Volume 1
Capítulo 18: Recompensas Condizentes (1)
O amanhecer chegou, mas a sala 3-1 continuava em silêncio.
A primeira coisa que fez quando acordou foi verificar se a habilidade, Nove Olhos, ainda funcionava. Todo o seu campo de visão ficou verde, mas logo retornou à coloração normal. Sentiu-se aliviado por tê-la ativado sem problemas. No entanto, essa sensação de prazer durou pouco, pois logo percebeu que três pessoas não estavam na zona segura. Não via o homem de meia idade desde a noite anterior, mas agora Yun Seora e Yi Sungjin também haviam sumido.
“Onde eles estão?”
Eram 09:47. Faltavam mais de duas horas até o meio-dia, então a Hora dos Mortos ainda estava ativa.
“Acho que eles estão bem.”
Pegou a sua bolsa e a barra de ferro. Já que ele e Hyun Sangmin comeram muito nas últimas horas, era possível ouvir o seu estômago protestando. Por sorte, os banheiros ficavam logo à direita da escadaria de cada andar, facilitando a situação caso houvesse alguma emergência.
Depois de aliviar a barriga, encontrou o jovem garoto descendo as escadas com um semblante triste. Após perceber a presença do Marca de Ouro, o rapaz correu e fez uma reverência.
— Bom dia, Hyung.
— Bom dia pra você também. Dormiu bem? — O sorriso que formou-se no rosto daquele adolescente parecia um pouco estranho, dando a impressão de que ele achou estranho toda aquela formalidade. — Não precisa usar os honoríficos, sabe…
— Ah, você não se importa? — Então, Seol parou de usá-los. Também percebeu a ansiedade no rosto do amigo. Parecia que ele queria voltar ao que estava fazendo o mais rápido possível. — Ainda no meio da caça ao tesouro?
— Sim…
— Quantas você achou até agora?
— É… Se eu contar as que eu achei depois que acordei hoje de manhã, já tenho o suficiente pra pagar a minha passagem.
Considerando o fato de que ele e Yun Seora haviam monopolizado a maioria das moedas, até que aquela quantia não era nada mau. Imaginou o quanto aquele menino devia ter procurado para achar tantas.
Ao olhar de perto o rosto do rapaz era possível dizer que, devido à sua baixa estatura e expressão infantil, caso Yi Sungjin dissesse que estava no ensino fundamental, qualquer um acreditaria. Por outro lado, na noite anterior ele havia acertado a cabeça de Kang Seok com uma cadeira.
— Obrigado por ontem à noite. Eu consegui sobreviver graças a você.
— Nem vem. Aqueles dois fizeram a maior parte do trabalho. — Mesmo dizendo isso, ele foi essencial para que o plano desse certo.
— De qualquer forma, não esperava que você ajudaria.
— Mas é claro que eu ia ajudar. Eu também sofri por causa daquele cara no segundo andar.
— Oh? Então foi por vingança?
— Não, além da vingança. Assim, ele só fazia merda. Era muito doido, sabe? — Seol riu um pouco com aquela declaração. De fato, Nóia era malvado. — Também tenho a sensação de que você teria resolvido tudo sozinho…
— Hm? Por que você acha isso?
— Porra, você matou o Gaekgwi com facilidade. E… — Ele hesitou antes de continuar. — Eu acho que Yi Seol tava pedindo pra eu te encontrar.
— Senhorita Yi Seol-Ah?
— Sim. Quer dizer, não. Eu só tive essa impressão. Vou perguntar depois de revivê-la… — Só a menção de pensar na irmã pareceu alegrá-lo, pois um sorriso havia se formado no rosto do garoto. Era bom ver que ele ainda tinha esperanças.
— Sim, eu também tô ficando curioso agora. — Subiu as escadas. O olhar do rapaz moveu-se para cima o acompanhando. Quando fez um sinal para que ele o seguisse, o menino saiu em disparada.
— E-eu não acho que tenha muitas moedas sobrando no quinto andar. E você não precisa…
— Não. No quarto andar não tem nenhuma, mas no quinto ainda têm duas. — Sabia pois já havia checado no Diário de um Estudante Desconhecido.
— An?
