O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 155: A Força de Koeus

Desde o fim da guerra dos anjos o Conselho e a Vigília têm enfrentado Seitas e criaturas das mais variadas todos os dias. Para qualquer lugar que procurassem, encontrariam problemas.

Já haviam enfrentado monstros inimagináveis, sendo todos eles documentados, estudados e classificados de acordo com cada Deus da Escuridão.

Já havia sido uma surpresa quando o Conselho descobriu sobre as sombras, e ficaram intrigados com suas habilidades.

As únicas criaturas capazes de pensar racionalmente e falar eram daquelas da Seita de Freya, isto é, até agora.

Como era de se esperar, todos os presentes surpreenderam-se em simultâneo.

— Deixou destruir portal... Inútil. — A sombra continuou em um tom neutro, apesar de suas palavras duras. — Alimentar eu... você só serve.

Cometia inúmeros erros conforme falava, mas era possível entender a mensagem que tentava passar, o que demonstrava que aprendera a língua humana.

— Ba-Baphomet! — Ancalion estava visivelmente nervoso, demonstrando que não esperava que logo o verdadeiro líder da Seita apareceria ali. — A culpa não é minha! É deles! — Apontou para Clementius e Koeus ao seu lado.

— Vocês, quem são? — Finalmente seu olhar desviou para os dois Pilares.

— Chamo-me Koeus. — O Pilar da Alteração falou antes, demonstrando como estava profundamente intrigado. — Tu, como podes falar?

— Devorei humanos, muitos. Cérebro humano, entender. Depois, humanos me ensinar.

— Interessante... Ao “devorar” muitos humanos, consegue usar o cérebro daqueles que possuiu... Isso funciona com outros seres vivos? Como um lobo, por exemplo? — O lado pesquisador curioso de Koeus não pôde deixar de desejar estudar e conversar com aquele indivíduo.

Como será que ele pensava? Sentia? Compreendia o mundo ao seu redor?

Apenas algumas das inúmeras perguntas que se passava pela sua mente.

— Qualquer vivo, se bastante devorado, entende.

— Baphomet! Não os responda! São inimigos! — Ancalion interrompeu a conversa, temendo que descobrissem demais sobre os Ghouls.

— Inimigos...

— Sim! Querem destruí-lo! Pode devorá-los à vontade.

Assim que ouviu aquilo, Basphomet imediatamente se afastou e mergulhou novamente no magma.

No momento seguinte, um redemoinho se formou, concentrando toda a lava em um único ponto, o que fez o nível reduzir cada vez mais.

— Interrompam-no! — Percebendo o ataque iminente, Clementius percebeu que, caso nada fosse feito, sua barreira definitivamente ruiria considerando a quantidade de magma que havia ali.

Jeanne e Feng Ping, os que possuíam o maior poder de ataque, lançaram suas magias na esperança de pará-lo, mas foram interceptados pelo próprio magma que Baphomet usava para se proteger.

Percebendo que não havia outra escolha, Feng Ping segurou sua lança acima da cabeça conforme seus ventos começaram a se condensar nela, ao mesmo tempo que Jeanne pressurizava uma grande massa de água na ponta de seu dedo indicador para cortar o inimigo.

Entretanto havia uma clara diferença entre ambos os lados. Baphomet tinha a disponibilidade de uma grande quantidade de poder mágico no ambiente, ao contrário dos Pilares, que precisavam gastar mais magia para conseguir atacá-lo antes.

Simultaneamente, Feng Ping e Jeanne lançaram seus ataques, que voaram até onde Baphomet estava, agora visível e segurando uma esfera de chamas escuras na palma de sua mão estendida.

Ele não interrompeu seu ataque, mas moveu sua cabeça apenas o necessário para que não sofresse um ferimento fatal.

Os ataques o atingiram, porém ele os ignorou.

— Lily, Erandi! — Com a ofensiva do Conselho falhando, Clementius chamou as duas candidatas.

