O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 170: Um Dia Agitado

Luna e Aegreon reuniam-se diante de uma fogueira, comendo o almoço durante uma breve pausa dos treinos.

O Pilar agora a ensinava a usar melhor armas. Aegreon usava sua foice, e a princesa a espada criada recentemente por Sariel.

Como usavam armas reais, era inevitável que acabassem se ferindo, ou melhor, que Luna se ferisse, pois ela ainda não era habilidosa o suficiente para acertar seu professor.

Claro, Aegreon a atingia de raspão propositalmente, já que não faria sentido feri-la profundamente e forçá-la a usar magia para se curar, apenas cortar superficialmente sua pele já bastava para demostrar que teria sido atingida e que cometera um erro.

Ambos comiam em silêncio. Luna percebia cada vez mais o quão poderoso e habilidoso era um Pilar, e ainda nem usavam magia nos treinos, pois o resultado de um embate desse tipo seria tão catastrófico que certamente seriam descobertos.

Além disso, isso a fez admirar Sariel ainda mais. Ele não apenas lutou contra um, mas três Pilares diferentes naquele ponto, tendo derrotado Indra e Feng Ping em um combate total, e contra Aegreon em uma luta corporal.

Encarou o Pilar diante dela, que estava com os olhos focados em sua refeição.

— Algum problema? — perguntou ele, notando seu olhar.

— Ah, nada, estava apenas pensando como ainda há tanto para aprender... E achei que Sariel já havia ensinado muito...

— Estamos o tempo todo na estrada, é difícil ter tempo para treinar, e não pode usar todo seu poder em um treino, portanto deve aprender na prática em combates reais contra a Seita. Sem contar que faz apenas alguns meses desde que começou a lutar, sua evolução é impressionante.

Luna esboçou um pequeno sorriso. Por mais que Aegreon tivesse dito aquilo normalmente, sentiu-se feliz ao saber a opinião dele.

— É a primeira vez que temos a oportunidade de treinar por tanto tempo, portanto devemos aproveitá-la.

— Tem razão. — Luna concordou com um aceno e logo terminou sua refeição, então se levantou. — Podemos continuar?

Aegreon a encarou silenciosamente. Após um tempo, levantou-se sem dizer nada e pegou sua foice.

— Vamos.

Luna sorriu e correu atrás dele.

— Certo!

Após caminharem por um bom tempo, Aegreon eventualmente parou ao julgar que haviam se afastado o suficiente.

Virou-se para Luna com sua foice em mãos.

— Prepare-se. — Adquiriu uma postura de batalha.

— Uhum.

Luna se afastou alguns passos e segurou sua espada com firmeza.

— Co... — Aegreon estava prestes a autorizar o início do treino, porém Luna agiu antes que pudesse falar e avançou.

Mesmo assim, o Pilar foi rápido o suficiente e conseguiu bloquear um corte com sua foice.

— Está cada vez mais ardilosa. — Lembrou-se dos primeiros treinos com ela. — Aprendeu coisas ruins com ele...

— Em uma batalha não existe isso de ser ardiloso. — Luna esboçou um sorriso de canto. — É tudo ou nada.

O Pilar a empurrou com sua foice, criando uma distância entre ambos.

Então, antes mesmo que Luna pudesse tocar o chão, avançou em sua direção e desferiu um corte horizontal.

A princesa bloqueou com sua espada, sendo necessário usar ambas suas mãos para barrar o avanço, já que, por não ter o auxílio do chão, teria mais dificuldade em exercer força.

Contudo percebeu o punho do Pilar avançando pelo seu outro lado.

Usando sua perna, chutou Aegreon no peito com força e o fez voar contra inúmeras pedras, pulverizando-as no impacto.

Sem perder tempo, disparou até ele antes que tivesse tempo de se recuperar.

Alcançou-o rapidamente e tentou uma estocada, que errou por muito pouco, pois Aegreon desviou para o lado.

O Pilar girou o próprio corpo e usou a foice, mirando o rosto.

Luna tentou desviar, porém a lâmina foi capaz de cortar parcialmente seu rosto, que teria avançado mais se o Pilar não tivesse se segurado e desacelerado o ataque.

Tsc! Já teria perdido.”

Tentou usar sua espada, porém dessa vez foi a vez de Aegreon de atingi-la com um poderoso soco e enviá-la ao encontro contra pedras e montes de terra.

Luna se levantou o mais rápido que pôde, porém o Pilar não a atacou, apenas se aproximou devagar.

— Não se afobe, mantenha a calma e não quebre sua postura. — Caminhava lentamente em sua direção. — Não se esqueça...

Luna o atacou subitamente com sua espada enquanto ele falava, pegando-o desprevenido brevemente, mas não o suficiente para acertá-lo.

— Preste atenção no que digo. — Contra-atacou com a foice.

— Posso prestar atenção enquanto luto, assim como tu podes falar enquanto luta. — Luna desviou e o socou.

