O Retorno da Gula Coreana

Tradução: Teverrr

Revisão: Melão


Volume 1

Capítulo 45: Mais Uma Vez, ao Paraíso

Com cuidado, conferiu o contrato da Gula e pôde perceber que nenhuma palavra havia sido alterada desde a primeira vez que o leu. Lógico, pela personalidade que demonstrou até o momento, uma atitude dessas não faria o feitio de Kim Hannah. Então, terminou de ler o documento e assinou na linha pontilhada.

— Agora que é oficial, gostaria de te perguntar uma coisa — disse, devolvendo a papelada para a agente.

— O que foi?

— Você não trabalha pra Sinyoung?

— Trabalho sim.

— Então por que você falou aquelas coisas? Não seria mais vantajoso se eu assinasse com eles?

— Fiquei pensando o motivo de você não ter perguntado isso. Mas não seria melhor perguntar antes de assinar? E se você mudar de ideia depois da explicação? — indagou, dobrando a documentação e a guardando na jaqueta enquanto mantinha um olhar de desafio.

— Você me contou as coisas de um jeito que eu quase não tive escolha. De qualquer forma, eu só queria ouvir a sua verdadeira opinião sem me preocupar em como isso mudaria a situação.

— Parece que você é inteligente em assuntos assim, hein. — Lançou-lhe um olhar soturno, tirou os óculos e parou de comer. — Bem, é uma longa história, mas como você quer ouvir eu conto. Sabe a situação atual da Sinyoung? 

Estava prestes a perguntar “Eles não são a maior organização do Paraíso?” mas se segurou. Pela maneira na qual a pergunta foi feita, parecia que a situação era muito mais séria do que parecia.

— Eles estão perdidos. Não sabem para onde ir. — Apoiou o queixo no dorso das mãos e encarou o exterior da lanchonete com os olhos semicerrados. O seu rosto, refletido no copo, parecia amargurado. — A situação deles é bem complicada. A companhia perdeu a maioria da força de combate e também estão perdendo a justificativa para continuar lá. Não é como se eles tivessem ficado fracos o suficiente para servirem de capacho, mas não podem negar que enfraqueceram bastante. Você já leu o Romance dos Três Reinos antes?

Mesmo que aquela pergunta fosse bem aleatória concordou com a cabeça.

— Cao Cao conseguiu “proteger” o jovem imperador criando uma fundação sólida para que ele mesmo conseguisse controlar o império, certo? A Sinyoung fez uma coisa parecida. Um ano atrás, não, pera. Três anos atrás, de acordo com a linha temporal daquele lugar, a primeira rebelião aconteceu na aliança dos humanos. — Abaixou o tom de voz e continuou a falar. — Pra falar a verdade, um certo reino queria que os terráqueos fossem mais pró-ativos, então eles formaram uma aliança com outros reinos semelhantes e tentaram uma abordagem um pouco mais agressiva do que a que estavam acostumados. O resultado foi que diversas organizações se rebelaram contra as demandas que exigiram. Uma região toda protestou contra essas atitudes, então eu acho que dá pra você imaginar o caos que foi.

— Uma região? Qual delas?

— O Sul. O movimento de resistência foi formado e a região Sul foi a líder. No fim, uma guerra começou. Esses caras perderam num piscar de olhos e… Bem, a coisa ficou feia. Ah!

No meio da explicação, ela soltou um “Ah!”. Pelo jeito esqueceu do pacto de nunca falar sobre os segredos do Paraíso e acabou fazendo justamente isso. Para acalmá-la, decidiu acenar com as mãos indicando que não tinha problema.

— Todo terráqueo participou da rebelião?

— Não. Alguns participaram, mas outros ficaram do lado da família real. Mas a maioria decidiu ficar neutro. — A agente colocou a mão no peito e continuou. — Foi nessa época. Sinyoung permaneceu sem escolher lado até esse ponto, mas acabaram declarando suporte à família real e entraram na briga. — Em seguida, levantou dois dedos. — Tem duas razões por eles terem decidido intervir. O primeiro, lógico, o lucro. O segundo era a confiança de que iriam vencer.

