O Retorno da Gula Coreana

Tradução: Teverrr

Revisão: Melão


Volume 1

Capítulo 23: Uma Estrela Brilhando De Novo (3)

— Mensagem do Guia (49/50)

  1. Conselho: lembre que quando estiver na Zona Neutra e quiser aumentar a força física, por que não usar a “Competência”? Disponível na loja VIP.

Outra menção àquele lugar.

“Competência?”

A nota era só aquilo. Sem um começo e nem um fim muito bem definidos, mas mesmo assim, Seol decidiu sair do quarto. A única maneira de satisfazer a curiosidade era procurando. 

A loja VIP ficava no oitavo andar. Quando abriu a porta, viu uma sala bem pequena e um balcão com uma empregada atrás. Os olhos dela se arregalaram quando o viu.

An?

— Oi?

— Perdão. Não esperava que um sobrevivente entrasse aqui tão cedo. Veio só pra olhar?

— Aqui é a loja VIP?

— Se deseja comprar um item, por favor, por aqui. — A mulher apontou para uma pequena entrada. Parecia ter uma outra sala além da que estavam. — No entanto, não é possível ficar aqui sem realizar alguma compra e, para que possa entrar, é preciso que tenha no mínimo 30000 PS. Se está curioso sobre o que temos à disposição…

— Vocês têm um item chamado Competência à venda? — disparou ao vê-la fazer menção de pegar o panfleto, mas parou no momento em que percebeu que ele já o tinha.

Ah, claro. O Guia. Bem, a situação muda um pouco neste caso. Por favor, me dê a nota. — Depois de recebê-la, a porta atrás dela se abriu, expondo aquele cômodo que lembrava um closet repleto de poções. A empregada pegou uma e a colocou em cima do balcão.

Começou a encarar o recipiente que continha aquela substância. Ativou o “Nove Olhos”, mas o objeto não emanou nenhuma cor diferente.

— Você também pode achar Competência em comércios comuns nos andares inferiores. No entanto, essa é inferior em relação à que tenho aqui, tanto em preço quanto em efeito.

— Quais as diferenças?

Hmm. Bem, a Competência mais cara nas lojas comuns custa, no máximo, 250 PS e a duração de 12 horas. O maior aumento que você pode conseguir é de quatro vezes o normal. O que não é tão ruim considerando o custo benefício, não acha?

— Talvez…

— As daqui possuem o efeito e duração dobrados pela bagatela de 400 PS. Logo, a duração será de 24 horas e o aumento será de oito vezes o normal! Treinar um único dia será como se estivesse treinando por oito! — A voz com que a vendedora falou mudou muito no final, saindo de algo mais formal para um tom de “você vai comprar, né? Diz que sim”.

— Isso não é meio impossível? Como é que… — Não conseguia acreditar naquilo, mas a empregada estava calma e com uma feição alegre no rosto.

— Aqui é a Zona Neutra.

— E daí?

— Esse lugar é um santuário divino criado a partir do poder das sete divindades. Contanto que esteja tentando concluir tarefas aqui estabelecidas, esforços não serão poupados para lhe oferecer ajuda.

— Sei...

— Lógico, um dos objetivos da existência deste ambiente é testá-los. Porém, o principal propósito é ajudar no desenvolvimento das suas habilidades e aumentar as chances de sobrevivência no lado de fora.

 Ela ficou em silêncio alguns segundos, virou um pouco a cabeça e sorriu.

— É o que eu gostaria de dizer. Concordo, este item é um pouco peculiar. Apenas 60 estão disponíveis em cada abertura da Zona Neutra e nem todos podem comprar. Existem algumas restrições, como comprador precisar apresentar essa nota do Guia, mas é só para garantir caso o Invocado tenha ouvido falar dessas poções antes de chegar aqui e queira comprá-las.

