Volume 1

Capítulo 25: O seu Plantar (1)

Naquele mesmo dia o restante da tribo Kobold que estava no navio começou a ser transportada para a ilha.

Entretanto, havia muitos tripulantes feridos, doentes ou desnutridos — e alguns até mesmo fracos demais para entrar nos barcos — com isso, decidi ir até o navio e curá-los primeiro. 

.

.

.

Ash, enquanto velejava comigo no barco, fez uma vénia e começou a falar.

— Primeiramente, lamento que nós já  estejamos incomodando-o desta maneira. E lamento informar que não há ninguém mais entre nossa tribo capaz de usar magia de cura. Temo também que seja tarde demais para alguns…

Naquele momento eu apenas resolvi escutar o que ele tinha a dizer e, como consequência, logo chegamos ao navio.

— Farei o meu melhor. — Proferi enquanto embarcava.

.

.

.

A situação no convés era muito pior do que eu esperava — muitos dos Kobolds não tinham mãos nem pernas — e, numa pequena área do  navio, haviam amontoados diversos cadáveres; um odor forte pairava.

De imediato, dei permissão para enterrá-los adequadamente.

.

.

.

Na situação atual, o uso de magia avançada seria muito útil, pois eu poderia utilizar magia de cura sobre uma ampla área. Entretanto, meu conhecimento sobre tais feitiços era bem fraco — até porque antigamente eu nunca havia imaginado ser capaz de usá-los — na real, até minha chegada a esta ilha, eu mal podia usar magias básicas.

"Se ao menos alguém pudesse me ensinar. Ou se houvesse algum livro..."

Bem, por hora, eu teria que fazer o que pudesse. 

— Senhor Hiel, eu ajudarei! 

Repentinamente escutei uma doce voz vinda de trás de mim, era Riena, ela também havia vindo no barco.

— Foi para momentos como este que você me ensinou magia. Por favor, me deixe ajudar!

— Obrigado, Riena… A todos vocês.

Varis, Taran, Shell, Mappa e alguns outros Goblins já estavam lá também.

— Senhor Hiel, não se importe conosco. Você e a Princesa devem se concentrar no tratamento dos feridos. — Varis após decretar isso logo deu ordens aos outros.

.

.

.

Taran usou suas teias e ajudou os Goblins a entrar no navio. 

Shell agiu como uma maca e ajudou a mover os feridos. 

O restante, junto ao Mappa, ajudou os Kobolds que não conseguiam andar sozinhos e cuidaram do transporte de itens.


Assim que Elvan e os outros Goblins que permaneceram na ilha viram isso não puderam ficar em silêncio.

O General começou a gritar ordens enquanto Fule puxava seu braço.

— Atenção, vamos ajudá-los também! 

Ninguém sabia ao certo o porque eles estavam ajudando agora. 

Foi por verem seu senhor trabalhando? Ou eram os Kobolds feridos que faziam eles sentirem pena? 

Enfim, logo os Golems, as Aranhas da Caverna e os Slimes também se juntaram.


Com a ajuda de todos da ilha, conseguimos levar os Kobolds para a costa em segurança. Claro, alguns deles não foram completamente curados, mas pelo menos agora poderiam descansar.

Quando voltei à terra firme, o primeiro indivíduo com quem conversei foi Elvan.

— General. Obrigado.

— Não foi nada Chefe. Estou aqui apenas para obedecer às suas ordens, então… não pense que foi por causa desses cães.

Após ter dito isso, sua filha, Fule, puxou seu braço como se fosse para repreendê-lo.

Entretanto, o Goblin grandalhão apenas segurou sua mão e olhou para mim com uma expressão conflituosa.

— Bom... é melhor eu voltar para o meu trabalho. Me avise se precisar de alguma ajuda, Chefe.

E com isso, ele levou Fule para longe.

.

.

.

A dupla Kobold, junto aos outros de sua raça, os que podiam se mover, estavam todos ajoelhados diante de mim — aquela era a maneira deles expressarem sua gratidão.

Subitamente, o Kobold de pelo cinza, Ash, abriu sua boca. 

— Senhor Hiel… N-Não, a todos vocês... Somos realmente gratos por tudo. 