Estava escutando a história com atenção. Depois de muito tempo, estava obtendo informações sobre o passado do Paraíso, então não podia deixar passar nada.

Kim Hannah tomou um grande gole de água e logo depois prosseguiu.

— Lógico, nem mesmo a Sinyoung tinha um poder militar grande o suficiente para acabar com a rebelião. Porém, mesmo que em pequeno número, havia terráqueos que estavam do lado das família real, então eles também participaram, assim como os aliados que a farmacêutica conseguiu convencer. E o mais importante… — Para dar o ênfase necessário nas palavras seguintes, ela adotou uma expressão mais séria. — Eles levaram um cara de ranking único no campo de batalha.

Para ser considerado um ranking único no Paraíso, era necessário estar no nível 7 ou acima. Nem todos podiam chegar a esse ponto, então apenas poucos indivíduos possuíam tal reconhecimento.

— O seu nome era Sung Shihyun.

“Sung Shihyun.”

Seol Jihu ficou repetindo aquele nome nos próprios pensamentos. Já havia o escutado antes. Porém, pelo jeito que a agente cruzou os braços na altura do peito, parecia que ela não estava satisfeita com alguma coisa.

— Sinyoung foi encorajada pelo incrível poder de combate de Sung Shihyun e, por meio dele, conseguiram uma vitória avassaladora contra a rebelião. A família real quis continuar avançando e tentar destruir a sede do movimento, mas a Sinyoung não queria isso. Não, eles criaram o pretexto de que dar ao outro lado uma chance, dizendo que a luta entre humanos apenas enfraqueceria a influência da humanidade no planeta. Então, decidiram começar uma negociação.

Não importa o quão bom pudesse soar o pretexto, ele sempre seria apenas um pretexto. Assim, a farmacêutica já tinha começado os planos para adquirirem ainda mais influência na política do Paraíso antes mesmo dessas conversas começarem.

— No final, a família real prometeu completa liberdade para a região Sul sob a condição de que todos os rebeldes fossem realocados para lá.

Hmmm, mas não era isso que os rebeldes queriam desde o começo?

— Olhando apenas o resultado? Sim. Mas também é possível dizer que eles foram exilados. Acho que você já ouviu falar que o Sul tá sempre em guerra, certo?

Já tinha escutado a versão resumida antes — quatro espécies diziam que o Paraíso eram o seu lar, sendo a raça humana a mais fraca dentre elas.

— O Sul é uma área fronteiriça de guerra. É a região mais perigosa.

Ah. — Deixou escapar um suspiro. Agora entendia o verdadeiro resultado da guerra e o motivo da realocação de todos os rebeldes para aquele local.

— Exato. Os maiores rivais da Sinyoung são como escudos. E, graças a isso, a influência política da empresa cresceu muito na Capital. Tinham até mesmo a família real sob controle, então o que poderia ameaçá-los? — Kim Hannah falou aquela última frase com um tom de desdenho antes de se inclinar um pouco para trás com a cadeira. Porém, nada é eterno. Cerca de dois anos atrás, de acordo com a temporalidade de lá, um novo problema apareceu. Um que ninguém esperava.

— Um problema?

— Sung Shihyun.

Aquele nome de novo.

— Bem, ele… Nem eu consigo descobrir o porquê dele ter feito o que fez. Alguns dizem que foi por desavença com a administração da empresa, outros afirmam que foi por um plano de contenção da família real ao perceberem a influência crescente da farmacêutica. Ou, talvez, foi a própria ganância dele…

— E que tipo de pessoa ele é?

— Não posso falar sobre isso aqui. Mas ele não é uma boa pessoa. De fato, as habilidades são excepcionais, mas eu me lembro dele sendo muito arrogante e fazendo o que bem entendia. O importante é que ele partiu em uma expedição militar e, para a surpresa de todos, falhou, nunca mais sendo visto.

— Ele morreu?

— Essa é a questão. Ninguém sabe. Só porque ele está “morto” naquele lado, não significa que ele está morto desse lado também. Mas ele desapareceu completamente em ambos os lugares.

