O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 135: Se Aventurando na Floresta

As cinco jovens irmãs se esgueiraram pelo vilarejo e, com tranquilidade, conseguiram adentrar a floresta sem serem vistas.

Como era tarde, e mesmo que a vila estivesse no meio da mata, havia quase ninguém fora de suas casas — nem mesmo guardas — já que nunca acontecia ataques de animais.

Mokosh liderava suas irmãs, guiando-as pelo caminho que julgava ser o correto.

Em pouco tempo, a vegetação as engoliu completamente e encobriu seus rastros, estavam livres agora.

— Isso é loucura... Como pude concordar com isso? — A realização logo acometeu Sonya, que se questionava o tempo todo a cada passo dado.

— Deixa de ser pessimista, mana! Nunca vai se divertir dessa maneira! — Radica se aproximou e passou o braço por cima do ombro da quinta irmã.

— Isso até que é divertiiido. Se falarmos que entramos na floresta de noite, todos vão se surpreender com nossa coragem. — Típico de sua personalidade aventureira, Jasna logo se viu à vontade naquela situação.

— Ahh... Minhas irmãs são todas malucas...

As irmãs seguiram pela floresta, porém não demorou muito para perceberem que haviam passado por uma mesma pedra grande inúmeras vezes.

— Mokosh, já passamos por aqui antes. — Sonya apontou para a grande pedra. — Estamos perdidas!

— Eu sei, merda. Mas aqui era para ser a trilha que nossos amigos mencionaram... Onde caralho tá isso?

— Ai, Kura! Como vamos voltar agora... — A quinta irmã logo começou a se desesperar, quando sentiu dois braços a envolverem por trás. — O que?

— Shh... Relaxa... — Jasna sussurrou no ouvido de Sonya. — Não estamos muito distantes do vilarejo. Vamos encontrar o caminho.

— Mas... E se não encontrarmos?

— Aí Leshy vai aparecer para nos ajudar, lembra? — A irmã mais velha fez cafuné na mais nova.

— E se ele não vier...? — Sonya havia se acalmado um pouco, mas ainda temia pelo pior. — Se alguma coisa acontecer com vocês...

— Ora, ainda se preocupa conosco ao invés de si mesma? Você é tão gentil... — Jasna apertou seu abraço. — Bem, mesmo que Leshy não venha nos ajudar, basta esperarmos juntas até amanhecer. O vilarejo vai perceber, e virão nos buscar.

A quinta irmã relaxou mais, virando-se e retribuindo o abraço.

— Às vezes, até que você é responsável.

— Uhum.

Ambas permaneceram dessa maneira enquanto as outras tentavam achar a trilha.

— Será que aquele bonitão do Boris vem me salvar? Talvez eu deveria fingir estar machucada...

Ao ouvir aquilo, Sonya se afastou de Jasna com um olhar de desaprovação e levemente irritado.

— Retiro o que eu disse...

— Ei, alguém viu a Devana? — perguntou Radica.

De uma maneira quase bizarra, as outras três irmãs disseram em uníssono: — Hã? Eu pensei que estava com você...

— Aqui... — A terceira irmã apareceu do meio da mata. — Achei um caminho...

Se aproximando de Devana, as irmãs encontraram, escondida pela mata, uma trilha.

Ahá! Bom trabalho, mana! — Radica deu um tapinha nas costas de Devana.

— Vamos nos apressar, ficamos muito tempo perdidas. — Mokosh tomou a dianteira novamente e avançou pela trilha.

As cinco seguiram pela floresta, mas a vegetação estava tão densa, que era impossível ver qualquer coisa.

— Tá escuuuro... Vou melhorar isso. — Jasna levantou sua mão direita, uma luz marrom se formou, então se condensou e se tornou uma esfera luminescente branca, que flutuou e iluminou o caminho.

— Maneiro, está ficando boa nisso, mana!

O caminho ainda era escuro e com mato avançando na trilha, contudo agora podiam pelo menos ver alguma coisa.

Andaram por vários minutos, quando chegaram em uma interseção, com um caminho continuando reto, e outro — mais apagado — seguindo pela direita.

— E agora? — perguntou Sonya.

— Aí fudeu, não me falaram nada disso.

— Direita... — Devana, sem esperar pelas outras, tomou a dianteira e caminhou pelo lado que havia dito.

— Ei, espera aí, mana! Como sabe o caminho?

— Eu... sinto...

— Sente? Ficou doida é? — perguntou Mokosh.

— Vocês não... sentem? — Devana encarou suas outras irmãs com curiosidade.

Todas se concentraram por um momento, tentando sentir o que a terceira irmã poderia estar sentindo, porém sem sucesso.

— Mas isso é uma boa notícia! Mana, leva a gente, beleza? — Radica se animou e encorajou Devana.

— Ok... — Deixando seus instintos a guiarem, a terceira irmã avançou pelo caminho escolhido.

A vegetação se tornou ainda mais difícil, dessa vez precisavam constantemente usar suas mãos para afastar galhos e plantas, além de tomar cuidado onde pisavam.

— Isso está muito estranho... Se o caminho para encontrar Leshy é tão usado, por que é tão difícil assim? — Sonya não podia deixar de sentir que havia algo de errado.

— Mas Devana sentiu algo, certo? Basta confiarmos nela. — Radica se manteve otimista.

Dessa vez, as cinco caminharam por quase uma hora, sem nenhum sinal de Leshy ou do fim da trilha.

