O Retorno da Gula Coreana

Tradução: Teverrr

Revisão: Melo


Volume 1

Capítulo 28: Limpando as missões (2)

Ainda amanhecia, mas a praça principal da Zona Neutra já estava cheia. Desde que todo mundo “despertou”, as missões ficaram mais fáceis. Antes de irem na Câmara do Despertar, poucas pessoas tinham a coragem de tentar as de dificuldade “Normal”. Porém, a partir de agora, contanto que o grupo seja bem balanceado, era possível completá-las sem muito risco. Começaram até mesmo a circular rumores de indivíduos que conseguiram completar as que são classificadas como “Difícil”.

Havia três fatores motivacionais que fazia com que os sobreviventes se tornassem mais pró-ativos: completar mais objetivos, conseguir Pontos de Sobrevivência e comprar equipamentos e habilidades melhores. Cada ponto estava interligado um ao outro.

Huaam. — Bocejou um homem no saguão do primeiro andar enquanto olhava ao redor. Parecia estar esperando por alguém. Quando ouviu alguns passos, levantou a cabeça. Os olhos se arregalaram um pouco quando passou a observar as escadas, mas a curiosidade durou pouco. Descansou o queixo no ombro e, com desdém, estudou quem se aproximava.

Era um jovem segurando uma lança. Todos sabiam sobre ele. O sobrevivente em primeiro lugar, o cara que ganhou ainda mais atenção depois de ter feito uma missão “Difícil” sozinho.

No entanto, tudo isso era passado. Dois meses se passaram desde tal acontecimento, então não o encaravam mais como especial. As ações dele nem faziam muito sentido, pois ficava apenas treinando, o que levantou muitas suspeitas entre todos. Assim, muitos rumores começaram a correr, mas logo eram esquecidos, já que ele não atrapalhava ninguém.

“Qual a graça de só ficar correndo, hein”

Indagou o homem em seu pensamento. Todavia, logo percebeu que alguma coisa tinha mudado naquele jovem.

Normalmente, ele rasgaria o pergaminho da missão de corrida logo que chegasse. Porém, dessa vez, ele ficou encarando o quadro de avisos. Por fim, selecionou um pedaço de papel e o cortou ao meio.

“Eu acho que a missão de corrida não fica nessa parte do quadro.”

Levantou-se. Continuava encarando o vazio que o jovem deixou quando foi teletransportado.

“Ele pegou esse aqui.”

A segunda fileira de baixo para cima, na parte mais à esquerda. O homem arrancou o pedaço de papel e o leu.

 



Ficou em choque.

 

***

 

O lugar em que Seol foi parar era uma floresta cheia de vinhas e enormes árvores que bloqueavam a vista do céu. Pegou um pequeno saco da bolsa, a levantou acima da cabeça e balançou, fazendo com que um pó rosado caísse. O nome daquele item era “cheiro de carne”. Vendido nas lojas da Zona Neutra, servia para atrair monstros. Agnes que havia recomendado a compra.

A questão é que, em missões com o objetivo de “sobreviver em ambientes selvagens”, era mais fácil matar todos os monstros da área ao invés de tentar despistá-los.

Excluindo as missões que não envolviam combate, como “Ache o caminho correto” ou “Escape do labirinto”, o Marca de Ouro estava disposto a tentar todas as disponíveis. Assim, o “cheiro de carne” era indispensável se quisessem acelerar o processo para terminá-las.

Enquanto esperava, bebeu uma poção de Competência. As que tinha comprado da loja VIP já acabaram, então decidiu conseguir algumas do comércio padrão da Zona Neutra. Afinal, multiplicar os resultados por quatro era melhor do que nada.

Até onde sabia, o olfato daquelas criaturas era muito desenvolvido, então não deveriam demorar a chegar. Segundos depois, pôde ouvir sons de galhos quebrando. Descartou o frasco e ajeitou a postura, apontando a lança em direção ao barulho. Dois inimigos emergiram da vegetação.

Cobertos por um couro preto, possuíam um corpo muito robusto e musculoso. Eram parecidos com gorilas, mas um pouco menores; a maior diferença eram os caninos, que saíam da boca.

