Volume 1

Capítulo 17: parte 4

— Parece que você estava certa, Nádia. — Alura observava a caravana, que era igual àquela que haviam avistado quando caminhavam. — Eles estão mesmo no galpão abandonado!

— A sorte está do nosso lado — Nádia assentiu com um sorriso no rosto. — Agora temos que formular um plano de invasão.

— Mas como, Nádia? — questionou Alura.

Ela não fazia ideia de como formular um plano para invadir aquele galpão, ela pensava que era apenas derrubar a porta e reclamar a Maria de volta aos sequestradores.

— Olhe ali em cima... — disse Nádia, apontando para o buraco acima do galpão. Os olhos de Alura e os do seu filho foram direcionados para ali. — Tem um buraco… 

— É pequeno e muito alto. Não tem como chegamos lá.

— O seu filho, Alura... — Nádia olhou para o pequeno. — Eu posso subir nas suas costas e o Miomura irá subir na minha.

— Isso é um absurdo, Nádia! Meus ossos irão quebrar!

— Não é hora para pensar nisso, Alura. Temos de fazê-lo.

— É mãe, a tia Nádia tem razão — assentiu o pequeno menino. — A Maria está lá dentro, esperando por nós.

— Tudo bem.

Alura dirigiu-se a parede, agachando-se para que Nádia pudesse subir. E ela segurou seu vestido, levantando-o ao joelho para que pudesse fixar suas pernas ao pescoço da Alura. Ainda agachada, Alura teve que suportar o peso do seu filho que havia se assentado sobre o pescoço de Nádia.

Com todos encima, Alura levantava-se, gemendo de dor. Suas pernas estavam bambas, poderiam cair a qualquer momento. Mas, pela Maria, buscou forças do abismo e ergueu-se com firmeza.

Pelo buraco redondo, Miomura pôde finalmente espreitar.

— Miomura, consegue ver algo? Eu estou quase caindo! — disse Alura, desequilibrada. Suas pernas não mais aguentavam, a qualquer momento poderia cair.

Seu filho demorava lhe dar resposta e ela não podia aguentar mais sustentar aquelas duas pessoas, então caiu no chão, na esperança de que seu filho pudesse realmente ter captado algo de relevante para o plano de invasão.

Um estrondo sacudiu o chão e levantou uma grande poeira. Não tardou até que um dos homens viesse para fora verificar o que estava acontecendo.

— Que estranho. Não tem ninguém. — Andou mais um pouco, apenas por precaução, e olhou aos arredores, mas não viu ninguém. — Acho que estou cansado.

O homem coçou os cabelos da nuca e voltou ao galpão, deixando a porta semi aberta.

Por outro lado, aquela equipe, composta por duas mulheres e uma criança, teria se escondido dentro da caravana a tempo, cobrindo seus corpos com palha.

— Essa foi por pouco... — Nádia suspirou profundamente, retirando o amontoado de palha sobre seu corpo. — Ainda bem que ele não veio checar a caravana.

— Meu coração ainda está a mil... - disse Alura, pressionando a mão no peito enquanto cuspia um pouco de palha sobre sua boca.  — Filho, você não falou nada... O que você viu?

Miomura estava perplexo com o que viu, seus olhos estavam arregalados e seu rosto expressava um semblante de tristeza.

— Mãe... T-Tem mais crianças no galpão, todas em uma gaiola.

— O que...?! — As duas arregalaram os olhos. Aquela declaração as havia deixado chocadas. Não se tratava apenas do rapto de uma criança, era um tráfico de crianças de todo.

— Isso quer dizer que eles tem raptado crianças pela cidade de Aclasia?

— Que horror! — Nádia cobriu a boca, indignada. — O que os oficiais e os soldados estão fazendo?

— Aqueles idiotas... — Miomura cerrou o punho, lembrando-se das risadas a outrora dos soldados, que lhe tinham negado ajuda. — Eu pedi ajuda e eles simplesmente riram-se e pediram que eu chamasse os meus pais para que lhes pagassem!

— No que Aclasia se transformou...

— Vamos salvar essas crianças inocentes que não tem culpa de nada? — Alura segurou na mão da Nádia, que ainda era tomada pelo espanto.

— Sim, vamos!

Miomura foi citando cada detalhe do que viu pelo pequeno buraco. E tudo o que o garoto disse, foi usado para formular um plano de invasão ao galpão.

Seguindo o plano, Miomura abriu bruscamente o galpão semi-aberto, chamando a atenção dos sequestradores, que eram cinco ao todo.

