Volume 3
Capítulo 183: A Fuga
Luna observava o céu claro com uma mão próxima ao peito, sentindo seu coração bater rapidamente devido ao nervosismo.
Se tudo desse certo, veria Sleipnir carregando Sariel em algum momento se aproximando pelo ar.
Porém ainda havia aquela possibilidade terrível de que a fuga não ocorresse como planejado, e por mais que não houvesse nenhum Pilar em Acrópolis no momento, ainda era um local perigoso.
Aegreon estava ao seu lado, com sua foice em mãos e pronto para agir caso necessário.
O Pilar encarou a princesa por um breve momento, percebendo seu nervosismo.
— Ele vai voltar... Uma cobra como ele não morre tão facilmente.
Luna virou o rosto para a direção dele e esboçou um pequeno sorriso.
— Acho que tem razão... — Sentiu-se agradecida, pois sabia que aquela era a maneira dele de tentar acalmá-la, por mais que fosse um jeito bem desajeitado.
Ambos permaneceram daquele mesmo jeito, esperando até que algo acontecesse.
Então um ponto minúsculo surgiu no céu, aproximando-se e crescendo lentamente.
Ao ver aquilo, um sorriso aliviado apareceu no rosto de Luna, que saiu correndo na direção daquilo.
— Sariel! — gritou ao mesmo tempo que acenava para o céu.
Sleipnir, com o viajante em suas costas, desceu até o chão e parou ao lado de Luna.
— Estou de volta. — Sariel esboçou um sorriso caloroso.
***
Raymond e Shiina encaravam a universidade de Acrópolis em expectativa, atentos a qualquer movimentação anormal.
Devido à comoção que Sariel causou, até mesmo os subúrbios daquele reino, que estavam no solo, estavam agitados.
Havia Vigilantes em vários locais, o que os forçava a serem mais discretos.
— Espero que ele faça algo logo... — sussurrou Shina.
— Precisamos ter paciência...
Ambos caminhavam pelas ruas enquanto lançavam olhares para a universidade, e eles não eram os únicos, pois todos estavam curiosos com o que acontecia lá em cima.
Foi então que, eventualmente, viram Sleipnir se aproximando, Sariel saltando em sua direção, e ambos se afastando do local.
Outras pessoas viram aquilo, apontando e se perguntando o que era aquilo, já que estava longe demais para olhos normais enxergarem.
— Eles conseguiram... — Raymond esboçou um pequeno sorriso.
— Sim, vamos dar o fora daqui, antes que fechem as saídas.
Os dois caminharam por entre o público para fora de Acrópolis.
***
Algumas horas se passaram, e o sol começava a se pôr.
Após uma longa jornada, Raymond e Shiina chegaram ao ponto de encontro onde Sariel, Luna e Aegreon aguardavam.
— Fico feliz que está bem. — O guarda-costas se aproximou e ambos apertaram as mãos firmemente.
— Também fico feliz em vê-los bem, me preocupei que os Vigilantes tentariam barrar sua saída.
— Eles tentaram, mas demos nosso jeito. — Shiina sentou-se em um lugar próximo. — Então, o que descobriu?
Sariel passou algum tempo explicando os acontecimentos mais importantes desde que chegou em Acrópolis, até o momento que invadiu a sala de Koeus e seus achados ali.
— Então não havia nada? — perguntou Raymond.
— Não naquele lugar, então isso reduz bastante as possibilidades de ele realmente ser um traidor...
— E essa espada nas suas costas... — Luna encarou a grande arma que o viajante roubara.
— Se encontrarmos com Feykron novamente, perguntarei sobre isso... — Sariel voltou seu olhar para Aegreon. — Por acaso já se encontrou com Zaphkiela antes? Tem alguma ideia do porquê ela fez aquilo?
— Me encontrei com ela uma vez apenas, quando se tornou um Pilar...
Aegreon relembrou o momento quando a viu pela primeira vez.
