O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 144: Aqueles que Rastejam na Escuridão

— 100%?! — Feng Ping impressionou-se. — Tem certeza disso?

— Conduzi pessoalmente testes extensivos, e o resultado é claro — afirmou Koeus.

— Então era esse o motivo de ter insistido tanto em introduzi-la ao Conselho — comentou Clementius. — É uma grande descoberta, contudo, por que não nos informou?

— Ainda estou compilando os dados da pesquisa. Teria terminado se não tivessem me convocado para esta missão.

Klara pareceu desconfortável com a situação. Até pouco tempo atrás, vivia tranquilamente em Jawia, sendo enviada hora ou outra para abater alguma coisa — já que possuía grande poder mágico.

Coincidentemente, estava em Acrópolis quando o Pilar da Alteração começou sua busca por pessoas com os elementos Natureza e Reanimação, e ela fora chamada.

Agora, aquela garota acostumada a viver na floresta, estava diante de quatro Pilares, as figuras mais importantes e poderosas do mundo.

— Muito bem, é um prazer conhecê-la, Klara. — Clementius estendeu a mão esquerda e deu um sorriso que a acalmou. — Espero que não se sinta pressionada a se tornar um Pilar, a escolha é totalmente sua.

— Muito obrigada, senhor Clementius. — A candidata apertou a mão dele. — Está tudo bem, se eu puder fazer algo pelo mundo, assim o farei com gosto.

De fato, sentia-se honrada por ter essa oportunidade de participar no teste, especialmente porque o próprio Koeus insistiu tanto, mas, ao mesmo tempo, sentia-se compelida já que era a melhor candidata no momento.

— Você tem um senso de moda um tanto quanto único... — comentou o Pilar da Água enquanto analisava Klara da cabeça aos pés. — É um tanto interessante.

— Lily, Erandi, aproximem-se e apresentem-se — disse Koeus.

Ambas fizeram como dito e aproximaram-se de Klara.

— É um prazer, chamo-me Lily — disse ela gentilmente e com um sorriso.

Já Erandi, não escondeu a maneira como a encarou e julgou.

— Prazer... — disse ela, por fim, em uma voz grave e um tanto desdenhosa.

Koeus lançou um olhar repreendedor a Erandi, fazendo-a se encolher.

— Bem, estamos todos reunidos, portanto vamos entrar. — Clementius tomou a liderança. — Examinadas, lembrem-se de suas obrigações.

Sem mais demora, os quatro Pilares e as três candidatas adentraram a caverna, seguidos por inúmeros Vigilantes mais atrás.

Inicialmente, era como qualquer mina normal. Os túneis mais próximos da entrada eram largos o suficiente para carrinhos carregando minérios transitarem, e havia madeira impedindo o teto desabar.

Porém, como o local estava abandonado a décadas, a madeira havia apodrecido e alguns túneis desabaram.

Clementius caminhava enquanto analisava um mapa antigo das minas, guiando-os por caminhos alternativos sempre que encontrava um local bloqueado.

Já Koeus, iluminava o caminho por uma grande distância, ao mesmo tempo que traçava um mapa mental.

— Há alguns lugares em potencial onde esta Seita desconhecida possa estar, porém, primeiro deveremos ir até o local mais fundo, além das áreas mapeadas — disse Clementius.

Enquanto seguiam, os Vigilantes se separavam em trios e avançavam por qualquer caminho, para maximizar a eficiência da busca.

No total, deveria haver algumas centenas de Vigilantes designados para aquela missão.

Quanto mais os Pilares avançavam, mais os túneis se tornavam estreitos. Ao mesmo tempo, mais caminhos bloqueados encontravam.

A princípio, era algo esperado, contudo, chegou ao ponto em que tiveram que tomar tantos desvios, que não estavam avançando até os locais mais profundos.

— É deveras suspeito que todos os caminhos liderando até as profundezas das minas estão todos bloqueados — comentou Koeus. — Parece feito deliberadamente.

— Concordo, creio que não chegaremos a lugar nenhum desviando tanto de nossa rota — disse Feng Ping.

— Não temos outra escolha então... — Clementius se aproximou de um túnel desabado. — Vamos abrir caminho à força. Jeanne, Lily, Erandi, estejam prontas.

— Sim senhor. — As candidatas responderam em sintonia.

— Bem, finalmente está na hora de entrar em ação... — Jeanne caminhou como uma modelo, ergueu sua mão e apontou com o indicador para as pedras. — Já estava ficando entediada...

Então, da ponta de seus dedos surgiu uma única gota de água. Em seguida, ela disparou um jato de água concentrado, que cortou as rochas.

Isso liberou o caminho por um breve momento, contudo todo o túnel começou a desabar.

Nesse momento, a madeira das armaduras de Lily e Erandi cresceram rapidamente, se estenderam pelas paredes e formaram arcos que pararam o desabamento.

Além de resistente, a estrutura era, de certa forma, bela. De um lado, havia a madeira de ébano, escura e reluzente, do outro, madeira de carvalho branco, bela e encantadora.

Era como se duas pequenas árvores tivessem se unido para sustentar o teto.

— Bom trabalho, vamos seguir. — Clementius tomou a frente novamente.

Os Pilares avançaram fundo nas minas, precisando abrir caminho à força mais algumas vezes.

