Volume 1
Capítulo 13: Caça ao Tesouro (1)
Na placa lia-se “3-1”.
Com calma, Seol abriu a porta, a qual a placa identificava. A condição dele não era muito boa, mas pelo menos tinha uma lança de metal para ser utilizada como arma.
Estava com um pouco menos de raiva, porém a sensação de vazio no seu corpo após usar a “Visão Futura” era algo muito difícil de suportar. Parecia que há pouco saíra de uma letargia.
O novo destino era como qualquer outra classe de escola. Após verificar que o ambiente estava seguro, puxou uma cadeira para próximo de si e sentou-se, apoiando a parte superior do corpo em uma mesa à frente.
O total de mortos da última missão: 0
Tal resultado era um pouco óbvio. Ele conseguiu destruir todas as armadilhas no caminho, então os outros conseguiram passar sem muita dificuldade.
Quando também chegaram à sala, as outras pessoas se depararam com a visão dele desmaiado na carteira e ficaram o encarando. Era meio inevitável não ter todos aqueles olhares, já que haviam presenciado uma cena quase que inimaginável quando aquele homem conseguiu destruir todas as armadilhas enquanto passava. Já pensavam no quão especial ele poderia ser, mas nunca em algo tão fora da curva.
— Você tá bem? — perguntou Sangmin com uma voz preocupada.
Acenou a mão para o parceiro como se dissesse “relaxa, não se preocupe comigo.”
Sang entrou hesitante na sala e, insegura, dirigiu-se para uma cadeira isolada em um canto enquanto dava a impressão de esconder o rosto. Seora chegou pouco depois. Finalmente, Seok e os seus lacaios apareceram. Os 12 sobreviventes estavam todos na sala.
— Ora, ora, ora. Estou impressionado. — Quando aquela voz surgiu, o homem antes inerte deitado na carteira recobrou boa parte da consciência. — Nunca imaginei que passariam da segunda missão em tão pouco tempo. Graças a vocês, meu prestígio subiu muito. Obrigado.
Atrás da mesa do professor estava o Guia, ainda vestindo as mesmas roupas. Todos o encararam como se fosse um fantasma.
— Eu os parabenizo pela chegada ao quarto andar. No entanto, devo perguntar, gostaram do que fizeram nas duas missões? — O seu tom de voz irritou a quase todos os presentes, mas não podiam fazer nada. A respiração de Han parecia estar mais acelerada. — Vim aqui para dá-los ótimas notícias. Resta apenas um objetivo no Tutorial.
— Tem outra?
— Sim. Mas não há razões para temer, já que… — Os seus olhos se arregalaram um pouco. — Ela pode se tornar bem fácil e prazerosa para todos.
— Fácil e prazerosa?
— Sim. Contanto que vocês sigam as regras. Todos vocês. — Quando deu ênfase no “todos vocês”, um sorriso formou-se no seu rosto. — Devo começar as explicações, então? Ah, dessa vez a missão é um pouco mais complicada, por isso estou aqui. Além do mais, aqueles anúncios são muito robóticos e impessoais, não acham? Ahaha!
Parecia que ele estava de bom humor.
— Seus objetivos serão semelhantes aos anteriores. Será requisitado que cheguem ao sexto andar passando pelo quinto. Porém, teremos algumas regras a mais. — Pegou um pedaço de giz e desenhou um pequeno círculo no quadro. — Isto é uma moeda.
Os sobreviventes observavam atentamente.
— Já ouviram falar de caça ao tesouro?
Nenhum deles respondeu.
— Estou começando a admirar a grandiosidade dos professores que ensinam alunos tão apáticos. — Mexeu no monóculo e continuou a falar. — Bem, irei terminar a explicação e desaparecer o mais rápido possível. No quarto e quinto andar, temos várias moedas escondidas. Vocês devem coletar o máximo que conseguirem antes do anoitecer. — Começou a escrever novamente.