— Eu acho que sem esse cara a Sinyoung foi bastante afetada, né? — perguntou, concordando com o fato bizarro do ranking único ter desaparecido daquele jeito.

— Com certeza. Aquele cara é um Irregular — falou, concordando com a cabeça. — Não importa a organização, tem um limite de poderio que você pode mobilizar para um determinada missão. O motivo da Sinyoung ter crescido tanto foi devido ao suporte da família real. Lógico, eles também precisavam atender às demandas impostas, mas Sung Shihyun completava os objetivos mais impossíveis.

Entendeu que, com o desaparecimento do melhor soldado que a empresa tinha, concluir as demandas exigidas pela família real tornou-se algo mais complexo, o que dificultou o crescimento da farmacêutica.

— De qualquer forma, a história acaba aí. Na verdade, isso não é algo com o qual você deva se preocupar agora, mas é melhor eu responder a sua pergunta de antes. — A agente pigarreou e o encarou. — Após a perda do exército de um homem só chamado Sung Shihyun, a Sinyoung ficou muito ocupada, já que tinham muitos interesses para se preocuparem e também precisavam ficar de olho na família real. Eu mesma tenho que cuidar de oito designações agora.

— Oito? — Soltou um riso, surpreso e começou a pensar se ela poderia mesmo estar ali.

— E no meio de toda essa confusão um outro Irregular aparece. Tô falando de você. Os caminhos pelos quais anda e as coisas que faz e alcança são tão notáveis quanto as de Sung Shihyun. Então, caso você fosse a Sinyoung, o que faria?

— Tentaria me agenciar.

— Óbvio. Mas como perderam Sung Shihyun uma vez, agora estariam preparados. Você mesmo sentiu isso ao ler o contrato, não foi? Todas as cláusulas prometendo suporte foram armadilhas que o prejudicariam bastante. Claro, eles te ajudariam a ficar mais forte, mas também te transformariam em uma marionete.

Esperava algo do tipo, mas agora, ao ouvir toda a verdade, passou a se sentir um pouco diferente. Todo o seu corpo tremia.

“Mas por que eu?”

— Se eu for sincera, diria que você é como uma presa pronta para ser devorada.

A encarou. Agora entendia o motivo de não poder assinar com a Sinyoung, mas aquela mulher ajudá-lo era algo diferente. Afinal, no fim das contas, ela ainda trabalhava para a Sinyoung.

— E, finalmente, o motivo para eu te ajudar. — Ela cruzou os dedos e prosseguiu. — Bem, se quiser, pode me criticar por ser materialista. Aquele carimbo dourado era propriedade privada minha. Além disso, não queria que roubassem você de mim.

— Roubar?

Uhum. Se eu te convencesse a trabalhar para a Sinyoung, com certeza, eles iriam me elogiar e também me promoveriam como recompensa. Mas seria só isso, né? No momento que você entrasse na empresa, os fodões de lá fariam de tudo para te possuir. E, como eu não tenho muito poder, você seria tirado de mim a força. — Ao falar aquilo, ela deu de ombros. — Nesse caso, não seria melhor pra mim se você ficasse mais forte fora da empresa? Muiiiito mais, não acha? Você fica mais forte, começa a me apoiar e, com isso, eu consigo maior poder de fala na Sinyoung. Entendeu o que eu quero dizer? Uhuhuhuhuhu.

— Então vai ser assim?

— Exato! Eu criei esse cara, ele é meu amigo, só negocia comigo, etc, etc. Quer pedir alguma coisa pra ele? Então vai ter que falar comigo antes. Beijos. — Ela encolheu um pouco o pescoço e os ombros começaram a tremer, dando a impressão de que apenas o pensamento daquela situação já o agradava.

Agora que ouviu a história, meio que concordava com a agente. No entanto, todo aquele sonho que ela tinha apenas aconteceriam caso ele ficasse ainda mais forte. Sendo honesto, sentiu a pressão crescer nos próprios ombros.

— Acho que você tem muitas expectativas em mim.