Estava em um dilema. Até agora estava cego pela loja VIP, mas as palavras “contanto que esteja tentando concluir as tarefas aqui estabelecidas” ressoavam na sua mente.

— Pretender comprar? — perguntou, colocando as duas mãos na cintura.

— Sim.

 

***

 

No caminho de volta, encontrou com alguém familiar. Era Yi Seol-Ah, que parecia bastante ansiosa enquanto andava de um lado para o outro na frente da porta do quarto de Seol.

— Senhorita Yi Seol?

Orabeo-nim!

“Orabeo-nim?”

 — Você tá bem? Mesmo?

— C-como assim?

— Você parecia estar sofrendo antes. Fiquei preocupada, então te segui pra ver como estava, mas ninguém atendeu…

Percebeu de quem eram aquelas batidas na porta. Provavelmente ela tinha o visto quando voltava da missão “Difícil”. Conseguiu entender o motivo daquela cara assustada.

— Você tava chorando?

“Chorando?” tocou no próprio rosto e percebeu que a água que havia derramado em si mesmo ainda não tinha secado.

— Acho que sim…

— M-mas por quê?

— Porque sou patético.

— Meu orabeo-nim não é nem um pouco patético! — respondeu. Então, agarrou os braços de Seol. — N-não, v-você é incrível. Até completou uma missão difícil sozinho. Por causa disso lá embaixo ficou um tumulto.

“Orabeo-nim?” 

Vendo aquele olhar preocupado o encarando, começou a se sentir um pouco melhor. Só um pouco.

— Pra começar, eu nem devia ter tentado.

— Aquela missão era d-difícil?

— Peguei aquele pergaminho sem perceber as minhas limitações e quase morri por isso. Na real, é um milagre eu estar vivo.

Yi Seol-Ah estava prestes a dizer alguma coisa, mas preferiu ficar quieta quando viu a mudança nas expressões do amigo.

— Eu não devia ter feito aquilo. Não devia ter aceitado aquela missão. Até agora eu só…  — Parecia que o choro estava prestes a sair, por isso ficou em silêncio alguns segundos. — E-eu apostei a minha vida.

Tinha até prometido a mim mesmo nunca mais apostar…

— O-orabeo-nim… — A garota ficou nervosa. Estava tentando pensar em como ajudá-lo. Por fim, ela lhe deu um gentil sorriso. — Quer correr comigo?

— Oi?

— Sim, vamos fazer uma corrida!

— Corrida? Por quê? Tão do nada…

— Correr é ótimo! Dá pra relaxar bastante e você se sente muito melhor depois de suar.

— Mas não tem nem espaço pra correr aqui. E se a gente fizer isso pelos corredores…

— Olha aqui…

 

 

Não entendeu muito bem. Sem recompensas ou punições? Estava pronto para perguntar quando olhou para baixo e viu a garota com, no mínimo, trinta pergaminhos daquele. Percebendo as expressões de Seol, ela se preparou para dizer um “Oops!” e se explicar.

— Tá tudo bem. O número de tentativas é infinito, então não deve ter problema eu pegar um monte.

— Mas mesmo assim, não é muito…?

— É que eu preciso correr bastante pra ficar cansada e conseguir dormir. Tenho insônia, sabe? — disse, brincando.

Com toda aquela fofura era difícil recusar.

O método para a cooperação era simples. Só era necessário que os participantes estivessem mantendo qualquer tipo de contato físico quando o pergaminho fosse rasgado.

O local para o qual foram teletransportados era um campo de atletismo. Realizar aquele percurso dez vezes não devia ser difícil, mas checou a sua Janela de Status só para garantir.

“E-eu era tão sedentário assim?!”

Não teve problemas até a quarta ou quinta volta. No entanto, começou a diminuir o ritmo na sexta e quase não conseguiu completar a sétima. Respirava fundo, o coração estava acelerado, suor escorria por todo o seu corpo.

“E-e-eu n-n-não aguento mais!”

