Volume 1

Capítulo 19: De volta ao vilarejo

Após deixarem o soldado ferido no centro médico, Melquiore e Florento tomaram caminhos diferentes, e o soldado que guarnecia o portão voltou ao seu posto.

Florento voltava a sua casa às pressas.

Depois de tantos passos largos, com o corpo todo transbordante de suor, ele havia finalmente chegado em casa em segurança.

Ao bater a porta da casa, quem veio lhe receber era uma das empregadas; dessa vez, a sua mãe biológica, que lhe deu um abraço caloroso e o repreendeu por ter chegado tarde.

No entanto, Florento havia lhe contado o motivo de tanto atraso, o que deixou sua mãe aquietada.

Apesar de mãe legítima, ela não tinha nenhuma regalia como empregada.
Tinha de se contentar com o poder tratar Florento como seu filho, embora ele tivesse mais apreço pela sua mãe adotiva.

Com beijos na bochecha e abraços, Florento dirigiu-se ao seu quarto, pelo que ouvira da sua mãe biológica que todos estavam em seus quartos. Seu pai também havia voltado de sua longa viagem e encontrava-se no aposento com sua esposa.

Ao abrir a porta do seu quarto, Florento acendeu o candeeiro e contemplou Miomura deitado em sua cama, olhando pela janela o céu todo estrelado.

— Você é sombrio. Como pode ficar num lugar escuro?

Notando a presença do Florento no quarto, Miomura assustou-se e assentou-se com postura reta sobre a cama.

Ah, Florento! Já chegou?

— Se não tivesse, não estaria aqui — Florento riu.

— E então?

— E então que eu trago boas notícias para você e seu povo.

Aquelas palavras alegraram o coração de Miomura. Um sorriso se abriu na expectativa do que Nádia teria lhe dito anteriormente, que o capitão Melquiore havia de ajudar o povo de Mioria de alguma forma.

— Amanhã partiremos ao vilarejo de Mioria e tomaremos nove pessoas.

Hã? — indagou Miomura, confuso.

— Isso mesmo que ouviu, amanhã tomaremos nove pessoas da sua vila para o treinamento em Aclasia.

— E as armas para o meu povo? Ou a revogação do decreto? Pensei que fosse algo do tipo — Miomura lamentou. Nove pessoas treinarem não era nada, se comparado à multidão de pessoas de seu povo que participaria na guerra.

— O capitão não tem condições para dar armas ao seu povo ou para revogar o decreto, Miomura — afirmou Florento. — Isso é o máximo que ele pode fazer pelo seu povo. Considere muito, porque se o rei descobre, ele ficará em maus lençóis.

— Isso é um absurdo! — Miomura reclamou, indignado. — O que nove pessoas irão fazer sozinhos?

— Na verdade, dez contigo. Mas bom, o Capitão Melquiore irá treinar essas nove pessoas pessoalmente, passando-lhes táticas de guerras que podem ser ensinadas ao seu povo.

Miomura deu um suspiro aborrecido.

— Mas isso não vai adiantar muito, porque não teremos armas para guerrear.

— Ei, para de reclamar — Florento estreitou os olhos. — Isso é melhor que nada. Seja grato pela benevolência que o capitão te ofereceu.

Miomura deu suspiro pesado.

— Você tem razão.

— Eu sempre tenho razão — Florento riu, cruzando os abraços enquanto observava Miomura em sua cama. A essa altura, ele se apoiava na parede tingida de branca. — Agora não se esqueça, tudo isso será feito em secreto. E um alerta do capitão, cuidado com quem escolheremos para participar dos noves que irão treinar.

— Como assim?

— Se qualquer coisa der errado, seja por culpa sua ou dos demais membros, não teremos escolhas se não os silenciarmos.