1. O Uso das moedas
— Taxa de entrada
— Sorteio
— Há um local no sexto andar onde um portão que leva para o Paraíso está programado para abrir. — A mera menção ao Paraíso fez com que os burburinhos aumentassem. — Porém, como não existe almoço grátis, vocês terão que pagar uma taxa de entrada. Precisarão de cem moedas.
— C-cem? Precisa de tanto assim?
— Na verdade, isto não é muito. No total, são 3000 moedas escondidas. Com uma caminhada pelo andar vocês devem conseguir o necessário. — Han ficou alguns segundos sem falar e depois completou: — Ah! Elas também estão escondidas nessa sala.
Quase que ao mesmo tempo, ouviu-se o barulho de uma cadeira sendo arrastada pelo chão. Uma mulher se levantou, caminhou em direção à mesa do professor e começou a inspecioná-la. Era Yun Seora. Segundos depois, quatro moedas amareladas estavam na sua mão.
Han ficou surpreso após ver uma pilha de papel com ela.
— Vejo que você explorou bem a diretoria no primeiro andar. Estes documentos não serviam para muita coisa antes do terceiro andar, mas a partir de agora eles poderão ser bem úteis.
Ainda com um rosto sem expressão, retornou para a cadeira.
“Um mapa que diz onde as moedas estão?”
Se for o caso, ela tem uma vantagem imensa nesta missão. Seol ficou até com um pouco de inveja.
— Na biblioteca do quinto andar vocês acharão uma máquina de itens.
“Máquina de itens?”
Todos ficaram confusos depois daquele anúncio.
— Aqueles que conseguirem achar muitas moedas poderão usá-las! Com certeza irão encontrar várias coisas que os ajudarão na sua jornada.
— Tipo o quê?
— Você irá descobrir assim que chegar lá, mas terão itens como comida, consumíveis, etc. — Por algum motivo, Han ficou encarando quem fez aquela pergunta, deixando Sang na defensiva. — Bem, se você tiver sorte, pode até conseguir algum item de proteção ou algo parecido. Além disso, também terão armas, bolas de feitiço…
“Armas? Bolas de feitiço”?
Seol franziu o cenho.
— Ou, quando colocar várias moedas na máquina de uma vez só, você pode ganhar itens especiais. Itens especiais como… — De propósito, fez uma pausa para criar tensão. — Um elixir lendário capaz de reviver os mortos.
— I-isso é verdade?
— Minha irmã pode ser revivida? Mesmo?
O Guia confirmou com a cabeça.
— Claro. Porém, deve-se cumprir vários requisitos antes. Definitivamente não será fácil. Você não deve achar que a ressurreição é algo fácil. — Aquela voz reverberou por toda a sala. Ele se levantou e caminhou em direção à saída, mas parou. — Não acharão nenhuma moeda se saírem agora. A caça ao tesouro só começará 30 minutos após o término da minha explicação.
Han encarou a sala, em silêncio, até perceber uma mão levantada.
— Por favor, diga.
— Por que coisas como armas, itens de defesa e bolas de feitiço estão disponíveis na máquina?
— Hmmm? Tem alguma razão para não estarem?
— Por que precisaríamos de coisas assim se a missão é pra ser fácil e agradável?
— Hehehe. Gosto de perguntas assim. — Pensou um pouco e depois respondeu: — Indagações como essa demonstram que o ouvinte não está apenas escutando o que lhe é dito, mas avaliando a situação. — Por enquanto, aqui está a resposta para a sua pergunta.
Nova mensagem do Guia
— Não estou mentindo. Se todos cooperarem, tudo será bem tranquilo. Até terão prazer. Posso garantir — disse, largando o giz e levantando um dos dedos. — E, se eu fosse oferecer mais uma dica, seria para prestarem atenção à Hora dos Mortos. Afinal, eles carregam um ódio sem fim contra todas as criaturas vivas.
“Hora dos Mortos!?”
Com pressa, Seol foi checar a mensagem.
