Volume 1

Capítulo 23: Kobolds

Ao mesmo tempo em que Hiel conversava com Fule nos túneis, um navio completamente danificado foi ancorado perto da costa do recife de Sheorl.

E deste navio, um único barco foi enviado em direção à área recuperada da costa.

Dez fortes Kobolds remavam aquele barco: em sua proa, dois Kobolds olhavam para frente — um era magro e tinha pelo da cor de cinza. O outro era musculoso e tinha pelo marrom — ambos usavam uma armadura de couro leve e tinham cimitarras em seus cintos.

Logo, os Golems juntos aos Goblins se reuniram e esperaram por eles em terra.

— Quem são vocês!? — Gritou um dos Goblins. 

A dupla não respondeu. Entretanto, o Kobold cinza murmurou algo.

— O que Goblins fazem num lugar como este Haine? O jovem mestre está realmente nesta ilha?

"Haine", esse deveria ser o nome do Kobold marrom, pois assim que o ouviu acenou com a cabeça.

— Você duvida de mim, irmãozão? Meu nariz está dizendo que aqui é o lugar certo. Além disso, posso sentir o cheiro da mãe, Vossa Majestade, também… eu não me enganaria.

— Entendo... Bem, você tem a crista "Caçador", por isso não pode estar enganado. No entanto, de onde vieram esses Goblins? Olhe, tem até um Golem e uma Aranha gigante… espera, aquilo é um Anão? Por que ele tá quase nu? Ugh... E-enfim, devemos esperar que eles não sejam hostis...

— Ash... É difícil para mim dizer isso, mas... o cheiro deles…

Haine estava prestes a continuar, quando o Kobold, cujo nome parecia ser "Ash", viu um dos Goblins e levantou a voz em surpresa.

— A-aquele não é El, o grande guerreiro da tribo Beldan!? Por que ele está aqui!?

— A julgar pelo seu cheiro, todos os Goblins dali são da tribo Beldan… — Haine disse com uma expressão sombria. 

O Kobold cinza mordeu seu lábio.

— Era o que faltava… Espero que o jovem mestre esteja bem… — Ash disse enquanto agarrava com força sua cimitarra.

Ele fez isso mesmo supondo que, talvez, aquele que estava procurando já tivesse sido morto — sim, isso era muito provável — e embora tivessem que descobrir, a tribo Beldan tinha sido seus inimigos por séculos, nunca houve algo parecido com "trégua" para eles.

— Temos que fazer isso.

— Eu sei...

Ash e Haine tomaram uma decisão. Elvan que os observava, lambeu seu machado com um sorriso.

Heh, eu não esperava vê-los aqui...

Logo, Riena e Varis chegaram ao local. O Goblin Xamã viu a dupla e murmurou. — K-Kobolds?

O General apertou o punho e acenou com a cabeça.

— Sim. Eles são da tribo Tiberis, os irmãos Ash e Haine… Eles mataram muitos dos nossos com aquelas espadas...

Elvan parecia estar prestes a pular na água a fim de chegar ao barco o mais rápido possível. Porém, Riena e Varis o impediram.

— General. Sei como você se sente! Mas não deve tocá-los! Devemos esperar as instruções do Senhor Hiel!

— A Princesa está certa! E talvez se falássemos que enterramos corretamente os corpos de seus companheiros, eles poderiam...

Foi justamente quando o velho Goblin tinha dito isto que, Ash e Haine desapareceram do barco.

— Se afastem!

O Goblin grandalhão gritou enquanto levantava seu machado no ar — além dele, todos os outros olharam para o céu — foi quando viram os Kobolds com suas espadas curvas.

Arrgghhhhhh!!!

A dupla foi rápida; mas não o suficiente para evitar o balanço do machado de Elvan

Ash e Haine foram jogados no ar. No entanto, ainda pousaram como se nada tivesse acontecido.

— Impressionante. Ele realmente deve ser El, o maior guerreiro Beldan — murmurou o Kobold cinza enquanto suor escorria por sua testa.

— Irmão… O que devemos fazer?

— Não temos escolha... Devemos lutar para não envergonhar nossa tribo. Eu lutarei contra ele. Você cuida da Aranha.