— Além disso, como você e a sua irmã ganharam os Convites? — Decidiu mudar o assunto. Mesmo que Yi Sungjin não parecesse convencido, ele contou toda a história em detalhes.
Desde quando a mãe havia sido diagnosticada com uma doença terminal e como a família sofreu por um bom tempo; sobre como ouviram falar da existência do “Paraíso” e de como lá havia um medicamento que poderia curar tal patologia; e, finalmente, sobre como ele e a irmã conseguiram os Convites. Quando perguntado sobre os estudos, o rapaz resmungou alguma coisa e logo deu o assunto como encerrado.
Ainda escutando a história, os dois acharam as últimas moedas e foram para a biblioteca. Seol possuía 885 — das 1065, deu 30 para Shin Sang-Ah, e gastou 150 procurando suprimentos médicos para Yun Seora. Como agora não precisavam mais abrir o sexto andar, mesmo tirando a sua taxa, ainda poderia gastar 785.
— Vou dar o meu melhor, mas não posso garantir nada, ok? — O jovem ainda não tinha entendido o que estava acontecendo. — Eu tenho quase 800 moedas comigo. A “Ressurreição” deve estar listada em ESPECIAL, então eu devo conseguir usar duas vezes — disse enquanto abria a porta da biblioteca e fazia com que os olhos do menino brilhassem de esperança.
No entanto, logo os dois pararam. Já havia alguém utilizando a máquina de itens. Agachada no chão, aquela pessoa tinha o capuz cobrindo o rosto. O seu braço direito pendia sem vida do ombro.
— Ah… — Yi Sungjin a olhou com pena antes de recolher todas as moedas no chão. Aproximaram-se devagar.
— Você tá se sentindo bem?
A cabeça da mulher estava afundada entre as pernas. Ela estava tremendo.
— Você consegue mexer o seu braço direito?
Ela balançou um pouco a cabeça.
— Aqui… — O menino entrou na conversa e, com cuidado, estendeu a sua mão cheia de moedas, as oferecendo.
Por fim, Yun Seora levantou a cabeça. Piscou os olhos algumas vezes e eles puderam ver os arranhões no rosto dela. Ela levantou a trêmula mão esquerda e aceitou a oferta, abaixando a cabeça logo depois.
Gentilmente, Seol tocou o ombro tenso do garoto. Iriam usar a máquina agora.
Aos poucos, foi inserindo as moedas até chegar ao valor necessário. Quando chegou na de número 300, pôde ouvir o Yi Sungjin engolindo em seco. Olhou para baixo e viu uma caixa familiar caindo com um som surdo.
Você adquiriu uma caneta de pena consciente.
“Uma caneta de pena?! Como?”
Aquilo não era o que estavam procurando. Então, tinham apenas uma chance restando. Um pouco mais nervosos, começaram novamente.
O segundo item da categoria ESPECIAL que conseguiram era uma caixa diferente. O seu coração disparou com a expectativa enquanto a abriam. Dentro, havia dez bolas de feitiço. Para ter certeza, checaram o efeito de cada uma. Nenhuma tinha o efeito de ressuscitação.
— Desculpa…
— Tudo bem. A gente só teve essa esperança porque você foi muito generoso. — Mesmo que dissesse isso, o jovem estava muito triste. Maior o sonho, maior a queda. Ele tentava ao máximo não parecer abalado, mas lágrimas se formavam nos seus olhos.
Não podiam fazer nada. Todas as moedas já haviam sido pegas. Seol ficou pensando em como poderia consolar o garoto, mas se distraiu quando sentiu um dedo na costela.
— Oh, é você, senhorita Seora.
— Aqui… — disse ela. Em sua mão, foi possível ver uma pequena garrafa enrolada com um papel. — É a poção de ressurreição. — Era a primeira vez que escutavam uma frase completa dela após o acidente. Apesar da voz parecer fria, ainda podiam sentir que havia certa gentileza naquele tom.
— Você tá dando isso pra gente?
— Sim.
Era algo inesperado. Por que alguém com uma “personalidade de desinteresse” estaria sendo tão bondoso do nada?
— Eu ouvi do garoto. Ontem… — Quando ela desviou o olhar para Yi Sungjin, ele ficou nervoso e começou a falar um pouco mais alto.