Remetente: O Guia
1. Regras para a caça ao tesouro:
a) A sala 3-1 será a sua zona segura a partir de agora.
b) O período entre meia-noite até o meio dia de amanhã será designado como Hora dos Mortos
c) O fantasma, "Gaekgwi", e os Mortos não serão capazes de adentrar a zona segura
2. Requerimentos para o acesso ao sexto andar:
a) O acesso será permitido por meio da "chave do sexto andar", que pode ser obtida pela máquina de itens ao preço de 199 moedas ou pagando 499 moedas na porta.
3. Requerimentos para a ativação do portão:
a) O portão irá aparecer no meio do sexto andar 30 minutos depois do acesso ser permitido.
b) Quando o acesso ao sexto andar for peritido, a barreira de metal será removida imediatamente.
Quando levantou a cabeça, Han já não estava mais lá.
A caça ao tesouro começará em 30 minutos.
Estava rangendo os dentes.
“Claro. Era bem óbvio.”
— Ei, não era isso que você tinha falado! — Sangmin gritou, frustrado. O quê? Conseguimos acesso ao sexto andar e as barreiras de metal no segundo são removidas? Não é a mesma coisa que dizer que aquele monstro vai aparecer de novo!?
Seol também estava preocupado. A diferença de 30 minutos entre a abertura da porta do sexto andar e a ativação do portão era o problema. Além disso, também tinham que se preocupar com os Mortos.
— Assim, a gente não pode abrir a porta do sexto andar, voltar pra cá e ficar esperando os 30 minutos passarem?
— Tu é burro, porra? E se aquele monstro Gaekgwi estivesse esperando por você na entrada da zona segura? Aí fodeu tudo.
— Caceta. Nada é fácil. O que a gente faz, então?
— Bem, talvez não precise ser assim. — Seol começou a falar. — Nós saímos e procuramos o máximo de moeda que conseguirmos até meia-noite, depois ficamos aqui dentro esperando dar meio-dia de amanhã. Por fim, pegaríamos o máximo de armas e qualquer outra coisa que conseguirmos daquela máquina antes de abrir o sexto andar… — Estava prestes a terminar a frase com um “talvez a gente tenha uma chance”, mas não pôde.
Yun Seora e o homem de meia idade não estavam mais na sala. Mesma coisa com Kang Seok e os seus dois amigos. Apenas 7 pessoas continuavam ali.
— Bem, quer comer alguma coisa? A gente ainda tem algum tempo pra ficar vagabundando aqui.
Acenou com a cabeça em concordância. Estava morrendo de fome. Precisava recuperar as suas forças.
Quando começou a tirar várias coisas de dentro da sua bolsa, os olhares dos presentes se arregalaram.
— Vem. Vamos comer juntos. Você também, senhor Yi Sungjin.
— Eu…
— Você não encontrará moedas se sair agora. Vai ser melhor encher a barriga antes de começar.
— É, bem, obrigado.
— E você, Sang? — Ela continuava sentada na cadeira.
Seol foi perguntar o motivo dela não se juntar ao resto das pessoas, mas percebeu que ela ainda estava sem as calças.
— E-eu tava muito preocupada tentando entrar. A-acabei e-esquecendo…
— Não teria como você ir lá buscar agora?
— E-estou com medo.
Seol tirou a jaqueta e a ofereceu. Depois de usá-la para esconder a parte de baixo do corpo, conseguiu levantar.
— Parece que você passa fome — disse Sang depois de ver Seol comendo várias barras de cereal em uma única mordida.
“Também quero saber desde quando comecei a comer tanto assim.”
— Devíamos começar a ir atrás daquelas moedas logo, né? — perguntou um jovem que parecia estar na idade da faculdade.
— Sim. Você precisa de, no mínimo 100 pra passar.
— O Guia disse aquilo mesmo, não disse? Que dá pra reviver alguém.
— Hm? Sim, ele disse.
