o que também entusiasmou Ian.

— Ninguém pode prever o que você irá negar. É aleatório.

— Mas me parece que negar algo não é um problema tão grande.

— Esta é uma forma muito simplista de pensar.

— Ninguém pode prever o que você irá negar. Eu te disse isso, certo? Por exemplo, o que você acha que vai acontecer se você começar a negar a minha existência?

Não soube o que responder.

— Eu tenho certeza de que você tentará me matar a qualquer custo. E não é só isso. E se, no meio da batalha, você decidir negar a existência da própria arma? O que acha que vai acontecer?

— N-Não sei.

— Isso seria tudo? E se você decidir negar a própria existência? O que acontece?

As várias perguntas continuaram, fazendo com que Seol Jihu sentisse um calafrio percorrendo por todo o seu corpo.

— Algo assim já aconteceu antes?

— O número de pessoas que foram aniquiladas por esse problema é muito alto para ser mencionado, jovem. Quase chegamos ao ponto da família real decretar essa região como uma zona proibida para expedições. Se não fosse por Haramark, essa decisão já teria sido promulgada há muito tempo.

— É um lugar bem assustador, então.

— Com certeza não é um lugar para ficar brincando. Porém, já estou estudando sobre a Floresta da Negação há um tempo. Tenho algumas táticas. Se as minhas teorias estiverem corretas, o nosso grupo irá revelar os segredos da Floresta da Negação.

Apesar de estar preocupado com a possibilidade dessas táticas não funcionarem, Seol Jihu não se pronunciou. No entanto, deve ter transparecido alguma ansiedade, pois Ian logo lhe deu tapinhas nos ombros.

— Relaxa, meu amigo! Se as minhas táticas não funcionarem, nós só precisamos retornar para Haramark. É o que nos restará. E eu também não quero morrer ainda.

Fazia sentido. Graças ao tom de voz amigável do homem, o jovem sentiu-se um pouco mais relaxado. Aquele senhor podia ser bastante brincalhão, mas também era um Mago com incríveis conhecimentos. Para alguém como o Marca de Ouro, que não entendia muito bem como o Paraíso funcionava, qualquer coisa dita pelo mestre poderia ser considerada como crucial.

Ian também sabia como contar histórias, então Seol Jihu se esqueceu de todo o processo tedioso da marcha e apenas focou nos contos que ouvia. Parecia que havia se tornado um neto escutando as histórias do avô. À medida em que marchavam e conversavam, o Sol começou a se pôr. O rio Rahman, que servia como guia, fora dividido em vários outros pequenos riachos. Ao mesmo tempo, a terra começou a ficar mais dura e lamacenta. Porém, o Explorador logo parou.

— Você não upa sozinho. Os deuses que determinam isso. Você passou por uma Câmara do Despertar na Zona Neutra, certo? É melhor você visitar um templo logo que essa expedição… Hmm? — O Mago tinha começado a falar, mas perdeu o foco logo que viu Samuel parando de maneira abrupta.

Analisou os arredores e ficou boquiaberto ao perceber as imensas árvores espalhadas pelo seu campo de visão. Por alguns segundos pensou que já tinham chegado à Floresta da Negação, mas logo descobriu que esse não era o caso.

O líder da expedição estava parado ajoelhado encarando o chão.

— Samuel? Está tudo bem? — perguntou Dylan, com a sua grossa voz característica.

Antes de responder, o Explorador ergueu a mão, sinalizando que precisava de mais tempo. Contudo, logo levantou-se com um sorriso irônico.

— Que interessante. Ettins estão se aproximando.

— Ettins? Mas eles normalmente ficam em cavernas. O que estão fazendo aqui?

— Talvez eles estejam procurando comida? — disse, dando de ombros. — Eles se dividiram em dois grupos cinco minutos antes de chegarmos aqui. Trinta deles estão nos logo à frente e outros dez à minha esquerda. Parecem estar nos esperando.

— Eles têm um olfato bem apurado mesmo. O que querem? — pensou em voz alta Dylan.

— Como todos têm duas cabeças, acho que tentar pegá-los de surpresa não vai funcionar, né?

