Volume 3
Capítulo 162: Bem-Vindos à Acrópolis
Octavius guiou os mais novos pesquisadores pelo grande complexo de laboratórios de Acrópolis.
Por onde passavam se surpreendiam: Havia parques, estabelecimentos de lazer, fontes termais, meios de transportes super-rápidos, inúmeras torres com antenas, e claro, inúmeros laboratórios... Aquele lugar era tão avançado que parecia um outro mundo.
O mesmo se aplicava para Sariel. Mesmo que Eribur fosse bem mais avançado tecnologicamente que muitos reinos, aquele lugar estava acima em todos os aspectos.
“Me pergunto como será o Éden... Talvez seja o único lugar que possa superar aqui...”
O viajante lançou um olhar curioso para os pesquisadores ao redor. Alguns usavam uma espécie de plataforma com duas rodas para se deslocar tranquilamente, e até mesmo havia demarcação e sinalização especial nas ruas para eles, buscando evitar confusão e acidentes.
— A região invertida é focada nos setores como medicina, arqueologia, biologia... Enquanto a região de cima é centrada apenas no desenvolvimento da tecnologia. — Octavius explicou brevemente o funcionamento de Acrópolis conforme caminhava. — Raramente visito o lado invertido, visto que, devido meu elemento, trabalho com robótica.
— Considerando seu elemento, creio que também raramente vai andar pelo lado invertido, certo? — comentou Felix com um cochicho.
— Provavelmente, quais seus planos?
— Bem, sempre me interessei por astronomia, então vou ficar na parte de cima também.
Apesar de astronomia se encaixar mais com a classificação da parte invertida, os laboratórios se localizavam na parte superior, afinal, seria difícil observar as estrelas se, quando olhasse para baixo, apenas avistasse o chão.
— Bem, quero estudar melhor o elemento Reanimação, então irei para a área de medicina. — Frederic encarou Felix e Sariel. — Parece que vamos nos separar.
— Ainda poderemos nos encontrar, correto? — Felix buscou confirmação com Sariel, que concordou com um aceno.
Aquilo tirou um pequeno sorriso de Frederic, que tentou escondê-lo em seguida.
“Não sei quão fundo é sua amizade, mas parecem bem próximos.”
Após alguns minutos caminhando, Octavius finalmente chegou com os pesquisadores ao local desejado: Um complexo de edifícios conectados, que não apenas eram fortificados, como também possuía inúmeros guardas protegendo o local.
“Esses guardas, são todos soldados da Vigília...” Sariel observou atentamente o local. “Esse lugar está bem no centro de Acrópolis, creio que este complexo atravessa o chão e se ergue na parte superior.”
Aquele era o único lugar de toda Acrópolis que possuía muros e portões, além de que toda a área possuía um escudo extremamente poderoso, tão resistente que provavelmente resistiria a todos os Pilares, incluindo Ardos.
— Aqui é o único lugar que precisam transitar ao lado de guardas, explicar o motivo de sua visita, e até mesmo precisarão enviar um pedido para receber permissão para visitar alguns setores. — Octavius se virou e encarou os outros pesquisadores. — Aqui é onde o Conselho realiza experimentos e pesquisas ultra confidenciais, mas, ao mesmo tempo, também é o local de mais alto prestígio em toda Acrópolis. Sigam-me.
Octavius se dirigiu até um dos portões do local, onde havia uma guarnição aguardando.
— Os novos pesquisadores estão aqui para seu cadastro na rede de Acrópolis. — Octavius informou ao guarda mais próximo.
— Compreendo, um minuto. — O guarda caminhou para dentro de uma cabine ali perto e, após alguns segundos, uma brecha na barreira se abriu. — Podem passar — informou após retornar.
Octavius caminhou na direção de uma construção com algumas torres e antenas com os pesquisadores os seguindo.
Assim que passaram pelo portão, vários dos Vigilantes começaram a segui-los de maneira organizada, demonstrando que já haviam repetido aquele procedimento inúmeras vezes.
Assim que se aproximaram da porta de entrada, ela se abriu automaticamente.
Sariel se deparou com uma sala ampla, com vários terminais tecnológicos e avançados.
— Insiram vossos tablets em um terminal, isso fará seu cadastro no sistema de Acrópolis. — Octavius se aproximou de um dos terminais. — Assim que terminarem, um tutorial detalhado sobre Acrópolis e como manusear seu tablet aparecerá em vossos aparelhos, portanto não se preocupem muito com isso.
Após essa breve explicação, os novos pesquisadores se dirigiram a um terminal cada.
Sariel se aproximou e percebeu um espaço para que inserisse seu tablet. Além disso, havia um objeto conhecido como “câmera” apontando para seu rosto.
