O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 145: O Poder do Conselho

Alguns devotos, ao perceber a ameaça, se separaram e tentaram fugir.

— Nem pensar. — Clementius cravou seu escudo no chão, criando uma barreira que cobria todo o templo e impedia a fuga da Seita.

— Maldição... — praguejaram os devotos que, por conheceram as capacidades daquele escudo, perceberam imediatamente que não havia saída.

— Capturem-no. — Koeus apontou para o homem idoso que, devido sua cegueira e aparência, era de certa forma parecido com o Pilar da Alteração. — É o líder, matem os outros à vontade.

— Finalmente um pouco de ação... — Jeanne tirou seus bastões de suas roupas de frio e disparou em direção aos devotos, massacrando-os com graça.

Feng Ping avançou também com sua lança em mãos, com seu próprio vento balançando suas roupas e cabelo suave, mas, ao mesmo tempo, ameaçadoramente àqueles que viam tal imagem.

Koeus fez seu cajado, que normalmente usava para ajudar em sua caminhada, flutuar no ar.

Em seguida, seu bastão se desfez em milhares de minúsculos fragmentos, revelando que seu bastão era, na verdade, feito de inúmeros grãos de metal que permanecia unido naquele formato graças à Alteração.

Lâminas minúsculas se formaram e voaram contra os devotos, que eram incapazes de se defenderem de tantas coisas que mal podiam ver.

Então, o Pilar da Alteração caminhou calmamente na direção dos devotos.

— Erandi, Lily, apesar do que Koeus disse, tentem capturar o máximo deles. Klara, contamos com seu suporte. — Mesmo sendo um curandeiro, Clementius avançou sem nada em suas mãos, confiando apenas no poder de seus punhos.

— Não me atrapalhem. — Erandi criou um martelo com a madeira de sua armadura e avançou, preocupando-se mais em atacar do que capturar os oponentes.

Lily, por outro lado, criou uma lança e arremessou contra um devoto. No momento que atravessou a carne, a madeira cresceu e o conteve sem dificuldade.

Ela repetiu esse processo inúmeras vezes: criava uma lança e a arremessava, conseguindo assim capturar inúmeros deles.

Alguns devotos tentaram atacá-la de perto, porém ela demonstrou que era mais que apta a lidar com vários oponentes ao mesmo tempo.

Klara, percebeu que Erandi estava tendo dificuldades em lidar com inimigos demais, portanto foi ao seu auxílio.

— Morram! — Erandi girou seu martelo horizontalmente e esmagou os ossos de vários devotos. Apesar do tamanho de sua arma, a balançava com se fosse um simples travesseiro, e sua letalidade apenas a tornava uma oponente assustadora de se aproximar.

Subitamente, foi mordida pelos braços por uma criatura, semelhante a um grande lagarto negro, que começou a queimar sua armadura e perfurar sua carne.

— Maldito, me solta! — A madeira subitamente cresceu no formato de espinhos e perfurou a criatura.

Porém Erandi logo percebeu várias outras criaturas se aproximando de todos os lados.

Ao bater seu martelo no chão, esmagou algumas, mas expos suas costas.

Tentou se virar, entretanto uma das criaturas mordeu sua perna e a atrasou.

Então, Klara balançou seu grande machado de guerra de ossos horizontalmente e atravessou todas as criaturas com facilidade.

A lâmina brilhava em uma cor azul clara, com um pouco de gelo cobrindo a superfície.

— Você está bem? — perguntou Klara enquanto lutava contra outras criaturas.

— Sim, foi um belo corte. — Erandi esboçou um leve sorriso. — Mas de onde essas merdas surgiram? A barreira não era pra deixar ninguém entrar!

— Estão conjurando as criaturas! — Klara apontou para altar que os devotos defendiam com suas vidas, onde havia várias pedras de Conjuração.

Erandi pôde notar um devoto segurar uma pedra por um breve momento. Depois, ele a soltou no chão.

A pedra então se tornou tão escura quanto as sombras e, como se estivesse derretendo, se tornou líquido e formou uma poça escura no chão, que logo assumiu a forma de uma espécie de lobo negro com presas e garras ardendo em uma chama roxa.

— Que merda é aquela? Nunca vi uma criatura ser conjurada dessa maneira.

— Contanto que continuem nesse tamanho, não é um grande problema. — Apesar do que Klara disse, criaturas maiores e mais poderosas começaram a surgir.

Erandi foi cercada, porém a madeira de sua armadura cresceu em um piscar de olhos. Depois, as raízes continuaram a crescer como se um pequeno jardim começasse a se formar.

Klara, ao mesmo tempo, ativou os ossos de suas luvas, que emitiram eletricidade e eletrocutaram várias criaturas em uma grande área.

— Truquezinho interessante! Só não vai me acertar! — exclamou Erandi.

— Digo o mesmo, vai acabar transformando esse templo em uma estufa se não tomar cuidado!

