Volume 1
Capítulo 29: Olhando Para Trás (1)
Quando Seol retornou para a praça principal da Zona Neutra, escutou o barulho de pessoas engolindo em seco. Parecia que tinham visto um fantasma. O que era compreensível, pois nunca havia demorado mais de cinco minutos para completar a missão. Porém, daquela vez, ele reapareceu algumas horas depois. Logo, pensaram que algum acidente poderia ter ocorrido, matando o Marca de Ouro.
— Ha... ahahahahaha!! — Tentou explicar o que aconteceu, mas isso só fez com que Hyun Sangmin também começasse a rir também. — O e-esqueleto s-se m-matou. Ahahahahha… — Até mesmo Shin Sang-Ah começou a gargalhar.
Achou aquela cena interessante. Apenas dois meses se passaram desde o final do Tutorial, mas aqueles dois mudaram muito. Talvez fossem as roupas, mas até mesmo a aura dos amigos estava um pouco diferente.
Continuaram com o sorriso no rosto enquanto reclamavam o quão difícil foi falar com ele nos últimos meses, principalmente conseguir vê-lo. Assim, os três ficaram conversando por um bom tempo.
O parceiro era um “Arqueiro”. A perspicácia e personalidade que tinha conseguiram fazer com que raciocinasse um pouco, então saiu gastando os PS logo que o Despertar foi concluído. Como consequência, ficou um passo à frente dos outros, conseguindo recuperar o valor que havia usufruído. Agora era conhecido como um sobrevivente bastante habilidoso. Além disso, mesmo com um time não tão famoso quanto o de Odelette Delphine, ele disse que conseguiam completar as missões sem grandes dificuldades.
Por outro lado, a vida de Shin Sang-Ah melhorou muito depois da Câmara do Despertar. Ela era uma “Sacerdotisa”, perdendo em raridade apenas para o “Mago”. Graças a isso, no momento em que revelou a sua classe, o número de grupos que tentaram recrutá-la foi imenso. Alguns até prometeram pagamento adiantado. Ela entrou naquele que ofereceu a maior quantia. Estava orgulhosa de si mesma, dizia que finalmente estava se sentindo uma humana agora.
Seol deu um sorriso ao escutar aquelas histórias. Os dois tinham se adaptado muito bem e trilhavam o próprio caminho.
— Ah, verdade. Quase esqueci. E a senhorita Seora? — perguntou, ao se lembrar. Tinha se encontrado com Yi Seol-Ah e Yi Sungjin algumas vezes nos últimos meses, mas ainda não havia visto Yun Seora.
Os dois pararam de falar. Ao observar aquelas reações, ficou tenso.
— E-ela morreu?
— N-não. Ela tá mais ou menos viva. — Hyun Sangmin corrigiu o amigo, mas o que disse pareceu muito mais obscuro. Como assim “mais ou menos viva”?
— B-bem, eu imagino que seja muito difícil para ela. Com aquele braço direito… — A voz de Shin Sang-Ah era de pena.
“Merda.”
Agora que pensava sobre, ela não conseguia mais mexer o braço devido à armadilha que Kang Seok e os dois lacaios fizeram. A imagem dela chorando próxima à máquina de itens retornou à sua mente.
Yun Seora recebeu cerca de 300 PS no final do Tutorial, bem pouco para aguentar ficar na Zona Neutra por dois meses. Mesmo que economizasse muito, ela não conseguiria se manter por mais de quinze dias.
— Eu acho que os irmãos Yi estão a ajudando muito. Você também deu alguns PS para ela, né, Sang-Ah?
— Só uma vez — respondeu, desviando o olhar. — Não consegui curar o braço dela. Deve ser porque ainda tô num nível baixo da minha classe. Tentei dar alguns dos meus pontos, mas ela não quis aceitar. E, de uns tempos pra cá, parece que ela tá me evitando… — Ouvir aquela voz ficando mais baixa a cada palavra dava a impressão de arrependimento, mas na verdade era um sentimento de vergonha por estar vivendo tão bem enquanto uma conhecida passava por tantas dificuldades.
Hyun Sangmin balançou a mão como se dissesse que não precisava ficar assim. Era compreensível para alguém como Yi Seol-Ah se sentir daquele jeito, já que estava em débito com Yun Seora. Porém, não havia motivo para alguém com uma personalidade tão centrada como ele ter esse mesmo comportamento.
Nem mesmo Seol tinha muito a dizer. Na verdade, ele tinha esquecido desse assunto, pois estava muito ocupado com o regime de treinamento.