— Ei, devolvam a minha amiga!

Com aquele grito, todos os olhos voltaram-se ao garoto do macacão azul.

— Um garoto?

— Deve ser o amigo da menina — disse o homem de capuz vermelho. — E pensar que ele nos seguiu. Que garoto tão ousado!

— Por outro lado, ganhamos na loteria. É incomum as presas virem de encontro aos caçadores — disse um dos homens com capuz verde.

Ao passo que, neste momento, Miomura tinha seus olhos na jaula a qual se encontrava Maria. Ela pedia socorro, não com palavras, mas com seus olhos que transbordavam de lágrimas.

— Calma Maria, nós viemos para te salvar — sussurrou, olhando para ela.

— Do que estão a espera?! Peguem logo aquele garoto! — ordenou o de capuz azul-escuro.

Ao seu comando, os quatro homens, sentados sobre as caixas, sacaram suas espadas e correram, saltando pelas caixas do galpão para o chão.

— Idiotas! Quero ver me alcançarem! — Miomura mostrou sua língua para fora e puxou as pálpebras inferiores dos seus olhos, fazendo uma expressão de zombaria, o que enfureceu os homens. Depois, ele correu para fora do galpão abandonado.

— Adoro correr atrás das minhas presas — disse um dos homens, correndo atrás do Miomura.

Seus companheiros gritaram para que ele parasse, pois poderia ser uma armadilha. No entanto, tarde demais, quando ele havia cruzado a saída, uma pedra enorme teria atingido sua cabeça. Ela caiu e sangue jorrou da cabeça, gerando uma poça ao redor.

— Tem mais alguém ai?— indagou o outro homem, tremelicante, observando com pavor o corpo sem vida do seu amigo.

— Droga! Ele chamou os soldados?!

— Não imbecil! — exclamou o outro homem. — Os soldados não agiriam assim!

Miomura retornou com pedras em sua mão e subiu por cima do corpo do homem sobre o chão.

— Então, pensei que fossem me pegar? Não vão? — ele riu.

— Só pode ser brincadeira! — O homem rangeu os dentes, segurando fortemente a espada. No entanto, temia se aproximar do garoto, pois pensava que se tratava de uma armadilha.

— Do que estão a espera, covardes!? Vão ser amedrontados por uma criança!? — questionou o homem de capuz sentado sobre uma caixa. No entanto, antes que pudessem fazer qualquer coisa, ouviram relinchos de cavalo.

No instante em que a criança saiu, a porta foi completamente atravessada pelo cavalo e a caravana, liderada por duas mulheres. Os homens, temerosos, foram contra as mulheres que lideravam a caravana. Ao passo que, nesse momento, Miomura aproveitou para atirar pedras aos rostos dos homens, a fim de os impedir de continuarem a caminhar.

Os homens, inevitavelmente, foram derrubados pelos cavalos. As mulheres arremessaram pedras sobre suas cabeças, ainda deitados no chão. As pedras tombaram sobre suas cabeças tão forte que desmaiaram. Havia restado apenas um único homem sobre as caixas. Ele retirou a espada da bainha presa a cintura e declarou guerra aos invasores.

— Como ousam? — indagou, colérico. — Como ousam estragar os meus negócios!

— Nojento! — Nádia franziu o cenho, cerrando os punhos enquanto observava aquele homem com desdém.

— Negócio? — questionou Alura, segurando uma pedra em mãos, bem afiada e forte. Com o cenho franzido, ela atirou ao homem e seguiu correndo ao mesmo com um bastão de ferro na mão esquerda. — Negócio eu vou fazer com você!

O homem desviou-se daquela pedra. Alura saltou as caixas e travou uma disputa de bastão contra espada com o homem encapuzado.

Hahahaha! Uma mulher lutar contra mim?! — O homem riu-se, mas quando deu por si estava caindo sobre o chão. Num movimento veloz, havia sido acertado na barriga. Quando colidiu no chão, seu corpo levantou uma pequena poeira.

— O que…

— Faça uma boa viagem. — Nádia arremessou uma pedra na cabeça do homem encapuzado. Ele desmaiou no instante em que a pedra atingiu a sua testa. — Doentes!

Nádia observava os homens caídos no chão com desdém, seu olhar de repugnância sobrevoava sobre seus corpos. Suspirou de alívio, pois o plano que tinha elaborado com sua amiga Alura havia sido um completo sucesso.