— E-eu encontrei com ela no começo da caça ao tesouro. Ela me perguntou o que tava acontecendo, então, é… — Enquanto falava, os seus olhos permaneciam fixos naquele item. — Não tem problema mesmo de você dar isso pra gente? E o seu braço.
— Não funciona em pessoas vivas. Você vai entender quando ler o papel.
— Tá bom…
Seol aceitou o presente. Logo depois de pegá-lo, Yun Seora soltou um suspiro, levantou-se e caminhou para a saída da biblioteca.
— M-muito obrigado! Muito obrigado mesmo! — Lágrimas saiam do rosto do menino que, aos poucos, ia se sentando no chão. — O-obrigado.
Por fim, os dois agradeceram ao mesmo tempo.
— Eu que agradeço.. — Ela fez uma reverência e, por fim, se retirou do local.
“Acho que ela é uma boa pessoa no final das contas…”
Com cuidado, passaram a ler o papel que estava enrolado na garrafa.
Requerimentos para o uso:
- Deve ser usado apenas nos Mortos!
- É necessário algum resto mortal do indivíduo a ser revivido.
- Cancelamento do estado de insubordinação do Morto - “o Gaekgwi deve estar morto.”
— O primeiro e o terceiro requerimento nós já conseguimos. Agora, um resto mortal?
— Eu sei onde achar! — Yi Sungjin puxou Seol e ambos começaram a correr.
Foram para o laboratório. No entanto, no momento em que o rapaz entrou no local, soltou um grito de medo. O Marca de Ouro segurou com mais força a barra de ferro e também adentrou o lugar.
O homem de meia idade que não viam desde a noite anterior estava caído no chão — o corpo partido ao meio com um corte que ia desde a ponta da cabeça até a virilha.
— M-mas e-ele não tava aqui noite passada, né?
O jovem ficou mais desesperado. Porém, Seol conseguiu descobrir o que havia acontecido. Apenas olhar para o cadáver daquele senhor já o fez entender a situação.
“Elas o odiavam tanto assim? Matar o marido, um pai assim…”
Era um contraste muito grande à Yi Seol-Ah, que havia deixado o irmão mais novo fugir.
— Sssssssuuuunnnnggggggg----Jjjjiiiinnnnn….?
Uma voz arrastada veio do canto do laboratório. Viram uma figura agachada da mesma forma na qual Yun Seora estava na biblioteca. Analisando a aparência daquela silhueta, Seol ficou surpreso. Era a primeira vez que via um Morto e, com certeza, era mais bizarro do que ele esperava.
— Maaannaaaa!! Você pode viver de novo!! É sério!
— Vvvvviiiiivvvvveeerrrrrrr…?
— Ele tem uma poção para te reviver!!
A pequena garrafa começou a emitir uma luz, deixando a sua mão mais quente. Não sabia o que fazer a seguir, então removeu a rolha para ver o que aconteceria. Logo após isso, o líquido transparente aprisionado do lado de dentro daquele objeto saiu e começou a dançar no ar.
Da maneira com que se movimentava, parecia que estava perguntando quem deveria reviver. Apontaram para Yi Seol-Ah. Então, aquela substância foi na direção ordenada. Por fim, ao entrar em contato com o morto, foi sugado, desaparecendo quase que no mesmo instante.
Paat!
Uma forte luz explodiu, porém Seol ainda conseguiu ver algo se desenrolando. As feridas começaram a desaparecer e novos tecidos foram surgindo. Então, com um último feixe, tudo acabou. No local em que antes havia uma criatura de difícil distinção, agora encontrava-se uma menina sentada com os olhos arregalados.
Finalmente, ela havia sido revivida.
— M-manaaaaaa!! — Yi Sungjin saiu correndo para abraçar a irmã mais velha.
Yi Seol-Ah continuou confusa por um tempo, mas quando viu aquele rosto familiar chorando, também começou a derramar lágrimas.
Em silêncio, Seol saiu do laboratório. Era um reencontro lindo, mas aquele não era o seu lugar. Hesitou um pouco, pensando se deveria deixar os dois sozinhos, então ficou os esperando do lado de fora, próximo à porta, com os braços cruzados na altura do peito. Enquanto ouvia o choro daqueles dois, continuou atento, segurando a barra de ferro com as duas mãos. Decidiu esperar, só por precaução, caso algum Morto ouvisse toda aquela comoção e decidisse passar por ali.