Miomura engoliu em seco. Ele passou a noite inteira, pensando nas nove pessoas que escolheria para participar do treinamento secreto em Aclasia. Gabriel era o primeiro da sua lista, seu melhor amigo que jamais quebraria sua confiança. Entretanto, depois dele, não tinha outro que confiasse, se não os mais velhos, que segundo o Florento não poderiam participar. Tinham de ser jovens apenas. Isso porque o pretexto que Melquiore usaria para infiltrar os noves jovens é que eles vieram do norte de Aclasia, junto dos outros soldados novatos, para auxiliar os outros.

Agora, com os mais velhos, isso não funcionaria muito bem, tendo muitos outros elementos em causa. Por garantia, Melquiore não queria arriscar em nada, pois poderia se dar mal caso isso fosse descoberto.

— Não consigo pensar em mais ninguém, se não no Gabriel! — Miomura gritou na calada da noite, enquanto dormia deitado no sofá, observando o candeeiro aceso.

Ao passo que Florento a esta altura, estava rocando em sua cama coberto por seu cobertor feito de lã.

Miomura decidiu apagar a luz, assim pensaria bem. Embora Florento o advertisse para não apagar, porque ele tinha medo da escuridão. Alegava ter uma imaginação sensível e contemplava monstros inexistentes, ocultos nas trevas.

Mesmo na escuridão, Miomura não conseguiu pensar em nada, descartava Thomas e companhia por andarem sempre às brigas.

                                 (…)

O amanhecer chegou, o galo cantou, as aves cantalovam no telhado daquela casa e Miomura havia ganhado olheiras de uma noite não dormida.

— Você não dormiu? — Florento arregalou os olhos, impressionando.

— Infelizmente não. — Miomura bocejou, esfregando os seus olhos. — Eu só consegui pensar em uma pessoa.

— Sério que você só tem um amigo? Pensei que tivesse vários.

— Você não tem um sequer. Por que preciso ter?

— Bom, faz sentido — Florento riu e esticou os braços, seguido de um bocejo. — Mas isso é um problema, porque se não vocês terão de treinar apenas dois.

— Talvez eu fale com o chefe Zora!

— Quem é esse?

— É o chefe dos escravos. Ele, sim, pode me ajudar na escolha das nove pessoas — Miomura soltou um leve sorriso. De fato, o Mioriano Zora, como chefe dos escravos, possuía uma grande influência e conhecimento sobre seu povo, conhecendo a dedo um a um.

— Ah, mas combinamos deixar os mais velhos de fora. Se ele souber, com certeza quererá fazer parte, ou pior, por ser chefe poderá contar a todo mundo.

— Não se preocupe, Florento. — Miomura assegurou-lhe, confiando nos anos de amizade que teria formado com o chefe. — O chefe Zora sabe guardar segredo.

— Saiba que são vidas em risco — alertou Florento, o olhando severamente. — Caso dê errado, o tempo não irá voltar e pode ser catastrófico.

— Eu coloco a minha mão no fogo por ele.

Com essa declaração, Miomura e Florento lavaram seus rostos no banheiro e seguiram à sala de jantar, onde estava preparado um banquete para a família Larthe.

Os olhos esverdeados de Miomura não paravam de cintilar, por contemplarem variedades de manjares que jamais pensou em provar na vida. Os talheres e os pratos eram prateados, reluzentes à luz do candeeiro dourado.

Assentados na mesa, estavam os pais adotivos de Florento.

— Então esse é o menino de quem me falou, Nádia… — O homem, assentado na cadeira num misto de bordas douradas e carmesim, vagueava seu olhar no jovem em seu traje de roupas nobres. Roupas emprestadas do Florento, que lhe assentavam como uma luva. Não era de se esperar, pois ambos detinham a mesma altura.

— É ele, sim, Ricar — Nádia sorriu, assente ao lado do seu marido, em uma cadeira semelhante à sua.

