Volume 1

Capítulo 4: Reunião dos Reis

               Há alguns meses

Alguns meses antes daquela que seria uma declaração de guerra, acontecia uma reunião que contava com a participação dos reis dos reinos que haviam repartido Mioria há bastante tempo. Hoje em dia atendiam por novos nomes.

O reino de Tirasul, localizado no norte do continente. Aclasia, localizado no centro, e por fim, Acácias, localizado no sul.

Esses reinos se reuniam a cada quatro anos, visando realçar os laços e renovar o acordo de paz firmado há muito tempo.

As discussões nessas reuniões eram as mesmas de sempre, cada rei trazia propostas para melhorias e crescimento de seus reinos.  Caso a proposta fosse bem aceita e aprovada pelos dois reis adversários, seria implementada. Caso não, seria descartada.

— Bom, é tudo — afirmou um homem baixinho e barbudo ao lado de um homem que estava sentado sobre uma cadeira que misturava as cores brancas e dourada. Seus olhos amarelos enfrentavam os demais monarcas dos reinos de Acácias e Aclasia.

Eles eram separados por uma mesa redonda coberta por um pano branco e adornada por um vaso de flores brancas.

As paredes cor de creme da sala se reuniam no topo da cúpula onde estava um lustre dourado, e as janelas nas laterais forneciam a vista de uma bela paisagem esverdeada.

Cada rei tinha direito a trazer um acompanhante, este que seria o porta-voz e leria a proposta em alto e bom som para todo mundo.

A reunião tinha o costume de ser realizada no reino sorteado. Sorteio este feito por pedaços de papéis. Dessa vez havia calhado no reino de Acácias. Um reino conhecido por sua vasta riqueza na fauna e na flora, localizado na região sul do continente.

O reino de Acácias estava sob o governo da rainha Sophia Acácias. Os ideias da rainha Sophia eram tão pacifistas que eram totalmente contra a escravatura, o que concedeu liberdade definitiva aos Miorianos cativos no reino de Acácias.

Uma das vilas de Acácias em que o povo de Mioria vivia ganhou estatuto de cidade quando Sophia passou a governar esse reino. O povo de Mioria passou a se tornar parte do povo de Acácias. Claro que isso incomodou Araque, atual rei de Aclasia que insistia em manter os Miorianos como escravo.

O reino de Tirasul, por sua vez, havia feito um acordo com os Miorianos, ao qual eles pagariam impostos e não seriam obrigados a trabalhar como escravos. Apesar de altos, era melhor do que nada. Mas não mudava que o povo de Mioria em Tirasul ainda era tratado como seres de classes inferiores. No entanto, Sophia não tinha muitos problemas com esse reino, era o reino de Aclasia que a preocupava. Não precisava de viver lá para saber como o rei Araque tratava os seus escravos, de uma forma desumana.

— Agora é a vez da rainha de Acácias, Sophia — disse um homem de terno e cabelos brancos. Ele era o responsável por gerenciar essas reuniões entre reinos.

Sophia olhava com seriedade para os demais reis. Estava prestes a apresentar a sua proposta, era a última. O acompanhante de Sophia era um homem de meia-idade e cabelos cinzentos, carregava em mãos um papel contendo as propostas.

— Bom... — Colocou o punho sobre os lábios e tossiu de leve. — Visando o artigo 1 do acordo de paz firmado entre os três reinos, farei agora a leitura da proposta realizada pela excelentíssima rainha Sophia Acácias.

Os reis e seus acompanhantes prestaram atenção.

— Eu, Sophia Acácias, venho por este meio propor que o reino de Aclasia liberte os seus escravos sobre condições de impostos, assim como fez o reino de Tirasul. Não acho justo escravizar seres humanos, é desumano. Todos podemos viver juntos e em paz. Sinto que, se o povo de Aclasia chegar a um entendimento conciso com os escravos, grandes lucros sobrevieram para ambos os lados. Isso diminuirá a chance de revolta e aumentará a qualidade de trabalho, sem precisar abusar da violência extrema... — O acompanhante de Sophia foi interrompido pelo punho do rei de Aclasia que desceu contra a mesa. Os olhos dos demais monarcas caíram sobre o rei Aclasia, observando a nítida insatisfação no seu rosto pela proposta da rainha Sophia.