Logo, o Kobold de pelo marrom, Haine, continuou.

— Como forma de pagar tal dívida, por favor, permita-nos servi-lo, Senhor Hiel.

Bom, eu tinha apenas a intenção de considerá-los como convidados — eu já sabia o porque eles queriam viver aqui também — no entanto, se fossem morar nesta ilha para sempre, significaria que teriam que conviver com os Goblins.

Claro, algumas leis comuns poderiam ajudar a trazer trégua a esses velhos inimigos. Portanto, jurar lealdade a mim via a "domesticação" me parecia a maneira mais fácil de conseguir isso. 

A habilidade de domar não só os impediria de me prejudicar, como também de machucar uns aos outros — isso só se aplicava a atos com hostilidade real. Portanto, não afetaria algo como um torneio de luta. — Em qualquer caso, eu preferia não  ter suas lealdades, mas se isso significasse que todos poderiam viver aqui sem medo, parecia ser a melhor opção.

Com isso em mente, decidi domesticá-los um por um. E assim, como os Goblins, tive que bolar novos nomes.

.

.

.

Sendo honesto, inventar nomes para mais de 100 Kobolds foi bem trabalhoso. E claro, usei seus nomes antigos como base para facilitar.

.

.

.

Uma vez terminado de nomeá-los, falei: — Acabamos. Estou ansioso para trabalhar com vocês. — Meu olhar logo caiu sobre a dupla Kobold — Ashton, Reiner… vocês dois serão responsáveis pelos os outros de sua raça.

Ash havia se tornado "Ashton" e Haine se tornou "Reiner"... Não vamos debater muito sobre isso, ok?

Como desejar, Senhor Hiel. — Decretou a dupla após se curvarem. Os outros Kobolds também fizeram o mesmo.

.

.

.

Momentos depois, Varis se aproximou de mim e começou a falar.

— Senhor Hiel, há muito que eu gostaria de saber de Ashton, especialmente a respeito da batalha deles com os Orcs... Entretanto, talvez seja melhor comermos primeiro. Além disso, teremos que explicar-lhes sobre a ilha e como fornecemos a comida. Ah, a Princesa também disse que poderia mostrá-los a cozinha.

— Entendo… Tudo bem.

Após receber minha confirmação, Varis acenou para Riena — ela rapidamente foi até os Kobolds e pediu para seguirem-na.

Shell, Taran e os outros de suas espécies tocavam partes do corpo uns dos outros como se fosse um comprimento por seu bom trabalho. Aparentemente, eles iriam almoçar juntos agora.

Os únicos que ficaram para trás foram eu, Varis e Mappa...

Haaaa… — Soltei um suspiro profundo.

Ser o senhor deste lugar não era fácil. Ao mesmo tempo, de dentro da minha camisa, o filhote Kobold olhou para mim com uma expressão preocupada.

Ah, perdão, perdão! Estou apenas um pouco cansado — falei enquanto acariciava-o calmamente. 

Foi então que, Mappa começou a cutucar minhas costas com um sorriso, talvez ele quisesse me dizer que eu havia feito um bom trabalho. Logo, Varis também se dirigiu a mim, e como se fosse para mostrar seu apreço, começou a falar.

— Senhor Hiel, você deve estar exausto, vá descansar um pouco...

— Não precisa se preocupar, Varis… Ah, o que você tá achando sobre isso?

— Sobre eles? Bem... Tenho muitos pensamentos. Entretanto, também respeito a sua decisão. — O velho Goblin disse enquanto observava os Kobolds que agora estavam se preparando para comer. — Além do mais, a tribo Tiberis não era a nossa única inimiga… Pode parecer rude falar isso agora Senhor Hiel, porém... Os humanos também foram nossos inimigos. Na verdade, sua raça tirou mais vidas Beldans do que qualquer outra.

— B-bem… Não duvido que esteja certo.

No reino de Sanfaris, seus residentes  desde de sempre foram ensinados a matar Goblins à vista. Portanto, qualquer um deles que aparecesse perto do território humano era exterminado. E claro, isto também não parecia algo "incomum" em nenhum outro país humano. Logo, não era de se admirar que os Goblins odiassem a raça humana em troca.