“Uma câmera... Alguns lugares usam isso, mas creio que aqui é diferente... Imagino que assim que tira uma foto de meu rosto, deve enviá-la para o sistema de Acrópolis.” Inseriu seu tablet e aguardou alguns segundos.
Logo depois, na tela do terminal, apareceu todas as informações coletadas durante os exames que realizara.
“Rank, nome, idade, peso e altura, reino natal... É impressionante que conseguiram tanto em tão pouco tempo... Faz apenas algumas horas que cheguei.”
Um aviso na tela informou que o cadastro fora concluído, então retirou seu tablet.
Depois que todos concluíram o cadastro, Octavius os guiou para fora do local.
Assim que passaram pelo portão, se virou aos pesquisadores.
— Muito bem, isso concluí tudo por hoje, estão livres agora. Em vossos tablets, podem verificar o mapa e encontrar seus dormitórios, restaurantes e banhos. — Muitos comemoraram de maneira cansada ao ouvir aquilo, visto que estavam cansados mentalmente e fisicamente. — Bem-vindos a Acrópolis! — Finalizou com os braços abertos.
Logo os pesquisadores começaram a se separar em grupos, talvez por já se conhecerem, ou por estarem se dirigindo ao mesmo local, porém ninguém pareceu se importar com se misturar a outros de nível inferior ou superior.
— Doutor Dante, estávamos considerando jantar, gostaria de nos acompanhar? — convidou Felix com Frederic ao seu lado.
— Sim, com pra...
— Sinto interrompê-los. — Octavius se aproximou dos três. — Contudo há um último assunto que devo tratar em particular com Doutor Dante. Não será demorado, entretanto.
— Ah, compreendo, com licença então. — Felix e Frederic imediatamente se afastaram.
— O que necessita?
— Siga-me. — Octavius caminhou novamente para dentro da área restrita de Acrópolis.
Os guardas não os pararam dessa vez, mas dois deles ainda os acompanharam.
“Ele já informou os guardas de antemão que entraria comigo novamente, entendo.” Sariel manteve-se cauteloso ao lado dos Vigilantes.
— Doutor Dante, há algumas coisas que apenas tu podes saber. Como és uma túnica branca, poderá trabalhar nos setores confidenciais, em pesquisas lideradas pelo próprio Conselho. — Octavius guiou Sariel por alguns corredores, encontrando outros pesquisadores de túnica branca pelo caminho.
— Mesmo? Isso é como um sonho para mim! — Sariel demonstrou alegria, e sorria internamente por já conseguir se infiltrar no local desejado.
— Claro, será supervisionado, ainda mais devido às circunstâncias extraordinárias sobre sua prova, porém este trabalho é o sonho de todos de Acrópolis.
— Poderei trabalhar contigo, Doutor Octavius?
— Isso com certeza acontecerá. Há muito a se pesquisar em Acrópolis, e apenas cinquenta e nove pesquisadores de túnica branca... Sessenta agora contando contigo. É muito comum que trabalhemos em vários projetos simultaneamente, e não apenas relacionado à sua área de expertise, mas de outros elementos também.
— Outros elementos? Por quê?
Octavius levou Sariel a uma seção do centro de pesquisas de Acrópolis, onde algumas telas indicavam ser a área relacionada ao elemento Reanimação.
Se dirigiu a uma porta e a abriu silenciosamente. A sala havia vários equipamentos médicos, telas com imagens do corpo humano, e alguns pesquisadores discutindo algo.
— Aqui estão tentando desenvolver uma maneira de realizar transplante de membros — explicou Octavius com a voz baixa. — Deves saber que Indra, o Pilar do Raio, perdeu seu braço direito em uma batalha. Estamos apurando se algo assim é possível ou não.
“Imagino como reagiria se soubesse que aquele quem fez isso está logo ao seu lado...” Sariel lançou um breve olhar a Octavius, mas manteve sua expressão neutra.
— Vamos continuar. — Octavius saiu da sala com Sariel. — Apenas naquela sala havia pesquisadores dos elementos Reanimação, Proteção e Alteração, todos eles discutindo o mesmo projeto.
— Entendo... Por mais que o transplante de órgãos e membros seja possível, geralmente ocorre muitas complicações no processo, o que necessita de especialistas de outros elementos.
— Exato. Não importa o quanto eu estude sobre Reanimação ou Proteção, jamais saberei mais do que alguém que possuí estes elementos. Nosso conhecimento é limitado pelos nossos elementos desde que nascemos, e ninguém jamais compreenderá totalmente cada um. — Octavius permaneceu em silêncio por um breve momento. — Exceto, é claro, um Volátil, porém o último morreu antes mesmo do nascimento de Ardos.
