O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 180: Preparativos

Depois de algum tempo, Sariel deixou a área de entrada da sala de Koeus e desceu, indo até a ala de Selagem.

Assim que chegou lá, fez como na primeira vez e espiou o interior para ver como estava Septima, percebendo que ela dormia debruçada sobre sua mesa.

“Ótimo, é o momento perfeito.”

Se esgueirou para dentro e procurou o capacete de realidade aumentada, encontrando-o ao lado da pesquisadora.

O pegou, abriu o compartimento com a pedra de Selagem, e ponderou o que poderia fazer.

“Preciso encontrar algum bug que possa afetar a simulação de alguma maneira... mas ainda não sei exatamente o que quero, então encontrar algo será difícil e demorado.”

Sariel lançou um olhar à Septima e percebeu uma pedra de Alteração ao seu lado com a marcação “relatório”.

Pegou a pedra e a ativou, absorvendo seu conhecimento.

Aquele relatório, além de conter informações do projeto e seu funcionamento, também possuía uma extensa lista de bugs que Septima e Lucius encontraram enquanto ele esteve ausente.

Havia informações de erros de sincronização, devido ao fato de a simulação ser, tecnicamente, dentro do subconsciente, portanto o tempo lá passava mais devagar do que no mundo real.

Também continha informações sobre erros visuais e de interface, nada muito interessante.

Fui então que se deparou com algo que chamou sua atenção.

“Bug de Noclip... O usuário atravessa paredes, chão, e até caí do mundo ao infinito...” Isso o fez se lembrar da esfera negra flutuante na simulação. “Espera! Com isso posso acessar a sala de Koeus na simulação!”

Aquilo instantaneamente o fez desejar colocar o capacete para fazer isso, mas algo o incomodava.

“Não... Conhecendo Koeus, tenho certeza de que haverá alguma medida de segurança para que, mesmo caso alguém consiga entrar em sua sala, algo aconteça...”

Enquanto pensava, percebeu que Septima estava despertando aos poucos.

Removeu o capacete e o colocou de volta na mesa, junto da pedra.

— Hmm... Doutor Dante...? — Esfregou os olhos em um estado semiacordado.

— Boa noite, Doutora Septima. Trabalhando até tarde novamente?

— Uhum... Estive “escrevendo” o relatório do projeto na pedra de Alteração para enviar até a sala de Koeus.

— Hm, compreendo. — Sariel não deu muita atenção àquela frase, portanto precisou de alguns segundos para notar algo. — Espera, enviar? Koeus está fora, então como poderá enviar essa pedra até sua sala?

— Ah, sim, não sabes ainda... — Septima se espreguiçou por um momento, soltando um longo bocejo. — Na entrada de sua sala, há um orifício na porta onde pode inserir uma pedra de Alteração, que então é levada para dentro. Nenhuma pedra de outro elemento funciona, para evitar sabotagem.

Ao ouvir aquilo, Sariel acabou arregalando os olhos em excitação.

— Compreendo, e onde exatamente essas pedras ficam depositadas enquanto ele não retorna?

— Em cima de uma mesa, organizadas pela data de envio da pedra.

“Evitar sabotagem, hein? Pensei que já soubessem dessa propriedade das pedras mágicas, mas, aparentemente, ainda não descobriram isso...” Precisou se conter para não deixar um sorriso transparecer.

— Ah, acabei adormecendo antes da hora... Preciso levar essa pedra até a sala de Koeus...

— Isso não é necessário, podes deixá-la comigo, pois a entregarei por ti. Deves descansar agora.

— Certo, obrigada, Doutor Dante... — Septima bocejou novamente e apoiou a cabeça sobre a mesa.

Sariel encarou a pedra e, dessa vez, permitiu um sorriso aparecer em seu rosto.

“Há muitas coisas que não sabia aqui, mas quem diria que há coisas que eles ainda não sabem...” Pegou a pedra e deixou a sala.

Subiu novamente para os níveis superiores do centro de pesquisas, contudo, ao invés de se dirigir diretamente até a sala de Koeus, foi até a biblioteca e, mais uma vez, procurou o local mais afastado.

Lá, absorveu completamente a pedra de Alteração, fazendo-a desaparecer.

Então criou outra contendo exatamente as mesmas informações, do jeito que Septima fez.

Deixou a biblioteca e subiu mais ainda, chegando logo no local desejado.

— Doutor Dante, o que lhe trás aqui? — questionou um dos Vigilantes assim que o percebeu.

— Vim com este relatório de um projeto que estou participando. — Mostrou a pedra a ele.

— Compreendo, podes entregar aos outros dois do outro lado.

— Certo.