— Isso é um completo absurdo! Proposta recusada!

— Calma, rei. Deixe que o meu acompanhante chegue ao fim — disse a rainha num tom calmo. Seus olhos esverdeados enfrentavam os olhos em chamas do rei Araque.

— Escuta aqui, Sophia. Desde que esse acordo foi feito, nenhum reino interferiu nas decisões dos outros. Seu pai em vida jamais havia feito isso e acha mesmo que isso mudará agora?!

— Eu peço humildemente que reconsidere a minha proposta.

— Não tem o que reconsiderar. Eu ouvi demais! — gritou o rei Araque, enquanto franzia o cenho. O rei de Tirasul que observava aqueles dois, decidiu intervir antes que aquele simples diálogo tomasse rumos catastróficos.

— Araque tem razão, Sophia. Os escravos são deles, e ele faz o que bem entender com eles.

— Perdão, meus senhores. Eu apenas quis apresentar a vós uma proposta de paz. No entanto, vejo que o rei Araque Aclasia se recusa a aceitá-la.

— Sim, eu me recusarei quantas vezes for necessário! — O rei se levantou de sua cadeira. — Se me derem licença, estou saindo. Preciso esparecer um pouco antes de voltar ao meu reino!

O rei Araque, acompanhado de seu servo e do gerenciador, foi levado à sala do banquete que havia sido preparada para os reis após o término da reunião. Lá, o rei sentou-se em uma cadeira. Seus olhos passeavam pela sala toda adornada com iguarias e ornamentos florais. O gerenciador encurvou a cabeça e deixou o rei e o seu acompanhante só, retornando à sala de reuniões.

O rei bateu com o pé naquele chão prateado que refletia a imagem do seu rosto.

— Albert, não estou gostando nada disso!

— Tem calma, meu senhor. A rainha deve se sentir apreensiva pela sua falecida mãe.

— E o que eu tenho a ver com isso?! — O rei olhou o homem de jaleco e óculos quadrados.

— De fato, senhor.

— Espero que aqueles experimentos terminem logo! Não vejo a hora de destruir esse reino e tomá-lo para mim!

— Senhor, fale baixo. As paredes têm ouvidos. Se lhe ouvem falar disso, pode ser que uma guerra se inicie.

— Tem razão, Albert. Acho que me deixei levar. — O rei pegou uma das maçãs na mesa ao lado e mordiscou um pedaço dela. Mais tarde, os reis de Tirasul e Acácias chegavam à sala onde se daria o banquete. Sophia, a pedido do rei de Tirasul, desculpou-se com o rei e prometeu não se intrometer mais nos assuntos do seu reino.

O rei aceitou aquele pedido de desculpas, mas, no fundo, ambos sabiam que aquilo não terminaria ali.

Após longas horas de espetáculo e diversão apenas aos reis e seus acompanhantes, os dois reis se retiraram. Em suas carruagens, voltaram aos seus respectivos reinos.

 

                          (...)

 

Sophia, sentada em seu trono, lamentava por ter fracassado em persuadir o rei a conceder liberdade aos Miorianos.

— Rainha! — As portas se abriram, entrava por elas uma serva na sala do trono. A atenção de Sophia foi despertada, seus olhos passaram a observar uma mulher vestida com roupas de empregadas.

— Clementina?

Clementina encurvou a cabeça e olhou para a rainha seriamente.

— Rainha! Tenho algo que a rainha precisa saber com urgência!

— Se é sobre sua nova receita, não tenho tempo para isso. Volte mais tarde. — Clementina, além de cozinheira real de Sophia, era sua serva pessoal e comandante das demais servas. Conhecida como a serva chefe, tinha a toda confiança de Sophia e podia-se dizer que ambas eram muito amigas nas horas vagas.

— Não! É sobre o reino. Ele corre perigo!

— Perigo? Que história é essa, Clementina? — questionou Sophia, estupefata com a declaração que sua serva pessoal fazia.

— O rei daquele reino... — Clementina colocou a mão na cabeça na tentativa de forçar sua mente a se lembrar o nome do reino. — Como se chama mesmo? Ah! Acho que é a Aclasia. Sim, isso!