Hmmm. — Ao ver a reação do jovem, Kim Hannah mudou de expressão. — De fato. Você me deixou muito preocupada com o jeito que agiu, sabia? — Ao terminar de falar ela riu, fazendo com que um sorriso também se formasse no rosto do Marca de Ouro.

Os dois continuaram tomando o café da manhã e conversando sobre o que deveriam fazer para terem um bom futuro do outro lado.

— Não pense muito nisso.

Quando saíram da lanchonete e caminharam em direção à sua casa, Seol Jihu começou a ficar muito pensativo. Percebendo a situação, Kim Hannah começou a falar.

— Você ainda tá no nível 1. Ninguém espera nada incrível de você. Então é melhor focar em aprender como viver do outro lado nos próximos anos. Encare isso como um jogo.

— Um jogo?

— Isso, tipo video-games. Você entra pra jogar quando tem tempo. Mas, claro, o seu trabalho seria ir para o Paraíso.

Lembrou-se de ter ouvido algo semelhante antes.

“O caralho. No fim das contas, é tudo um jogo, cara. Um jogo. E você tem que curtir.”

Porém, diferente de quando Kang Seok falou aquelas coisas, Seol Jihu não sentiu nojo dessa vez. Pelo contrário, pensou que encarar as coisas pela forma na qual Kim Hannah descreveu poderia ajudá-lo. Afinal, todos têm maneiras diferentes de se divertirem.

Quando voltavam de volta para a sua casa, encontraram uma senhora de meia idade separando o lixo em frente ao prédio que morava. Era uma lixeira. Já a tinha visto algumas vezes no passado.

Ao chegar mais perto, pôde perceber que ela estava xingando enquanto tentava organizar as pilhas de lixo e, quando viu o jovem e a mulher com o usando o óculos, lançou um olhar de desaprovação. Sentiu-se um pouco culpado por todo o trabalho que tinha dado aquela mulher, então apenas abaixou a cabeça e correu para dentro.

Já no interior de casa, começou a se preparar para retornar ao Paraíso.

— Isso aqui, não tem problema deixar pra trás?

— Você que sabe.

— Bem, então finalmente chegou a hora de voltarmos ao Paraíso — disse, pegando um pedaço de papel após perceber que todos os itens proibidos já estavam guardados.

Com um sorriso no rosto, Seol Jihu pegou o próprio pedaço.

— Eu tô te perguntando pelo seu próprio bem, mas você sabe o que tem de fazer assim que a gente voltar, não sabe?

— Sei sim.

— Então tá. Vamos.

Rasga.

Acompanhado pelo barulho de papel sendo partido, uma luz circular apareceu do nada, absorvendo Kim Hannah da cabeça aos pés e, em instantes, fazendo-a desaparecer.

Observou todo o processo com muita curiosidade antes de decidir rasgar o próprio papel. No entanto, hesitou. Viu o seu celular, ainda descarregado, no canto do quarto. Depois que Yoo Seonhwa o devolveu, ele nem se deu ao trabalho de olhá-lo.

“O lugar que preciso estar…”

Sentiu a necessidade de confirmar algo. Se ligasse o celular, será que apareceriam ligações antigas da sua família e de Yoo Seonhwa? Contudo, não demorou muito tempo para que percebesse o quão vergonhoso e irreal tal desejo era.

“Impossível eles terem me ligado.”

Suspirou e rasgou o papel.

 

*** 

 

Ehew, por que tem tanta coisa aqui? — A mulher de meia idade continuava a reclamar enquanto organizava o lixo, mas sentiu uma presença atrás de si e decidiu olhar.

Uma bela mulher com um lindo vestido estava parada segurando um envelope em uma das mãos. Quando os seus olhares se encontraram, a jovem a cumprimentou.

— Oi, tia.

Aah, oi, minha filha. Quanto tempo… Não, espera. Eu te vi rapidinho ontem, então não faz tanto tempo, não é? — A senhora respondeu a visitante com muita ternura, dando a impressão de que se conheciam.

— Eu pensei que você tinha decidido não voltar pra cá.

— Sim, é que eu tenho um compromisso aqui hoje — respondeu com um sorriso inseguro no rosto.