Um se posicionou de frente ao Marca de Ouro. O outro ficou andando em círculos, como se estivesse tentando chamar a atenção.

Engoliu em seco e continuou parado. Começou a suar. Não sentiu todo aquele medo quando enfrentou vários esqueletos, mas estava muito tenso na presença daqueles dois seres. Era uma mudança drástica de pensamento em relação à dois meses atrás.

Mesmo que estivesse com o coração acelerado, nunca parou de bolar uma estratégia. À medida que circulava mana pelo corpo, ela também era transmitida para a lança, fazendo com que a arma começasse a zumbir um pouco em suas mãos.

“Será que eu espero eles fazerem alguma coisa?”

Melhor não. Se esperasse, logo os dois monstros estariam em lados opostos, o que dificultaria muito o contra-ataque. Portanto, deveria…

“O primeiro a atacar vence.”

Quando ajeitou a postura, a criatura que se movia parou. Antes de atacar, Seol regulou a respiração. Era tão difícil assim começar a batalha? Estava atônito. Não esperava ter uma luta tão espetacular quanto as que presenciou várias vezes nos sonhos. Queria apenas conseguir colocar em prática aquilo que tinha treinado.

“Eu consigo.”

Já estava com a postura correta. Apoiou-se sobre a perna esquerda e atacou com a lança. O monstro desviou para o lado e avançou, observando bem a arma do oponente.

Logo que a criatura desviou, Seol mudou a forma que segurava a arma. O ataque mudaria de “Estocada” para “Corte”. A ponta do equipamento logo descreveu um arco e cortou a garganta do inimigo. Vendo o sangue jorrar, realizou uma finta para o lado. As garras que tentaram o atacar quase acertaram a sua cintura. O ataque surpresa da outra criatura quase deu certo.

Ele recobrou o equilíbrio, girou o corpo e saiu correndo para realizar um novo ataque. Porém, antes que pudesse avançar muito, a arma do humano já estava prestes a perfurá-lo na cabeça.

Conseguiu derrotar dois inimigos sem muita dificuldade, mas a luta ainda não tinha acabado. Mudou a postura e girou o corpo em 180º com a lança e avançou.

“Investida!”

Corte!

A boca aberta do último monstro que restava derramou sangue por todo canto. A criatura cambaleou um pouco antes de cair no chão. Se contorceu de dor por mais alguns segundos e logo ficou imóvel. O Marca de Ouro olhou para o oponente morto com uma expressão perplexa. Imaginava que o terceiro estaria escondido, já que no pergaminho da missão dizia que deveria derrotar três daquelas bestas, mas não esperava aquilo tudo. No entanto, o que mais o assustou era o poder que tinha.

Não esperava que seria tão fácil.

Instantes depois, estava de volta à Zona Neutra. Era uma vitória que poderia ser considerada perfeita, mas ainda assim não estava satisfeito.

“Será que eu devia mesmo ter dado um passo para trás antes de estocar?”

Refez toda a missão mentalmente.

“Quando eu troquei da Estocada para o Corte, acho que podia ter matado os dois de uma vez só.”

Agnes tinha dito que aquelas missões também eram uma forma de treino. Ela dizia que a repetição de um movimento às vezes não era o suficiente para preencher todas as defasagens. Era hora de experienciar várias situações de combate para ganhar experiência. Os Pontos de Sobrevivência seriam apenas um bônus.

“Mais uma vez.”

Pegou o último pergaminho da missão e o rasgou.

 

***

 

Naquele momento, o sobrevivente com maior influência era Odelette Delphine. Não apenas era uma Maga, como também havia começado com 7500 PS. Logo que Despertou, começou a comprar várias habilidades e equipamentos. Assim, em pouco tempo, foi elevada ao posto de pessoa mais falada. Dessa forma, decidiu formar o próprio grupo ao invés de entrar no de outra pessoa.

Outro sobrevivente da mesma área que ela, Leorda Slavatore, e Hao Win, da Área 7, faziam parte desse grupo. Logo, chamar aquela equipe de a melhor da Zona Neutra não era exagero, e sim um fato.

— Quem?

— Aquele cara. O primeiro lugar.