Estava com vontade de se jogar no chão e desmaiar, mas aquilo seria muito vergonhoso. O motivo? Yi Seol-Ah já havia completado as dez voltas e o esperava para começar de novo.

Porém aquilo não era uma surpresa. Por muitos anos seu corpo fora envenenado pelo vício em apostas, ingestão de álcool e tabagismo. Logo, era difícil que estivesse saudável, especialmente por nunca ter praticado nenhuma atividade física direito.

— Não respira assim! Não respire pela boca, e sim pelo nariz! Assim, hu-ha, ha-ha! Hu-hu, ha-ha!

Ouviu aquele incentivo e semicerrou os dentes. Naquele momento, pôde ver a resposta que sempre esteve ao seu alcance.

Assim como havia dito, estava fazendo as coisas apostando a própria vida. Lógico, estava em uma situação favorável devido à Classificação de Marca que possuía, mas se qualquer coisa desse errado, estaria morto. Além disso, a empregada estava certa. A Zona Neutra não foi um lugar feito para que você conseguisse sobreviver. Ela foi feita para te ensinar a sobreviver. Tudo seguia uma ordem.

Conseguiu completar as dez voltas e parou logo antes da linha de chegada. Caiu no chão com força, mal conseguindo respirar. A amiga correu na direção em que ele estava e o disse para regular a respiração enquanto parecia surpresa.

— Eu não esperava que o meu orabeo-nim fosse tão…

— C-como v-você c-c-c-corre t-t-tão bem?

— Eu trabalhava fazendo entregas pela manhã. Fiquei mais ou menos um ano.

— P-parece d-difícil.

Ah, nem um pouco! Sempre gostei de correr, sabe? Na escola mesmo eu entrei no clube de atletismo e corria quase todo dia — falou, demonstrando confiança.

Sempre havia pensado nela como uma pessoa quieta e tímida, mas aquela garota era uma atleta excepcional. Aceitou ajuda para se levantar.

— Valeu. 

An? — Ela ficou nervosa com toda aquela gratidão do nada.

— Minha mente tá mais calma agora.

Ah, de nada. Fico feliz que tenha conseguido te ajudar de alguma forma. Você me salvou, né? Eu devia… — Ela baixou a cabeça e começou a corar. Não sabendo como lidar com aquela situação, um olhar malicioso saiu de Seol.

— De qualquer forma, obrigado.

— N-não, que isso. I-imagina.

— É sério. Muito obrigado.

— Não foi nada, é sério. S-sou eu quem d-devia…

— Não tenho ideia em como te retribuir.

— Você só fez isso pra retribuir o que eu e o Sungjin fizemos, não foi?

— Errei?

Seol piscou para ela e se levantou. Durante a corrida se sentia morto, mas agora o seu humor estava ótimo.

— Até que esse negócio de correr não é tão ruim.

— Né? Correr é o melhor jeito de ganhar forma. Aumenta a sua capacidade pulmonar, troca gasosa e até melhor a circulação de sangue no corpo!

— Se é assim, quer correr de novo?

— Eu g-gostaria, mas… — Ela balançou a cabeça de um lado para o outro e, com uma voz baixa, completou: — Você tem que parar de usar os honoríficos, pode ser?

Riu com o pedido.

 

***

 

Depois de praticar exercício físico com a Yi Seol-Ah, Seol voltou a checar o quadro de notícias. Olhou para a parte mais baixa da estrutura e conseguiu ver pilhas enormes de pergaminhos com a palavra “Básica” escrita. Como não havia recompensa em Pontos de Sobrevivência, todos estavam ignorando.

Revisou completamente os planos. A primeira coisa que fez foi retornar à loja VIP. Ignorou as súplicas da empregada e comprou as 59 garrafas restantes de Competência. Depois de beber uma das poções que havia comprado, tentou correr de novo.