Hmpf. — Emitindo um som que não se sabia ser um resmungo irritado, ou uma risada contida, Aegreon bloqueou o soco da princesa. — Neste caso, serei mais exigente.

O Pilar atacou com ainda mais voracidade, enquanto dava sermão em Luna.

— Não afaste tanto seus braços. Cuidado com seus pés. — Aegreon dizia em uma cadência normal, como se estivesse em uma conversa casual, sem nem mesmo precisar respirar profundamente ou falar pausadamente.

— Hm! — Luna, precisando exercer toda sua concentração, apenas respondia com murmúrios enquanto lutava.

 

***

 

Sariel retornou rapidamente até a sala de testes após ter basicamente engolido seu almoço inteiro.

Tanto ele quanto Tacitus ficaram mais algumas horas realizando experimentos, quando vários dos pesquisadores decidiram fazer uma pausa juntos, reduzindo um pouco a carga de ambos.

Sariel se aproximou de Tacitus em certo momento.

— Doutor Tacitus, se precisares de uma pausa, cuidarei de tudo aqui até que retornes.

— Agradeço a atenção, contudo permanecerei aqui. — O pesquisador o encarou e sorriu. — Agora o movimento reduziu um pouco, portanto podes trabalhar em outros projetos agora.

— Tens certeza? Não necessita de minha ajuda?

— És um pesquisador de outro elemento, seria injusto mantê-lo aqui. Caso algo extraordinário aconteça, lhe enviarei uma mensagem.

— Compreendo, obrigado, Doutor Tacitus. — Sariel se despediu dos pesquisadores que ainda permaneciam na sala e se dirigiu aos corredores.

Checou seu tablet e percebeu uma mensagem de Octavius, aparentemente, devido sua descoberta recente, vários pesquisadores se inscreveram no projeto do veículo blindado, o que oficialmente iniciava aquele trabalho.

Caminhou até a área militar, um dos primeiros lugares que visitou quando Octavius o guiou.

Adentrou a sala onde o canhão estava, deparando-se com quatro pesquisadores discutindo próximos da arma.

Um deles era Octavius, e uma mulher que reconheceu ser Balbina, que estaria cobrindo a necessidade de um especialista em Alteração.

Quanto aos dois que ainda não conhecia, um era um homem de meia-idade, cabelo verde como grama e olhos de cores diferentes: vermelho e azul-claro.

A outra pessoa, uma mulher que Sariel facilmente confundiria como uma enfermeira ou mãe pela sua aparência: por volta dos trinta anos, prendia todo seu cabelo em uma única trança que se apoiava em seu ombro e tocava seu peito.

— Boa tarde, senhores e senhoras, peço perdão pela minha demora, estive deveras atarefado. — Sariel se aproximou dos quatro. — Chamo-me Dante Leonhardt, é um prazer.

— Ara, Doutor Dante, é um prazer. — A mulher desconhecida possuía uma voz gentil e madura, realmente como o de uma enfermeira amável ou de uma mãe responsável. — Chamo-me Angelina de Rieu, pesquisadora do elemento Proteção, prazer em conhecê-lo.

— Igualmente, Doutor Dante. Chamo-me Ludomir Bartosz, pesquisador dos elementos de Combate — O homem se apresentou. — Entendemos vosso atraso, vossa descoberta é um assunto até mesmo entre os especialistas em elementos de Combate.

“De Rieu... Reino Bourrasque, e Bartosz, de Jawia...” Sariel se interessou mais pelo homem, pois, ao analisar sua magia, percebeu que ele possuía todos os seis elementos de Combate, além de Selagem. — Será um trabalho trabalhar convosco. Contudo, Doutora Balbina, não esperava que se interessaria por esse projeto.

— Bem, Fabius tem sido tão agradável quanto Conjuração, portanto agarro qualquer oportunidade de deixá-lo só. — Balbina o encarou e sorriu. — Além disso, mal posso esperar para trabalhar contigo.

— Muito bem, agora que as apresentações foram feitas, devemos focar no projeto — disse Octavius após tossir brevemente para limpar a garganta. — Primeiro devemos decidir que funções este veículo terá e como implementá-las, apenas então seguiremos para a fase de desenho técnico.

— Nesse caso, creio que minha opinião agora é desnecessária, visto que o canhão já está pronto — disse Ludomir. — Creio que devemos começar discutindo os detalhes mais simples, como a parte da defesa.

— Não basta criar uma barreira que poderá ser ativada e desativada ao redor deste veículo? — questionou Balbina.

— Considerando que este veículo será usado como linha de frente, uma simples barreira esférica talvez não seja o suficiente. Talvez devêssemos usar uma barreira com um formato mais complexo — sugeriu Octavius.

— Nesse caso, devemos focar em uma barreira elíptica, podemos fazê-la possuir um ângulo de inclinação bem acentuado, semelhante ao formato de um milho, aumentando assim ainda mais a efetividade da defesa — disse Angelina.