Aquilo fez Sariel ficar em alerta, e teria até mesmo desconfiado que ele sabia, de alguma forma, quem ele era, mas pôde perceber que Octavius não possuía nenhuma intenção por trás daquelas palavras.
Após mais algum tempo de caminhada, chegaram na seção do elemento Selagem.
Entraram em uma sala com vários equipamentos avançados, autômatos, máquinas, telas contendo cálculos complexos e caixas cheias de pedras mágicas.
— Este é o laboratório de robótica, apesar de desenvolvermos outras coisas aqui também. Entre.
Sariel caminhou cuidadosamente pela sala. Era um espaço extremamente amplo, e mesmo com tantos equipamentos ali, estavam tão bem-organizados que podia caminhar livremente.
“Incrível... Era de se esperar algo assim do Conselho, mas isso é quase como uma indústria inteira...” Sariel se aproximou de um autômato que estava aberto e analisou brevemente seu código.
— Vejo que isso chamou sua atenção. — Octavius se aproximou.
— Essa criptografia, se não me engano, foi criada pelo doutor Gaius Julius Caesar Augustus, certo?
— Exato, e ela recebe seu nome: “Cifra de César”.
— Ela não está um tanto ultrapassada? Mesmo sem saber o número usado, ainda é possível decifrá-la facilmente.
— De fato, por isso apenas a usamos em projetos onde a quebra do código não é um problema. Já desenvolvemos criptografias muito mais avançadas desde então.
— Compreendo, contudo, imagino que há um motivo para estar me mostrando isso, correto?
— Realmente. — Octavius o encarou profundamente e limpou a garganta antes de continuar. — A verdade é que estou profundamente curioso quanto ao projeto que sugeriu em sua prova.
— Ah, sim, aquilo...
Sariel se lembrou de sua resposta. Havia descrito uma espécie de veículo terrestre blindado, que usava pedras de Proteção para fortalecer sua blindagem, pedras de Alteração capazes de detectar auras inimigas, pedras de elementos de Combate como armamento, tudo isso controlado por uma única pedra de Selagem.
— É uma proposta magnífica, contudo por que um veículo de combate?
— Bem, mesmo que derrotamos os Anjos, a ameaça de seu retorno ainda existe, e aumenta conforme o tempo passa. Um Anjo comum é muito mais poderoso do que um humano comum, porém, com um veículo desses, um humano “fraco” pode lutar.
— Entendo... então esteve pensando sobre a guerra... Preciso levá-lo a outro lugar. — Dito isso, Octavius guiou Sariel pelos corredores, chegando no setor militar.
Lá, entraram em uma sala parecida com a anterior, mas voltada exclusivamente para o desenvolvimento de armas.
Octavius se aproximou de uma arma que possuía duas rodas e um longo cano metálico com a parte interna possuindo cerca de 150 milímetros de espessura.
— Sinto dizer, Doutor Dante, mas os Anjos não são a única ameaça atualmente. — Octavius passou a mão pela arma. — Existem organizações chamadas Seitas que conspiram contra a humanidade, e este equipamento foi desenvolvido pensando justamente como descreveu em sua proposta: que humanos comuns pudessem lutar contra inimigos poderosos.
“Essa arma... uma gema de 150 milímetros seria capaz de derrotar até mesmo algumas criaturas poderosas com um disparo, como aqueles seres com centenas de braços e cabeças de Nergal.”
Sariel lançou um breve olhar ao desenho técnico da arma e se impressionou com seu poder de fogo.
— Seitas? — fingiu ignorância, visto que elas não eram algo conhecido por pessoas comuns.
— Explicarei isso mais tarde. — Octavius também observou atentamente o projeto da arma. — Sua proposta é interessante, mas carece de detalhes, além de que precisará projetar uma arma para colocar neste veículo.
Sariel observou o canhão por um tempo. De fato, era uma arma magnífica, mas não era de fácil transporte.
— Doutor Octavius, esta arma ainda está na fase de testes, certo? Ela é muito útil para defender um lugar, mas não para atacar.
— De fato, porém estamos lidando com esse problema ainda. Ela pode ser operada por duas pessoas, mas o recomendado é três, uma para carregar o projétil, uma para mirar, e outra para disparar, portanto ela não pode ser usada enquanto é transportada.
— Bem, basta colocarmos ela no meu veículo sugerido. Como vocês já possuem o projeto desta arma, basta desenvolver apenas o chassi.
Octavius encarou Sariel com surpresa, e logo tocou o próprio queixo de maneira reflexiva.
— Isso é uma ideia interessante, resolveria todos os problemas que apresentei... — Octavius observou a arma por um momento, mentalizando como seria o produto final sugerido por Sariel. — Parece que já tens um trabalho, se importaria de compartilhar sua ideia?
— Claro, veja bem...
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