— E o que tem esse reino? — questionou Sophia, mostrando mais interesse. Clementina havia capturado toda a atenção da rainha.

— Bom. Hum... Eu ouvi uma conversa entre o rei e o seu servo. Aquele de óculos, sabe?

— Sim?

— E eles falarão de algo estranho.

— Seja direta, Clementina. Sem rodeios, por favor.

— Eles estão fazendo experimentos estranhos e planejavam destruir o reino de Acácias e tomá-lo para eles! — Clementina emitiu freneticamente e respirou profundamente, como se tivesse tirado um peso de suas costas.

Sophia arregalou os olhos, incrédula pela revelação que sua serva lhe dava.

— O que!?

— Foi o que ouvi, não sei se estavam brincando. Mas seus rostos estavam sérios. E mais, o quatro-olhos falou que as paredes têm ouvidos, então dificilmente essa informação seria brincadeira... — disse Clementina. De fato, aquela informação não parecia ser mentira, muito menos brincadeira. Clementina não tinha o porquê de mentir sobre algo tão sério. Na verdade, nunca havia mentido para Sophia e aí dela se o fizesse.

— Tem certeza que ouviu direito? O que me diz é muito sério.

— Tenho. Esses ouvidos ouviram tudinho!

— Obrigada, Clementina! — Sophia sorriu levemente, mas logo voltou a sua expressão severa. — Essa informação sem dúvidas muda o curso das coisas.

— O que a senhora pretende fazer?

— Por favor, chame a Capitã Helena, a vice-capitã e o conselho real.

— Como desejar, majestade! — Clementina concordou com a cabeça e se retirou da sala do trono.

Sophia cerrava o punho enquanto olhava para o quadrado que ilustrava ela de vestido sentada numa cadeira enquanto sua irmã de armadura carregava seu irmão casula no colo.

— Araque...

Ao passo que, enquanto a rainha observava o quadro real, Clementina vagueava pelos corredores do palácio à procura do conselho real e das capitãs. Chegou a ordenar alguns soldados aos arredores para ajudarem na procura, que assim facilitaria seu trabalho.

Os soldados acharam o conselho real e os informaram da chamada da rainha à sala do trono. Clementina conseguiu encontrar apenas a capitã Helena na biblioteca. A vice-capitã não foi encontrada, as buscas continuaram.

As portas da sala do trono abriram, Sophia os aguardava com ansiedade. O conselho real e a capitã Helena. O conselho trajava vestes de nobres com mantos que chegavam a rastejar no chão. A capitã Helena vinha apresentada de sua armadura prateada, sempre com um sorriso no rosto.

— Por que nos chama, irmã? — questionou a capitã Helena.  Além de capitã, Helena Acácias era a irmã mais nova da rainha, o que fazia dela a princesa de Acácias. Os olhos de ambas eram verdes, diferenciadas por seus cabelos. Enquanto o de Sophia era marrom, o de sua irmã era amarelo, semelhante a um girassol.

— Faz tempo que não nos solicita — emitiu uma mulher de olhos castanhos e longos cabelos negros que tocavam seu manto azul.

— Deve ser algo bem sério — disse um homem de cabelos e olhos negros que combinava com o designer de suas vestes negras.

— Ledare está certo — Sophia assentiu. — Algo que pode colocar em causa o acordo de paz firmado entre os três reinos.

— O que?! — Helena arregalou os olhos, assim como os demais. Todos estavam estupefatos. Quebrar o acordo de paz resultaria em guerra.  Uma guerra podia acontecer a qualquer momento, era o que a rainha pretendia dizer com aquelas palavras.

— Por que? — questionou um senhor de olhos negros e cabelos cinzentos. Ele era o chefe do conselho real de Sophia. — Pensei que tinha acabado tudo bem durante o banquete entre os reis. Ninguém havia saído insatisfeito.

— Nem tanto, Marloque. No entanto, foi a informação que recebi hoje que coloca em jogo o acordo de paz.

— Informação? — questionou Helena.

— Sim. A Clementina ouviu uma conversa secreta entre o rei e o seu servo.

— Conversa? Isso realmente pode colocar em jogo um acordo de anos? — questionou Marloque.