— Pai!  Ele é o Miomura! — Florento enfim o apresentou. — Ele é... — Florento não sabia se deveria contar a verdade ao pai adotivo, sua resposta foi tão demorada que o seu pai interveio.

— Não precisa tentar mentir. Sua mãe me contou tudo, ele é Mioriano e vem da vila de Mioria, não é?

— É sim — admitiu.

Miomura permanecia quieto, não sabia o que dizer. Apesar de admirar aquela toda luxuosidade, no fundo, estava constrangido e quase vermelho quanto um tomate.

Aquele não era o lugar dele, não se podia deixar levar por aquela luxuosidade. Tinha uma missão e era salvar o seu povo, havia prometido isso a sua irmã e ao seu amigo.

— Jovem? — chamou o homem de terno, cujo bigode era grosso.

— Meu nome é Miomura — afirmou com um leve sorriso. — E muito obrigado pela hospitalidade! — Encurvou sua cabeça.

O homem sorriu, acenando com a cabeça.

Florento bateu em seu ombro.

— Sentemos.

Nádia sorriu, observando ambos sentarem-se. No entanto, seu marido parecia estar um pouco incomodado pela presença daquele jovem naquela casa.

Mas bom, suspirou e decidiu deixar estar.

Assim, o pequeno-almoço havia se iniciado, ao som de suas bocas que teciam diálogos a respeito do reino. O tema principal era a guerra iminente contra Aclasia. Nádia temia pela vida do seu filho, pedindo ao mesmo que permanecesse em casa a salvo, porém, Florento permanecia irredutível.

Seu orgulho falava mais alto. Seu pai também o apoiava. Miomura nada dizia, apenas provava daqueles manjares deliciosos.

— Bom, pai, mãe, estávamos indo. — Acenou Florento aos seus pais, que permaneciam lado a lado na porta.

— Cuidem-se — desejou Nádia.
— E voltem em segurança.

Florento não havia contado a sua mãe que eles regressariam ao vilarejo e tomariam nove pessoas, para evitar preocupá-la, segundo o pedido de Melquiore.

Para ela, Miomura e Florento iam apenas a mais um treinamento no campo de treinamento de Aclasia e que a situação do povo de Mioria ainda estava por ser resolvida.

— Voltaremos!

Com isso, a longa caminhada em direção ao vilarejo de Mioria teve seu início. Florento havia levado uma máscara em suas mãos para evitar que qualquer oficial reconhecesse o rosto do Miomura.

Pelo caminho, tiveram acesso a uma caravana, que os levou rapidamente ao portão que dava acesso ao vilarejo de Mioria. Agora, estavam em frente às portas, prestes a cruzar a fronteira que separava os escravos dos nobres.

 

                       (…)
              

Por outro lado, no vilarejo de Mioria, Yara acordava de sua cama, esperançosa de que seu irmão estivesse em seu quarto. Ela ergueu os braços ao alto, a luz do sol transpassou a janela em aberto do seu quarto, tombando sobre a cama.

Querendo averiguar se o seu irmão havia voltado, caminhou em direção ao quarto e abriu a porta vagarosamente, espreitando pouco aos poucos. Aquele todo suspense não adiantou nada, Miomura não estava ali. Sua cama estava vazia e arrumada desde o dia em que ele teve a ideia de se aventurar novamente em Aclasia.

Yara entristeceu-se, seu coração de súbito começou a palpitar mais do que o normal. A preocupação a devorava lentamente, trazendo a sua mente a possibilidade de seu irmão ter sido pego ou morto. Arrependeu-se amargamente de tê-lo deixado ir, pior, de não ter enterrado o soldado ferido.

Eram tantos problemas para uma só menininha. Lágrimas caíam dos seus olhos, e em seu coração veio a falta que sua querida mãe fazia.

— Yara!

Ao ouvir a voz do pai, Yara enxugou suas lágrimas e foi ter com ele na sala de estar, fechando a porta do quarto.