— Provável. Uma das cabeças sempre é usada como uma espécie de guarda para evitar situações assim.

— Isso não significa que não podemos atacar primeiro. Vou pedir para o Hugo acompanhá-lo, então vai lá e se acalme por enquanto.

— Ok — respondeu com confiança o Explorador, voltando a caminhar.

— Seol? Isso que é um Arqueiro de verdade. Agora entendeu o motivo de eu ter ficado muito puto quando estávamos indo pra Haramark?

Concordou com Hugo. Conseguir descobrir o que está acontecendo nos arredores simplesmente olhando para o chão por alguns segundos era algo muito incrível.

Dois minutos depois, cerca de 30 Ettins avançaram para cima do grupo. 

Cada Ettin era um pouco menor do que a média humana, mas pareciam muito mais assustadores e fortes. Os braços eram musculosos e eles possuíam duas cabeças vindas de um mesmo pescoço. Algo, no mínimo, bem bizarro.

— Não precisa se preocupar. — No momento em que Seol Jihu ia pegar a sua lança, Chohong lhe deu tapinhas no ombro. — Só espera aqui e observe. Nós cuidaremos disso — falou a mulher, apontando para a frente.

Samuel parecia que tinha se jogado no meio das criaturas, mas o Marca de Ouro logo percebeu que havia interpretado mal os fatos.

— Ei! Ei! Aqui!

Parecia que o Explorador estava realizando um movimento suicida, mas, no momento em que os seus pés se posicionaram bem, ele saiu voando e parou em um galho de árvore logo acima. Em seguida, enfiou as mãos no bolso.

— Presentinho! — Então, ele tirou as mãos da calça e as estendeu. Instantes depois, os inimigos caíram no chão e começaram a se contorcer.

Swish! Swish!!

Sons de algo afiado cortaram o ar.

Apenas após perceber pequenas adagas nos ombros dos Ettins é que conseguiu entender o que estava acontecendo.

Yeaaaaho!

Quando cerca de três ou quatro oponentes também decidiram arremessar as suas armas nele, Samuel deu mais um pulo e foi parar em uma árvore mais à frente, desviando do ataque. Ian fez questão de demonstrar toda a admiração enquanto assistia a batalha.

— Admirável. Ele fez com que todos os trinta ficassem focados apenas nele — falou o Mago ao ver Hugo e Grace avançando em direção às criaturas.

O Guerreiro avançou com ferocidade, brandindo o machado que carregava em um ataque surpresa nas costas dos inimigos, que estavam muito preocupados com Samuel. Três pares de cabeças foram separadas umas das outras com apenas três limpos movimentos. Todos os outros monstros viraram-se para ver o que acontecia, mas não tiveram chance. A única imagem que conseguiram enxergar foi a de um machado cortando as suas cabeças.

De vez em quando, alguns dos Ettis tentava flanquear Hugo e atacá-lo por trás, mas Grace sempre o protegia com o seu escudo e espada, tornando impossível uma aproximação.

Em certo ponto, Samuel desceu da árvore e, acompanhado de Clara, começaram a atirar flechas. Em instantes, aquelas bestas haviam sido aniquiladas.

— Lá vem eles — falou Dylan com uma voz calma enquanto pegava uma flecha da aljava.

Após verem a sua vanguarda ser eliminada, cerca de outros 10 Ettins se aproximavam.

— Quantos você vai deixar pra mim?

— É melhor perguntar isso pra eles.

Du-du-doom!

O líder do Carpe Diem soltou a linha do arco. Em seguida, fez-se um som parecido com o de uma arma sendo atirada. Seol Jihu sentiu as suas orelhas ficarem dormentes devido à onda de choque. E então…

Boom, boom, boom!

Ficou muito impressionado com a visão do chão começar a explodir várias vezes. Pareciam que minas terrestres haviam sido plantadas em cada ponto que as flechas tocavam.

Como os inimigos avançavam sem um plano, todos foram atingidos.

Ufa. Fazer a limpa não é muito o meu estilo. 

— Sua vez, Chohong.