Sariel se aproximou da porta protegida que levava até a sala de Koeus e ofereceu a pedra a um dos Vigilantes.

O Vigilante, após pegá-la, a levou até a porta e abriu um compartimento, parecido como uma caixa de correio, a deixou lá e, em seguida, fechou o compartimento.

— Obrigado pelo seu trabalho, Doutor Dante.

— Igualmente.

Sariel então deixou o local e se dirigiu até a sala do servidor, com outra pedra de Alteração em mãos.

Ao chegar em uma das várias portas protegidas, se aproximou dos Vigilantes e dirigiu palavra a eles.

— Boa noite, trago este relatório para Zaphkiela checar assim que chegar sobre um projeto que envolve a simulação. Como apenas ela e Koeus sabem o código fonte dela, é algo que apenas ela pode resolver.

— Compreendo, se não se importa, precisamos revistá-lo antes de entrar na sala do servidor.

— Isso não será necessário, apenas vim entregar o relatório, portanto posso deixar a pedra contigo, correto? — Ofereceu a pedra a ele. — Apenas certifique-se de deixar em um local que ela possa ver facilmente.

— Entendo... Bem, de fato podes deixá-la conosco. — O Vigilante pegou a pedra. — Faremos como pediste.

Sariel respondeu com um aceno e partiu, dirigindo-se até a ala de Reanimação, onde estavam as cobaias e voluntários que tiveram seus membros transplantados.

Primeiro visitou cada um dos pacientes que tratou, conversando brevemente com eles fingindo que o propósito de sua vinda era para checar a condição deles.

Todos estavam se recuperando bem, sem nenhum sinal de problemas.

Então, passou a ir aos quartos com os devotos selados que foram usados como cobaias no início daquele projeto.

Ao entrar em um quarto, se aproximou de um homem que estava profundamente desacordado.

“Muito bem, vejamos...” Tocou o homem e analisou o selo em seu poder mágico, percebendo que, pela composição dele, fora criado por Zaphkiela. “Se fosse ontem, eu teria problemas com isso, mas agora...”

Fechou os olhos e se concentrou. Palavras prateadas brilharam em sua pele e se espalharam pelo corpo do devoto, quando outras palavras surgiram nele e tentaram combater a magia de Sariel.

Logo as correntes de Selagem do viajante começaram a se conectar e alterar aquelas já existentes no devoto, para, em seguida, apagá-las gradativamente.

Algum tempo se passou, mas conseguiu quebrar o selo com sucesso.

Em seguida, contudo, selou novamente o devoto.

“Preciso do maior número de distrações possíveis... E vocês servirão para isso. Apenas espero que não matem nenhum pesquisador, cada túnica branca morto é um golpe terrível para a humanidade.”

Caminhou para fora da sala, contudo sentiu um chamado distante ressoando em sua mente.

“Feng Ping, huh? Espero que seja boas notícias...” Deixou a sala e se dirigiu ao quarto do próximo devoto. “Espere apenas um momento, há coisas que preciso fazer agora.”

Passou por cada um dos quartos, repetindo o mesmo processo com cada devoto.

Então, após ter terminado, procurou um acento próximo para adentrar seu subconsciente e conversar com Feng Ping.

 

***

 

Após ter conversado com Feng Ping, Sariel caminhou, aparentemente sem rumo, pelo centro de pesquisas.

Acabou encontrando várias pessoas novas, além de alguns pesquisadores que estava envolvido em alguns projetos.

Uma dessas pessoas foi Balbina, que puxou assunto com ele.

— Doutor Dante, se sente melhor agora? Tem descansado?

— Doutora Balbina, boa noite. Sim, apesar de que em breve retornarei até minha moradia para descansar. Se sentes bem?

— Ah, sim! Definitivamente melhor agora.

Ambos passaram a jogar conversa fora por um tempo, e o viajante propositalmente tentava arrastar ainda mais aquele momento.

“Vamos, apareça...”

— Ora, se não é o plebeu... — E, como se atendesse suas preces, a pessoa que mais desejava que aparecesse deu as caras. — Então decidiste procrastinar com vossos projetos para flertar... Como pode alguém como tu teres se tornado um pesquisador...

Sariel pôde ver em tempo real a expressão de Balbina se fechando quando ouviu aquela voz.

— Doutor Fabius, interessante que digas isso quando eu resolvi um problema que tu foste incapaz de solucionar... — Se virou e lançou essas palavras ardidas contra ele com um sorriso irônico. — Se quiseres, posso ensinar-lhe, tenho certeza de que lhe tornarei um pesquisador muito melhor sob minha tutoria...

Aquilo instantaneamente fez o rosto de Fabius se contorcer em uma patética expressão de raiva.