Odelette Delphine encarava o rosto entusiasmado de Leorda. O que poderia animar tanto o taciturno arqueiro?

Ah. Começou ontem? Ouvi dizer que ele voltou a fazer as missões de novo.

— Tá, mas…

— Isso não é bom?

— Oi?

— Achei que ele agiria logo. Pode deixar que eu mesma vou falar. Ele era o primeiro que eu queria recrutar mesmo.

— O problema não é esse — disse, frustrado.

— Qual é, então?

— Dois dias atrás, todas as missões classificadas como “Fácil” e “Levemente Fácil” desapareceram do quadro. Aquele cara completou todas. Sozinho.

— Mas essas dificuldades são tão difíceis assim? — perguntou Hao Win, tragando um cigarro enquanto estava com os dois pés em cima da mesa e inclinava ainda mais a cabeça para trás.

Haviam 9 níveis de dificuldade no quadro de avisos. “Básico”, “Muito Fácil”, “Fácil”, “Levemente Fácil”, “Normal”, “Levemente Difícil”, “Difícil”, “Muito Difícil” e, por fim, “Impossível”.

As tentativas restantes para os pergaminhos classificados como “Muito Fácil”, “Fácil” e “Levemente Fácil” já estavam acabando, pois a maioria dos sobreviventes tentaram fazer essas missões durante o primeiro mês na Zona Neutra. No entanto, após o Despertar, agora o foco maior estava nas classificadas como “Normal” e “Levemente Difícil”. A boa notícia era que o número de chances disponíveis para cada objetivo aumentou muito depois de tal evento.

Aquelas com o nível de desafio maior possuem um menor número de oportunidades para serem feitas, mas poucos grupos estavam dispostos a completá-las. O problema mesmo era…

— Um terço das de nível “Normal” também desapareceram noite passada.

— O quê? — Os dois olhos de Odelette Delphine se arregalaram. No dia anterior ela estava no meio de uma missão “Difícil” com o seu grupo.

— Não é só isso. Eu mesmo confirmei. Até as “Levemente Difícil” estão diminuindo muito rápido.

— Como é que é?! — Hao Win chegou a tirar os pés da mesa.

— Eu não te contei ainda? A praça principal tá uma zona.

— Bora.

— Vamos dar uma olhada!

Ela correu para o primeiro andar, mas logo se deparou com uma cena que não conseguiu entender. Dezenas de sobreviventes estavam em volta de um homem enquanto cochichavam um com o outro. No meio daquela multidão, Seol estava prestes a rasgar um pedaço de papel ao meio.

— O que tá acontecendo…? — Ficou perplexa quando viu o Marca de Ouro desaparecer. Estava prestes a sair empurrando todos no caminho para chegar próxima ao quadro de avisos. — An? — A jovem não pôde esconder a surpresa quando Seol reapareceu.

Um minuto? Não, mais para dois. Ficou até com medo depois de ver o rosto indiferente que ele tinha quando foi pegar outro pergaminho.

“Qual foi a que ele escolheu?”

Quando desapareceu de novo, ela saiu correndo para verificar.

 

 

— Ouvi dizer que ele tá fazendo essa missão pela sexta vez. — Nem tinha percebido, mas Leorda estava parado ao seu lado. O jovem balançou a cabeça e soltou uma risada.

Decidiu contar — um, dois três, quatro. Quando chegou ao 57, Seol retornou. Logo depois já foi escolher outro pergaminho. Era muito difícil que tentasse alguma missão apenas uma vez. Na maioria dos casos, a repetia duas ou três vezes antes de continuar. Algumas ele completava até cinco vezes.

Antes de perceber, tinha se transformado em um dos espectadores. Em 20 minutos, ouviu o barulho de papel sendo rasgado ao meio outras doze vezes. Toda missão era relacionada à combate.

Dois homens assistiam e estalavam a língua em surpresa.

— Tá maluco. Esse cara é mesmo humano?

— Sei lá. Mas olha ele aí de novo.

— Que inveja de ser o Marca de Ouro e tal.

Hah. E eu ainda me perguntava o porquê dele não ter feito nada antes. Parece que tudo é fácil pra esse cara, né?

Marca de Ouro? Fácil?

