O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 138: Preparação

Após despertar, Sariel devorou uma refeição preparada especialmente para recuperar suas forças, ao mesmo tempo que Aegreon, Raymond, Shiina e Andrik explicaram tudo o que aconteceu desde o encontro com as bruxas.

Todos, exceto Sariel, estavam de pé.

— Não sabemos se Luna ainda está bem, entretanto... — Agora que o viajante estava fora de perigo, a principal preocupação de Raymond voltou a ser a princesa. — Ela se congelou para nos salvar.

— Luna está bem, por enquanto. — Sariel comia ao mesmo tempo que falava, e ninguém o julgou considerando o quão debilitado estava. — Eu conversei com ela através do subconsciente.

— Como vamos lidar com essa crise? — perguntou Andrik. — Além disso, eles disseram que você seria capaz de me mostrar se diziam a verdade sobre um... traidor no Conselho.

— Eu posso te mostrar, mas ainda estou esgotado de magia. A menos que tenham mais pedras mágicas para eu absorver.

O capitão permaneceu pensativo por um tempo.

— De quantas precisa?

— Hmm... Acho que cerca de dez serão o suficiente.

— Certo, um momento. — Andrik caminhou até a porta, a abriu, falou com alguém no lado de fora, e voltou.

Alguns momentos depois, um dos seus soldados apareceu trazendo consigo várias pedras de elementos diferentes e entregou a ele.

O capitão entregou as pedras ao viajante, que logo começou a absorver a magia delas.

— Ainda bem que sou um Volátil, assim posso absorver a magia de qualquer pedra. — Sariel trocava seu elemento principal para absorver as pedras. — Vocês só podem fazer isso com pedras do mesmo elemento que possuem.

Após algum tempo, as pedras desapareceram completamente das mãos do viajante, e seu rosto pálido recuperou um pouco de cor.

— Assim é um pouco melhor, aproxime-se.

Andrik se aproximou, com certo medo, de Sariel.

Quando estava próximo o suficiente, o viajante aproximou sua mão e tocou a testa do capitão, e logo uma luz marrom envolveu a cabeça dele.

Então, visões sobre as discussões do grupo e suas hipóteses invadiram a mente de Andrik.

Como Sariel ainda estava muito fraco, precisou se limitar a mostrar apenas o mais importante.

Alguns segundos depois, o viajante afastou sua mão, e apenas esse curto período foi o suficiente para deixá-lo cansado e enxarcado de suor.

— Você está bem? — Raymond se aproximou dele com preocupação.

— Sim... Relaxe, não vou me esforçar além da conta. — O viajante respirava pesadamente.

— Bem... parece que vocês diziam a verdade... — Andrik estava com uma mão na cabeça, que doía devido à quantidade de informação que recebera. — Mas vocês apenas suspeitam que há um traidor.

— É por isso que precisamos agir secretamente e manter Luna um segredo. — Aegreon finalmente quebrou seu silêncio. — Entende que nossas suspeitas são válidas, certo?

Andrik pensou em silêncio por algum tempo. Sua dor de cabeça estava forte, o que dificultava um pouco seu raciocínio.

— Acho que não custa nada manter isso em segredo — disse ele após pensar cuidadosamente. — A Anjo não parece maligna como pensei, na verdade ela talvez seja como Ardos, então vou proteger esse segredo.

— Ótimo — disse Aegreon.

— Mas agora precisamos pensar em uma maneira de lidar com essa crise, como podemos fazer isso? — O capitão se sentou.

— Precisamos fazer um reconhecimento para saber como está a situação de Luna antes de decidir o que fazer — sugeriu Sariel.

— Não acho que é uma boa ideia entrar na floresta de novo depois do que aconteceu — retorquiu Andrik.

Todos concordaram silenciosamente. Era bem provável que as bruxas estivessem bem atentas com os arredores.

Parecia que ninguém encontraria uma solução para esse primeiro problema, quando, sem dizer uma palavra, Sariel se levantou e caminhou até a porta.

— Ei! O que tá fazendo? — Raymond se aproximou para ajudá-lo.

— Tem um jeito de checarmos a situação.

— Como? — Andrik se levantou.

— Me sigam. — Dito isso, o viajante deixou a casa e foi seguido por todos.

Assim que apareceu do lado de fora, várias pessoas se aproximaram para saber sua situação, todas preocupadas com Sariel.

O capitão pediu para que se afastassem um pouco, e Sariel olhou para cima, avistando a copa das árvores e a luz do sol que conseguia passar através da densa vegetação.

Após dar uma boa respirada, levou a mão até sua boca e assoviou uma nota silenciosa.

Muitos pensaram que ele falhou em produzir algum som devido sua fraqueza, mas Shiina, que era imune a Ilusões, pode ouvir claramente um longo assobio.

Algum tempo depois, para a surpresa — e até mesmo susto — dos aldeões e soldados, um cavalo de oito patas, que galopava no ar, desceu até o chão.