— Respeite-me! Estou aqui antes mesmo de tu teres nascido!

— E minhas conquistas já são bem maiores que tuas... Como se sentes ao ter todos seus anos de pesquisas superados por alguém muito mais jovem, inteligente e talentoso em apenas alguns dias?

Fabius, não esperando tamanho desaforo e desrespeito, congelou de pé e encarando o viajante com olhos arregalados, como se não acreditara no que ouvira.

— Plebeu... aparentemente não sabes do que minha família é capaz... — Se aproximou dele com os punhos cerrados. — Ajoelhe-se imediatamente, lamba meus calçados e implore por perdão, e quem sabe eu tenha piedade de não fazer nada contigo ou sua família.

— Fabius, já basta isso! — Balbina se colocou entre os dois. — Se fizeres tais ameaças, terei de reportar isso a Koeus quando retornar.

— Ora, não estou fazendo nada, estou? — Um sorriso malicioso surgiu em seu rosto. — Suporto teu desrespeito contra minha pessoa, pois faz parte de uma grande família, mas não aceitarei esse tratamento vindo de um plebeu!

Balbina abriu a boca para dizer algo, mas foi incapaz de encontrar uma resposta.

Encarou Sariel preocupada. Não esperava que ele fosse tão ousado e contundente com suas respostas, e isso pode ter trazido problemas a ele.

E a questão, era que Fabius estava certo. A menos que Sariel se casasse e adquirisse o sobrenome de uma grande família, a família Remus, embora não pudesse fazer nada diretamente contra ele, poderia fazer mal a seus parentes.

— Está enganado, Doutor Fabius, em breve farei parte de uma das grandes famílias de pesquisadores de Acrópolis. — Sariel ergueu o queixo em um sinal de superioridade.

— Como!? — exclamaram ambos Balbina e Fabius em confusão.

— Exatamente, na tarde de amanhã assinarei o documento confirmando minha união com Doutora Balbina, portanto não poderá fazer nada com minha família.

Sariel passou o braço por trás das costas de Balbina e a puxou para perto de si.

Ela, pega completamente de surpresa, não conseguiu nem resistir e, antes que percebesse, se viu extremamente perto dele e de seu rosto.

Encarou Fabius com olhos arregalados, depois Sariel e, enfim, corou, baixando o olhar.

— Seu rato imundo e galanteador! — Obviamente, aquilo fez Fabius ainda mais irritado. — Está apenas a usando para seu próprio bem!

— Incorreto, diferente de ti, uma pessoa que morrerá sozinha, sou capaz de me apaixonar.

— Seu... seu... — Fabius sabia que ele estava blefando, mas, ao notar como Balbina não desmentia aquelas palavras, sabia que não havia nada que pudesse fazer. — Isso não vai ficar assim...

Com os punhos cerrados e rangendo os dentes de raiva, passou por Sariel, trombando propositalmente contra ele.

— Doutor Dante... Aquilo que disseste antes... — Balbina se afastou um pouco dele, tentando esconder o rosto, pois podia senti-lo quente.

— Eu disse a verdade, Balbina. Desculpe por dizer aquilo tão subitamente.

— Não! De forma alguma! — Logo um sorriso puro surgiu em seu rosto. — Ficarei feliz em entregar-lhe meu nome, e minha família irá recebê-lo de braços abertos!

— Obrigado, Balbina. — Sariel sorriu de volta para ela. — Bem, preciso retornar até minha casa para descansar. Após o meio-dia amanhã podemos resolver este assunto, certo?

— Claro! Ah, mas tome cuidado ao voltar para casa, não creio que Fabius tente algo, mas nunca se sabe...

— Terei isso em mente, até amanhã, Balbina.

Ao se despedir, se afastou da pesquisadora.

“Sinto muito por enganá-la dessa maneira, Doutora Balbina...”

Sariel deixou o centro de pesquisas e retornou até sua casa.

“Zaphkiela deixou as minas Belvuch hoje cedo, ela pode chegar no fim da próxima noite... Tenho que invadir os aposentos de Koeus na próxima manhã.”

Aquele pensamento o fez começar a se sentir nervoso. Por um lado, já havia feito alguns preparativos para servir de distração, mas pelo outro, ainda estava fazendo algo extremamente arriscado que poderia facilmente falhar.

“Creio que tenho o número suficiente de distrações preparadas... Se consegui irritar Fabius o suficiente, ele definitivamente tentará algo contra mim amanhã de manhã... Apesar de eu desejar ter mais truques.”

Durante sua caminhada, foi escaneando os arredores para se certificar que Fabius não o estava seguindo.

Chegou em casa sem nenhum incidente, dirigiu-se até seu quarto, deitou-se em sua cama e dormiu.


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