— Senti algo parecido que você... há algo misterioso sobre ela, não consigo entender suas intenções.
— O que sabe sobre ela?
— Nada, não me importei em perguntar...
— Gostaria de investigá-la, mas... — Sariel olhou para a direção onde Acrópolis estava, apesar de não poder vê-la agora. — Perguntarei a Feng Ping mais tarde.
— O que faremos agora? — Shiina continuava sentada, demonstrando não estar tão interessada na discussão.
Ambos Raymond e Luna encararam Sariel e Aegreon, aguardando pela opinião deles.
Por mais que, no momento, Koeus não ser mais um suspeito, ainda era inegável que havia um traidor no Conselho, alguém que buscava a morte de Luna, por mais que Ardos e Clementius tivessem expressado claramente que desejavam ela viva.
— Meus encontros com Zaphkiela me deixaram curioso, porém isso se deve devido aos mistérios sobre ela...
— A única outra pessoa que poderia ter alterado as mensagens enviadas a Fordurn seria o Pilar da Ilusão, mas localizar aquele cara é quase impossível. — Aegreon se lembrou dos poucos momentos que se encontrou com Shinokage.
— Então o Pilar da Selagem e o Pilar da Ilusão são nossas suspeitas agora... — Shiina encarou Aegreon. — Tem certeza de que nenhum dos outros Pilares poderia ter feito isso?
— Ninguém dos elementos de Combate teria os elementos para agir, só resta esses dois...
— Nós fizemos um desvio enorme de nosso objetivo original porque Koeus era alguém que podíamos investigar, mas será impossível fazer isso agora com esses dois. — Sariel olhou brevemente para Luna. — Deveríamos seguir nosso plano original de ir até Maon.
— Por que não tentamos nos encontrar diretamente com Clementius ou Ardos? — sugeriu a princesa. — Eles vão me proteger, e vão ouvir nossos argumentos.
— Isso é verdade, mas o traidor, ao descobrir que entramos em contato, iria imediatamente agir mais passivamente, tornando ainda mais difícil encontrá-lo — explicou o viajante. — Mesmo que ele aja menos, ele ainda estará causando mal, por isso precisamos eliminá-lo.
— Exato, devemos seguir com o plano original. — Aegreon concordou com Sariel. — Se descobrirmos uma maneira de continuar nossa investigação, assim faremos.
— Então, para onde vamos agora? — perguntou Luna.
O viajante permaneceu em silêncio, aguardando pela sugestão do Pilar.
— El Dorado...
***
As horas passavam, e Septima não via nenhum sinal do confinamento acabar.
A noite começava a cair, e mesmo assim a universidade de Acrópolis permanecia em alerta máximo.
Esteve checando seu computador inúmeras vezes, e percebeu que nenhum outro acidente ocorrera desde manhã.
No momento, encontrava-se deitada em sua cama observando o teto branco e limpo.
“Se não aconteceu nada, e ainda não encontraram Doutor Dante, é cada vez mais provável que ele foi responsável por isso tudo...”
Desde que começou a desconfiar dele, não foi capaz de tirá-lo da cabeça em nenhum momento.
Não demorou muito para que ela percebesse que ele propositalmente se aproximou de Balbina e provocou Fabius apenas para que fosse atacado, causando uma comoção e distraindo os Vigilantes.
Também tinha o fato de ele ter se aproveitado de sua pesquisa, e até ter a manipulado para entregar uma pedra de Alteração para o aposento de Koeus, o que, provavelmente, o permitiu entrar lá.
E, acima de tudo, havia uma coisa que a intrigava completamente.
“Como ele quebrou o selo de Zaphkiela?”
Ele não teria feito tudo aquilo com seu poder selado, então ele deveria ter, de alguma forma, superado a engenhosidade da própria Pilar da Selagem.
“Ah menos que Zaphkiela não tenha o selado... Não, isso não faz sentido... ele ficou desesperado quando ela partiu...”