Os soldados instantaneamente acreditaram se tratar de alguma criatura, mas, ao perceberem que os estrangeiros não reagiram, esperaram.

O animal se aproximou de Sariel, que o acariciou.

Assim como qualquer cavalo normal, relinchou suavemente como se estivesse feliz.

— Esse é Sleipnir, um cavalo mágico capaz de voar. — O viajante apresentou seu companheiro. — Com ele, seremos capazes de nos aproximar pelo ar, será muito mais seguro.

— Uau... Nunca vi um cavalo com oito patas antes... — Andrik andava ao redor do cavalo e o olhava a uma certa distância, curioso e apreensivo.

— Sariel, é melhor você ficar aqui — sugeriu Raymond.

— Relaxe, se eu perceber qualquer sinal de perigo, fugirei. — O viajante encarou Shiina e Branko. — Vou precisar que vocês venham comigo.

— Certo. — O batedor concordou e se aproximou com cuidado de Sleipnir.

Sariel ficou na frente, com Branko no meio e Shiina atrás.

— Bem, voltamos em breve. — Após o viajante dizer isso, Sleipnir começou a galopar, ou melhor, voar, com suas patas tocando o ar como se pisasse em uma plataforma invisível.

Todos assistiram o cavalo galopando magicamente pelo ar, e logo ele não podia mais ser visto.

Sleipnir podia tranquilamente voar sem fazer aquele movimento com suas patas, já que ele flutuava com Alteração, mas talvez sua mente não fosse capaz de entender isso, por isso fazia o mesmo que qualquer cavalo.

Apesar de sua habilidade, era ainda mais surpreendente o quão veloz galopava, mesmo no ar. Provavelmente era o cavalo mais veloz vivo no momento.

— Shiina, melhor já ocultar nossa presença agora — sugeriu Sariel.

— Certo. — A assassina imediatamente tornou todos invisíveis, e, considerando a altura que estavam, apenas seriam detectados com Alteração.

— Branko, sugiro que aproveite que tem um grande campo de visão para checar a movimentação das criaturas.

— Tem razão. — O batedor começou a analisar a floresta com Alteração por quilômetros, obtendo informação valiosa da localização de criaturas e devotos.

Enquanto voavam, perceberam o quão diferente a parte negra da floresta se parecia, na verdade, de cima parecia algo até natural, o que explicaria porque o povo nas partes superiores de Yggdrasil não perceberam nada de errado até o momento.

Em poucos minutos chegaram próximos do local onde o portal estava.

— Com o tanto de magia que me sobra, poderei esconder nossas emissões de magia por, no máximo, cinco minutos, portanto sejamos rápidos. — Sariel, utilizando da técnica que desenvolvera com Shiina, usou Selagem para cercar a área de efeito da Ilusão, tornando-os completamente indetectáveis.

Apesar da distância, Branko, com ajuda de Alteração, foi capaz de ver Luna ainda presa dentro do bloco, e as bruxas lascavam pedaços para tentar libertá-la.

Comparado com a última vez que a viu, o gelo havia diminuído drasticamente de tamanho, porém a princesa ainda estava completamente dentro dele, por pouco tempo.

O batedor analisou rapidamente também o estado do portal e as outras criaturas, afinal, não queria sobrecarregar Sariel.

— Já é o bastante, vamos voltar.

— Tem certeza? — A voz do viajante demonstrou claramente que estava tendo dificuldades.

— Sim, adquiri tudo que precisava.

— Certo.

Sariel guiou Sleipnir de volta ao vilarejo.

Graças à velocidade e habilidades do cavalo, os três retornaram antes mesmo de meia hora se passar.

Assim como a primeira vez, o povo se reuniu ao redor dos três, ainda impressionados com Sleipnir.

— Algo deu errado? — Andrik acreditou que o reconhecimento havia falhado devido à rapidez com que retornaram.

— Conseguimos mais informação do que esperava. — Branko se mostrou otimista. — Temos a posição e números dele com precisão.

Sariel tentou desmontar de Sleipnir, mas se desequilibrou e quase caiu, porém Raymond o ajudou.

— Valeu, meu herói... — Apesar de seu cansaço, o viajante parecia bem-humorado.

— Você precisa descansar, eu te levo para dentro. — Raymond sorriu ao ouvir aquilo e ajudou o viajante a entrar.

— Ótimo, precisamos discutir o que fazer. — Andrik encarou Aegreon. — De acordo?

— Hm. — O Pilar concordou e se dirigiu para dentro da moradia de Boris acompanhado de Branko, Shiina e Andrik.

Quando entraram, se depararam com o viajante sentado no sofá com Boris e Karel ao seu lado.

Karel conversava animadamente e parecia bem feliz ao vê-lo bem, o curandeiro havia se aproximado bastante de Sariel durante sua jornada até agora.

— Sinto interromper, mas precisamos discutir nosso plano de ação. — Andrik interrompeu a conversa com certo remorso, já que se sentia culpado por ter que exigir ainda mais do viajante. — Branko, compartilhe as informações.