— Entendido! — Percebendo imediatamente sua intenção, ambas criaram uma camada extra ao escudo com madeira, na esperança que conseguiria amortecer o impacto o suficiente.

Feito isso, poucos segundos se passaram enquanto todos eram capazes de sentir a energia da Conjuração aumentando.

Baphomet, do outro lado, observava indiferente a barreira.

Quando, por fim, todo o magma foi sugado para sua palma, disparou.

Havia concentrado tanto poder que, no momento que a esfera negra deixou suas mãos, uma onda de choque deslocou o ar e pulverizou a rocha ao redor.

A esfera atravessou o escudo de madeira sem encontrar resistência, e detonou no momento que atingiu a luz dourada.

Uma explosão intensa e extremamente quente arrebatou a caverna, destruindo tudo que havia por perto, e derretendo qualquer coisa que estava mais longe.

A barreira de Clementius quebrou, porém, demonstrando quão resistente era, apenas um pequeno buraco se formou, bem no epicentro da explosão.

O teto não suportou aquele impacto e começou a ruir, mas o escudo dourado protegeu aqueles dentro dele.

A barreira voltou a se recuperar, entretanto Baphomet disparou como um raio e atravessou o buraco momentos antes de se fechar.

— Recuem! — Percebendo que uma luta intensa estava prestes a começar, Clementius ordenou que os Vigilantes se retirassem.

— Que problemático... — Koeus segurou Ancalion com firmeza e o arremessou em direção a um dos túneis, onde um Vigilante logo o capturou e o retirou dali.

O Pilar da Proteção manteve seu escudo ativo como uma precaução para que Baphomet não escapasse e caçasse os Vigilantes.

Contudo ele não parecia interessado neles, e sim, nos Pilares.

Na verdade, pela primeira vez sua expressão havia mudado. Seus olhos estavam fixos em Feng Ping, aquele que possuía o maior poder mágico dentre os quatro, com um desejo ardente, como se estivesse faminto por consumi-lo.

Baphomet disparou contra o Pilar do Vento. Seus braços estavam cobertos por chamas negras, e tentou socá-lo.

Feng Ping desviou e atacou com a lança. Baphomet, mais uma vez, desviou apenas o suficiente para não ser “morto” por aquele golpe, mas o permitiu que o atingisse.

A estocada, que estava carregada com ventos perfurantes, abriu um grande buraco desde o ombro até a região do estômago.

Baphomet, aproveitando-se do momento, apontou a palma aberta para Feng Ping e disparou intensas chamas negras.

— “Koe...” — Antes que terminasse de chamá-lo, o Pilar da Alteração o puxou para longe do ataque com telecinese, permitindo que ele saísse completamente intacto.

Erandi, Lily e Klara avançaram juntas uma de cada lado com suas armas em mãos e atacaram o inimigo.

Baphomet desviou do machado cobertos por raios de Klara e destruiu as armas de madeira das outras com suas chamas.

Koeus, mais uma vez, puxou as três para longe antes que o fogo da Conjuração as ferisse muito.

— “Ele pode se regenerar sem gastar magia” — comentou chamando atenção ao buraco que estava se fechando rapidamente.

Diferente do processo de cura de seres vivos normais — onde é possível ver primeiro os ossos, depois músculos e, por fim, pele se reconstruindo — a carne de Baphomet era realmente como uma substância negra quase viscosa preenchendo novamente qualquer ferimento.

Além disso, sua cura não consumia magia.

Claro, todos os seres vivos tinham uma regeneração natural, que era mais rápida conforme seu poder, mas a cura dele era diferente.

— “Não se deixem enganar pela sua aparência, ele ainda é uma criatura” — alertou Feng Ping. — “Ele veio até mim, pois sou quem mais tem poder mágico aqui. Serei o alvo dele durante toda a luta.”

Como se para comprovar isso, Baphomet disparou novamente contra o Pilar do Vento.