Estava focado em melhorar a forma física. Pensou que, antes de fazer qualquer missão, deveria estar saudável.

Com o passar dos dias, outros sobreviventes começaram a achar as ações do Marca de Ouro estranhas. Afinal, pelo que imaginavam, ele era capaz de completar uma missão Difícil sozinho, mas mesmo assim ele estava apenas fazendo treinamentos básicos sem ganhar nenhuma recompensa.

No começo achou tudo muito difícil. O porte físico que possuía demandava descanso com muita frequência e, em algum momento, começou a ficar entediado em repetir o mesmo exercício várias vezes. Pensamentos de “Já tá bom, pode parar.” sempre estavam presentes. No entanto, quando passou a sentir as mudanças corporais derivadas do treino, todas essas tentações desapareceram.

Na mesma pista em que um dia não conseguia dar dez voltas, hoje a completava sem diminuir o ritmo. A respiração também sempre se mantinha constante. Por fim, ficou satisfeito com o resultado, decidindo partir para a próxima etapa — dar 20 voltas por um percurso um pouco maior. No entanto, essa missão dava 1 PS ao ser completa. Repetiu-a várias vezes por um tempo e pôde sentir uma evolução ainda maior.

Talvez tudo tenha sido por causa dos efeitos da poção, mas sentia uma melhora cada vez mais acentuada à medida que se exercitava mais. Como os resultados eram muito perceptíveis, se exercitar deixou de ser monótono. Toda vez que atingia um objetivo que parecia difícil, alguma coisa mudava dentro de si. Havia ficado viciado na euforia do sucesso, passava dois terços do dia praticando exercícios.

A principal razão que o possibilitava continuar naquela rotina era o seu quarto. Uma hora de descanso era o suficiente para recuperá-lo de toda a fadiga, precisando de apenas quatro para recobrar todo o vigor. Em certo momento, começou a pensar que o tempo era precioso demais para gastar em qualquer outra coisa e passou a ficar interessado em como se recuperar mais rápido. Como existiam poções com o efeito da que tomava, deveriam ter algumas que melhorassem tal aspecto também.

Não hesitou em gastar pontos neste aspecto. Afinal, não tinha outra forma de usá-los, pois as suas refeições e quarto eram grátis. Logo a prática de esportes aumentou para 20 horas diárias. Começou a acreditar que, finalmente, estava fazendo bom uso das condições iniciais favoráveis que possuía. De fato, sentia um pouco de inveja quando via outros sobreviventes formando times para completar várias missões. Também ainda sentia uma atração pelas Ambrosias.

Contudo, quando corria, todos os pensamentos negativos sumiam e ele podia se concentrar mais. Estava determinado em não pegar outro pergaminho até que se sentisse confiante o bastante.

Assim, duas semanas se passaram. Para todos foram 14 dias, mas para Seol pareceram 112.

 

***

 

— Ele é doido — concluiu Cinzia quando assistiu às gravações. — Passar metade do mês treinando apenas a forma física. Hah. Não esperava que alguém como ele fosse aparecer. Tenho certeza de que os deuses estão bem felizes agora.

— Não é hora de pensarmos em avisar os sobreviventes logo? — disse de maneira muito educada a acompanhante. Era Agnes, a mesma que tinha se oferecido para guiar Seol no começo, mas que fora chutada por Maria.

— O quê? Ah, sobre o prazo falso?

— A Zona Neutra está uma confusão. O prazo foi muito encurtado. Se eles descobrirem qual era o original…

— Vão fazer o quê? — respondeu de forma debochada enquanto tirava um cigarro do bolso. A empregada o acendeu. — Não se preocupe. A gente vai só relaxar e esperar eles falarem, “Vocês são tão fracos que decidimos aumentar o prazo”. Simples.

— Mas mesmo assim…

— Já chega.

A garota ficou em silêncio na hora. Um pequeno rastro de fumaça podia ser observado no ambiente.