Miomura, vendo que os homens encapuzados haviam todos caídos desfalecidos no chão, correu à jaula onde estavam um conjunto de crianças, dentre as quais, sua amiga. A felicidade estava impregnada em seus rostos, a esperança de finalmente serem livres havia se acendido em seus corações.

— Maria! — Segurou as grades das jaulas com um sorriso no rosto. Assim, como as demais crianças, lágrimas escorriam dos olhos azuis da menina.

Maria aproximou-se da grade e Miomura pôde passar sua mão pelas grades da jaula em direção a boca da mesma. Puxou aquele pano que a sufocava e ela enfim, pôde respirar profundamente. As outras crianças também rastejaram os seus corpos as mãos do Miomura para que fossem libertos a boca.

— Fazemos uma boa dupla — disse Nádia com as chaves da jaula em sua mão. Ela havia retirado do homem de capuz azul-escuro.

— Verdade — suspirou Alura. — E pensar que existem escórias como essas nesse mundo, que raptam crianças. Sabe se lá a quanto tempo fazem isso.

— Espero que essas sejam as primeiras e as últimas, porque me causa desespero só de pensar que mais dessas crianças estejam sendo raptadas para fins lucrativos — lamentou Nádia.

— Me lembra um certo povo. — Alura desceu das caixas. Nádia ficou entristecida com as palavras proferidas por Alura. Era como se ela houvesse cravado uma espada no seu peito.

O que aqueles homens faziam não era tão diferente do que os Aclasianos faziam com o povo de Mioria. Era ainda pior, pois eram forçados a trabalhar sem receber nada em troca. A levar chibatadas caso as cotas diárias não fossem cumpridas e a qualquer momento poderiam morrer por conta dos ferimentos graves ou pelo cansaço.

— Mas gosto de saber que ainda há Aclasianos bons — sorriu Alura, segurando os ombros de Nádia, que tinha seu rosto voltado ao chão.

— É. Ainda tenho esperança de que um dia os dois povos possam se entender. — Nádia ergueu seu rosto com um sorriso gentil.

— Eu também.

Ao passo que, muita gritaria e choros ressoavam da jaula.

— Muito obrigado! — sorriam as crianças, ainda com as mãos atadas. Seus sorrisos angélicas eram direcionados ao seu herói, Miomura. Lágrimas, dessa vez, caiam de emoção e felicidade, por saber que finalmente voltariam ao seu convívio familiar.

Quando Nádia abriu a jaula, as crianças abraçaram-na em choros. Já Maria abraçou Miomura em choros.

— Eu senti tanto medo!

— Eu peço perdão — disse Miomura, despejando lágrimas. — Eu não devia ter saído do vilarejo. É tudo culpa minha!

— Não se culpe. — Maria apertou ainda mais o braço contra seu pescoço enquanto mordia os lábios. — Eu é que quis seguir você, também metade da culpa é minha. O que importa é que no final tudo deu certo... Veja... — ela desgrudou do corpo de Miomura e apontou o seu dedo as crianças que abraçavam Nádia e Alura, todas felizes.

— Que bom, não é?!

— Sim!

Depois daquele incidente, as crianças foram levadas aos seus respectivos pais. Eles há bastante tempo procuravam suas crianças. Chegaram a contatar os soldados, mas não tiveram uma resposta agradável.
Aparentemente, diziam não ter pistas o suficiente para dar andamento ao caso de desaparecimento. Os familiares não tiveram outra escolha se não realizar buscas por conta própria, mas sem sucesso até então.

No entanto, aquelas duas mulheres haviam achado suas crianças e as trazido em segurança. Os familiares ficaram muito gratos por isso e as elogiaram, além de presentear aquelas duas.

Os soldados, nada mais receberam que desprezos e castigos, por cobrarem dinheiro para fazer um serviço, que eram pagos para tal. O tenente não tolerou essa corrupção e como sansão, ficariam três meses sem salário. Com súplicas e choros, os soldados imploravam por perdão, no entanto, nada conseguiam.

Teriam que arranjar um trabalho extra para sustentar suas famílias nesse tempo em que não receberiam salário.

        
                              (...)

Por outro lado, depois de um longo dia, quando chegou o entardecer, Nádia preparava-se para se despedir da amiga e das crianças.

— Parece que é hora de nos despedimos, Nádia — disse Alura, esticando sua mão a Nádia. Ela sorriu e deu um forte abraço a mesma.

— É, eu queria poder fazer algo quanto a vossa escravidão. Me dói saber que o meu povo tem sido tão injusto com o seu.