Um jato de água de água pressurizado foi disparado contra a criatura, que teve parte de um braço decepado, mas continuou o avanço.

Klara apareceu diante dele e tentou atacá-lo, e Baphomet desviou para a direita, apenas para se deparar com Clementius e Feng Ping avançando em sua direção.

Raízes se ergueram atrás dele, e mais alguns jatos de água voaram em sua direção.

Seu corpo todo entrou em combustão, e uma explosão tomou conta de todo o interior da barreira.

Momentos antes, porém, o Pilar da Proteção havia agarrado Klara e Feng Ping e os puxou para longe, ao mesmo tempo que criou barreiras para todos, reduzindo os danos que receberam.

— “Clementius, essa barreira é inútil, isso não tentará escapar, continuará lutando até que seja derrotado, pois sabe que pode retornar.” — Koeus, que esteve analisando a luta atentamente, disse.

— “Sem minha barreira, seremos soterrados. Erandi e Lily não poderão manter o teto enquanto ele estiver lutando. Está mais que claro que ele não se importa em se enterrar conosco, ele só precisa de nossos cadáveres.”

Baphomet encarou todos por um breve momento, como se estivesse analisando a situação.

Então, para a surpresa de todos, avançou na direção de Koeus.

Todos se moveram juntos para travar seu avanço. Um jato de água arrancou sua perna, e Feng Ping cortou com sua lança inúmeras vezes.

— “Ele é racional. Não podemos usar nenhum ataque grandioso enquanto esta barreira continuar ativa.” — Koeus continuou insistindo em mudar a maneira de abordar aquela batalha. — “Precisamos acabar com isso.”

— “E como lidaremos com o desabamento?” — questionou Feng Ping.

— “Eu seguro a caverna, podem lutar à vontade.” — Koeus declarou confiante.

Quando as candidatas ouviram aquilo, ficaram tão surpresas que se esqueceram da batalha por um momentoe lançaram um olhar ao Pilar da Alteração.

Enquanto tudo isso acontecia, a luta continuava feroz, com Baphomet, dessa vez, tentando ferir qualquer um quando encontrava oportunidade.

“Contamos contigo então, caro amigo.” — Clementius não questionou a decisão de Koeus. Tinha plena confiança em suas habilidades e já o conhecia a muito tempo. Se ele dissesse que podia fazer algo, então assim faria.

O Pilar da Proteção se afastou e retirou seu escudo do chão. A barreira imediatamente desativou, e o teto começou a ruir.

Contudo as toneladas e mais toneladas de rochas não desceram um centímetro.

Mesmo com todo aquele peso, além da imparável e constante força da gravidade, Koeus estava, naquele momento, carregando o peso de uma montanha inteira em seus ombros.

— Humpf... — Um suspiro, foi o único som que deixou escapar perante sua demonstração de controle e poder.

Sua expressão estava séria como sempre, e nem mesmo uma gota de suor surgiu em seu rosto.

Percebendo o que estava acontecendo, Baphomet avançou contra Koeus esperando que ele seria uma presa fácil.

Porém foi surpreendido quando o Pilar da Alteração se moveu em uma velocidade até superior que a sua.

Koeus cerrou os punhos com força e ainda usou Alteração para acelerar seu soco em uma velocidade tão alta, que quebrou a barreira do som e atingiu Baphomet com um impacto equiparável ao de uma explosão.

Ele foi arremessado contra as paredes da caverna e desapareceu no meio da rocha, com seu corpo tendo criado um novo túnel.

— És o que recebe por subestimar-me. — Koeus disse imponentemente. Era possível notar uma linha tênue de fumaça saindo de seu punho, que havia sido aquecida pela quantidade absurda de energia transferida pelo soco.

Alguns segundos se passaram, quando Baphomet finalmente retornou, destruindo a rocha enquanto andava.

— Agora... Encerremos isto de uma vez. — Clementius, agora com o escudo em mãos, avançou.


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