Enquanto avançavam, cada uma começou a sentir algo... Estranho.

Era como um chamado, algo atraindo e guiando-as até algum lugar.

Inicialmente, era apenas um sentimento vago e distante. Entretanto, quanto mais seguiam, mais esse chamado se fortalecia.

— Vocês estão sentindo isso? — Todas, exceto Devana, pergutaram em uníssono, fazendo-as rirem entre si pela sincronia.

— Pelo menos estamos sozinhas, haha! É tão vergonhoso quando isso acontece com outras pessoas perto. — Sonya se esqueceu completamente da situação que estava e se tornou totalmente relaxada.

Após alguns minutos, as irmãs finalmente alcançaram um local onde o caminho se abria em uma clareira.

No centro desse lugar, havia uma casa de madeira velha. O solo ao redor era escuro, as árvores eram torcidas e negras, as plantas eram desconhecidas e pareciam venenosas, e havia animais — parecido com lobos humanoides — que as irmãs nunca viram em suas vidas.

Assim que aquelas criaturas as viram, cercaram as cinco e se aproximaram com uma postura hostil.

— O que são essas coisas? Vão nos matar! — Sonya se assustou e abraçou Jasna, que estava mais próxima dela.

— Atrás de mim, esses merdinhas só vão nos ferir passando por cima do meu cadáver. — Mokosh começou a criar uma barreira dourada.

As criaturas estavam prestes a atacar, quando, subitamente, pararam, olharam para trás, e se afastaram.

As irmãs, ainda temendo as criaturas, permaneceram no mesmo lugar em choque.

Então, uma risada contida e aguda soou vindo de trás das criaturas, que se afastaram e revelaram uma figura feminina se aproximando.

Era uma velha extremamente feia, cheia de verrugas, um nariz enorme e com pelos enormes saindo, cabelos brancos rasos e unhas enormes.

Ela caminhou com uma postura curvada, e parou a uma certa distância das irmãs.

Hihi! Bem-vindas, minhas queridas. Gostariam de um pouco de chá?

 

***

 

A tarde avançava. Andrik estava reunido com alguns aldeões, Aegreon e Shiina.

Apesar de sua tenda ser grande, ainda era algo improvisado, portanto o local estava um tanto apertado.

Raymond permaneceu ao lado de Sariel o tempo todo, e apenas se alimentou graças à assassina ter levado comida a ele.

O capitão mencionou sobre as bruxas que encontraram, quando Boris o interrompeu.

— Você disse que o nome de algumas delas era Mokosh, Devana e Radica, certo?

— Sim, mas não sabemos o nome das outras duas.

— As outras duas se chamam Jasna e Sonya.

Andrik encarou Boris surpreso ao ouvir aquela resposta.

— Como sabe?

— Elas eram desse vilarejo, cinco irmãs que eram adoradas por todos, principalmente quando estavam juntas e acabavam falando a exata mesma coisa ao mesmo tempo. — Boris esboçou um leve sorriso ao se lembrar delas.

— E como elas se tornaram aquelas... Bruxas?

— Sei tanto quanto você, Andrik. Na verdade, você sabe mais do que eu. Em uma noite, as cinco sumiram. A mãe ficou desesperada, e enviamos pessoas para procurar por elas na floresta, eu mesmo acompanhei a excursão em busca delas. Procuramos na trilha que usávamos para ir à procura de Leshy, mas não encontramos nada, achava que estavam mortas até agora.

— Mas como isso teria acontecido? Leshy deveria ter ajudando-as.

— Também não consigo compreender... Mas agora as coisas fazem sentido. Alguns meses depois delas terem sumido, Leshy começou a ser avistado com menos frequência, e houve um aumento no número de criaturas, apesar de não se comparar nem um pouco com a crise que estamos lidando agora.

— Por acaso elas eram capazes de se comunicar com os animais? — Aegreon finalmente decidiu participar da discussão.

— Não, nenhuma delas, nem mesmo a mãe era capaz disso.

— Então... Elas saíram escondidas de casa durante a noite para encontrar Leshy, se perderam na floresta, provavelmente encontraram um devoto da Seita de Baba Yaga, ou quem sabe uma pedra de Conjuração, e, ao entrar em contato com a Deusa da Escuridão, se tornaram essas bruxas que encontramos. — Aegreon resumiu tudo sem deixar nenhuma informação passar. — Isso é tudo que precisamos saber, o resto não importa.

— Por acaso a mãe delas está no vilarejo ainda? — perguntou Andrik.

— Não, um dia ela também desapareceu do vilarejo. Procuramos pela floresta e descobrimos pistas que indicavam que ela esteve lá, provavelmente entrou para procurá-las. Não a culpo, afinal, perder um filho é terrível, imagina perder cinco de uma só vez...

 — Que destino terrível... — comentou uma idosa. — Isso apenas aconteceu porque proibimos quem é incapaz de falar com os animais de conhecer Leshy... Se não fôssemos tão conservadores, essa família ainda estaria unida hoje...

— Tem razão — concordou um idoso. — Talvez, se sobrevivermos a essa crise, poderíamos mudar algumas coisas em nossas regras, concordam?

Todos concordaram silenciosamente.

— Eu só espero que o Volátil desperte... — disse Andrik.

— Ele vai. — Aegreon não demonstrou nenhuma dúvida em sua voz. — É apenas uma questão de tempo.


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