— Você não deve se preocupar muito com ela. Claro, se tiver como, não custa nada ajudar, mas você já sabe disso, né? Todo mundo aqui tá tendo dificuldade pra cuidar de si mesmo — disse Hyun Sangmin ao se levantar de onde estava sentado.
Aquilo também era verdade. Podia ser bem difícil sobreviver na Zona Neutra. Cuidar de outras pessoas ali era um luxo que poucos podiam ter.
— Tenho que ir. Se tiver como, por que não tentamos algumas missões juntos? Eu acho que vou conseguir te ajudar mais agora — falou dando um tapinha na sua testa e sorrindo.
— Eu também. Se precisar de ajuda, é só me chamar. Cancelo tudo pra te dar uma mão. — Shin Sang-Ah acenou e também saiu.
***
Depois de se separar dos dois, Seol retornou à praça principal. Planejava ir atrás de alguma missão “Difícil” que ainda quase ninguém tinha feito. Estava se sentindo agitado, então pensou que talvez lutando um pouco contra alguns inimigos pudesse ficar um pouco mais calmo.
11 pergaminhos eram classificados como “Difícil”. Todos envolviam combate, enquanto a recompensa variava muito de 500 a 1000 PS.
A missão “escape do cerco” era uma das mais complicadas naquela dificuldade. Como não teve muitos problemas com ela, pensou que poderia fazer as outras com tranquilidade.
Algum tempo depois…
Cada missão tinha 15 tentativas restantes, mas completou cada uma apenas seis vezes antes de ir para a próxima. Conseguiu ganhar 43500 Pontos de Sobrevivência.
“Deve ser o suficiente.”
Provavelmente ele poderia ganhar mais, mas depois de conversar com Shin Sang-Ah e Hyun Sangmin, decidiu não monopolizar. As histórias que os dois contaram serviram para mostrá-lo dura realidade. Mesmo que as missões tenham se tornado mais fáceis, poucos sobreviventes podiam ter uma vida de conforto.
Por exemplo, se quatro pessoas cooperassem e completassem objetivos classificados como “Levemente Difícil”, valendo 300 PS, a recompensa seria dividida igualmente entre o número de participantes. Claro, o índice de sucesso aumentaria, mas todo o trabalho duro resultaria em apenas 75 pontos para cada participante.
A verdade podia ser dita a partir do que a amiga contou — alguém com uma alta demanda como ela não era rico, mas podia “viver como um humano”.
Seol não estava muito preocupado sobre a crítica dos outros, de que ele limpava todas as missões que pagavam bem. Todavia, durante a caça ao tesouro, tinha percebido uma coisa. Quando ficou muito entusiasmado e saiu pegando todas as moedas que achava, os seus amigos tiveram que passar por muitas dificuldades.
Com o passar do tempo, mais e mais times deveriam começar a tentar as missões difíceis. Como deixou mais da metade de tentativas para cada uma, os sobreviventes não deveriam reclamar. Pelo menos não muito. Afinal, não era como se não existissem objetivos ainda mais difíceis.
Você completou uma missão de dificuldade “Difícil”.
950 Pontos de Sobrevivência foram adicionados à sua conta
Conta: 128780 PS
Fechou os punhos. Decidiu parar de fazer as missões por ora. Tinha algo que precisava resolver antes de avançar para a próxima dificuldade.
No total, tinham seis pergaminhos classificados como “Muito Difícil”. A menor recompensa era de 100000 pontos, dez vezes mais do que o maior prêmio das missões difíceis. Quando procurou saber mais sobre, as instruções pareciam bem desafiadoras. Precisaria se preparar bastante antes, não apenas conseguindo uma armadura e poções, mas também companheiros.
No topo do quadro de avisos, também tinha a missão “Impossível”, mas não prestou muita atenção nela. Apesar do pagamento ser um absurdo valor de 1728000, o objetivo era quase impossível.
Virou-se para ir embora. Precisava preparar muitas coisas, mas já sabia o que precisava comprar primeiro.
***
Oitavo andar.
Quando pisou do lado de fora da loja VIP, teve que fazer tudo o que pôde para se acalmar. Em suas mãos estavam dois frascos de medicamentos. Eram Ambrosias — o misterioso líquido que podia evoluir habilidades. No entanto, não parou apenas com aqueles itens. Também comprou uma garrafa de Elixir Divino, o que evoluiria a sua Mana.
Com essas compras, aquele estabelecimento não tinha mais Ambrosias ou Elixires Divinos para melhorar a mana disponíveis. Graças ao alto valor gasto, passou a ter 38780 pontos. Com o que sobrou, poderia ter comprado mais uma garrafa de Elixir Divino, mas achou melhor se segurar. Ainda precisava comprar o equipamento.