— Não se preocupe. — Alura desgrudou-se e sorriu de leve. — Um dia com certeza seremos livres e quando esse dia chegar, iremos celebrar juntas!

— É claro que sim!

— Vamos, meninos. Despeçam-se da tia Nádia.

— Adeus, tia Nádia! — assentiram Miomura e Maria com um sorriso angelical no rosto.

Alura segurou fortemente as mãos dos dois e a lentos passos, caminharam a algumas árvores que ficavam perto da muralha como Nádia havia planejado.

Então ela caiu no chão e chamou a atenção dos soldados que se encontravam de fora, eram dois, dessa vez.

Aí! Aí! — Gemeu de dor, tentando alcançar sua perna. — Que dor! Eu acho que machuquei o tornozelo! Alguém me ajuda!

Ouvindo essa voz clamando por socorro, os soldados deixaram seu posto e correram a mulher estatelada.

— Como caiu? E o que está fazendo aqui?

— Ora, homem, eu caí caindo! — Ela observou ambos homens em seus trajes de soldado. — Me ajudem aqui! E não façam tantas perguntas!

— Tudo bem — disse o soldado, olhando para seu colega ao lado. — O meu companheiro vai levar você para sua casa, não é?

— Sempre sobra para mim, não é mesmo! — reclamou, suspirando profundamente.

Nessa altura, Nádia observava, com um sorriso no rosto, Alura e as crianças saírem do portão a largos passos. E quando o soldado a quis carregar, ela disse:

— Sabe que não precisa mais. Eu já me sinto melhor!

— O que? — Ambos soldados arregalaram os seus olhos. — Como assim? Só pode estar brincando conosco!!!

— Acalmem-se, homens. — Nádia levantou-se e começou a saltar de um lado para outro. — Eu consigo andar sozinha, vejam!

— Isso é muito suspeito — disse o soldado, aborrecido. — Todavia, não volte mais aqui.

— Claro, eu não voltarei mais aqui. — Nádia sorriu e deu-lhes costas, começando a caminhar a passos lentos até a casa enquanto cantarolava ao vento.

Os soldados, confusos, sem nada entender, observavam aquela mulher estranha caminhar.

— Que mulher maluca. O que será que ela queria aqui?

— Talvez quisesse passear pelo vilarejo de Mioria, é a única explicação — disse, coçando o seu queixo.

— Por que alguém iria querer passear naquele lugar imundo?

— Não se esqueça que a rainha de Aclasia gostava de ir para lá — sussurrou.

— É mesmo. Não sei o que a rainha tinha na cabeça, mas ela acabou... você sabe como né.

— Sim, mas é melhor nem falar mais disso, vai que algum superior nos pega conversando disso. Aí às nossas cabeças saem rolando.

— Pois é.

                           (...)

Depois de uma longa e perigosa aventura na cidade Aclasia, Alura e as crianças finalmente se viam em seu pequeno vilarejo. Haviam voltado ao seu humilde e simples lugar, com dóceis lembranças trazidas de Aclasia. Cidade rica e bela.

Agora estavam em solo pátrio, caminhando de volta as suas casas. Miomura recebeu muitos puxões de orelha ao longo da caminhada por ter entrado na cidade Aclasia. No entanto, sua mãe reconheceu que graças a sua ação, crianças foram salvas do destino cruel que os sequestradores haviam traçado para elas.

— E nunca mais volte a fazer coisas do tipo — Alura franziu o cenho, embravecida. — Me entendeu?

— Nunca. Nunca — prometeu.

— Pobrezinha da Maria. — Alura tinha Maria em seu colo enquanto Miomura caminhava com suas sandálias. Eles ainda trajavam as vestes nobres de Aclasia. — Deve ter passado por muito medo.

— Não foi nada, Tia Alura — disse Maria, sorrindo. Alura retribui o sorriso enquanto caminhavam por aquele caminho longo.

Depois de algumas andanças ali e aqui, Alura havia finalmente chegado ao vilarejo. Ela havia retirado alguns adornamentos que sua amiga Aclasiana havia lhe oferecido. Mesmo assim, as pessoas não deixaram de estranhar aquela roupa toda elegante em seu corpo. Onde ela havia conseguido? Alura teve que inventar que em tempos sua mãe teria trabalhado em casa de um Aclasiano e este teria lhe oferecido tais roupas. Estranho, mas as pessoas se convenceram. Afinal, era normal, algumas escravas acabarem por serem escaladas para trabalhar em Aclasia como servas e, em troca, poderiam receber algumas vestes, dependendo do bom humor dos mestres.