Com isso em mente, dá até para imaginar o quão difícil foi para eles me obedecerem antes.

— No entanto, nós Beldans, também fomos rejeitados por outras tribos Goblins... Mas no fim, tivemos muita sorte. O senhor, apesar de ser humano, nos salvou. Acho que é justamente por isso que prefiro salvar alguém independente de sua raça do que deixá-lo para trás...

— Varis...

Eu não cheguei a ter pensamentos tão nobres quando tomei a decisão de salvar três Goblins que vieram à costa da minha ilha. No entanto, fiquei feliz em ver que aquela decisão trouxe bons frutos.

— Mas… O Elvan...

— O General é um guerreiro. Assim, mesmo que esteja triste por seu filho ter morrido em batalha, ele está solenemente consciente de que matou os filhos dos outros também. 

— ... 

— Lembro também que, mesmo que as tribos Tiberis e Beldan vivessem perto uma da outra, nunca tivemos a oportunidade de conversar… Talvez agora, através da interação aqui, comecemos a nos entender...

Eu olhava para o Goblin Xamã com uma expressão de admiração, eu realmente não tinha nada a falar.

— Tenho algumas ideias sobre como podemos trabalhar juntos. Então não se preocupe, você pode deixar isso comigo. Mas já aviso, provavelmente haverá momentos em que não poderei controlar a situação... Quando isso acontecer, você deve agir, Senhor Hiel.

— Tudo bem.

Infelizmente, há algumas coisas que nem mesmo alguém sábio pode simplesmente fazer. Logo, o principalmente responsável de todo o cenário atual teria que fazer sua obrigação. Além disso, Varis estava se oferecendo para cooperar… Eu não podia simplesmente agir como se não tivesse nada a ver comigo.

— Farei meu melhor Varis.

— Obrigado, Senhor Hiel. Ah, pude falar com Ashton há um momento atrás e achei-o um bom estrategista. Assim, tenho certeza de que ele será de grande ajuda. 

— Você realmente é de grande ajuda, Varis.

— Não, não. Como lhe disse antes, eu tenho uma crista sem valor. Portanto, preciso me fazer útil o quanto puder.

— Não fale assim Varis.

Mesmo que não pudesse usar magia, ele obviamente possuía muito mais conhecimento do que um humano normal. Talvez viver por tanto tempo lhe tenha preparado  para esse futuro. E, eu também sentia que o velho Goblin ainda tinha um longo caminho a percorrer.

"Se ao menos eu tivesse escavado uma outra Pedra da Mudança… Ah, falando em mineração."

— A propósito Varis, encontrei isto hoje de manhã enquanto minerava. Você sabe o que é?

Eu tirei a semente do meu inventário — Era mais ou menos do tamanho de uma batata — O Goblin Xamã olhou para ela com profundo interesse.

Hmmm… É algum tipo de semente, mas é tão grande...

— Aparentemente, ela se chama a "Semente da Árvore do Mundo"... Eu nunca ouvi falar de tal coisa antes.

Oh... eu tam— Não! Acho que já ouvi falar dela alguma vez.

— Sério?

— Sim. O Xamã anterior da tribo Beldan às vezes falava de um passado distante. Claro, não sei quanta verdade havia nele, e não conheço os detalhes... Mas, supostamente, esse era o nome de uma árvore muito grande cujas folhas ofereciam bênção a todas as criaturas dependentes de sua terra.

Ohhh! Bem, então é uma coisa boa?

— Provavelmente. 

— Então devo plantá-la — falei sem mais nem menos.


Recomendações:

— A Vingança do Curandeiro: É uma Web Novel Japonesa de Fantasia e Vingança. Para quem curte O Retorno do Herói, deve gostar dela também.

— O Lixo da Família do Conde: É uma Web Novel Coreana de Fantasia e Aventura. Para quem curte Ponto de Vista do Leitor Onisciente, deve gostar dela também.

A História do Tiozão que Reecarnaou como um Garotinho: É uma Web Novel Japonesa de Isekai e Aventura. Para quem curte O Rei da Caverna, deve gostar dela também.



Comentários