— Ehem. — Não importava o quanto se esforçasse, não conseguia impedir um sorriso forçado de aparecer em seus lábios.
“Eu devia esperar pra chegar no meu quarto. Não, melhor não. Pode dar merda.”
Precisava só subir dois andares, mas não aguentava mais. Bebeu os dois frascos de Ambrosias de uma vez. Com medo de outras habilidades evoluírem no lugar, começou a pensar apenas na “Nove Olhos” e em nada mais.
A sua Habilidade Inata “Nove Olhos” está evoluindo.
A direção inferior (1) da sua Habilidade Inata - Nove Olhos, cor Preta: Escape Imediatamente foi desbloqueada.
A sua Habilidade Inata, “Nove Olhos” está evoluindo.
A direção superior (1) da sua Habilidade Inata - Nove Olhos, cor Dourada: Mandamento Dourado foi desbloqueada.
Com isso, tinha desbloqueado quatro das cinco direções. Só faltava a “direita”. Ativou a habilidade e ficou surpreso.
Amarelo era “Atenção Necessária”, direção esquerda.
Laranja era “Manter Distância”, direção esquerda.
Vermelho era “Recuo Recomendado”, direção esquerda.
Preto era “Escape Imediatamente”.
Julgando pelas outras, a nova cor, Preto, era uma extensão dos já disponíveis sinais de emergência.
“Eu entendo o que Escape Imediatamente quer dizer, mas e Mandamento Dourado?”
Ficou pensando por um tempo, mas aquilo não era apenas um enigma que não podia resolver. A direção “inferior” só foi desbloqueada depois da “esquerda”. Então pensou que a direção “superior” seria desbloqueada após a “direita”. Até onde entendia, a ordem havia sido mudada. Era por que as cores estavam em direções opostas?
“Como que eu posso usar essa cor sem saber o que ela faz?”
Começou a andar de novo e subiu as escadas balançando a cabeça. Foi quando aconteceu.
“Dourado?!”
Arregalou os olhos. Além do décimo andar, pôde ver um brilho dourado. Saiu correndo em direção a luz e acabou encontrando uma pessoa. Hesitou um pouco quando conseguiu confirmar quem era pelas costas. Com certeza ele não esperava vê-la na Zona Neutra.
— Finalmente chegou. — Como se sentisse a aproximação, a mulher vestindo um terno de negócios virou e o saudou.
— Você é…
— Faz muito tempo. — Era Kim Hannah. A mulher sorriu. Ela emanava um brilho dourado.
Ficou confuso. Estava curioso em saber o porquê dela estar ali e queria entender o motivo dela emitir aquela cor.
— A gente pode entrar? É meio estranho ficar falando aqui fora. — Aquela voz amigável trouxe Seol de volta à realidade.
— Nossa. Aqui é muito bom mesmo. Nunca imaginava que você acabaria num quarto desse — disse, surpresa. Parecia estar confusa sobre qual lugar deveria sentar, mas logo escolheu um canto e se sentou. Percebendo a expressão de surpresa do cliente, logo perguntou: — Tá com pressa? O que foi? Tá surpreso em me ver?
— Lógico.
— Hmm, tudo bem. Antes de começarmos vou saciar um pouco da sua curiosidade. O que quer saber?
Ele quase explodiu perguntando “Por que caralhos tem uma luz dourada saindo de você?!”, mas conseguiu mudar as palavras no último segundo.
— Como chegou aqui?
— Bem, porque eu sei o caminho.
— Ei.
— Tô só brincando. A Zona Neutra não é um lugar que qualquer um pode entrar e sair quando quiser. Mas tem exceções, sabe.
Seol a encarou sem dizer nada.
— Seu bosta, você não leu o Convite?
“Convite? O que que tem demais?” Estava prestes a indagar, mas logo se lembrou. Naquele papel tinha uma cláusula que o deixava trazer alguém para servir de ajuda.
— Não precisa ficar nervosinho, tá bom? A senhorita Cinzia sabe que eu tô aqui. Segui os protocolos, então não tem problema.
— Fico mais aliviado.
— Pera aí, agora eu também quero uma resposta. — Exigiu Kim Hannah.
— Lá vem…
— É sobre a senhorita Cinzia e a senhorita Agnes. Especialmente Agnes. Por algum motivo, ela parece estar muito interessada na sua melhora.
— Tá mesmo?
— Sim. Que tipo de truque você fez pra deixar aquela violenta gangster siciliana do seu lado?
Ficou surpreso com o que ouviu. Violenta? Gangster?
Os olhos de Kim Hannah se reviraram quando viu aquela expressão.
— Você não sabia?