Apesar de terem se conhecido a apenas uma hora, ambas lutavam em sincronia e se divertiam como se aquilo fosse brincadeira.

 

***

 

Koeus caminhava calmamente enquanto tudo ao seu redor morria.

Mesmo sendo um Pilar que passava a maior parte do seu tempo estudando, ainda era um adversário assustador de se enfrentar.

Isso era devido seu bastão, ou melhor, sua arma.

Diferente de qualquer coisa, seu cajado era, na verdade, constituído de bilhões, se não trilhões de grãos metálicos.

O Pilar da Alteração era capaz de controlar cada grão com facilidade, fazê-los se unirem e adquirir a forma que bem quisesse.

Além disso, como Alteração permite transmutar qualquer metal, podia transformar aqueles grãos em ouro, prata, cromo, mercúrio... As possibilidades eram inimagináveis.

Era uma arma que beneficiava aqueles com inteligência e criatividade... e Koeus era simplesmente conhecido como o homem mais sábio do mundo.

— Hmpf, tão fácil... — Sentiu-se frustrado por estar lidando com os oponentes com tanta facilidade, ainda mais por fazer anos desde sua última batalha.

Seus grãos eram feitos de cromo no momento, formavam lâminas minúsculas e ceifavam com precisão qualquer devoto ou criatura.

Koeus avançava lenta, porém constantemente até o devoto que era protegido constantemente pelo resto da Seita.

— Matem-no! Magia de Raio, agora! — O líder, assim como os devotos, lançou, relâmpagos roxos contra o Pilar da Alteração.

Ao invés de se defender, Koeus fez os grãos envolverem seu corpo.

Pouco antes do ataque atingir, os grãos mudaram de aparência e se tornaram coloridos.

A potência de inúmeros relâmpagos atingiram o escudo do Pilar da Alteração, e nada pareceu acontecer.

Quando pararam de atacar, os grãos se afastaram e revelaram Koeus completamente intacto.

— Como?! — Os devotos não poderiam estar mais surpresos. — Como o metal não eletrocutou ele?

— Bismuto... Apesar de ser um metal, é um péssimo condutor de eletricidade... — Koeus disse no mesmo tom de quando lecionava.

— Continuem! — Os devotos continuaram lançando relâmpagos. A luz deles certamente teria cegado o Pilar da Alteração se já não fosse completamente cego.

— Patético... — Koeus continuou se aproximando devagar, enquanto seus grãos metálicos o protegiam.

Ao mesmo tempo que avançava comandava outros grãos para atacar seus oponentes.

Como podia detectar qualquer aura mágica, sua precisão era perfeita, e sempre atingia o inimigo.

Logo a Seita percebeu que não seria capaz de vencer aquela batalha, era simplesmente impossível.

Como poderiam derrotar quatro Pilares, sendo que dois deles nem eram especializados em combate, e mesmo assim conseguiam derrotar dezenas de inimigos com facilidade?

— Isso não vai dar certo... Juntem as pedras! — O líder abandonou a ofensiva e correu até o altar com várias pedras de Conjuração.

Koeus, entretanto, atingiu suas pernas e o impediu de alcançar seu objetivo.

— Conjurem a sombr... — Sua voz foi interrompida pelos grãos metálicos que cobriram todo seu corpo e o impediram de se mover mais.

Em seguida, o líder foi erguido no ar e puxado até Koeus, garantindo sua captura.

Alguns devotos correram até o altar, e Koeus, tendo um mal pressentimento, tentou matar todos, mas uma barreira roxa apareceu e os protegeu.

— Mestre Ping, Jeanne. — O Pilar da Alteração chamou os únicos com poder ofensivo no momento para destruir o escudo.

Ambos imediatamente focaram seus ataques na barreira, rachando-a rapidamente.

Contudo os devotos jogaram todas as pedras de Conjuração no chão, juntaram-nas em um monte e as ativaram momentos antes da barreira se quebrar.

As lufadas de vento e jatos de água dilaceraram todos em um instante, mas tarde demais.

As pedras se tornaram escuras e liquidas, formando uma grande poça negra no chão.

Então, uma criatura de pouco mais de dez metros de comprimento, quatro patas — com as patas dianteiras possuindo uma espécie de asa — cabeça similar de uma cobra e um rabo que parecia uma maça, surgiu do mármore.

Assim que Feng Ping viu aquela criatura, não foi capaz de esconder sua surpresa.

— O quê? Como? — Dizer que aquela criatura era parecida com a que Shiina enfrentou em Niflheim era pouco, ela era idêntica, talvez a mesma.

Porém logo seria ainda mais surpreendido ao perceber a criatura encarando especificamente ele, mesmo estando mais longe se comparado aos outros Pilares, mesmo com inúmeros devotos e criaturas presentes.

Então, ela se tornou invisível.