— Pode deixar. — Parecendo um pouco melancólica, a mulher começou a andar na direção dos já quase mortos Ettins.

“Então esse é um Arqueiro de Elite de Ranking Alto…”

Parecia que aquelas pessoas estavam brincando com crianças. Seol Jihu ficou um pouco decepcionado com o fato da batalha ter durado tão pouco tempo, mas não podia negar que era melhor assim, já que o número de causalidades seria muito pequeno em um grupo assim. Pensava assim, mas…

— E então? Como foi?

— O-Oi? Desculpa? — disse, virando-se assustado para o lado. Estava focado em Chohong verificando se havia algum sobrevivente e, se fosse o caso, os matando.

— Qual foi a sua primeira impressão ao presenciar uma batalha em uma expedição?

Estava surpreso com a força individual de cada um, é claro. Porém, o que mais lhe chamou a atenção foi o fato de todos terem uma sincronia quase perfeita. Parecia até que já tinham se preparado caso algo assim acontecesse. Aquele grupo o deu a impressão de ser capaz de guiar os rumos da batalha para que esses passassem a favorecê-los.

— Não é a primeira vez que eles lutam juntos. Eles já passaram por muita coisa juntos, por isso podem confiar um no outro.

Balançou a cabeça concordando e fechou os olhos. O rosto de várias pessoas que conhecia passaram por sua cabeça.

“Algum dia eu…” 

“Vou formar o meu próprio time.

Era a primeira vez que pensava em algo assim.

 

***

 

Depois da batalha terminar, todo o grupo foi coletar os espólios da guerra. Os Ettins carregavam apenas armas e peças de armaduras, mas tudo valia alguma coisa. Como essas criaturas usavam equipamentos roubados das suas vítimas humanas, era possível que carregassem algo valioso.

— Seol! Seol! Olha! Tem outro aqui!

Estava enchendo a bolsa que carregava com itens que Chohong levou até si, mas logo ficou animado quando viu Hugo se aproximando com ainda mais coisas.

Em silêncio, Samuel observava tudo. A bolsa que o carregador usava era imbuída de magia. Assim, ela era capaz de carregar mais itens sem aumentar muito o peso. Ela já estava cheia de mantimentos, equipamentos para a montagem das barracas e sacos de dormir, mas parecia que armas também seriam guardadas ali, fazendo-a pesar bem mais.

O Explorador não tinha nada com o que se queixar sobre o Marca de Ouro, que aceitava colocar cada vez mais coisas dentro da bolsa sem arrumar nenhuma confusão. Porém, o problema era com os outros dois carregadores, que apenas observavam a situação e não se ofereciam para ajudar.

“É por isso que os locais são…”

Como líder daquela expedição, não podia deixar aquilo passar. Hesitou quando estava prestes a falar com eles, pois viu Seol Jihu se levantando sem dificuldades e colocando a mochila nas costas.

— E-Ei, amigo.

— Hã?

— Você está bem? Isso parece pesado.

— Por enquanto sim.

O jovem até mesmo deu pequenos pulos sem sair do lugar. Um olhar de surpresa logo ganhou todo o rosto de Samuel.

— Eu sei que já te perguntei isso antes, mas você é mesmo Nível 1?

— Viu? Eu te falei, não sou o único — disse Alex rindo. 

— De qualquer forma, daqui a pouco vamos escalar a Colina Napal. Ainda não é tarde, então que tal dividir um pouco da sua carga com os outros?

— Não, relaxa. Não vou afetar o ritmo do time.

— Se você está dizendo, então tudo bem.

O que o Explorador poderia fazer quando o próprio cara disse que não tinha problema? Virou-se para sair e deu de cara com os outros dois carregadores.

Então, a caminhada continuou. A bolsa agora estava mais pesada, forçando mais os seus ombros, mas Seol Jihu preferia assim.

“É bom que eu treino também.”

Comparado ao treinamento em que Agnes o batia, aquilo não era muito difícil.

Em pouco tempo começaram a subir a colina, do jeito que havia sido alertado. 

A Floresta da Negação estava logo à frente.                     



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