Olhando em retrospecto, faz sentido agora a pressa dele em se livrar do selo, visto que ele precisava de seu poder e se aproveitar da ausência de qualquer Pilar em Acrópolis.
— Dante Leonhardt... quem diabos és tu? Qual vosso objetivo?
Permaneceu naquela mesma pose por um bom momento quando, subitamente, um aviso sonoro veio de seu computador.
Ao se levantar e se aproximar, notou que o estado de confinamento havia, finalmente, terminado.
— Se acabou quer dizer que... um Pilar retornou...
Caminhou até a porta e a abriu.
Ao olhar para os dois lados do corredor, percebeu inúmeros outros pesquisadores saindo de portas parecidas, todos ao mesmo tempo.
Aquela era a primeira vez em muitos anos desde que vira tantos pesquisadores de túnica branca concentrados em um mesmo lugar.
“Preciso procurar a Zaphkiela...” Começou a correr pelos corredores, mas logo foi parada por uma voz conhecida.
— Doutora Septima! — Balbina se aproximou dela. — Viste Dante em algum lugar? — Estava ainda bem preocupada.
— Não, mas quem quer que esteja aqui deve saber mais.
— Tem razão! Vou te seguir!
Septima seguiu na frente enquanto Balbina a seguia.
— Onde vamos encontrar o Pilar?
— Se for Koeus ou Zaphkiela, os dois primeiros locais que vão checar serão o servidor e a sala de Koeus.
— Tem razão... Doutora Septima conhece Zaphkiela melhor, afinal...
Em pouco tempo chegaram na entrada da sala do servidor, e não viram nada de anormal no caminho.
Aparentemente, até mesmo os devotos que escaparam causaram pouco ou nenhum dano.
Quando se aproximaram da porta reforçada da sala do servidor, foram paradas pelos Vigilantes.
— Doutoras, sinto muito, mas não podem entrar.
— Estamos procurando o Pilar, onde ele está?
— Ah, Zaphkiela está, no momento, na sala de Koeus...
— Certo, obrigada. — Septima pegou a mão de Balbina e a arrastou de volta, sem esperar pelo Vigilante terminar de falar.
Sua companheira não reclamou, contudo, pois também estava com pressa e queria entender a situação.
As duas subiram ainda mais no centro de pesquisas, até que passaram na frente da biblioteca e chegaram na entrada da sala de Koeus.
Dessa vez, entretanto, a primeira porta que conectava o corredor com a área aberta estava fechada, e havia vários Vigilantes a protegendo.
— Doutoras...
— Zaphkiela está aqui, correto? — Septima interrompeu o Vigilante. — Podemos esperar aqui até que ela saia?
— Sentimos muito, mas recomendamos que se afastem.
— Podemos ter alguma informação relevante sobre Doutor Dante.
Aquilo instantaneamente provocou uma reação dos Vigilantes, que se entreolharam brevemente.
— Está bem, aguardem aqui.
— Obrigada.
Ambas se afastaram um pouco e se recostaram contra a parede.
— Doutora Septima... — Após alguns minutos esperando em silêncio, Balbina decidiu falar. — Por que disseste aquilo sobre ter “informação” sobre Dante?
A especialista em Selagem desviou o olhar em silêncio.
— Por acaso... não está suspeitando dele, correto?
— Eu não disse isso...
— Mas foi o que deixaste implícito! — Balbina começou a ficar frustrada. — Como podes duvidar dele?
— Doutora Balbina...
— Ora, que comoção é essa? — A voz calma de Zaphkiela fez ambas olharem para a porta. — Vamos nos acalmar, sim?
Ela esboçou o mesmo sorriso misterioso de sempre, mostrando estar completamente inabalada, mesmo diante da possibilidade de que informações confidenciais teriam sido vazadas para alguma Seita.
Com uma caminhada calma, se aproximou das pesquisadoras.
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