— Reagrupar, agora! — gritou Feng Ping.

Ao ouvir o tom do Pilar do Vento, todos abandonaram o que faziam e retornaram ao seu lado.

Todos, exceto Erandi, que parecia focada demais em lutar.

— Tsc, criança imprudente... — Koeus apontou a palma aberta para Erandi, que se sentiu puxada por uma força invisível e voou até seu encontro. — Quando um Pilar ordena, você escuta.

— Qual é o problema? Ainda é um mostro — reclamou Erandi.

— Se diz isso, quer dizer que não viu o relatório apropriadamente. — Clementius envolveu todos com um escudo dourado. — Aquela é o mesmo tipo de criatura que Feng Ping enfrentou em Niflheim.

— Sinto corrigi-lo, Clementius, mas aquela coisa parece ser a exata mesma criatura — informou Feng Ping.

— Quer dizer então que ela pode voltar à vida? — perguntou o Pilar da Proteção. — Esse seria o primeiro caso comprovado de um ser reencarnando após sua morte.

— Neste caso, como poderemos derrotá-la? — perguntou Lily. — Se for a mesma criatura, nem o senhor Koeus conseguiria detectar a aura dela, certo?

— Correto, não posso detectar sua magia — admitiu o Pilar da Alteração.

— Minha armadura também não possui nenhum pedaço com Ilusão... — mencionou Klara.

Enquanto conversavam, uma neblina escura começou a tomar conta de todo o interior do templo.

— Maldição... — Koeus puxou todos os devotos capturados para dentro da barreira, sabendo que aquela névoa era venenosa.

Pouco tempo depois, os que não tiveram essa sorte tiveram seus corpos derretidos e morreram dolorosamente.

— Bom trabalho, Lily, capturaste mais inimigos do que esperávamos — elogiou Clementius.

— Obrigado, senhor Clementius.

Subitamente, a barreira emitiu um brilho, e o som de algo batendo contra ela ecoou.

— Está tentando quebrar a barreira...  — disse Feng Ping. — Koeus, não é a primeira vez que lutamos com um oponente desse tipo, lembra? É mais fácil do que parece.

— De fato. — Koeus comandou seus grãos metálicos e os fez ficarem suspensos no ar.

Em seguida, estabeleceu uma conexão mental com Feng Ping e Jeanne.

Algum tempo se passou quando, graças à telepatia de Koeus, o Pilar do Vento e da Água perceberam os grãos se movendo.

Feng Ping lançou uma lâmina de vento na direção apontada, e um ruído metálico reverberou.

— Isso me traz lembranças... — disse o Pilar do Vento.

— Jeanne, Feng Ping, contamos com vocês para matá-la — disse Clementius. — Erandi, Lily, se possível, tentem segurá-la.

— Vou dar um jeito nessa neblina... — Ventos começaram a soprar ao redor de Feng Ping. Em seguida, assumindo a forma de um tornado, fez a lufada percorrer todo o templo e conteve o veneno em um pequeno canto.

— Bem, parece que lutaremos em dupla novamente... — Jeanne caminhou confiantemente para fora da barreira.

O Pilar do Vento a acompanhou. Ambos ficaram atentos e esperaram calmamente por qualquer perturbação nos grãos no ar.

Então, em um certo canto, os grãos balançaram.

Jeanne e Feng Ping responderam quase instantaneamente e, dessa vez, puderam ver sangue jorrando após terem atingido, embora superficialmente, o alvo.

A criatura tentou correr, mas isso apenas denunciou sua localização ainda mais.

Espinhos de madeira brancos e escuros voaram até a criatura e, ao atingi-la, cresceram e retardaram seu movimento.

Koeus comandou seus grãos e os fez grudarem na criatura, tornando possível ver totalmente sua forma.

Nesse momento, Feng Ping e Jeanne correram até ela. Ambos se moviam em sincronia e sabiam precisamente quando apoiar um ao outro.

A criatura tentou acertar o Pilar do Vento com sua asa, porém o Pilar da Água cortou seu membro com um jato concentrado com facilidade.

Feng Ping pulou e perfurou um dos olhos da criatura, que se debateu violentamente.

Ao mesmo tempo, Jeanne, segurando uma grande shuriken através de um fio de água, arrancou o rabo do inimigo em um único ataque.

A partir dali, isso deixou de ser uma luta e se tornou um linchamento.

As bolas com espinhos de Jeanne esmagavam a criatura sem dó, sues jatos de água a desmembravam pedaço por pedaço.

A lança de Feng Ping abria inúmeros buracos, seus ventos cortavam até mesmo a mais resistente parte do inimigo.

Assim, com uma facilidade que surpreendeu todas as candidatas — mesmo que presenciassem diariamente as habilidades do Conselho —, Jeanne e Feng Ping trucidaram a mesma criatura que Shiina teve tanto trabalho em derrotar.


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