— Não tem problema. E eu já não tinha dito que as decisões sobre a Zona Neutra seriam validadas só com o meu veredito?

— Estão debatendo sobre a segurança de deixar as escolhas à sua mercê…

Hmph. Muito bem. Me diga, o que você acha que aconteceria se eu disser que posso deixá-los ficar aqui por três meses? — Agnes suspirou como resposta. — É óbvio. Eles iriam acatar essa escolha. Até mesmo aqueles sem nada só precisariam conseguir 30 ou 40 pontos por dia para passar. Tem ideia do quanto pagamos para construir esta Zona Neutra? Acha que eu vou ficar sentada aqui e só olhar?

— I-isso também é verdade.

— Até mesmo o mais fraco pode completar uma missão de nível Normal no prazo se forem cautelosos. Sobreviventes mais promissores podem ir além disso com muita facilidade. Ouviu dizer do Sung Shihyun que começou da dificuldade Básica e completou até mesmo uma classificada como Impossível no último dia, certo?

— Sim, eu já ouvi falar.

— Exato. Este lugar foi feito para acelerar o progresso. Mas qual é o ponto em dizer que isso é importante quando eles nem ligam?

— Não sei…

— Ouvir isso milhares de vezes é muito pior do que ver apenas uma. Se não conseguem sentir isso sozinhos, não tem sentido em dizer a verdade milhares de vezes. Pelo menos agora, com o prazo muito curto, eles são forçados a se dedicarem ao máximo.

“Mas eles atingirão os seus limites em pouco tempo” era o que Agnes estava prestes a dizer, mas continuou em silêncio e abaixou a cabeça. Não concordava 100% com essa ideia de forçar as pessoas ao máximo porque, sozinhas, não se dispunham a ir ao limite. Porém, era difícil refutá-la. Os outros casos de abertura da Zona Neutra eram provas que comprovavam muito o ponto que Cinzia defendia.

Mais importante ainda, a gerente responsável pelas convocações em Março de 2017 era ela. Além das regras básicas necessárias, todo o resto era decidido por Cinzia.

— Bem, acho que não devia estar dizendo essas palavras alto, né? Eu também completava essas missões igual a uma doida. — Voltou a olhar para a tela e lambeu os lábios. Além de insatisfeita, ela parecia com inveja. A empregada cobriu a boca e deu uma risada tímida. — Se eu treinasse tanto quanto ele quando cheguei aqui, seria muito mais forte do que sou agora

— Também acho.

Oh-ho. Até mesmo a famosa Agnes pensa assim?

— Mas é claro. Todas as vezes que encaro os meus limites, eu me sinto arrependida. Se pudesse recomeçar tudo não hesitaria.

— Voltar no tempo, hein. Parece interessante. Diz aí, o que você faria de diferente? — perguntou com um sorriso no rosto parecendo interessada.

Hmm, primeiro eu ia tentar conseguir o máximo de Pontos de Sobrevivência possíveis no Tutorial. Quando eu chegasse na Zona Neutra, iria beber uma garrafa de Competência da loja VIP por dia enquanto utilizava ao máximo o alojamento do melhor sobrevivente. Como ainda teria pontos sobrando, eu provavelmente iria fazer a mesma coisa que esse cara tá fazendo.

— Verdade. Por isso tô com um pouco de inveja. — Cinzia concordou com a cabeça e parou de olhar a tela. Com os olhos da empregada ainda imersos na gravação, um desejo estranho emanou.

— Acho que você ainda não perdeu os seus instintos de artesã. Tudo bem se quiser ajudá-lo.

— P-perdão? Ah. Mas ele é… — Os olhos de Agnes brilharam com aquele consentimento tão repentino.

— Eu sei, ele foi Invocado pela senhora Foxy. Mas é o seguinte, ouvi um negócio dizer sobre um negócio interessante.  — Após uma longa tragada, ela começou a falar. 

 



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