— Bem. Dependendo do que for, sim — disse Helena olhando para Marloque.

— O rei Araque Aclasia planeja destruir e tomar Acácias através de umas experiências secretas.

— Hã? — indagaram, expressando a mesma incredulidade que Sophia havia demonstrado quando recebeu a informação de Clementina.

— É isso mesmo. Araque é inimigo, sempre foi.

— Espera. Não seja precipitada, Sophia. Não há provas, foram apenas falácias jogadas ao vento. Nem sabemos se essa empregada fala a sério.

— Clementina não mente! — afirmou Helena, olhando feio para Marloque.

— Não há motivos para ela mentir — disse Sophia.

— No entanto, continuamos sem provas. Não podemos fazer algo sem provas que legitimam as palavras pegadas ao vento pela empregada.

Para o chefe do conselho real, Marloque, as palavras proferidas por Clementina eram vãs. Isso porque seria loucura tomar apenas palavras ouvidas em secreto como argumento para quebrar o acordo de paz. Eles precisavam de provas contundentes e sólidas para ir contra o rei Araque Aclasia.  Sem provas, nada se podia fazer.

— Eu sei. É por isso que planejo enviar um espião para Aclasia.

— Acha isso seguro? — questionou Helena.

— Eu não tenho problema quanto a isso. Se isso de fato for provar algo — disse Marloque.

— É o único jeito. Eu preciso agir antes que seja tarde demais — emitiu Sophia com um olhar sério. Um olhar de quem estava determinado a provar custe o que custar que aquele rei era um ser ordinário e desumano que não media esforços para alcançar quaisquer que fossem os seus objetivos.

Mais tarde, a Vice-Capitã compareceu à sala do trono. Neste período, foram abordadas as estratégias que seriam realizadas para implantar o espião no reino de Aclasia e quem seria o espião ao qual enviariam. Não podia ser qualquer pessoa, tinha de ser alguém forte e perspicaz. Alguém ágil, sutil e astuto como uma serpente. A vice-capitã de Acácias se enquadrava em todos esses aspectos, ela seria a espiã que desvendaria tudo quanto fosse planejado por Araque Aclasia.

 

                         (...)

 

Ao fim de alguns dias, a vice-capitã partiu ao reino de Aclasia. A vice-capitã, como espiã, teria a função de desvendar todos os planos de Araque e assim que conseguisse enviaria uma carta revelando as verdadeiras intenções do mesmo. Assim se fez, porém, dias se passavam e a carta da espiã nunca mais chegava. Meses após meses e nada dela. Sophia estava ficando preocupada com essa demora. Ela havia sido descoberta? Tal pensamento fazia o coração de Sophia desmoronar. Mas, ainda assim, não havia perdido a esperança, tinha fé de que a carta viria.

— Com sua licença, minha rainha.

A mulher inclinou a cabeça à rainha assentada no trono e retirou-se. Ao passo que a capitã Helena adentrava pelas portas da sala do trono. A mulher encurvou a cabeça à mesma e prosseguiu. As portas fecharam, deixando Sophia a sós com sua irmã.

— Por que está com o rosto abatido, minha irmã? — questionou Helena, observando o semblante triste de Sophia enquanto vagueava os olhos em alguns papéis.

Dando-se conta da presença de sua irmã, Sophia pousou os papéis no braço do trono da cadeira e olhou para ela.

Ah... É você, Helena?

— Euzinha! — Helena deu um sorriso enquanto levantava o braço ao alto.

Ah, eu aparento estar com o rosto triste?

— Sim. — Helena assentiu.

Ah, é que ainda não recebi notícias dela. Me preocupa muito saber que algo pode ter dado errado.

— Não se preocupe, minha amada irmã. Ela com certeza dará notícias! Afinal, é dela que estamos falando!

— Assim espero. A propósito, Helena. Quero lhe pedir um pequeno favor.

— Não vai nem me ouvir primeiro? Calma, rainha. Uma coisa de cada vez.

— O que eu tenho a pedir é tão rápido que não levará um segundo do seu tempo.

— Um. Acabou — riu Helena.

— Só se for um milésimo.

Helena riu novamente.