— E as crianças?

Ah, sabe, é que hoje é o aniversário da minha filha. Então como eu também tinha roupas infantis, eu decidi vesti-las. — Alura sorriu para algumas de suas vizinhas. Elas inicialmente estranharam, no entanto, acreditaram, passavam longe da possibilidade de Alura ter conseguido aquelas vestes em Aclasia.

— Sério?

— Sério mesmo! — sorriu.

Depois disso, continuou a caminhada até próximo ao fim do vilarejo, onde ficava a casa do Gabriel.

                            (...)

Por outro lado, sobre os pedregulhos, estavam assentes duas crianças com o rosto entristecidos. Olhando para o céu, aguardavam a volta dos seus amigos.

Ah! Eles estão demorando tanto — disse Jeziel, olhando para a direção de onde a mãe do Miomura havia partido, apenas avistando casas de palhas frente a casas de palhas. — Tenho medo de ter acontecido algo.

— Não vai acontecer — declarou Gabriel. Yara os observava de baixo enquanto apalpava a areia no chão. — Eles têm de voltar!

— Ei...

Quando os dois amigos, abatidos, haviam perdido as esperanças, Yara despertou atenção deles, apontando com o dedo indicador para frente. — Olhem.

Ambos olhos seguiram o dedo da Yara e puderam contemplar seus amigos ao lado de Alura. Com um sorriso no rosto, ambos levantaram-se e correram até eles com braços abertos e lágrimas ao vento.

— Miomura! Maria! — bradejaram Jeziel e Gabriel ao mesmo tempo, em que os seus amigos gritavam seus nomes de braços abertos.

— Gabriel! Jeziel!

Yara apenas os observava com um sorriso no rosto.

Ao se encontrarem, formaram um abraço caloroso com os seus corpos e braços complemente entrelaçados. Yara venceu sua timidez e foi de encontro deles, dando-lhes um abraço.  Lágrima pingaram dos seus olhos, em meio ao sorriso de felicidade formado em seus lábios.

Após matarem toda a preocupação e saudades, desembaraçaram-se, entreolhando-se uns aos outros.

— Seus idiotas. — Apontou Gabriel para os dois aventureiros. — Vocês merecem levar tantas na cabeça!

— Sim. Sim — assentiu Jeziel, meneando a cabeça. — Merecem muito. E... — Olhou atentamente para os trajes nos corpos deles. — Que roupas lindas são essas?

— Gostaram? — questionou Miomura com um sorriso presunçoso. — São lindas, não?

— Roubamos elas — admitiu Maria com um semblante entristecido.

— Espera... — Gabriel olhava para a Alura, que também estava com um vestido lindo. Era difícil para ele acreditar que uma mulher daquela idade tinha compactuado com o roubo.

— Não se preocupe, Gabriel — disse Alura, sorrindo para eles. — Uma amiga ofereceu essas roupas.

— Ofereceu? — questionou Maria, incrédula.

— Bem... Eu falei com a Nádia, minha amiga em Aclasia, e como Miomura e Maria haviam gostado tanto dessas roupas, ela ofereceu a eles.

— Como ela pode ter oferecido algo que não é dela? — questionou Maria.

"Uma boa questão", pensou Alura com um sorriso torto.

Gabriel e Jeziel ficavam cada vez mais confusos a cada momento que eles falavam. Yara apenas observava silenciosamente.

— Bom, é que ela disse que falaria com a proprietária da casa e compraria as roupas que vocês levaram e isso tecnicamente é oferecer — sorriu Alura. Maria entendeu e ficou mais confortável. Ao passo que, Miomura nem se incomodava com esse fato, para ele era tanto faz.

Após explicar aos garotos que deveriam manter segredo sobre tudo quanto tinha acontecido em Aclasia, Alura prosseguiu junto delas para sua casa. Ao meio do caminho, Miomura contava suas aventuras, deixando seus amigos espantados com seus relatos; alguns assustadores, outros felizes. Mas a alegria de saber que tudo correu bem no fim das contas era enorme.

Naquele dia, comemorava-se, na verdade, o aniversário de Yara, irmã mais nova de Miomura, por isso algumas crianças compareceram a uma pequena festa organizada por Alura. Simples, no entanto, feliz, a luz de uma fogueira. Contavam-se histórias, ofereceriam-se presentes e cantalovam as estrelas do céu.

No fim das contas, encerraram o dia com chave de ouro.



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