Agnes grunhiu quando escutou aquelas palavras.

“Bando de simplistas.”

Aqueles dois nunca veriam a luz da verdade, mesmo que fossem ao inferno e voltassem. Enquanto eles caíram nos truques de Cinzia e foram atrás de completar as missões logo de carga, Seol teve que aguentar uma rotina de treinamento muito puxada. Será que era porque não queria conseguir PS? Claro que não. Porém ele aguentou. As habilidades e aptidões que ele havia lapidado nos últimos dois meses finalmente deram frutos.

Como se tivesse algo a provar, continuou aparecendo e desaparecendo por um bom tempo. Um leve sorriso se formou nos lábios de Agnes.

 

*** 

 

 

 

“Tá na hora.”

Tinha feito várias missões classificadas como “Levemente Difícil” nos últimos quatro dias. Agora era hora de tentar a sua primeira “Difícil”. Já tinha se decidido qual tentaria, então não hesitou.

O lugar no qual foi teletransportado era uma caverna. Analisando aquele teto baixo, teve a sensação de déjà vu.

— Oi, sumido.

Dúzias de inimigos o encaravam. Seol sorriu um pouco antes de se focar. Ficou em posição.

A arena de batalha era bem pequena e sem muito espaço. A resposta ali era não recuar, mas sim continuar atacando. No momento em que o esqueleto de capacete abriu a mandíbula, o Marca de Ouro avançou com tudo.

Quando correu em direção à área com vários oponentes, a caverna começou a ser preenchida pelo som oco de ossos sendo arremessados para todos os lados. Refletiu uma lâmina tentando cortá-lo e atacou com a lança na abertura criada. Menos um.

O seu estilo de luta era simples, mas efetivo.

Primeiro, esquivou de uma investida e usou a estocada para despedaçar a cabeça de quem tentou feri-lo. Se outro ataque viesse ao mesmo tempo, ele se abaixaria e esperaria o momento certo de contra atacar. Queria acertar apenas nos crânios.

A mudança entre a “Investida” e a “Estocada” era muito fluida. A velocidade que tinha com as mãos aumentava a cada vez que usava a lança. A experiência ganha durante as centenas de missões o ajudou a evoluir ainda mais. Em um piscar de olhos, a linha de frente dos oponentes havia sido dizimada e, enquanto as próximas vítimas se aproximavam…

Rugido!

O esqueleto com capacete gritou. Em seguida, segurou um grande machado e começou a correr na direção de Seol.

Neste momento, o seu coração disparou.

Por quanto tempo…

Por quanto tempo esperou por aquele momento?

O número de simulações mentais que fez eram incontáveis. Não cometeria nenhum erro.

Refletiu o ataque e deu quatro passos para trás. Ao mesmo tempo, o esqueleto de capacete pulou. O alvo daquele machado era ele. Então, os seus olhos brilharam emanando perigo.

“Investida!”

As duas armas colidiram no ar.

Clang!

Aquele som metálico ressoou por toda caverna. O machado não conseguia descer mais e a lança não conseguia defleti-lo. No entanto, algo havia mudado. 

Kiik, kiiiik…!

Faíscas voaram no momento em que os equipamentos se arrastaram um contra o outro. A pequena competição de força logo acabou quando Seol utilizou do próprio ataque do oponente.

Woong!!

A força do monstro logo se dissipou. Porém, mana continuava a circular pelo corpo de Seol, aumentando ainda mais os seus atributos físicos.

Kuuuuuek!

Conseguiu jogar o machado para longe e criar uma abertura. Ajeitou a postura e atacou.

Clunk!

O capacete feio de ossos voou logo depois da lança acertá-lo. O esqueleto começou a se contorcer e caiu no chão com metade da cabeça deformada.

— Consegui! — gritou.

Derrotou o esqueleto a partir das próprias habilidades — o evento que tanto aguardou havia se tornado realidade. A sensação de vitória explodiu dentro de si. Pensou que nunca conseguiria ficar enjoado daquela sensação pelo resto da vida.

“Pera aí.”