***
Quando retornaram para a zona segura, todos ficaram surpresos. Hyun Sangmin estava comendo um pedaço de pão, mas assim que vira a garota revivida, ficou boquiaberto. A reação de Shin Sang-Ah não foi tão diferente.
— Caô. A ressurreição era verdade. — Após ouvir uma breve explicação, ele soltou uma gargalhada.
Seol ofereceu um pouco de comida da loja de conveniência para Yun Seora e para os dois irmãos, que demonstravam a sua gratidão sem parar desde que foram reunidos de novo. Ignorou os agradecimentos e começou a comer um bolinho de arroz como se estivesse irritado.
— Os dois já me agradeceram um milhão de vezes no caminho até aqui — disse, antes que os outros perguntassem o motivo daquele aparente mau humor. — Agora eu sei porque tem gente que desenvolve neurose.
— Para de exagerar.
— Tô falando sério. Começou a ficar chato lá pelo agradecimento de número 300. Eu falei que não precisava daquilo tudo, mas não me escutaram.
Até então, os irmãos estavam demonstrando gratidão de todas as formas possíveis. Acabou colocando a mão no rosto e apontando na direção da distante Yun Seora.
— Senhorita Yi Seol?
— Sim, sim! Muito obrigada! Como posso retribuir a bondade? Você me reviveu e ajudou o meu irmão mais novo, então eu queria…
— Tá bom, tá bom. Já entendi. Mas não fui eu que achou a poção de ressurreição, foi ela. Ela me deu. — No mesmo instante, a mulher parou de comer o seu sanduíche e o lançou um olhar de protesto que foi ignorado por ele.
— É verdade?
— Sim. Se não fosse pela senhorita Seora ter conseguido a poção, te reviver não seria possível.
— Senhora Seora! — Depois de muito tempo, ela saiu do lado dele. Em seguida, mudou sua atenção para Yi Sungjin. Seol pegou 100 moedas e as ofereceu ao garoto: — A taxa da sua irmã.
— Ahh! — O jovem começou a chorar como se ainda não tivesse pensado naquilo.
— Por favor, pare. — Implorou o Marca de Ouro. — Você não precisa me agradecer. Na real, nem pense em me agradecer. Se você começar a falar um “valeu” e “obrigado” eu não vou te dar nada. Entendeu?
— Sim! Muito… — Parou no meio da frase, se lembrando do alerta que acabara de receber.
— Se você estiver grato, vá agradecer a senhora Seora. Igual à sua irmã.
Com cuidado, o menino recebeu as moedas com as duas mãos. E, então, como alguém obediente, fez o que lhe foi dito e se reuniu com a sua “mana”, enchendo outra pessoa de “obrigados”.
Agora poderia desfrutar da sua refeição em paz. Os outros dois amigos ficaram rindo o tempo todo.
— Eu vou morrer de rir. Olha a cara da senhora Seora.
— Sim! Tá muito engraçado! Aliás, cara, quantas moedas você ainda tem? Sem contar as da taxa do portão.
— 85. — Logo depois, o seu parceiro mexeu a cabeça indicando para que ele olhasse para o lado.
Três pessoas, um homem e duas mulheres não estavam comendo, apenas observavam o que ocorria do outro lado da sala.
— Eles não vão comer também? — perguntou ao vê-los.
— Ah, para. Por que eu iria gastar a minha preciosa comida com eles? Bem, se eles fossem meus parceiros, claro, dividiria. — Até mesmo Shin Sang-Ah balançou a cabeça de acordo.
— E agora há pouco eles me perguntaram se eu teria algumas moedas para dividir.
— Verdade, as taxas. Eles precisam de quantas?
— Juntos, acho que umas vinte ou trinta — murmurou antes de bufar em desaprovação. — Bando de sem vergonha. Você não tá pensando em ajudar, não tá?
— Não ajuda. Tipo, nunca. — Até mesmo Shin Sang-Ah havia entrado na conversa.
Depois do incidente do segundo andar, a relação dela com o trio havia piorado. Se eles pelo menos fossem como Yi Sungjin que tentou abrir a barreira de metal, quem sabe. No entanto, ela não podia esquecer aqueles olhares de “cada cachorro que lamba sua própria caceta” que eles deram quando Kang Seok permitiu a entrada de todos no segundo andar. Mesmo que não pudessem ter feito nada, ela perdeu a boa impressão que tinha pelo egoísmo deles.