— O problema desse formato é que é apenas efetivo frontalmente, se um inimigo atacar a barreira por outra direção, o ângulo será basicamente plano e ela se quebrará mais facilmente, e em uma guerra real, se você está sozinho contra um oponente, então algo está errado — contrapôs Ludomir.

— Neste caso, por que não fazer uma barreira com várias formas diferentes pré-definidas que, ao detectar um ataque iminente com Alteração, ativa a mais efetiva baseada na direção? — sugeriu Sariel.

— Isso seria possível, porém complicado — murmurou Angelina. — Além disso, precisaríamos de gemas mágicas ainda maiores para isso, aumentando o perfil deste veículo. Como o número de pessoas operando-o é, no momento, de cinco, então se tornará um alvo ainda mais fácil...

— De fato, precisaríamos de três pessoas operando o canhão, além de um motorista e capitão.

— Podemos reduzir para três pessoas se criarmos um sistema para carregar o canhão automaticamente, então uma única pessoa poderia operar o canhão — insistiu Sariel.

— Carregamento automático, interessante... — exclamou Balbina. — E se fizermos da seguinte maneira...

 

***

 

Cerca de duas horas depois, Sariel deixou a sala que estava e foi ao encontro de Lucius e Septima para ajudá-los no dispositivo que criavam.

Felizmente o projeto do veículo blindado, chamado provisoriamente de “tanque” no momento, avançou sem problemas, visto que todos os especialistas eram cooperativos.

Mesmo que se encontraram apenas naquele momento para discutir o projeto, já haviam decidido tudo o que fariam e, até mesmo, já fizeram todo o desenho do veículo, que já foi enviado para o setor de produção e até mesmo receberam a confirmação de que suas peças começaram a ser fabricadas.

Claro, Sariel teve um papel muito importante para que tudo tivesse corrido tão bem. Suas ideias não apenas resolviam os problemas, como também eram práticas.

Agora decidiu que iria fazer o possível para completar a pesquisa do dispositivo de realidade aumentada.

Quanto mais rápido conseguisse resultados positivos para Acrópolis, maiores eram as chances de conseguir se infiltrar nos aposentos de Koeus.

Por falar nisso, o viajante logo notou que os Vigilantes não o seguiam mais.

“É um dia corrido, já está de noite, mas serei forçado a permanecer acordado. Não apenas tenho que resolver os projetos que estou envolvido, ainda preciso investigar direito a simulação e ver se consigo usá-la de alguma maneira no meu plano.”

Sariel estava chegando perto de seu destino, quando acabou passando ao lado de Fabius.

Tentou ignorá-lo, contudo o especialista em Reanimação o abordou.

— És muito arrogante se acreditas que, apenas por estar trabalhando em vários projetos, podes me ignorar.

— Sinto muito Doutor Fabius, mas estou realmente ocupado com muitas pesquisas agora, diferente de ti que estas gastando meu tempo com isso. — Sariel deu uma resposta passiva-agressiva.

Aquilo fez Fabius ficar em choque e em silêncio. Esperava já esse tipo de comportamento por parte de Balbina, contudo não com um plebeu recém-chegado.

— Ora seu...

— Além disso, duvido que converse com todo pesquisador que acaba cruzando contigo, portanto, se me der licença... — Começou a se afastar.

— Espere um minuto! — Fabius tentou agarrar seu braço, mas Sariel desviou com destreza. — Quê?!

Um Vigilante que caminhava pelos corredores ouviu a comoção e se aproximou.

— Algum problema?

Porém Sariel não desejava perder mais tempo com coisas inúteis e seguiu seu caminho, deixando Fabius irritado para trás.

Ao chegar na sala onde Septima e Lucius estavam, percebeu que não havia ninguém.

— Com licença? — Andou à procura de alguém, quando captou o som de uma respiração tranquila e lenta.

Seguindo seus ouvidos, se aproximou de uma espécie de armadura, reconhecendo imediatamente como sendo a versão demo do dispositivo de realidade aumentada que desejavam reduzir.

Percebendo que o som saia de dentro dela, levantou o capacete, encontrando Septima dormindo profundamente, apesar do local incomum que escolhera.

“Devo acordá-la?” Permaneceu travado perante tal situação inusitada.

— Ah, Doutor Dante, vieste trabalhar conosco? — A voz de Lucius ecoou por trás.

— Sim, exatamente. — Se virou e encarou o especialista. — Tudo bem em deixar a Doutora Septima...

— Ótimo, vamos começar então, venha! — Antes que pudesse terminar sua frase, Sariel foi interrompido e puxado por Lucius. — Eu e Doutora Septima estivemos pensando em simplificar os códigos para tentar reduzir o tamanho, qual vossa opinião.

— Bem... — Sariel olhou para trás, avistando a pesquisadora ainda dormindo e perguntando-se se deveria mencionar aquilo, porém logo desistiu. — É uma ótima ideia, também sugiro o seguinte...


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