— Por acaso você viu o morador do apartamento 405?

Ahh, ele? Sim, eu vi.

— Ele tá em casa? — perguntou Yoo Seonhwa com um brilho no olhar ao ouvir a resposta.

— Bem, eu o vi uma hora depois de você ter saído. Eu queria ter avisado que você passou, mas ele parecia tão cansado e triste, então…

Ontem, depois que Seol Jihu saiu correndo, ela tentou segui-lo. Tinha algo que precisava confirmar, então pagou ao taxista um extra para que ele conseguisse chegar o mais rápido que conseguisse naquele endereço. O problema era que, mesmo depois de esperar muito, ele não apareceu.

Se soubesse que teria conseguido encontrá-lo, esperaria mais. Não tinha como imaginar essa situação. Talvez ele tivesse andado pela rua antes de retornar para casa.

— Eu acho que ele tá lá dentro, mas não sei o que fazer…

— O que houve?

— Bem, é um assunto meio indelicado, mas acho que não tem problema.

— Sim, não tem problema. Pode dizer.

— Eu vi ele entrando tem pouco tenho, mas estava acompanhado de uma moça muito bonita.

— Oi?

— Eu não sei o que tá acontecendo. Ela pediu alguns materiais de limpeza emprestados ontem a noite dizendo que iria limpar o apartamento 405. Falava com um tom de voz bem seco e direto, mesmo que parecesse com uma raposa. Todo esse lixo aqui é de lá — disse, falando o mais rápido que conseguiu após ver a expressão facial no rosto de Yoo Seonhwa. — S-Será que eu me intrometi onde não devia?

— Não, não é isso.

Se despediu e entrou no prédio. Mesmo sem sentir ciúmes ou qualquer outro sentimento de vínculo, subiu as escadas o mais rápido que pôde.

No entanto…

À medida que escutava as histórias da senhora, as várias possibilidades que tinha pensado começaram a convergir em uma situação que esperava não acontecer. Se fosse verdade o que viu no dia anterior, então…

“Não, ele não pode.”

Ele finalmente melhorou, mas…

Caso as suas suspeitas estivessem corretas, jurou para si mesma que o salvaria não importa como. Com tal pensamento em mente, chegou ao apartamento 405.

— Jihu!

Bate, bate!

— Seol Jihu! — Bateu na porta por um tempo, mas não obteve resposta.

Yoo Seonhwa mordeu o lábio inferior e pegou uma chave da bolsa. Ele a deu aquela chave há muito tempo, dizendo que ela precisaria em caso de emergência.

Sabia que não deveria fazer aquilo, mas o momento não era propício para analisar os mínimos detalhes. Abriu a porta, mas não entrou. A senhora havia lhe dito que os dois tinham acabado de subir, mas…

— Ji-Jihu…

Não tinha ninguém lá dentro. Olhou em volta por um tempo e logo encontrou objetos que não deviam estar ali. Eram objetos que uma mulher usaria e, com certeza, podia dizer que não pertenciam a Seol Jihu. 

Fechou os olhos antes de trancar a porta. Trancou-a novamente e ficou parada no mesmo lugar por um tempo.

— Idiota…

Momentos depois…

Respirou fundo, dando a impressão que tinha se decidido sobre algo. Em seguida, com uma expressão sombria no rosto, ligou o celular. 

O aparelho tocou poucas vezes, pois logo uma voz meio artificial a atendeu.

— Senhorita S-Seonhwa?

— Sim.

— Meu Deus! É você mesmo, senhorita Seonhwa?

— Sim, sou eu. Tem um negócio que eu queria falar com você — disse, olhando ao redor. Então, levou o celular para bem perto da boca e sussurrou por algum tempo.

— P-perdão? O-O que você disse?

— É isso que eu vou fazer.

— Espera, espera um minuto. Senhorita Seonhwa?

— Não posso falar muito agora. E os detalhes… — Mordeu os lábios mais uma vez, o que a fez ficar em silêncio por alguns segundos. — O que você acabou de dizer, são mesmo palavras que vem do seu coração?



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