— É que eu vim com um amigo meu, sabe. E, bem, é que…
— E-eu também!! Eu vim com meu irmão mais velho, mas ele tentou me defender e… — Uma garota entrou no meio da conversa, mas não conseguiu terminar a frase e começou a chorar. Até mesmo encarou o Marca de Ouro em súplica.
Seol parou de comer. Estava um pouco pasmo. Ele já estava tendo dor de cabeça ao pensar em como passaria da missão, então o que essas pessoas queriam dizer?
“O que eles querem de mim agora?”
— Ei! Vamos comer em paz. Em paz! — disse Sangmin, parecendo zangado. — O que vocês pensam que estão fazendo? Não dá pra ver que ele tá muito cansado? Deixa ele comer quieto, porra!
— Eu só tô dizendo que…
— Quem dá uma foda!? Se quer reviver alguém, então faça isso você mesmo, tá bom? Sério, tudo que você precisa fazer é achar moedas o suficiente. O que acha que ele pode fazer?
O tom irritado deixou os dois nervosos. Não disseram mais nada. Se não fosse por Seol ter sinalizado com o olhar para o seu parceiro se acalmar, talvez uma briga ainda maior tivesse começado.
A refeição chegou ao fim e as pessoas se espalharam pela sala, esperando os 30 minutos chegarem ao fim.
— Tô te falando, não suporto pessoas iguais àqueles dois e não vou me dar bem com eles — disse Sangmin ainda irritado. — Bando de idiotas! Você mostrou o caminho até aqui, porra, até deu comida. Mas não, querem ainda mais. Será que eles não têm vergonha na cara!? — Ficou encarando a sala, incapaz de disfarçar a raiva, mas, por fim, abaixou a voz. — Você também deve ter cuidado.
— Quê?
— Até onde eu sei, aqueles dois estão achando que você é um faz tudo. Desculpa se você acha que eu tô me intrometendo. Mas em casos assim você tem que cortar logo, se você entende o que eu quero dizer.
Seol balançou a cabeça. Sabia que, por pouco, também quase havia sido rude com o jovem e com a garota.
— A natureza de uma pessoa só é revelada quando ela está no seu limite, certo? Agora que estão com a barriga cheia e mais confortáveis, estão agindo como dois mimados. Eu não gosto de gente como o Seok, mas, algumas vezes, as opiniões daquele arrombado não são tão erradas.
— Hm...
— Se você continuar sendo bonzinho eles vão pensar que podem tudo. Bem, de qualquer forma, não confie naqueles putos, beleza?
A caça ao tesouro irá começar.
Tempo restante até meia noite 05:29:59.
As pessoas começaram a sair da sala. Sangmin fingiu que estava tossindo para conseguir chegar perto de Seol de novo e terminar o assunto que havia começado um pouco antes.
— Tenho certeza de que você vai fazer o que for melhor para si. Tô indo. Te vejo de volta lá pela meia noite, ok? — Deu uns tapas no ombro do parceiro, pegou a sua bolsa e desapareceu na escadaria.
Quase que ao mesmo tempo, todo o andar pareceu ganhar vida. Ao perceber que alguém passou correndo na sua frente, decidiu se concentrar em achar moedas. Pensou que, ao coletar o máximo que pudesse, poderia conseguir alguma coisa.
O Diário de um Estudante Desconhecido foi atualizado.
Seol ficou parado pensando em que lugares deveria ir primeiro. Porém, logo depois, o seu celular indicou que havia recebido uma nova mensagem.
Remetente: Desconhecido
#4º andar, o corredor em frente à classe 3-1 (trecho de O Diário de um Estudante Desconhecido.
— 4º andar, sala 3-1, dentro do pódio do professor (4)
— 4º andar, sala 3-2, dentro da quarta carteira na segunda fileira (1)
— 4º andar, sala 3-3, dentro do primeiro armário (2)
— 4º andar, sala 3-4, na soleira da janela virada para o corredor (3)
— Olha só.