— Pai, acordou tão cedo hoje…

Seus olhos contemplavam seu pai assentado no banco de madeira, com o copo de água sobre a mesa.

— Mas esse é o horário em que eu sempre acordo para trabalhar. Só que dessa vez não tem trabalho.

— Verdade — Yara sorriu.

— Bom, é hoje que o Miomura volta, certo? — Rymura, que observava seu pequeno reflexo naquela água, pegou o copo e a bebericou rapidamente.

— Sim, eu acho — afirmou Yara, hesitante.

— Acha? Ele tem de voltar hoje! — Rymura pousou o copo bruscamente na mesa, causando um estrondo grave.

Yara lançou um sorriso torto enquanto entrelaçava suas mãos.

— Bom, eu vou à reunião agora.

— Reunião?

— Sim, parece que o chefe aldeão vai falar sobre a nossa situação.

Ah, mas e isso vai mudar alguma coisa? — questionou Yara, aproximando-se da mesa. — Digo, não é mais fácil tentarem treinar com facas ao invés de perder tempo discutindo um problema sem solução.

— Faca? — Rymura riu enquanto se levantava daquele banquinho. Yara levantou uma das sobracenlhas, sorrindo confusa.

— O que foi? É uma ideia.

— Só você para me fazer rir, filha! Hahahaha! Faca contra espada?

— É melhor que nada, não acha?

Rymura suspirou e começou a caminhar em direção à porta.

— Acho. Vou propor a ideia da minha filhinha genial! Tenho certeza de que vão adorar!

— Eu dou uma ideia e ele zomba? Que pai eu tenho! — Yara deu um suspiro aborrecido, mas seu coração estava tranquilo, pois havia colocado seu pai de bom humor.

— A ideia é ótima, só que engraçada. Desculpa, não estou zombando, hahaha! — Abriu a porta. — Mas agora é sério, vou propor mesmo e tenho a certeza de que ela será aprovada, dada a situação.

— Isso aí! — Yara cerrou o punho e seu pai fechou a porta, dando um último sorriso para ela.

— Faca, sinceramente! — Yara pôde ouvir sua voz lá de fora. Deu um suspiro profundo e assentou-se em um dos banquinhos.

— Irmão, onde estás?

As palavras de Yara foram levadas pelo vento.

 

                              (…)

 

Ao passo que, neste momento, seu irmão caminhava ao lado do Florento pelas colinas do vilarejo de Mioria.

— Eu tenho de confessar, nunca tinha pisado aqui — afirmou Florento com os olhos postos naquela paisagem esverdeada que cercava o vilarejo. — Tenho de confessar que é lindo.

— Aqui é tudo natural!

— É. Parece que sim — assentiu Florento. Mais adiante, contemplavam casas de palhas, uma montanha delas. — Sempre me perguntei o porquê de Aclasia não ter um solo frutífero.

— Vai ver a natureza não goste do rei, daí decidiu vir morar aqui.

— Não fala isso nem brincando — Florento riu. — Imagina se o rei te ouve!

— E o que tem? Ele não está aqui mesmo! — Miomura riu, um forte vento batia contra o seu rosto.

Agora, eles estavam no interior do vilarejo de Mioria, sendo alvo de olhares estranhos.

As pessoas murmuravam entre si, novamente os soldados haviam voltado ao vilarejo. Seus corações estavam temerosos, procuravam manter distância daqueles soldados.

"Não temos um minuto de paz"

"O que fizemos agora?"

"Terá a guerra começado!! Tem piedade de nós, por favor!"

Esses murmúrios chegavam ao ouvido dos dois jovens.

— Parece que o Tio Valdes e Melquiore traumatizaram sua gente, Miomura.

— É — Miomura assentiu. Ele não havia sido reconhecido por seu rosto estar coberto por uma máscara e por seu cabelo estar bem cuidado, com alguns cremes emprestados do Florento. Naquele momento, apenas a voz dele o podia denunciar.