— Isso não conta!

— Conta. Mas bom, deixemos as brincadeiras de lado. Quero que você vá ao rio esperar pela carta da espiã.

— E o servo encarregado?

— Ficou doente. A prima que acabou de sair é que veio me informar que ele não poderá voltar ao trabalho por uma semana, então, como você está aqui agora, você pode aproveitar e esperar por lá enquanto eu tomo providências para uma substituição. Algum problema?

— Eu bem que pretendia ir ao rio hoje mesmo, então não será problema. Pode deixar comigo! — Helena sorriu e levantou o polegar.

— Perfeito. Então, me diga o motivo de sua vinda à sala do trono.

— Vim entregar o documento sobre o orçamento do exército do próximo mês. — Helena retirou um papel dourado de sua bolsa de couro agarrada à cintura.

Ah, mas isso não é comigo, é com o governador.

— Acontece que o governador ficou doente e, como eu sei que no final você é quem dá a ordem final, vim ter contigo logo. Acho desnecessária essa toda burocracia.

— Todo mundo ficando doente nessa cidade — Sophia suspirou, colocando a mão sobre a testa. — O que está acontecendo?

— Espero que não seja um surto.

— Vira essa boca para lá, Helena! Está repreendida!

Helena riu da cara de reprovação que sua irmã fazia.

— Certo. Certo. Que isso nunca aconteça!

— Traz logo esse papel. Eu ainda tenho muita coisa por aprovar!

Helena subiu os quatro degraus ao trono de sua irmã e lhe entregou o papel. Sophia começou a lê-lo cuidadosamente e então tomou uma prancheta, a qual usou para apoiar o papel em suas coxas. Ela colocou o anel sobre, deixando uma mancha negra no formato de um brasão de flores cravado no papel.

Uma maneira de evitar falsificação de documentos era essa, que os papéis tivessem o carimbo real da rainha. Claro que o carinho real poderia ser derivado de qualquer governante, mas o da rainha era o que tinha mais peso. E isso evitava muita corrupção.

— Pronto! Vê se tenta reduzir os gastos também. Nós nem estamos em guerra e o exército gasta tanto assim.

— Tentarei!

Helena levou o papel e o colocou de volta na bolsa. Em seguida, entregaria o papel ao banco de Acácias e, assim, receberia o dinheiro necessário para suprir as despesas do exército no próximo mês. Era uma das funções da capitã do exército gerenciar o pagamento dos soldados.

Logo após receber a aprovação da rainha, Helena prosseguiu ao banco, onde entregou o papel para o próximo mês. E então, montada em seu cavalo, partiu para o rio, onde esperaria pela carta da espiã.

 

                          (...)

 

O rio Aclá, cujas correntezas das águas eram fortes, podendo arrastar qualquer um que quisesse se aventurar. O vento estava forte, algumas nuvens negras surgiam no céu. Era um claro prenúncio de chuva. Helena declarou que não ficaria ali por muito tempo. Esperaria mais alguns minutos enquanto jogava pedras ao rio vezes sem conta.

Suspirou e, quando cansou de esperar, decidiu voltar ao palácio. No entanto, um simples vislumbre foi suficiente para fazê-la mudar de ideia. Avistou um livro sendo arrastado pela correnteza. Se ela não se apressasse a pular, poderia perder o livro para sempre.

Helena não perdeu tempo e saltou ao rio, nadando contra o rio agitado. Ela esticou seu braço ao limite e suspirou de alívio quando finalmente conseguiu pescar o livro.

"Missão cumprida!" Helena saiu dali o mais rápido possível. Encharcada e em terra firme, Helena notou que o livro não estava molhado, a água apenas deslizava pela capa. De que era feito esse livro mesmo, de que material era? Ela não sabia dizer. O fascínio em seus olhos ao contemplar aquele livro era notável.

Desde criança, ela nutria um grande amor pelos livros, uma inexplicável paixão. Ver mais um livro para explorar a deixava com os olhos cintilantes. Agora o tédio havia acabado, tinha o que passar tempo enquanto esperava pela carta.

— Pela capa parece ser sobre magia. Quem será o idiota que jogou um livro tão bonito quanto esse no mar?



Comentários