— É…
— Sério que você não tinha ideia? As duas são conhecidas como as Fanáticas por Batalhas do Sul.
— Fanática por batalha? A senhorita Agnes é…?
— Sim. Ela é subordinada direta da chefe Cinzia e dos maiores executivos da Sicília. Também é conhecida como instrutora demônio. Quase todos no Paraíso sabem sobre as duas.
À medida que a explicação continuava, calafrios percorreram pelo seu corpo. Não tinha ideia de que a sua treinadora era tão famosa.
“Talvez eu não devesse ter zoado tanto ela.”
— Se você não quer me perguntar mais nada, dá pra gente ir ao ponto principal da minha visita?
Seol concordou com a cabeça. Estava curioso para saber o motivo dela ter vindo. Ainda faltava um mês para o prazo na Zona Neutra acabar, afinal.
— Bem, eu vim pra te encorajar e queria um conselho. Também tem uma coisa que preciso da sua ajuda. — Tirou os óculos e o encarou. Em relação à forma na qual ela o olhava, a expressão havia se tornado mais terna. — Primeiro, tenho que te dar os parabéns. Você superou todas as minhas expectativas. Sinceramente, eu não esperava que você fosse tão bom.
— Achei que você não tinha gostado de usar o carimbo dourado comigo.
— Aquilo foi antes. Não o desperdicei. Sério.
Começou a ficar um pouco vermelho ao ouvir aqueles elogios.
— Tá bom, já entendi. Que conselho você quer de mim? — Quando ele coçou a bochecha com vergonha, a mulher riu um pouco, mas logo tentou disfarçar.
— Você fez a coisa certa em parar nas missões difíceis. A diferença para as muito difíceis é bem grande. Tem que se preparar bem antes.
Seol também tinha uma alta expectativa. A dificuldade deveria aumentar muito para compensar aqueles prêmios tão maiores.
— E você tem que achar companheiros confiáveis. Se eu tiver que te criticar em alguma coisa, seria que você faz as coisas muito sozinho.
— Companheiros, né?
— Isso. Odelette, Hao. Eu sugiro esses dois. Tô te falando isso antes que você entenda errado, mas as minhas sugestões não são baseadas só nas suas habilidades.
— Por que você diz isso então?
— Porque eles com certeza serão de grande ajuda no futuro. — Era bem óbvio o que ela queria dizer.
— Tá me dizendo pra ficar amigo dos dois?
— Esse é um jeito de encarar. De qualquer forma, você já tem uma conexão com eles por serem do mesmo período. Não tem nada a perder sendo amigo dos dois.
— Eu entendo o ponto em relação à Delphine, já que ela é uma Maga, mas e o Hao?
— Ele é melhor no lado negro da sociedade. Ouvi dizer que é um executivo de ponta na maior máfia da China.
Bateu com a mão na cara. Além de ter que lidar com as “Fanáticas por Batalhas Sicilianas”, também teria que se relacionar com um mafioso chinês? Nunca imaginou que iria se misturar com pessoas desse tipo antes. Foi então que um pensamento veio à sua mente.
— Se eu trabalhar com esses dois, vou conseguir desafiar a missão Impossível e…
— Não. Nem pense em tentar essa — cortou a mulher.
— É tão difícil assim?
— Nem eu me sinto confiante pra fazer aquela missão. No mínimo, só um time médio pra grande de terráqueos de nível 4 ou maior teriam a chance de completar. Sério, eu não entendo o motivo de um negócio tão difícil estar aqui — reclamou antes de virar o olhar para ele. — Pera aí. Você não tá pensando em tentar só porque alguém já a completou no passado, né?
— Alguém já completou? — Era a primeira vez que escutava aquilo.
— Claro. Na história da Zona Neutra, só um cara conseguiu.
— Mas como?
— Pouca gente sabe. Mas esse cara não completou a missão da maneira “certa”. Ele foi sortudo, só isso — respondeu dando uma risada ao ver a expressão de choque no rosto de Seol.
— Mesmo que tenha sido na cagada, ainda conta.
— Verdade. Mas não tenta aquela missão. Entendeu? Seria melhor lutar contra um monstro do mundo dos mortos com as mãos vazias do que tentar aquela missão — continuou, balançando a cabeça e fazendo com que o cabelo preso se mexesse. — Tenho certeza que você vai fazer o que for melhor… — disse o encarando.
— Você não disse que precisava da minha ajuda? O que é?
— Ah, nada demais. — Hesitou um pouco antes de continuar. — Deixa eu só reafirmar, o que eu vou te falar agora não fui eu quem disse.
— Tá bom, então quem disse?
— Um dos meus superiores?