O batedor aproximou-se de uma mesa e colocou mapas da floresta sobre ela, rabiscando os números e localização das criaturas e devotos.

Além disso, também informou sobre o portal e Luna, algo que trouxe preocupação a todos.

— Quanto tempo acha que vai levar até que quebrem o gelo? — perguntou Andrik.

— Dois dias, na melhor das hipóteses.

— Não é o bastante para eu me recuperar.

— Droga... — O capitão estalou a língua por frustação.

Logo a realização de que a situação não estava tão boa assim recaiu sobre Andrik, que cogitava se deveria pedir reforços ao Conselho.

— Capitão, e se convocarmos mais guerreiros de Jawia? — sugeriu Karel.

— Quanto menos gente saber de nós, melhor. — Aegreon descartou a ideia.

— As bruxas são fortes, mas Aegreon e Luna seriam capazes de lutar com até mesmo duas delas ao mesmo tempo, números não é um problema. — Sariel se lembrou da batalha que tiveram. — O problema, é que elas são bem-organizadas, e cada uma tem um elemento de Suporte diferente.

— Em situações de batalha, o primeiro a ser abatido deve ser sempre o curandeiro. — Karel se lembrou de suas experiencias passadas, e era sempre alvo de ataques por causa de seu poder de cura.

— Normalmente, eu corto a comunicação deles, para evitar que se organizem e alertem sobre mim aos outros. — Já Shiina, por ser uma assassina, lidava com batalhas de outra maneira.

— Não adianta discutirmos muito sobre isso se Sariel não for capaz de lutar — disse Andrik.

— Eu não preciso lutar, como eu disse, somos capazes de lidar com isso no estado que estamos, mas eu sei de uma maneira de aumentar, não, garantir nossa vitória.

Todos se mantiveram em silêncio para ouvir o plano do viajante.

— Andrik, quantas pedras mágicas estão à sua disposição agora?

— Entregamos a maior parte para você mais cedo...

— E se voltar para Jawia para trazer mais pedras? Será muito mais rápido do que enviar soldados que precisarão marchar até aqui.

— Mas ainda demoraria para retor... — No meio de sua frase, o capitão se lembrou de uma informação importante. — Sleipnir...

— Vejo que entendeu. — Sariel sorriu.

Com Sleipnir, o capitão poderia retornar até Jawia, e encher vários sacos com pedras mágicas para o viajante absorver.

— Sim... Sim! Isso pode funcionar!

— Ainda há mais. Raymond, pode trazer a pedra? Ah, e minha arma também.

O guarda-costas, inicialmente, não entendeu sobre o que isso se tratava, quando se lembrou de um certo item que o viajante esteve mantendo em segredo.

Raymond caminhou até onde as coisas de Sariel estava e encontrou um objeto grande, mais ou menos de um adulto, que estava coberto em um pano.

Ele levou o item e o colocou diante do viajante, que puxou o tecido e revelou uma bela pedra congelada com minérios metálicos azuis.

A glaive dele também estava junta do bloco.

— Esse material! Seria possível fazer uma arma digna de um Pilar com isso! — Andrik não pôde conter sua surpresa.

— Estranho, como não senti isso antes? — Branko tentou perceber a magia naquele bloco bruto, mas não pode nem sentir, nem ver nada.

— Ah, sim. — O viajante aproximou sua mão do material e palavras prateadas se revelaram ao redor daquilo.

Depois, tocou gentilmente o bloco e as palavras se desfizeram, imediatamente tornando evidente o poder contido naquilo.

— Selagem! Então é por isso...

— Vejam, as únicas pessoas do nosso grupo que não possuem uma arma assim são Luna e Shiina. Mesmo se eu absorver dezenas de pedras, ainda não será o suficiente para eu influenciar muito a batalha, portanto... — Sariel encarou a assassina e jogou sua arma para ela.

No momento que Shiina tocou a glaive, as pedras adquiriram uma bela cor rosa com detalhes brancos, e o metal se tornou roxo com detalhes cinzas.

— Quê? Quer que eu lute usando isso?

O viajante concordou com a cabeça.

— Além disso, eu estava trabalhando em uma arma para Luna usando esse material, mas não pude terminá-lo devido ao problema que enfrentamos agora. Porém, como temos algum tempo, creio que consigo terminar essa espada antes que as bruxas quebrem o gelo.

— Uma arma dessas realmente causaria um grande impacto na batalha, ainda mais nas mãos de um Anjo... — Andrik ponderou por um tempo. — Bem, está decidido então. Branko e Boris, reúna todos aqueles que podem lutar. Eu voltarei para Jawia agora mesmo.

— Certo!

— Espera um momento, Sleipnir é um pouco teimoso, é melhor eu ir junto — sugeriu o viajante.

— Tem certeza de que está bem?

— Uma viagem curta não vai me matar.

— Então está decidido!

Então, Andrik e Sariel montaram Sleipnir e sumiram rapidamente nos céus, enquanto os soldados e aldeões se preparavam para uma ofensiva.


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