Não respondeu. Ao invés disso, pegou as moedas restantes que ainda tinha e as deu para Hyun Sangmin.
— Hmm?
— Pode usar. Ainda falta um pouco pro meio dia.
— Quer que eu gaste na máquina de itens?
— Se estiver com medo dos Mortos, então não. Mas eu não vi muitos deles até agora.
— Como assim? Posso mesmo gastar essas moedas? — disse, um pouco confuso com aquela atitude.
— Tô te falando. Pode sim.
Seol não tinha mais nada que queria tirar da máquina, de qualquer forma. Além do mais, depois de ter visto a Janela de Status do parceiro, pensou que seria melhor cuidar dele de vez em quando. Sem falar que se não fosse pela ajuda dele contra o Gaekgwi, não conseguiria matá-lo.
— Sério? Você não vai falar nada sobre como eu devo gastar, né?
— Gasta na máquina, enfia no cu, ou qualquer outra coisa. Você decide o que fazer.
Não havia razão para recusar. Com as moedas em mãos, a expressão no rosto de Hyun Sangmin lembrou a de uma criança levada prestes a fazer alguma coisa. Por fim, saiu da sala todo feliz.
— Deixa eu ir também! — Shin Sang- Ah parou de comer e o seguiu. Ressentido, o trio encarou Seol e também foi atrás das moedas restantes. O Marca de Ouro deu de ombros e voltou a aproveitar a sua refeição enquanto olhava Yun Seora e a onda de agradecimentos que recebia. Porém, quase caiu da cadeira quando os dois irmãos fizeram menção de voltar a falar com ele. No começo ela os ignorou, mas, com o tempo, explodiu de raiva.
Nova mensagem do Guia.
O meio-dia havia chegado. Foi pedido que todos se reunissem no sexto andar.
***
No caminho, Seol estava ansioso para ver como seria aquele andar, já que parecia ser tão especial. Todavia, quando chegou lá, ficou decepcionado. Era um terraço comum, a diferença era que, no meio, havia um portal emanando uma fraca luz vermelha. Han e a empregada loira estavam próximos a tal estrutura esperando a chegada dos sobreviventes.
— Muito bom. Todos vocês chegaram! Devo parabenizá-los por conseguirem passar pelas missões. — O Guia os deu um cumprimento formal. Também parecia estar feliz, quase como se fosse uma pessoa diferente daquela do auditório. — Agora que todos estão aqui, deixe-me anunciar a conclusão do Tutorial da Área 1!
Palmas, palmas, palmas, palmas!
Com toda aquela atmosfera estranha, conseguiu perceber uma pequena inconsistência naquele discurso.
“Eles eram todo mundo?”
Apenas seis pessoas haviam chegado ao terraço. Não tinha visto aquelas três pessoas.
— No começo, quando 38 vidas começaram esta jornada…
Enquanto outro discurso começava, Seol se aproximou de Hyun Sangmin, que assobiava despreocupado.
— O que aconteceu?
— Hm? Ah, quer saber das moedas?
— Aqueles três. Você os matou?
— O quê? Não. Eu dei 55 moedas pra Sang. Disse pra ela tirar o que quisesse. E tudo que ela conseguisse a gente dividiria no meio.
— E o resto?
— Bom, eu sei que todos vocês desejam entrar o mais rápido possível no portal, mas terão que esperar mais um pouco. Mais importante, devemos distribuir os bônus de conclusão. — Han ainda estava no meio da apresentação, mas parecia estar chegando no tópico principal.
— O que você acha que eu fiz com o que sobrou?
— Não sei.
— Se você prometer que não vai ficar puto eu conto.
— Prometo.
— Joguei fora. Todas as trinta moedas.
Duvidou do que ouviu.
— Jogou fora?
— Sim. Coloquei no vaso e dei descarga. — Abaixou os óculos escuros. Até mesmo os seus olhos estavam sorrindo naquele momento. — E fiz enquanto eles olhavam! Que pena. Queria ter ficado pra ver o choro — disse, ainda rindo.