— Você quer dizer um dos seus superiores de Sinyoung?
Ela concordou com a cabeça.
— De qualquer forma, o que eu tô tentando te contar é que alguém, além de mim, tá te pedindo um favor. Se não quiser fazer, não tem problema. Não precisa. Mas se decidir ajudar, eu vou ganhar vários benefícios. Talvez até divida um pouco com você também.
— Qual o favor?
— Sabe a Yun Seora? — Ela mudou pro assunto principal logo de cara, o surpreendendo. — A pessoa que a convidou é quem tá pedindo o favor. É lá de Sinyoung.
— Aguenta aí. Deixa eu ver se entendi. Você tá me dizendo que o seu superior de Sinyoung convidou a senhorita Seora?
— Isso. Essa pessoa é conhecida por ter um olho do discernimento. Todos que ele convida ficam famosos. Ele até usou um carimbo de prata dessa vez, então as expectativas eram altas.
— Mas…
— Sim. Você também sabe, né? Do jeito que as coisas estão, ela vai falhar. E o meu superior tá bem irritado com isso.
Passou a entender mais ou menos como seria o favor.
— Essa pessoa quer que você cuide um pouco da senhorita Yun Seora.
— Isso é meio vago. Eu tenho que dar 1000 Pontos de Sobrevivência pra ela e pronto? Com isso ela ia conseguir sair da Zona Neutra.
— Na verdade, isso seria pior do que falhar. Sendo mais específica, ele quer que Yun Seora se desenvolva assim como o resto. Se possível, cure o braço dela, deixe que ela o acompanhe nas missões, etc, etc. Basicamente, eu quero que você a carregue.
Deu um longo suspiro. Entendia que a vida daquela mulher era muito difícil ali. Não era como se ele não tivesse nenhum plano para ajudá-la. Porém…
“Você também sabe, né?”
Pensou no que Hyun Sangmin disse não muito tempo atrás.
Kim Hannah esperava pela resposta ainda emitindo um brilho dourado.
— O que você acha que eu devo fazer?
— Eu? Como eu disse antes, não fui eu quem a convidou…
— Eu sei. Eu tô perguntando a opinião de quem me convidou. — Aquela frase deixou Kim Hannah um pouco confusa. Ela não esperava ser questionada.
— Eu ficaria grata se fizesse isso por mim. Fico te devendo uma. — Ela estava com um tipo de sorriso no rosto quando falou aquilo.
— Sei. Não posso te confirmar nada ainda, mas vou pensar no assunto.
— Nada mau, você até sabe o que dizer pra me deixar melhor também. — A mulher chegou a sussurrar “Você ainda é o mesmo que era viciado em apostas há um tempo atrás?” e continuou com o que queria dizer. — Por favor, considere com cuidado. Yun Seora era pra ser uma estrela, já que foi convidada pelo time mais talentoso de Sinyoung. Fazer com que eles te devam um favor é algo bom pra você também.
— Um favor… — Não pensou muito na parte da estrela, mas fazia sentido. No auditório, quando ele olhou a Janela de Status dela, conseguiu ver a palavra “Brilhante” aparecendo na parte de “Personalidade”.
— Isso mesmo. Um favor. Bem, tem aquele ditado, sabe? A Regra Dourada — disse a mulher já se levantando.
— Se cui… O quê? — Foi pego de surpresa com aquela frase e ficou a encarando.
— Sabe, a Regra Dourada. — Ela piscou o olho e caminhou em direção à saída do quarto. — Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles façam por vocês; pois esta é a Lei dos Profetas.
— E-essa é a Regra Dourada?
— É um verso do livro de Mateus. Capítulo 7 versículo 12. Eu nunca interpretei essas palavras como bobagem altruísta. Elas são muito mais próximas do conceito de “dar e receber”, não acha?
— Hmm…
— Quem sabe? Se você aparecer na frente dela como um príncipe em um cavalo branco e a resgatar, ela pode até acabar te querendo. Ela é bem bonita.
É claro que aquilo era uma brincadeira.
No entanto, o silêncio de Seol pareceu um pouco suspeito. Se sentindo um pouco envergonhada, a mulher calçou os saltos e abriu a porta. Antes de sair, virou-se mais uma vez.
— Não precisa me acompanhar. Ah, não esquece do nosso acordo. Você negocia sempre comigo primeiro depois que sair da Zona Neutra.
— C-claro.
— Não morra. Em um mês eu venho pra te buscar. — Por fim, fechou a porta.
Mesmo que Kim Hannah já tivesse ido embora, o Marca de Ouro não se moveu. Por um longo tempo, ficou parado pensando no que ela disse.