De repente, imaginou o que poderia ter acontecido se escolhesse uma forma diferente de contra-ataque. Como sabia que o inimigo usaria um ataque aéreo, não poderia ter tentado outra coisa e vencer com mais facilidade? Várias possibilidades passaram pela sua cabeça. Precisava tentá-las para ver o que acontecia.

“Mais uma vez!”

O desejo de lutar de novo contra aquele oponente o preencheu. Derrubou os outros esqueletos o mais rápido que pôde. Não parava de sorrir.

 

***

 

Continuou tentando as missões com nível “Difícil” por um tempo.

Pensou nos outros sobreviventes e achou melhor deixar algumas tentativas nas outras missões, mas não se preocupou tanto com isso na dos esqueletos. Toda vez que a completava sentia um peso imenso sendo tirado das suas costas.

No entanto, o inevitável problema logo apareceu. Como estava tão entusiasmado em completar os objetivos, o número de chances também diminuiu. Não podia fazer nada em relação às que restavam porém ainda não estava satisfeito. Pelo contrário, sentia que devia tentar outras 50 vezes até estar satisfeito. Todavia, se segurou um pouco. Por fim, em uma última vez, fez algo nunca antes visto.

Derrotou todos os lacaios no menor tempo que pôde, deixando apenas o esqueleto de capacete vivo. Teve várias tentativas para matá-lo, mas fez questão de não causar nenhuma ferida fatal.

— Levanta, seu arrombado.

Encarava aquele inimigo deitado no chão. Nas mãos, Seol segurava a lança e o machado do oponente. Não gostou muito do rosto daquele monstro, então quebrou um pouco o crânio com a ponta de uma das armas. 

— Levanta logo, puro osso.

Quando chutou com mais força, o adversário rolou para longe. Não era difícil imaginar o nível de tortura que a criatura aguentou. Ele tentou se levantar, mas logo caiu de novo.

Decidiu dá-lo uma chance. Jogou de volta o machado e se afastou. Sentia que a ideia do x1 tinha sido brilhante. Para agrado de seu coração, agora podia continuar a lutar sem se preocupar com os outros.

Nas primeiras 30 vezes que lutaram, o esqueleto ainda demonstrava alguma vontade. Mas lá pela sexagésima vez, parecia que aquele ser tinha perdido toda a motivação para continuar. Seol também tinha errado alguns cálculos de força e machucado a criatura aqui e ali. Porém, mesmo considerando esse fator, o desapontamento que sentia era difícil de ser descrito em palavras.

— Por favor, por favor! Só faz mais um ataque aéreo! Sabe, aquele pulo que você dá? Tá me entendendo?

Não sabia se o esqueleto escutava ou não. Ele levantou o machado, mas logo um dos ossos de seu ombro quebrou. O inimigo ficou parado encarando Seol.

— Você ainda tem o braço direito.

Clack, clack, clack, clack…

Ele bateu um dente no outro. Ninguém sabia o que aquilo significava, mas soava como um pedido de misericórdia.

— Vamoooossssss. Bora lutar. Levanta.

Por fim, o monstro conseguiu segurar o machado, parecendo que se esforçava para superar os próprios limites.

— Muito bom. Vem pra cima. Ouvi dizer que um morto-vivo como você carrega ódio incondicional por todos os seres vivos. Me mostra. — Balançou a lança. — Eu vou acabar com isso depois de mais vinte vezes, beleza?

A criatura finalmente se moveu. Ergueu o machado e começou a correr. Contudo, o ataque não possuía a mesma vontade e convicção de antes. Era miserável. Seol lambeu os lábios e se preparou na posição de “Investida”.

Quando o esqueleto estava prestes a atacá-lo…

O monstro arremessou o machado, fazendo com que o braço caísse. 

Como a sua atenção estava voltada para a arma que fora atirada, não o percebeu, segurando na lança o mais forte que pôde. Por fim, com as últimas forças que possuía, ele atacou o próprio crânio.

Logo depois, aquela criatura já estava se desintegrando. Tudo aconteceu em um piscar de olhos.

Você completou uma missão de dificuldade “Difícil”.

1000 Pontos de Sobrevivência foram adicionados à sua conta.

Conta: 85280 PS

 

Seol ficou parado enquanto piscava os olhos sem entender.

O quê?



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