Eventualmente, chegaram além das regiões mapeadas, estavam completamente cegos agora.

Como era de se esperar, a maioria dos túneis ali eram tão estreitos, que eram forçados a andar em fila.

Enquanto avançavam, os Pilares e as examinadas sentiram uma conexão mental se formar subitamente entre todos.

— “Vejam...” — disse Koeus, compartilhando de sua percepção de magia aprimorada por Alteração.

Através do Pilar da Alteração, foram capazes de ver, logo adiante, uma aura roxa.

— “Essa é a tal sombra, Feng Ping?” — perguntou Clementius.

— “Correto, como pode ver, está evitando a luz.”

Koeus manteve a luz que flutuava diante do grupo parada, então a enviou lentamente em direção à sombra, que se afastou.

Então, ele aumentou o brilho subitamente, iluminando todo o corredor e atingindo a sombra, que começou a queimar e diminuir até se tornar nada.

— “Como esperado, são deveras frágeis...” — comentou Koeus. — “Há mais ao redor, como podem sentir. Apagarei a luz e permitirei que se aproximem.”

O Pilar da Alteração tomou a dianteira e apagou a luz.

— “Não acha perigoso permitir que te ataquem? Nunca vimos algo assim antes” — perguntou Clementius com preocupação.

— “Se o relatório de mestre Ping estiver correto, ela não será capaz de me possuir devido minha quantidade de poder mágico.”

Todos observaram atentamente Koeus conforme a sombra se aproximava dele.

A sombra se jogou em cima dele, tentando consumir todo seu corpo e envolvê-lo na escuridão.

As candidatas ficaram assustada ao presenciar aquilo, contudo Koeus agia como se nada estivesse acontecendo.

Na verdade, não sentia absolutamente nada, tão mínimo era a ameaça daquela criatura.

— Hm... Fraco... — O Pilar da Alteração criou uma esfera de luz, que fez a sombra sair dele imediatamente. — Hei de capturá-lo para conduzir testes.

Koeus manteve a sombra no lugar com telecinese, e manteve a luz fraca o suficiente para que apenas a debilitasse.

— Selem-no.

Alguns Vigilantes que estavam próximos usaram algumas pedras de Selagem para conter a sombra.

A princípio, tinham dúvidas se era possível selar algo que nem parecia tangível, mas tiveram sucesso na contenção.

Os Vigilantes então retornaram com a sombra capturada.

— “Bem, seguimos.” — Clementius tomou a liderança.

Após algum tempo, os túneis, que eram estreitos e rústicos — quase como se tivessem sido cavados por uma criatura — se alargaram e as paredes passaram a ser de mármore.

Eventualmente, chegaram em uma grande sala com um enorme portão destruído.

— “O que é isso? Um santuário dos anjos?” — perguntou Jeanne.

— “É o que parece, mas por que teria um santuário tão fundo na montanha?” — perguntou Clementius.

“Sariel me mostrou que encontraram esse santuário... Mas ele nunca conversou sobre o dragão o motivo da construção desse lugar...” Como o viajante não inseriu as falsas memórias daquele lugar, Feng Ping foi obrigado a fingir ignorância.

— “Tomem cuidado, o lugar está infestado de criaturas e devotos...” — avisou Koeus.

Através do Pilar da Alteração, perceberam várias auras distantes dali.

“Então há pessoas aqui... Sariel não encontrou devotos antes, então devem ter ocupado o lugar recentemente.”

Atravessaram o portão de pedra destruído, e avistaram um grande templo um tanto distante.

Havia várias auras ali, o que fez todos se prepararem para lutar.

Tentaram se aproximar silenciosamente até o templo, contudo as auras começaram a se mover subitamente.

Pouco tempo depois, várias criaturas começaram a se aproximar dos Pilares.

Todas essas criaturas possuíam o elemento Conjuração, e seus corpos eram escuros como todo cadáver possuído por uma sombra.

Seus tamanhos variavam desde um lobo adulto, até os três metros de altura.

Suas formas variavam bastante, alguns parecendo animais, outros eram humanoides.

Uma coisa que compartilhavam, contudo, era o líquido que escorria de suas peles, um líquido roxo, viscoso e quente como lava.

— Preparem-se. — Clementius tirou seu escudo das costas e criou uma barreira que os envolvia. — Candidatas, lembrem-se, nunca subestimem o oponente.

 

***

 

Os devotos dentro do templo estavam alarmados.

Todos possuíam pele extremamente branca, como se nunca tivessem recebido a luz do sol.

A grande maioria era parcialmente, ou totalmente cega, a julgar pelos olhos brancos.

— Nos descobriram... — disse uma mulher. — Devemos fugir?

— Isso apenas adiará o inevitável — respondeu um idoso, com longos cabelos e barbas brancos. — Precisamos matá-los aqui para que não encontrem o portal. Já nos descobriram de qualquer maneira.

— De qualquer maneira, estão em nossos domínios. Serão esmaga...

Um grande estrondo silêncio a Seita.

Na entrada do templo, avistaram algo que destruiu suas esperanças.

— Não matem todos. — Clementius caminhou com confiança para dentro. — Precisamos analisar suas memórias.

— Isso é péssimo... O Conselho... — Os devotos tremeram, e suas vontades se enfraqueceram.


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