— Entendido! — Haine disse enquanto se dirigia para Taran, a Aranha da Caverna.

O restante dos Kobolds embarcados também desembainharam suas espadas e pretendiam chegar ao local da luta.

Naquele momento, Elvan estava prestes a atacar Ash. Entretanto, Riena voltou para perto dele e disse: — Talvez não possa ser evitado… mas, General. Não o mate!

— Eu sei... É uma ordem difícil, mas seguirei.

Logo após dizer isso, Elvan foi para frente e bloqueou o ataque surpresa do Kobold marrom.

Machado e espada se chocaram repetidamente.

Ao lado deles, a cimitarra de Haine foi bloqueada pelas quatro picaretas que Taran carregava.

O Kobold cinza era rápido, entretanto a Aranha estava acompanhando-o com precisão — e assim, Taran usou suas teias, o Kobold cinza foi preso imediatamente. 

Ao mesmo tempo, os outros Kobolds tinham sido pegos por redes de pesca jogadas pelos Golems e Goblins; logo a magia de trovão de Riena paralisou seus corpos.

Ash vacilou ao testemunhar isso, mas os ataques ferozes de Elvan não lhe deram muito tempo para pensar. E assim a batalha deles continuou por mais alguns minutos.

Após chegar na entrada da caverna, Hiel viu que todos estavam reunidos no terreno recuperado.

Fule que acompanhava-o perguntou algo. — O-o que, o que está acontecendo!?

— Há um barco. Alguém deve ter chegado. Vamos lá.

Hiel, considerando os sons e vozes que ouvia, deduziu que estivessem brigando. Claro, ele ainda não sabia quem eram os inimigos, mas sabia que devia se apressar…

No fim, as suas preocupações foram todas em vão — assim que chegou, a luta já havia terminado, e a maioria dos Kobolds tinham sido capturados. — mas, um Kobold magro e cinza foi lançado no ar por Elvan. E assim que aterrissou, tentou alcançar a espada que deixou cair, porém, Mappa já havia a pego.

O Kobold viu o anão barbudo olhando para ela com curiosidade, e seus ombros caíram.

Tsk... Então este é o fim. El, você me derrotou. Pegue minha cabeça e ofereça-a aos seu povo que lutou bravamente...

— Quem dera eu poder. Na real, você não tem idéia de quanto eu queria… Mas não posso.

Hã…?

"Esses dois se conhecem?"

Bem, o clima era muito pesado para uma briga amigável, entretanto, felizmente, parecia que ninguém tinha morrido.

"Riena e Varis devem ter decidido que seria errado matá-los..."

Enquanto eu olhava os arredores, a Princesa me notou. — Senhor Hiel! — E assim, todos se voltaram para mim.

Logo, Elvan e os outros Goblins se ajoelharam. O Kobold de cor cinza olhou para o meu rosto.

— U-um humano...? A tribo Beldan está se ajoelhando diante de um humano?

Er... Me chamo Hiel. Sou o dono desta ilha. Quem seria você?

— E-eu... Me chamo Ash. — Disse o kobold que claramente não entendeu a situação atual.

Não era de se admirar; havia Goblins, um anão meio nu, uma Aranha gigante e até mesmo Golems nesta ilha. Mas enfim, demoraria muito tempo para explicar tudo isso para ele. E além disso, Hiel achava que sabia a razão de terem vindo aqui...

Um dos Kobolds capturados falou com Ash.

— Ei, irmão. Posso sentir o cheiro do jovem nele...

— Q-quê!?

Com isso, Hiel abriu o botão de cima de sua camisa — repentinamente a cabeça do filhote Kobold apareceu — ele olhou para Ash com uma expressão confusa.

— Jovem...

— Esse carinha aqui estava dentro de um baú, ah, encontrei ele entre os destroços que chegaram à costa. Vocês vieram aqui atrás dele, certo?

Após ter dito isso, Ash e o Kobold capturado olharam um para o outro; ambos começaram a chorar.

— O... o j-jovem mestre está vivo! E-ele está vivo!

Com isso, todos os Kobolds presentes olharam para o céu e uivaram.


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