— Bom, façamos isso rápido.

Miomura assentiu com a cabeça. Eles prosseguiam à casa do chefe aldeão, a passos largos, buscando evitar causar tanto alvoroço com sua presença no vilarejo.

                           (…)

Por outro lado, o chefe de aldeão ainda não havia saído de sua casa, ele estava assentado em sua mesa, comendo alguns pães ao lado de sua família composta por mulheres apenas. Ele não tinha filhos, apenas filhas, o que por muitas vezes o decepcionava por não ter herdeiros para o seu legado como chefe.

Eram quatro filhas ao todo, duas menores e duas mais velhas. Sua esposa não estava mais presente, havia falecido quando deu à luz a quarta filha.

Desde então, Zora vive na companhia de suas filhas. Apesar de desejar um herdeiro, era feliz na companhia de suas filhas.

— Pai, não está atrasado para tal reunião? — Indagou a mais velha, recolhendo o prato da mesa, os quais continham migalhas de pães e resquícios de sopas.

— É verdade, filha! Mas, de barriga vazia, a voz não saí! — Zora riu. Suas outras filhas, assentadas na mesa, riram-se, seu pai era bastante piadista.

— Tinha que ser você, pai! — afirmaram as mais velhas, mas logo aquele ambiente de paz e harmonia foi interrompido com o bater da porta. Três batidas consecutivas.
A segunda filha mais velha foi atender, enquanto seu pai terminava de beber água para, por fim, sair a caminho da reunião que teria organizado.

Ao abrir a porta de bambus, a segunda filha mais velha arregalou os olhos ao contemplar dois soldados.

— Olá! — cumprimentou Florento em um aceno.

— D-D-Desculpa, mas essa é casa errada! — A segunda filha mais velha fechou a porta bruscamente.

De fora, Miomura e Florento ficaram espantados, mas nada fora do esperado, afinal a aparência deles havia intimidado a mulher.

— Seu povo é muito traumatizado, hein.

— E a culpa seria de quem? — Miomura semicerrou os olhos diante da reclamação do Florento.

Em contrapartida, a mulher estava de costas para a porta, suspirando profundamente enquanto pressionava o peito.

— Nora, o que aconteceu? — indagou Zora revirando o olhar com as mãos entrelaçadas em cima da mesa, enquanto sua filha mais velha, com o auxílio das mais novas, terminava de tirar o restante da mesa.

— T-T-Tem s-soldados lá fora!

Hã? — Zora levantou-se imediatamente do seu banquinho, suas filhas ficaram assustadas com as palavras ditas por sua irmã e pela cara de pavor que ela fazia. — E você fechou a porta para eles, Nora?!

— Pai, é que… — Ela mordeu os lábios, exprimindo seu vestido com as duas mãos.

— E agora, pai? — indagou a filha mais velha, temerosa. Zora estava quase pálido, o que sua filha havia feito era algo sério.

— Afaste-se. Deixa que eu resolvo.

Nora afastou-se da porta. Seu pai caminhava, tremelicante, suplicando para que eles tivessem misericórdia e não derrubassem a porta com suas espadas.

Então, ele abriu a porta vagarosamente, justamente quando um dos soldados estava prestes a bater a porta.

— Mil perdões! — Zora caiu de joelhos aos pés dos dois soldados, que ficaram confusos com aquela atitude. — Misericórdia é o que peço!

— Caramba, seu povo tem mesmo pavor de soldados — Florento riu.

— Isso não é engraçado. — Miomura agachou-se ao homem, que não parava de suplicar. — Não tenha medo, Tio Zora. Sou eu.

— Não entendi — indagou Zora, confuso. Ao passo que suas filhas agora espreitavam da porta, ansiando saber o que estava acontecendo. — Espera… — Zora reconheceu a voz. — Você é...?

Miomura retirou a máscara.

— Sou eu, sim.



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